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CAPÍTULO VI – ESTUDOS DE CASOS NACIONAIS COM

DIFERENCIAÇÃO TERRITORIAL DE ANÁLISE 6.1 APRESENTAÇÃO

6.2 A ESCALA NACIONAL

A Direcção Geral do Ambiente (DGA) tem tido um papel de fundamental no desenvolvimento de estudos e propostas de definição de Indicadores de

Desenvolvimento Sustentável com o objectivo de dar seguimento aos princípios preconizados na Agenda 21, da Cimeira do Rio, em 1992.

Neste sentido, surgiu em 1998 uma Proposta Preliminar de um Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável para Portugal, que propunha uma estrutura metodológica para avaliação da sustentabilidade nacional, através de um conjunto de indicadores seleccionados com base na sua relevância para o contexto nacional (DGA, 2000).

Em 1999 e, na sequência de cinco estudos efectuados sobre esta temática, é editada pela DGA uma nova versão sobre indicadores de integração, onde se pretendeu consolidar as críticas e sugestões então recebidas no âmbito da Proposta Preliminar de 1998.

Finalmente em 2000 e, nove anos após a Cimeira do Rio, a DGA publica um documento

intitulado Proposta de um Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

(MAOT/DGA 2000), cujo objectivo principal foi de apresentar à discussão do público e das diversas instituições governamentais ou não, uma proposta de IDS para aplicação em Portugal. Estavam criadas as condições de monitorização e avaliação sistemática do desenvolvimento nacional, nas mais diversas áreas.

A metodologia proposta (MAOT/DGA 2000) assenta no modelo desenvolvido pela OCDE, Pressão/ Estado/ Resposta (PER) sendo os indicadores agrupados de acordo com a dimensão expressa no conceito de desenvolvimento sustentável: institucional (I); ambiental (A); social (S) e económico (E). Dentro de cada dimensão, aparece ainda uma classificação por sector: ar; solos; água doce; floresta; resíduos; ruído; ambientes marinhos e costeiros; conservação da natureza; biotecnologia; segurança social; população; cultura, justiça; turismo; energia, entre outros.

Para cada indicador são definidos os conceitos relacionados, sendo de notar a preocupação tida, como a ‘Afinidade com o Conceito de Desenvolvimento Sustentável’, onde é feito sempre referência ao articulado da Agenda 21 ou, o seu ‘Relacionamento com Outros Indicadores’ e ainda; as ‘Metas a Alcançar’.

São identificados e analisados, neste documento cento e trinta e dois indicadores, dos quais setenta e dois são ambientais, vinte e nove são económicos, vinte e dois sociais e nove são classificados como institucionais. Directamente classificados no sector ‘Ambientes Marinhos e Costeiros’ estão os seguintes indicadores (Tabela 6.1):

Tabela 6.1 - Sector de Ambientes Marinhos e Costeiros (MAOT/DGA 2000)

Indicador Tipologia

Crescimento populacional em zona costeira P

Evolução da linha de costa E

Área construída P

Contaminação de origem difusa E

Descargas pontuais de efluentes, sem tratamento P

Descargas acidentais de hidrocarbonetos P

Qualidade das águas balneares E

Zonas balneares com bandeira azul E

Qualidade do sistema aquático em faixas costeiras, estuários, lagunas e rias E

‘Stoks’ pesqueiros E

‘Stoks’ pesqueiros abaixo dos limites biológicos de segurança E

Capturas pesqueiras P

Investimento e despesa na preservação ambiental e defesa de zonas costeiras R Legenda: P: Pressão E: Estado R: Resposta

Foram assim seleccionados treze indicadores, dos quais cinco, estão classificados como de Pressão, sete como Estado e apenas um como Resposta. Poderão parecer poucos, comparado com as listas de indicadores apresentadas no capítulo anterior, mas não se pode deixar de relembrar que este estudo, teve por objectivo a análise nacional do estado do desenvolvimento sustentável e não o caso particular da zona costeira.

Esta não foi a primeira experiência nacional de realização de uma avaliação nacional com base em indicadores. Em 2000, foi publicado o Relatório do Estado do Ambiente (REA) e do Ordenamento do Território (REOT) sobre o ano 1999 (DGA 2000), onde o ambiente foi analisado através de indicadores utilizando, o modelo PER da OCDE já utilizado anteriormente no REA 1998 (DGA1999). A sua principal função foi a de permitir ter uma visão conjunta, estruturada e coerente do estado do ambiente em Portugal.

Houve a preocupação, expressa no documento referido, de proceder a adaptações pontuais ao modelo PER, uma vez que os dados nacionais disponíveis nem sempre permitiram fazer equivaler a cada pressão a respectiva resposta. O REA de 1999 é acompanhado pelo REOT. Tal situação surge, pela primeira vez, no âmbito dos esforços de avaliações conjuntas, integradoras, mas acima de tudo, de um esforço em dar cumprimento ao legislado na Lei de Bases de Ordenamento do Território e de Urbanismo, que refere a obrigatoriedade de se efectuarem relatórios anuais sobre o Estado do

Ambiente e do Ordenamento do Território. O sector do Ambiente Marinho e Costeiro fazia parte integrante deste REA, sendo os indicadores utilizados semelhantes aos apresentados na Proposta da DGA, em 2000.

Analisando com maior detalhe a Proposta de IDS da DGA (2000), particularmente, na relação estabelecida entre indicadores, pode-se associar num conjunto mais vasto para avaliação do DS na zona costeira, alargando a análise dos ambientes marinhos e costeiros ao sector da conservação da natureza; do turismo; dos solos; da floresta; da agricultura; dos transportes; da água e, da indústria. Assim, face às características específicas de cada um, optou-se por seleccionar um conjunto de trinta e três indicadores relacionados entre si e, distribuídos por onze áreas temáticas, de acordo com a tabela seguinte (Tabela 6.2).

Contudo, o REA relativo ao ano de 2003 (IA 2005) apresenta algumas novidades no domínio da zona costeira, ao integrar o tema da erosão costeira exposto no domínio dos solos. Nesta matéria, os indicadores identificados são: a taxa média de recuo em algumas áreas; as áreas de risco na zona costeira; a situação sobre o estado de aprovação e elaboração dos POOC. É feita ainda referência ao Projecto Europeu EUrosion e ao Programa Nacional FINISTERRA.

Tabela 6.2 – Indicadores para a zona costeira, com base na lista da DGA

Sector Indicador

AMC Crescimento populacional em zonas costeiras (P) AMC Evolução da linha de costa (E)

AMC Área construída (P)

AMC Contaminação de origem difusa (E)

AMC Descargas pontuais de efluentes, sem tratamento (P) AMC Descargas acidentais de hidrocarbonetos (P) AMC Qualidade das águas balneares (E)

AMC Zonas balneares com bandeira azul (E)

AMC Qualidade do sistema aquático em faixas costeiras, estuários, lagunas e rias (E) AMC “Stoks” pesqueiros (E)

AMC “Stoks” pesqueiros abaixo dos limites biológicos de segurança (E) AMC Capturas pesqueiras (P)

AMC Investimento e despesa na preservação ambiental e defesa de zona costeira (R) SL Uso do solo (E)

SL Reserva Ecológica Nacional (E)

SL Investimentos e despesas na preservação ambiental do solo (R) CN Áreas Protegidas Marinhas (E)

CN AP abrangidas por Planos de Ordenamento (R)

CN Utilização de áreas protegidas como locais de sensibilização e educação ambiental (R) CN Espécies de fauna e flora ameaçadas (E)

CN Espécies de fauna e flora protegidas (R)

CN Manutenção de sistemas agrícolas e florestais com particular interesse para a conservação da natureza (R) CN Investimento e despesa pública e privada na conservação da natureza (R)

FL Tipo de coberto vegetal (E) TR Veículos em circulação (P) TR Estrutura da Rede Viária (E) AG Produção agrícola (E)

AG Desafectação de áreas classificadas, como RAN (P) TR Intensidade turística (P)

TR Sazonalidade turística (P) TR Turismo de espaço rural (E) TR Capacidade de alojamento (E)

ID Produção industrial (P)

Legenda:

P: Pressão E: Estado R: Resposta AMC – Ambientes Marinho e Costeiro CN – Conservação da Natureza

JU - Justiça FL – Florestas

PP – População AG – Agricultura

IN – Instituições TR – Turismo

SL - Solos ID - Indústria