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A ESCOLHA DO ELENCO

No documento barbaragarridodepaivaschlaucher (páginas 188-191)

Ao todo, 89 jovens responderam ao questionário aplicado entre maio e junho de 2013 nas turmas do 1º e 5º períodos diurno na Faculdade de Comunicação Social da UFJF, no curso de Jornalismo do CES/JF e entre jovens trabalhadores de diferentes áreas. Nossa missão era, portanto, reduzir o número de participantes nessa segunda etapa da pesquisa empírica, a fim de respeitarmos os princípios da ferramenta adotada.

Segundo Gatti (2005), o grupo focal não pode ser grande nem demasiadamente pequeno. Tendo em vista a abordagem de questões em maior profundidade, a interação grupal deve ocorrer, de preferência, entre seis e 12 pessoas. Diante de um número relativamente alto de respondentes, nossa tarefa não foi fácil, afinal, teríamos que “nos despedir” de, pelo menos, 77 jovens.

Ainda de acordo com a autora, na composição do grupo, é preciso buscar algumas características em comum entre os participantes, o que não foi um “problema”: todos os respondentes eram jovens, nativos digitais, consumidores de informação e entretenimento, seja diante da TV ou na internet, em vídeo e/ou em outros formatos, tendo a maioria nascido na segunda metade dos anos 80 e na primeira metade dos anos 90. Sendo assim,

Por homogeneidade, entende-se aqui alguma característica aos participantes que interesse ao estudo do problema. A característica comum pode ser relativa a gênero, à idade, às condições socioeconômicas, ao tipo de trabalho, [...], ou outra (GATTI, 2005, p. 18).

Entretanto, “a diversidade de perfis enriquece o grupo focal” (COSTA, 2006, p.185). Tendo garantida certa homogeneidade entre os participantes, deveríamos buscar uma variação suficiente para o surgimento de opiniões e comportamentos diferentes e, consequentemente, mais próximos da realidade das juventudes existentes, ainda que não tenhamos a pretensão de generalizar os resultados.

Nesse sentido, buscamos a diversidade no que se refere ao gênero dos participantes; à área de atuação, no caso dos jovens trabalhadores; ao perfil da instituição de ensino superior (pública ou privada) e ao período de jornalismo cursado, no caso dos estudantes; e aos hábitos de informação observados a partir dos questionários respondidos.

Com base nesses critérios, optamos por formar um grupo de 10 jovens, sendo seis mulheres e quatro homens126

.

Dentre eles, selecionamos dois estudantes do 1º período da Facom/UFJF, dois do 5º período, dois do CES/JF e quatro trabalhadores127. Quanto aos hábitos informativos,

buscamos, na medida do possível, encontrar jovens com perfis diferentes, seja no que diz respeito a suas preferências de gênero e formato televisivos, ao lugar ocupado pela TV e pela internet em seu dia-a-dia, ao consumo de vídeos jornalísticos, ao grau de atividade, interação e produção em sua relação com os meios, etc. Desse modo, chegamos aos nossos 10 jovens. Porém, antes de fazermos o convite para participarem do encontro, era preciso definir a data e o local de sua realização.

Como nosso grupo incluía jovens trabalhadores, o horário comercial deveria ser evitado. No caso dos jovens estudantes, alguns estariam em aula pela manhã e outros a noite durante os dias de semana. Sendo assim, optamos por marcar a sessão em um sábado, das 9h30 às 12h. Entretanto, não poderíamos agendar o encontro para o mês de julho, já que parte dos selecionados estaria em período de férias escolares. Logo, definimos o quarto sábado de agosto de 2013 (24/08/2013) como a data ideal para a realização do grupo focal.

Partimos, então, para a escolha do espaço. Cientes de que, como enfatiza Gatti (2005, p. 24), “o local dos encontros deve favorecer a interação entre os participantes”, deveríamos procurar uma sala tranqüila, que nos proporcionasse um ambiente livre de interrupções. Isso era importante tanto para que o foco dos jovens estivesse voltado apenas para aquele momento, quanto para obtermos um registro de melhor qualidade, sem muitos ruídos. O espaço deveria, ainda, ser suficiente para acomodar, confortavelmente, não sós os jovens, mas, também, os pesquisadores, as câmeras, os gravadores, uma televisão e um notebook, para exibição dos vídeos. Além disso, deveria ser um local de fácil acesso e em uma região conhecida por todos.

Sendo assim, definimos que o grupo focal aconteceria na Universidade Federal de Juiz de Fora, ponto de referência na cidade, no estúdio de TV da Faculdade de Comunicação Social. Lá, o espaço era considerável, de modo que pudemos arranjar as mesas e cadeiras dos participantes em um semicírculo voltado para a TV. Contávamos, também, com toda uma

126 O maior número de mulheres se dá em função de uma tentativa de amenizar o “efeito galo”

(KRUEGER;CASEY, 2000 apud GATTI, 2005), no qual homens tenderiam a falar com mais frequência e autoridade quando há integrantes do sexo oposto no grupo, o que poderia inibir a participação das jovens selecionadas.

127 Entre os jovens trabalhadores participantes do grupo focal havia uma professora de inglês, um personal trainer, uma jovem empregada na Câmara Municipal de Juiz de Fora e outro em uma indústria gráfica. Vale ressaltar que uma estudante de jornalismo também estava inserida no mercado de trabalho, atuando como repórter, produtora e editora em duas produtoras de vídeo.

estrutura de gravação de vídeo ao nosso dispor128. Além disso, a atmosfera do local remetia ao

tema de nossa investigação, o que tornava o espaço mais convidativo à discussão.

Finalmente, era chegada a hora de fazer nosso primeiro contato com os jovens selecionados. Estávamos “conscientes de que ausências de último momento são muito comuns, e que é preciso lidar com essa situação, procurando não prejudicar o atendimento dos objetivos da pesquisa” (GATTI, 2005, p. 23). Diante disso, estabelecemos que os convites deveriam ser feitos por telefone com dez dias de antecedência, seguidos por um reforço quatro dias antes da data definida e pelo envio de mensagens de texto na véspera do encontro.

Nesse momento, percebemos que a tarefa não seria fácil. Por isso, buscamos seguir a risca as orientações presentes em nossas leituras sobre o grupo focal enquanto ferramenta de pesquisa. A adesão dos jovens é voluntária, portanto, o convite deveria ser motivador, de modo a sensibilizar os participantes para o processo e para o tema; teríamos que atrair os selecionados para a atividade, mas sempre respeitando sua liberdade de escolha. Outro cuidado importante era não detalhar demasiadamente o objeto de pesquisa. A informação deveria ser vaga, a fim de evitar uma participação “preparada” (GATTI, 2005).

Durante as ligações, percebemos que nem todos os jovens previamente escolhidos teriam interesse e/ou disponibilidade de tempo para participar do grupo focal. Desse modo, novos jovens respondentes foram integrando a lista de participantes, de modo a não comprometer nossos critérios de seleção. Na tentativa de garantir um número expressivo e suficiente de pessoas no dia do encontro, tomamos a decisão de convidar mais dois jovens (um do 1º período diurno da Facom e outro do CES/JF), totalizando 12 potenciais participantes.

A seguir, apresentamos a experiência do grupo focal. Nosso relato e análise dos dados obtidos serão apresentados de acordo com categorias definidas em função dos objetivos da pesquisa. Desse modo, os depoimentos dos jovens foram agrupados em cinco seções: Tudo junto e misturado? Um novo modelo de informação; Hora da notícia? O consumo de telejornais no tempo dos jovens; Quem são os jovens do Brasil? A representação da juventude nos telejornais; Quando os jovens assumem a profissão “repórter”; e TV e internet: será que da liga?

128 As duas câmeras (handycam) e os gravadores foram posicionados de modo estratégico, a fim de que esses

equipamentos não desviassem a atenção dos participantes e, consequentemente, inibissem as manifestações dos jovens. Vale ressaltar que o grupo se sentiu bastante confortável com as formas de registro, não tendo sido detectado qualquer constrangimento decorrente da presença de câmeras filmadoras.

6.3 CONSUMO, FORMATOS E NARRATIVAS: COMO OS FUTUROS PROFISSIONAIS

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