• Nenhum resultado encontrado

A ESTRATÉGIA DE COMBATE E PREVENÇÃO DO DESEMPREGO

Portugal terá de enfrentar, com eficácia acrescida, os grandes estrangulamentos estruturais da nossa sociedade, designadamente no que se refere ao: 1) baixo nível de escolarização e qualificação profissional da população portuguesa, com implicações fortemente negativas no acesso ao mercado de trabalho; e ao 2) sistema de protecção social, que enfrenta problemas de sustentabilidade financeira e também de utilização fraudulenta das prestações que assegura.

No ano de 2006, existiam em Portugal 96,9 inactivos por cada 100 empregados. Este indicador serve para medir o grau de dependência dos inactivos, das contribuições dos empregados de uma sociedade (Gráfico n.º 20).

Gráfico n.º 20

População empregada/inactiva

A actuação governativa nesta matéria tem-se pautado pela sintonia com as conclusões do Conselho da Primavera de 2007, em particular com a orientação aos Estados-Membros no sentido de «desenvolver políticas que promovam […] o papel dos jovens, nomeadamente a sua transição da escola para a vida laboral, dos idosos e das pessoas com baixas qualificações enquanto participantes activos na economia e no mercado de trabalho, com o objectivo de utilizar todo o seu potencial para contribuir para o desenvolvimento económico e social das nossas sociedades». O Conselho Europeu, nas suas conclusões, aponta para a necessidade de «aumentar a participação no mercado de trabalho, em especial […] das pessoas com deficiência e ainda dos migrantes legais e das minorias» (2006).

Em Portugal, são diversas as iniciativas que têm vindo a ser desenvolvidas em matéria de implementação de políticas inclusivas, em particular no âmbito do enquadramento da Estratégia Nacional para a Protecção Social e a Inclusão Social 2006-2008, na qual se realça a sua forte interacção com o Plano Nacional para o Emprego (PNE).

As medidas activas de emprego e formação têm conhecido um percurso muito diversificado ao longo das últimas décadas, procurando adaptar-se às transformações estruturais e conjunturais ocorridas no mercado de trabalho, designadamente no que respeita à mudança nas características e qualificações dos trabalhadores e nas entidades empregadoras.

No sentido de responder a estas necessidades de adaptação, têm vindo a ser criados mecanismos de gestão preventiva e acompanhamento, de forma a minimizar eventuais efeitos negativos, o que justificou, o lançamento de programas de intervenção junto de públicos específicos de desempregados:

1. Programa para Jovens Desempregados entre os 15 e os 22 anos, que tem como principal componente a integração em percursos formativos de dupla certificação.

2. Programa de Intervenção para Desempregados entre 31 e 54 anos, aos quais foram apresentadas Ofertas de Emprego. Os desempregados deste grupo que, pelo seu perfil de empregabilidade, não reuniam condições para a integração directa no mercado de trabalho, foram encaminhados maioritariamente para actividades ocupacionais, acções de formação profissional ou intervenções de orientação profissional.

3. Tendo um carácter recente, ainda numa fase embrionária de implementação, encontra-se em elaboração a portaria regulamentadora dos Programas Ocupacionais e Programa de Voluntariado Sénior.

No entanto, já foi elaborado o PROMOTI – Programa de Promoção Motivacional, actuando, por um lado, no reinvestimento dos desempregados mais velhos no seu percurso profissional e, por outro, na sua capacitação, com mais saberes e competências, para poderem desempenhar uma actividade profissional com bons níveis de produtividade e de realização pessoal, com vista a relevar o papel dos idosos e dar importância ao aproveitamento do seu potencial, nomeadamente no mercado de trabalho.

Em matéria de promoção do envelhecimento activo, existe o Programa activo15, que não só na previne (pelo combate à saída precoce do mercado de trabalho) mas também recupera, fornecendo orientação profissional, formação profissional, processos RVCC e formação de reconversão e aperfeiçoamento profissional com vista à plena integração no mercado de trabalho.

Estas medidas contribuem para promover a valorização pessoal e social e os níveis de empregabilidade, dando prioridade aos trabalhadores mais velhos no recrutamento de ofertas que cobrem necessidades sociais não satisfeitas pelo mercado.

4. Programa de Intervenção para Desempregados Qualificados, sendo motivados a adoptar atitudes proactivas e utilizar, autonomamente, as Tecnologias de Informação e Comunicação para a sua inserção profissional.

5. Estágios Profissionais, enquanto forma privilegiada de promover com sucesso a transição do sistema de educação e formação para o mercado de emprego, incluindo a medida de estágios profissionais de natureza geral gerida pelo IEFP, os Estágios na Administração Pública Central, e nas Autarquias Locais no âmbito do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, os Estágios promovidos no âmbito do INOV-JOVEM e os estágios de luso-descendentes.

6. Programa de Inserção de Mestres e Doutores nas Empresas e Centros Tecnológicos visa apoiar a inserção de recursos humanos altamente qualificados nas empresas para exercerem funções que exigem autonomia.

7. Programa de Intervenção no Mercado de Trabalho Inclusivo, procura soluções individuais orientadas para percursos de inserção das pessoas mais afastadas do mercado de trabalho (beneficiários do Rendimento Social de Inserção - RSI, pessoas com problemas de toxicodependência, ex-reclusos, jovens em risco e grupos étnicos e culturais minoritários), através de respostas ajustadas a públicos específicos, fomentando a sua participação activa e assegurando uma estreita articulação com respostas e apoios complementares à formação profissional e emprego, designadamente ao nível da saúde e segurança social.

No âmbito deste programa, merece especial destaque: 1) o apoio à inserção /reinserção profissional dos beneficiários RSI; 2) os Programas Ocupacionais para Carenciados, 3) a Rede Inclusão, assente numa metodologia de intervenção de articulação entre os Centros de Emprego e os Núcleos Locais de Inserção, bem como num programa específico de mediação (desenvolvido por uma rede de entidades externas), denominado Programa Integrado de Mobilização Individual; e 4) o Programa Vida-Emprego, que integra uma parceria activa entre o SPE e o Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).

Programa de Formação Profissional e Emprego para Pessoas com Deficiência, com uma estratégia de intervenção assente numa rede existente (Centros e Núcleos de Reabilitação Profissional, Centros de Emprego e Formação, Empresas e outras entidades empregadoras e estruturas de formação), visa promover a empregabilidade de pessoas com deficiência com dificuldades acrescidas em aceder, manter-se e progredir numa situação de emprego.

Igualdade de género no Plano Nacional de Emprego

As mulheres representam um público específico face às desigualdades de tratamento a que estão sujeitas, nomeadamente ao nível de: 1) inserção no mercado de trabalho; 2) condições de trabalho; 3) remunerações; 4) representação na tomada de decisão; 5) repartição das responsabilidades familiares e domésticas, entre outras. Pela execução da política activa de emprego e formação, verifica-se que as mulheres são as maiores beneficiárias de apoios, através de empresas de inserção, dos programas ocupacionais e dos apoios à contratação.

Desempenhando um papel fundamental na conciliação da vida profissional com a vida familiar e constituindo um exemplo incontornável de promoção da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, é o investimento em creches e qualificação de amas, através do Programa de Alargamento de Equipamentos Sociais (PARES) e do Programa de Apoio ao Investimento em Equipamentos Sociais (PAIES), concomitantemente, com o alargamento dos horários das escolas do ensino básico.

O novo regime jurídico de Protecção no Desemprego, em vigor desde o início de 2007, passou a exigir o cumprimento de deveres no sentido da promover a empregabilidade do próprio indivíduo, entre os quais se destaca:

1) O cumprimento do dever de procura activa e a obrigação de apresentação quinzenal nos centros de emprego, dos serviços locais da segurança social ou de outras entidades que celebrem protocolos com o IEFP para esse efeito, visando assegurar um serviço de proximidade aos cidadãos beneficiários de prestações de desemprego;

2) A clarificação do conceito de emprego conveniente, delimitando as situações em que são admitidas as recusas a ofertas de emprego ou outras intervenções postas à disposição dos beneficiários e tendo em consideração as especificidades decorrentes das estruturas familiares, nomeadamente a conciliação da vida familiar com a vida profissional;

3) Regras para alargar o prazo de suspensão das prestações de desemprego por exercício de actividade profissional, procurando garantir aos trabalhadores a possibilidade de usufruir do montante da prestação inicial, estimulando, deste modo, os esforços dos beneficiários e a capacidade de investigação e desenvolvimento, com o objectivo de promover a inovação e aumentar a competitividade das empresas.

RESPOSTAS E MEDIDAS DE COMBATE AO DESEMPREGO E APOIO AO