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POLITICAS E MEDIDAS NACIONAIS DE COMBATE AOS BAIXOS NÍVEIS DE ESCOLARIDADE E DE QUALIFICAÇÕES DA POPULAÇÃO

Tendo em conta os dados apresentados, o aumento de desemprego e a consequente necessidade de reconversão profissional dos desempregados, sobretudo os de longa duração, sentiu-se a necessidade intervir de forma a dotar a população de níveis de escolaridade que lhes permitisse ingressar em cursos de formação profissional, dado que para quase todos os cursos é necessário o 6.º ou o 9.º ano de escolaridade.

Neste sentido, no âmbito dos objectivos comuns adoptados no Conselho Europeu da Primavera de 2006, foi considerado pelo PNAI como prioridade intervir nos baixos níveis de escolaridade e no défice histórico de baixas qualificações da população portuguesa, corrigindo as desvantagens educativas e formativas, tentando reaproximar a escola dos alunos com maiores dificuldades de aprendizagem e evitar o abandono precoce. Pretende-se, também, proporcionar aos jovens, opções diversificadas de educação/formação, facilitando-lhes a transição para a vida activa. Tendo sido também contemplada a qualificação de adultos em idade activa.

 Novas Oportunidades - Educação e Formação de Jovens e Adultos

Para dar resposta às questões apresentadas, surgiram os Centros de Novas Oportunidades, que vieram dar a possibilidade aos adultos e jovens, que não tenham completado o 12.º, 9.º, o 6.º ou o 4.º anos de escolaridade, de verem reconhecidas, validadas e certificadas as competências e conhecimentos que adquiriram ao longo da vida, bem como o encaminhamento para formação adequada e necessária à progressão e certificação escolar e/ou profissional de cada indivíduo.

A Iniciativa “Novas Oportunidades” tem como objectivo alargar o referencial mínimo de formação ao 12.º ano de escolaridade, assente em dois pilares fundamentais:

1- Tornar o ensino profissionalizante uma opção efectiva para os jovens; 2 - Elevar a formação de base da população activa.

Figura n.º 6

Organização da Iniciativa Novas Oportunidades

Os Centros Novas Oportunidades, sob a responsabilidade da Agência Nacional para a Qualificação (ANQ), constituem-se como agentes centrais na resposta ao desafio da qualificação de adultos consagrado na Iniciativa Novas Oportunidades.

Assim, foi criada uma Rede dos Centros Novas Oportunidades, de base territorial e institucionalmente diversificada, orientados para o desenvolvimento e mobilização de respostas diferenciadas em função do perfil e do percurso dos indivíduos, apostando numa estratégia de complementaridade e articulação com as escolas, os centros de formação profissional, as entidades formadoras e os agentes económicos, sociais e culturais.

 Novas Oportunidades - Jovens

Este eixo de intervenção tem como objectivo dar resposta aos baixos níveis de escolarização dos jovens, através da diversificação das vias de educação e formação, pelo reforço do número de vagas de natureza profissionalizante e da exigência em garantir melhores taxas de aproveitamento escolar. Neste contexto, destaca-se o objectivo de inverter a tendência do aumento do número de jovens que não conclui o ensino secundário e, simultaneamente, a valorização das aprendizagens proporcionadas por este nível de ensino.

 Modalidades de Formação - Jovens

- Cursos mencionados na descrição do Ensino Secundário

- Cursos de educação e formação (CEF) - visam a recuperação dos défices de qualificação, escolar e profissional, através da aquisição de competências escolares, técnicas, sociais e relacionais, que lhes permitam ingressar num mercado de trabalho.

Estes cursos destinam-se a candidatos ao primeiro emprego, ou a novo emprego, com idades compreendidas entre os 15 e os 25 anos, em risco de abandono escolar, ou que já abandonaram a via regular de ensino e detentores de habilitações escolares que variam entre o 6.º ano de escolaridade, ou inferior e o ensino secundário.

Quadro n.º 6

Tipologia e Organização dos CEF Tipo de percursos

formativos Habilitações de acesso Total de horas Saída

1A Inferior ao 4º ano de escolaridade 1910 Equi. ao 6º ano / Nível I 1B Igual ou superior ao 4º ano de escolaridade e

inferior ao 6º ano 1155 Equi. ao 6º ano / Nível I 2 Titulares 6º, 7º ou freq. do 8º ano 1365-1660 Equi. ao 9º ano / Nível II 3 Titulares 8º,ou freq. do 9º ano 1365-1660 Equi. ao 9º ano / Nível II 4 Titulares do 9º ano ou frequência do nível

secundário 1385-1680

Certificado de competências escolares/ nível II

5

Titulares do 10º ano ou frequência do 11º ou curso de qualificação inicial de nível 2 com formação complementar

2310-2745 Equivalência ao 12 ano /

nível III

6 Titulares do 11º ano ou frequência do 12º ano 1430-2065 Equivalência ao 12 ano /

nível III 7 Titulares do 12º ano (não tecnológico) 1365-2000 Nível III

Formação Complementar Titulares de um curso Tipo 2 ou 3, ou de um curso

de qualificação inicial de nível 2 com o 9º ano 1170-1290

Certificado de Competências escolares (para efeitos de prosseguimento de estudos) Fonte: Centro de Formação, Abril 2008

- Sistema nacional de aprendizagem, da responsabilidade do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), integra-se num sistema de formação profissional em regime de alternância, de dupla certificação (escolar e profissional) que visa a qualificação de jovens, que tenham ultrapassado a idade da escolaridade obrigatória e não tenham ultrapassado o limite etário dos 25 anos, de forma a facilitar a sua inclusão na vida activa, através do reforço das competências académicas, pessoais, sociais e relacionais, da aquisição de conhecimentos técnicos e de uma sólida experiência profissional na empresa.

Quadro n.º 7 Sistema de Aprendizagem

Destinatários Escolaridade Mínima de acesso Tipologias dos cursos

Designação Duração (horas) Jovens à procura do 1º emprego 3º Ciclo do ensino Básico (9º Ano) Aprendizagem Nível 3 4000 a 4500

Fonte: Centro de Formação. Abril 2008

 Novas Oportunidades - Adultos

O segundo eixo de intervenção da Iniciativa Novas Oportunidades tem como principal objectivo a elevação dos níveis de qualificação de base da população adulta. As acções que aqui se acolhem dirigem-se a pessoas com mais de 18 anos que não concluíram o 9º ano de escolaridade ou o ensino secundário, tendo em vista aumentar as suas qualificações de base.

 Modalidades de Formação - Adultos

- Sistema de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) É um processo que permite a adultos, maiores de 18 anos, aceder ao reconhecimento, validação e certificação das competências (escolares, profissionais e outras) que adquiriram em diferentes situações de aprendizagem (vida pessoal, social e profissional), para efeitos de atribuição de uma qualificação formal, escolar ou profissional.

A certificação Escolar conferida por este Sistema pode ser de nível básico (mediante atribuição de certificado do 1º, 2º ou 3º ciclo do ensino básico e diploma do ensino básico) ou de nível secundário - RVCC Escolar e/ou RVCC Profissional.

- Cursos de educação e formação de adultos (CEFA)

Os CEFA visam elevar os níveis de habilitação escolar e profissional da população adulta, através de uma oferta integrada de educação e formação que potencie as suas condições de empregabilidade e certifique as competências adquiridas ao longo da vida.

Destinam-se a: 1) a indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, à data de início da formação; 2) candidatos desempregados, com idade inferior a 25 anos, integrados, preferencialmente, em cursos de dupla certificação, 3) excepcionalmente, podem ser admitidos candidatos com idade inferior a 18 anos, desde que, estejam inseridos no mercado de trabalho.

Os cursos, que apenas conferem habilitação escolar destinam-se, preferencialmente, a activos empregados.

Quadro n.º 8

Tipologia e Organização dos CEFA

Tipo de percursos formativos Habilitações de acesso Total de horas Saída

B1 Inferior ao 1º ciclo 385 a 780 1º Ciclo / Nível I

B2 4º ano, superior ao 1º ciclo mas inferior ao 2º ciclo 385 a 940 2º ciclo / nível I

B1 + B2 Inferior ao 1º ciclo 385 a 1180 2º ciclo / nível I

B3 Superior ao 2º ciclo mas inferior ao 3º ciclo 1105 a 1820 3º ciclo / nível II B2 +B3 4º ano superior ao 1º ciclo mas inferior ao 2º ciclo 1250 a 2660 2º ciclo / nível II

O Programa Operacional para o Potencial Humano (POPH), inscrito no Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), documento que enquadra a aplicação da política comunitária de coesão económica e social em Portugal no período 2007-2013, visa estimular o potencial de crescimento sustentado da economia, no quadro das seguintes prioridades:

• Superar o défice estrutural de qualificações da população portuguesa, consagrando o nível

secundário como referencial mínimo de qualificação;

• Promover o conhecimento científico, a inovação e a modernização do tecido produtivo,

alinhados com a prioridade de transformação do modelo produtivo português assente no reforço das actividades de maior valor acrescentado;

• Promover a igualdade de oportunidades, através do desenvolvimento de estratégias

integradas e de base territorial para a inserção social de pessoas vulneráveis a trajectórias de exclusão social, integrando a igualdade de género como factor de coesão social.

Desta forma, dos dez eixos prioritários do POPH, 4 estruturam-se em torno da temática abordada.

Eixo Prioritário 1 – Qualificação Inicial - tem como objectivo elevar a qualificação dos jovens, promovendo a sua empregabilidade e a adequação das suas qualificações às necessidades do desenvolvimento sustentado, do aumento da competitividade e de coesão social da economia portuguesa.

Eixo Prioritário 2 – Adaptabilidade e Aprendizagem ao Longo da Vida - tem como principal objectivo o reforço da qualificação da população adulta activa, empregada e desempregada, contribuindo para o desenvolvimento de competências críticas à modernização económica e empresarial e para a adaptabilidade dos trabalhadores.

Eixo Prioritário 3 – Gestão e Aperfeiçoamento Profissional - tem como objectivo o desenvolvimento de um conjunto de formações associadas a processos de modernização organizacional, reestruturações e reconversões produtivas que contemplem a promoção da capacidade de inovação, gestão e modernização das empresas e outras entidades - nomeadamente da administração pública - enquanto condição fundamental de modernização do tecido produtivo, da melhoria da qualidade do emprego e do aumento da competitividade. Pretendendo reforçar a relevância do investimento a realizar no domínio da formação contínua, tem presente a necessidade de estimular o desenvolvimento de uma cultura de procura de formação por parte das empresas e dos trabalhadores.

Eixo Prioritário 4 – Formação Avançada, tem como objectivo reforçar a capacidade científica e tecnológica, através da formação e integração profissional de recursos humanos altamente qualificados e pelo apoio ao alargamento da base de recrutamento do ensino superior.

As acções integradas neste Eixo visam a superação do atraso científico e tecnológico português, como condição essencial ao progresso económico e social, promovendo a convergência das qualificações científicas dos recursos humanos em Portugal para os níveis dos países da União Europeia, em particular no que respeita à formação pós-graduada.

O Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) constitui-se como o serviço público de emprego nacional (SPE), tendo como missão promover a criação e a qualidade do emprego e combater o desemprego, através da execução das políticas activas de emprego e formação profissional. A qualificação dos recursos humanos, com particular relevância para a elevação das qualificações da população activa constitui uma das prioridades do IEFP, por se considerar que a melhoria dos níveis de qualificação se revela de importância estratégica, o que se reflecte na oferta formativa proporcionada por esta Entidade, nomeadamente:

- Cursos EFA - CEF

- Cursos de Aprendizagem

- Formações Modulares Certificadas visam o desenvolvimento de um suporte privilegiado para a flexibilização e diversificação da oferta de formação contínua, integrada no Catálogo Nacional de Qualificações (CNQ), com vista à conclusão e construção progressiva de uma qualificação profissional, tendo por base as unidades de formação de curta duração (25 ou 50 H).

Estas formações têm como objectivo colmatar algumas lacunas de conhecimentos sentidas pelos candidatos, no decurso da respectiva actividade profissional, podendo ser, igualmente, utilizada em processos de reciclagem e reconversão profissional, proporcionando a aquisição de conhecimentos necessários à integração no mercado de trabalho, cada vez mais exigente e competitivo.

Formação Profissional Especial

A Formação Profissional Especial distingue-se da formação profissional comum, por também abranger a inserção sócio-profissional e a resolução de problemas de integração, dirigindo-se a segmentos da população com maiores dificuldades formativas.

Esta formação define-se, ainda, pela existência conjugada de diferentes características, salientando-se o desenvolvimento de um processo formativo integrado, com recurso a modalidades de formação complementar que incluem áreas de intervenção, tais como:

1. Informação e orientação profissional e acompanhamento psico-pedagógico; 2. Formação sócio-educativa;

3. Acompanhamento no processo de inserção na vida activa; 4. Articulação com iniciativas de acção social.

Esta medida destina-se a:

 Pessoas em situação de carência económica e social, disfunção e marginalização;  Pessoas que não atingiram o nível correspondente à escolaridade obrigatória e evidenciam dificuldades de aprendizagem ou de integração na sociedade;

 Pessoas pertencentes a grupos específicos, nomeadamente:

Desempregados de longa duração; Minorias étnicas;

Imigrantes;

Reclusos e ex-reclusos;