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Problemáticas identificadas.

Nesta sub-área continuamos a defrontarmo-nos, no nosso dia a dia, com situações de crianças sujeitas a diversos factores adversos ao seu pleno desenvolvimento.

Para a identificação das problemáticas, foram convocadas a participar num workshop temático sobre crianças, jovens e idosos, realizado a 23.01.2008, as entidades que de algum modo estão envolvidas com a temática referida, tendo sido possível tecer uma análise crítica relativamente à situação do concelho de Águeda nesta matéria.

As entidades presentes nesta reunião de trabalho identificaram a existência de 6 problemas, ordenados do modo que se segue pelos parceiros que responderam ao questionário de priorização on-line:

1. Enfraquecimento das redes de suporte familiar e social e consequente n.º excessivo de

horas que as crianças passam no interior das instituições;

2. Problemas de indisciplina, delinquência, etc., fruto de processos de socialização primária bastante frágeis;

3. Défice de competências parentais por parte de algumas famílias;

4. Défice de apoio por parte do Serviço Nacional de Saúde ao nível de algumas especialidades médicas;

5. Existência de crianças em situação de Perigo sem respostas;

6. Aumento dos problemas de linguagem e comunicação.

Causas e Consequências dos Problemas Identificados

A existência destes problemas no concelho de Águeda é fruto de um conjunto diversificado de causas que, interagindo entre si, contribuem para a existência destes problemas.

Para a identificação das causas e consequências, foram convocadas a participar num novo workshop temático sobre Crianças, jovens e idosos, com o mesmo modelo participativo do anterior, realizado a 10.04.2008, as entidades de algum modo envolvidas nesta temática.

1. Enfraquecimento das redes de suporte familiar e social e consequente n.º excessivo de horas que as crianças passam no interior das instituições

Relativamente a este problema, considerámos como indicador o número médio de horas que as crianças passam nas instituições, sendo que das 19 IPSS’s, apenas 14 responderam. Com base nas respostas fornecidas, verifica-se que o número médio que as crianças passam nas instituições é de 9h38m, considerando que o horas de trabalho são 8h (com as pausas será de 9 horas), e o tempo gasto na viagem (Trabalho/Instituição), não pode ser considerado significativo o

Os parceiros identificaram como causas para este problema 1) as exigências da sociedade, 2) mães e avós que trabalham 3) o desenraizamento familiar – migração.

Podendo ter como consequências 1) desenraizamento familiar e 2) o isolamento familiar.

2. Problemas de indisciplina, delinquência, etc., fruto de processos de socialização primária bastante frágeis

Foram solicitados dados sobre esta problemática, quer à GNR quer aos Agrupamentos, no entanto, não nos foram fornecidos. Assim, apresentamos os dados apresentados na Carta Educativa referentes aos processos registados nos Agrupamentos de Escolas, 11 processos disciplinares e 198 faltas disciplinares, nas escolas agrupadas.

Foram reconhecidas como causas: 1) pais ausentes, 2) a educação familiar precária, 3) o desemprego nos jovens, 4) o isolamento familiar, 5) o défice de competências parentais de algumas famílias e 6) o número elevado de crianças em perigo sem respostas.

Como consequências foram identificadas 1) o aumento da criminalidade juvenil e 2) o insucesso e abandono escolar.

3. Défice de competências parentais por parte de algumas famílias

Não existem informações que fundamentem o défice, ou não, de competências parentais por parte de algumas famílias.

Os parceiros identificaram como causas deste problema: 1) o mito de que a parentalidade é uma competência inata, 2) a falta de intervenção mais precoce e 3) a baixa escolaridade.

As consequências deste défice de competências parentais podem ser diversas: 1) perdas de custodia das crianças, 2) futuros pais reproduzirão défices e disfunções, 3) número elevado de crianças em situação de perigo sem respostas, 4) problemas de indisciplina, delinquência, etc, e 5) aumento dos problemas de linguagem e comunicação.

4. Défice de apoio por parte do Serviço Nacional de Saúde ao nível de algumas especialidades médicas

Foram recolhidos dados no Hospital Distrital de Águeda, sendo que em 2007 foram realizadas 4202 consultas de Pediatria, não existindo lista de espera para esta especialidade.

No Centro de Saúde, tendo em conta as suas competências, não existem consultas de especialidades, no entanto, são realizadas consultas especificas para a população infantil, do programa de Saúde Infantil (0 aos 13) de âmbito nacional, tendo sido efectuadas em 2007, 5815

consultas de vigilância e 7253 consultas por doença, verificando-se que ao nível de consultas de especialidade de pediatria este problema não se verifica.

Relativamente a esta problemática os parceiros identificaram como causas 1) os problemas estruturais do sistema, bem como a 2) insuficiência de técnicos.

Como possíveis consequências enumeraram 1) Problemas de saúde e 2) o comprometimento do processo de desenvolvimento.

5. Existência de crianças em situação de Perigo sem respostas

No 1º trimestre de 2008, a CPCJ registou um total de 143 processos, dos quais 100 transitaram de 2007, 30 foram abertos em 2008 e 13 reabertos em 2008. Destes, 9 foram remetidos a tribunal por: não consentimento para a intervenção, incumprimento do acordo ou retirada do consentimento, foram, ainda, remetidos para outras CPCJ 4 processos; arquivados 17 e arquivados liminarmente 7.

De referir que as principais problemáticas sinalizadas são a negligência, maus-tratos físicos e mendicidade.

Para esta questão, foram identificadas como causas: 1) a ausência de uma rede social de suporte familiar, 2) a falta de apoio do estado, 3) a falta de instituições adequadas às necessidades e o facto de 4) as entidades estarem pouco centradas em respostas preventivas.

Como possíveis consequências deste problema, foram elencadas 1) a falta de acesso a melhores condições de vida e 2) os problemas de indisciplina, delinquência, etc.

6. Aumento dos problemas de linguagem e comunicação

Segundo os dados fornecidos pelos Agrupamentos de Escolas, estão sinalizadas 74 crianças a necessitar de Terapia da Fala, sendo que destas, 69 estavam a ser acompanhadas.

Estes números reportam-se às Escolas Agrupadas, não constando as crianças das escolas não agrupadas e das IPSS’s.

Os parceiros identificaram como causas para este problema 1) comunicação passiva, 2) diminuição da interacção familiar e 3) défice de competências parentais de algumas famílias.

Como consequências assinalaram 1) o insucesso e abandono escolar e 2) as dificuldades de aprendizagem.