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4 A PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS SOBRE OS BENEFÍCIOS EVENTUAIS NO

4.1 O percurso metodológico da pesquisa

4.1.1 A estrutura do formulário

O formulário aplicado subdividiu-se em 05 blocos (A, B, C, D e E), onde cada bloco aglomerava as questões de acordo com objetivos determinados. Inicialmente, as respostas às questões do bloco A permitiram a identificação dos sujeitos envolvidos na pesquisa quanto às informações essenciais de nome, endereço, sexo, idade, situação ocupacional, renda, etc., possibilitando a formação do perfil dos usuários dos benefícios eventuais no município de Sapé, PB.

71Considerou-se o mês de agosto de 2013 para a definição do universo da pesquisa tendo em vista sua maior completude em relação aos dados fornecidos pela Secretaria de Promoção e Assistência Social se considerados os meses de junho e julho do mesmo ano.

As questões contidas no bloco B viabilizaram a complementação das informações apreendidas no bloco A, uma vez que contempla a caracterização familiar. As questões B1 a B3 contribuíram para análise sobre a vivência de possíveis situações de vulnerabilidade social das famílias pela variável de renda e outras variáveis, explícitas na PNAS, 2005, a saber:

• Famílias com renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo;

• Famílias com renda per capita inferior a ½ salário mínimo, com pessoas de 0 a 14 anos e responsável com menos de 04 anos de estudo;

• Família no qual há uma chefe mulher, sem cônjuge, com filhos menores de 15 anos e analfabeta;

• Família no qual há uma pessoa com 16 anos ou mais, desocupada (procurando trabalho) com 04 ou menos anos de estudo;

• Família na qual há uma pessoa com 10 a 15 anos que trabalhe; • Família na qual há uma pessoa com 4 a 14 anos que não estude;

• Famílias com renda per capita inferior a ½ salário mínimo, com pessoas 60 anos ou mais;

• Famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo, com uma pessoa deficiente.

Além disso, as referidas questões subsidiaram a análise do critério de renda adotado para acesso aos benefícios eventuais, considerando a legislação nacional (Res. CNAS n. 212/06) e a Lei Municipal (Lei n. 976/09) que rege sua concessão. Em ambos os casos, refere- se ao patamar de renda familiar per capta de até ¼ do salário mínimo, embora no caso da Resolução do CNAS seja mencionado enquanto sugestão para o mínimo a ser adotado, não havendo impedimento para que os municípios adotem patamares mais elevados.

Particularmente, as repostas da questão B4 permitiram a apreensão de possíveis vivências de situações de vulnerabilidade temporária pela família e a atuação do poder público diante dessas situações. De acordo com sua definição, “a situação de vulnerabilidade temporária caracteriza-se pelo advento de riscos, perdas e danos à integridade pessoal e familiar” (BRASIL, 2015 e), decorrentes:

• da falta de acesso a condições e meios para suprir a reprodução social cotidiana do solicitante e de sua família, principalmente a de alimentação;

• da falta de documentação; • da falta de domicílio;

• da situação de abandono ou da impossibilidade de garantir abrigo aos filhos; • da perda circunstancial decorrente da ruptura de vínculos familiares, da presença de violência física ou psicológica na família ou de situações de ameaça à vida;

• de desastres e de calamidade pública; e

• de outras situações sociais que comprometam a sobrevivência.

Em geral, as informações obtidas através das questões do bloco C possibilitam o conhecimento das condições de moradia dos usuários. No mais, permitiram a análise sobre a vivência de possíveis situações de vulnerabilidade social das famílias, agora relacionadas aos indicadores de domicílio com serviços de infraestrutura inadequados (CNAS, 2015 a), complementado as informações do bloco anterior. Os indicadores são:

• Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água proveniente de poço, nascente ou outra forma;

• Domicílios particulares permanentes sem banheiro e sanitário;

• Domicílios particulares permanentes com escoadouro ligado à fossa rudimentar, vala, rio, lago, mar ou outra forma;

• Domicílios particulares permanentes com lixo queimado, enterrado ou jogado em terreno baldio ou logradouro, em rio, lago ou mar ou outro destino;

• Domicílios particulares permanentes com mais de dois moradores por dormitório.

Ainda, a questão C12 complementa a análise da vivência de situações de vulnerabilidade temporária pelas famílias, como referido no bloco B, porém especificamente relativo à questão da falta de domicílio e da impossibilidade de garantir abrigo aos filhos.

A partir do bloco D, passou-se a tratar especificamente sobre os benefícios eventuais recebidos pelos sujeitos, onde cada questão buscou orientar-se pelos objetivos definidos no quadro abaixo.

Quadro 5 – Objetivo das questões apresentadas no bloco D

Questão Objetivo

D1 Caracterizar dos benefícios recebidos pelos sujeitos e, consequentemente, os benefícios eventuais concedidos pela Secretaria de Promoção e Assistência Social. Apesar de constar itens que não se caracterizam como benefícios eventuais da assistência social, a descrição está de acordo com o que é contemplado pela Lei Municipal n° 976/2009.

D2

D3 Trazer elementos sobre a forma de acesso aos benefícios eventuais, considerando os princípios da garantia de igualdade de condições no acesso às informações e à fruição do benefício eventual e o da ampla divulgação dos critérios para a sua concessão, conforme preconiza o Decreto Presidencial n. 6.307/07. D4 D5 D6 D7 D8

D9 Ratificar a observação feita, em alguns casos, nos cadastros dos usuários sobre a exigência da cópia do título eleitoral para recebimento dos benefícios eventuais (Decreto 6.307/07 – princípio da proibição de subordinação a contribuições prévias e de vinculação a contrapartidas).

D10 Observar a realização de atendimento por profissionais da assistência social e da elaboração de relatório/parecer social para deferimento/justificativa da concessão dos benefícios eventuais. D11 Confirmar o cumprimento dos prazos para concessão dos benefícios eventuais, dados os princípios

da constituição de provisão certa para enfrentar com agilidade e presteza eventos incertos e o da garantia de qualidade e prontidão de respostas aos usuários, constantes no Decreto Presidencial n. 6.307/07.

D12 Propor elementos para análise sobre a vinculação da concessão de benefícios eventuais (principalmente cestas básicas) em eventos de cunho político. Foi observado que, em alguns cadastros dos usuários havia observações sobre beneficiários que se negaram a fazer o registro fotográfico no ato do recebimento do benefício (Decreto 6.307/07 – princípio da afirmação dos benefícios eventuais como direito relativo à cidadania).

D13

D14 Verificar o atendimento dos beneficiários pelos serviços socioassistenciais, conforme prevê o Decreto Presidencial 6.307/07 sob o princípio da integração à rede de serviços socioassistenciais, com vistas ao atendimento das necessidades humanas básicas.

As questões do bloco E permitiram a apreensão do objetivo principal deste estudo, a percepção dos usuários sobre os benefícios eventuais, complementadas pelas informações coletadas nos demais blocos de questões. Utilizaram-se, preferencialmente, questões do tipo abertas com o intuito de não induzir as respostas dadas pelos sujeitos.

No caso da questão E9, utilizam-se apenas duas opções para que a resposta do usuário seja definida por um dos termos relativo à sua percepção sobre os benefícios eventuais, o que é confrontado com as respostas das questões abertas, onde os termos “ajuda” e “direito” não são diretamente mencionados.

Particularmente a respeito da questão E5, esta foi formulada com a finalidade de avaliar a importância dos benefícios eventuais em relação aos benefícios de transferência de renda da política pública de assistência social, permitindo, assim, analisar-se a consistência dos

benefícios eventuais (muitas vezes limitados a bens de consumo) sob o ponto de vista de seus beneficiários em relação aos benefícios monetários e de prestação contínua.