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2.1 Tópicos Sobre a Fundamentação Legal e Normativa da Assistência Social

2.1.1 A proteção social do SUAS

De acordo com Couto (et. al., 2012), a proteção social da assistência social prevista pela PNAS desdobra-se em: segurança social de renda, segurança de benefícios materiais ou em pecúnia e segurança de desenvolvimento de autonomia (segurança de sobrevivência); a

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O avanço desse eixo se localiza no objetivo de romper com as práticas de atendimentos individualizados

registradas ao longo da trajetória da assistência social no Brasil. No entanto, requer atenção para a questão conceitual sobre família bem como para a constituição de ações protetivas por parte do Estado em contraponto a sua responsabilização. A concepção de família como “grupo afetivo básico, capaz de oferecer a seus membros as

condições fundamentais para seu desenvolvimento pleno” (COUTO et. al., 2012, p. 78) apenas se realiza no âmbito

de uma família protegida. Além disso, esse grupo deve ser considerado em suas singularidades, mas se não for compreendido pelo seu pertencimento a uma classe social, reitera-se o equívoco da individualização do

segurança de acolhida; e a segurança de convívio.

O conjunto aqui definido como de segurança de sobrevivência trata do direito de todo cidadão a uma renda ou valor monetário que assegure sua sobrevivência, independente das limitações para o trabalho ou do desemprego,

mediante a concessão de bolsas-auxílios financeiros sob determinadas condicionalidades […] e por meio de benefícios continuados para cidadãos não incluídos no sistema contributivo de proteção social, que apresente vulnerabilidades decorrentes do ciclo de vida e/ou incapacidade para a vida independente e para o trabalho (COUTO et. al., 2012, p. 65).

É previsto, também, a atenção estatal por meio de benefícios de caráter provisório, denominados benefícios eventuais, que, na forma material ou em pecúnia, atenda as famílias em situação de risco e vulnerabilidades circunstanciais, em situações emergenciais ou de calamidade pública. Ainda no aspecto da segurança de sobrevivência, o desenvolvimento da autonomia propõe a oferta de ações profissionais que possibilitem aos indivíduos desenvolver capacidades e habilidades com o objetivo do exercício da escolha e de conquista da independência pessoal.

A segurança de acolhida está vinculada a oferta de espaços e serviços adequados para ação profissional de escuta qualificada, informações, concessão de benefícios e aquisições materiais, entre outro. Já segurança de convívio está ligada à oferta pública de serviços continuados e trabalhos socioeducativos para a “construção, restauração e fortalecimento de laços de pertencimento e vínculos sociais de natureza geracional, intergeracional, familiar, de vizinhança, societários” (COUTO et. al., 2012, p.65).

De forma a prover essas garantias, a proteção social da assistência social se divide em proteção social básica e especial e devem ser ofertadas de forma integrada pela rede socioassistencial, a qual contempla os entes públicos e as entidades e organizações de assistência social vinculadas ao SUAS (BRASIL, 2015f).

A proteção social básica compreende os serviços, programas, projetos e benefícios que se destinam a prevenir situações de vulnerabilidade e risco social através do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários do usuário. Esta modalidade de proteção social deve ser ofertada, precipuamente, nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), o qual se constitui em uma unidade pública municipal, de base territorial, localizado em áreas de maiores índices de vulnerabilidade e risco social, com o objetivo de coordenar e articular, bem como de prestar os serviços socioassistenciais de proteção social básica.

O serviço devidamente instituído pela LOAS para ser desenvolvido no âmbito da proteção social básica, ofertado no CRAS, é o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à

Família (PAIF), mediante ações socioassistenciais de prestação continuada. De acordo com a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais (CNAS, 2015 d), são serviços da proteção social básica, ainda, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos31 e o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas.

Os benefícios previstos na LOAS, o Benefício de Prestação Continuada (BPC)32 e os benefícios eventuais, também compõem a gama de garantias da proteção social básica do SUAS. O primeiro se encontra também respaldado na Constituição Federal, como vimos, e trata da garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa com deficiência e ao idoso de 65 anos ou mais que comprovem não ter meios de suprir, por si só, sua manutenção ou que a família não tenha condições de supri-la33. A concessão e manutenção desses benefícios são de competência da União, através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), porém sua operacionalização é feita através do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Quanto aos benefícios eventuais, objeto deste estudo, consideraremos, no momento, apenas alguns aspectos essenciais, pois serão analisados mais detalhadamente no próximo capítulo. São definidos pela LOAS enquanto provisões transitórias e suplementares prestadas aos cidadãos e às famílias em virtude de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária ou calamidade pública. A provisão financeira destes benefícios é de competência dos municípios com a participação dos estados e os valores e concessões devem estar previstos nas respectivas leis orçamentárias anuais, com base nos critérios e prazos definidos pelos Conselhos de Assistência Social.

A proteção social especial abarca os serviços, programas e projetos que objetivam a reconstrução de vínculos familiares e comunitários, a defesa de direitos, o fortalecimento das potencialidades e aquisições e a proteção de famílias e indivíduos no sentido do enfrentamento de situações de violação de direitos. As ações destinadas a indivíduos e famílias que se encontram em situação de risco pessoal ou social devem ser articuladas, coordenadas e prestadas, preferencialmente, pelos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), unidade pública de abrangência municipal, estadual ou regional.

Diferentemente da proteção social básica, os serviços da proteção social especial se encontram subdivididos em dois níveis: média e alta complexidade. Os serviços de média complexidade se destinam a indivíduos e famílias em situação de violação de direito, porém

31 Desenvolvido de acordo com os ciclos de vida com especificidades para os diversos grupos divididos entre os seguintes: para Crianças de até 6 anos, para crianças e adolescentes de 6 a 15 anos, para adolescente e jovens de 15 a 17 anos e para idosos.

32 Regulamentado pelo Decreto Presidencial n. 6.214/2007.

com preservação dos vínculos familiares e comunitário. Já na alta complexidade, os serviços devem garantir a proteção integral (moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido) às famílias e indivíduos que necessitem ser retirados do seu núcleo familiar ou comunitário (CNAS, 2015, a).

A LOAS institui o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI) no âmbito da média complexidade, a ser oferecido nos CREAS para apoio, orientação e acompanhamento dos usuários que necessitam desta modalidade de proteção