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5. Análise da documentação

5.2. O ano inicial do programa (2002/03)

5.2.2. A Gestão Distrital

5.2.2.1. A fase de preparação

Encontrámos múltiplas mensagens de correio electrónico trocadas entre o Conselho Directivo da ESE e os professores do seu Departamento de Tecnologias de Informação e Comunicação, que assumiu, desde o início, a coordenação distrital do programa. No entanto, só no início de Março encontrámos o primeiro convite para uma reunião conjunta e que parece corresponder à decisão interna no sentido da cooperação com os Centros de Formação de Professores (Anexo 29). A decisão parece associada ao volume de escolas envolvidas e à dimensão do edifício onde se encontra sedeado este departamento, manifestamente pequeno para acolher uma equipa de formadores neste âmbito, que previsivelmente seria numerosa.

A ESE estabelece um protocolo de colaboração com os Centros de Formação (Anexo 30). Este protocolo é, na sua essência, semelhante ao estabelecido entre as IES e o MCT. A diferença mais significativa verifica-se na inclusão de um ponto relativo à coordenação distrital do programa, que é assumida pela ESE, em colaboração com os Centros. A ESE assume ainda a construção do centro de recursos virtuais. O protocolo permite a percepção de um sentido de cooperação entre a ESE e os Centros, na perspectiva de colaboração em todas as actividades disponibilizadas no distrito, sendo a ESE a responsável pela sua construção e disponibilização.

O plano de acções enviado pela ESE de Setúbal à FCCN (Anexo 31) contém um conjunto de informações pertinentes para o entendimento da organização distrital do programa.

Numa fase introdutória, o plano contém um resumo das actividades da ESE no domínio da integração educativa das TIC, do qual se podem destacar a sua participação no Projecto Minerva desde 1985 e, posteriormente, enquanto Pólo daquele projecto desde 1994, bem como o seu reconhecimento como Centro de Competência do Programa Nónio Século XXI desde 1997. Pode ainda perceber-se que, ao longo de todos estes anos, tem trabalhado com Escolas Básicas do 1º Ciclo, sendo esta uma das áreas de trabalho preferenciais, em paralelo com a Matemática e a Língua Materna e Estrangeira.

Por outro lado, refere-se ainda que a sua intervenção visou dois objectivos fundamentais: a integração das TIC nos diferentes espaços pedagógicos da escola e a formação dos docentes numa perspectiva de valorização das suas práticas pedagógicas e de desenvolvimento de pequenos projectos com intervenção dos alunos.

No documento faz-se ainda uma caracterização das EB1 do distrito com base na localização geográfica das escolas e no número de professores colocados e com turma atribuída, dados

recolhidos juntos das Direcções Regionais de Educação (DRE) que incluem escolas do distrito.

Refere-se que o norte do distrito e o seu litoral, de cariz mais urbano, têm maior concentração de escolas e, na generalidade, um maior número médio de professores, comparativamente com a zona sul e o interior do distrito, de cariz mais rural, onde se registam muitas escolas de pequena dimensão e geograficamente dispersas.

São apontadas razões para a colaboração com os Centros de Formação, de entre as quais a dispersão geográfica das escolas, a previsibilidade de sessões de formação conjunta de escolas, as relações previamente construídas entre os Centros de Formação e as EB1 do distrito e ainda a dispersão geográfica dos Centros que podem assim constituir-se como centros de recursos e apoio com maior proximidade destes estabelecimentos de ensino. No que se relaciona com o planeamento das acções no terreno, este documento revela a preocupação de colaboração com os Municípios no sentido de garantir a sua efectiva participação no programa, reconhecendo-os como parceiros indispensáveis para o seu bom funcionamento. O documento caracteriza o modo como se estabelecerá a coordenação distrital do programa, articulando as coordenações locais, asseguradas pelos centros de formação, com a coordenação distrital.

Relativamente ao trabalho junto das EB1, tenta uma articulação das visitas com acções de formação promovidas pelos centros, constituindo-se estas como um espaço de reflexão, de troca de opiniões, de problemas e das respectivas soluções, sendo assim uma oportunidade de enriquecimento pedagógico do contexto em que decorrerá o programa.

Ainda na perspectiva de enriquecimento adicional à formação de professores, prevê um encontro no final do ano lectivo, onde possam ter reflexo as experiências das escolas, mas que contará também com a participação de individualidades reconhecidas na área.

Considera-se que as acções a decorrer nas EB1 poderão depender das condições humanas e materiais de cada escola, mas devem promover a construção de um página da escola que reflicta o seu quotidiano pedagógico, devendo também desenvolver mecanismos de formação e apoio a distância e estratégias de autoformação que superem as dificuldades decorrentes do isolamento de muitos estabelecimentos.

O esquema de visitas adoptado é variável, segundo a dimensão da escola, e optou-se por efectuar 3 visitas com 1 formador às escolas com menos de 5 professores, sendo as restantes visitadas 4 vezes por dois formadores.

Prevê-se ainda a construção de um Centro de Recursos de Apoio Pedagógico que conterá não só materiais e desafios de apoio à formação, mas também mecanismos de contacto e partilha de ideias entre coordenadores, monitores e professores das escolas.

Não fica claro deste documento o modo como se distribuíram as EB1 pelos vários centros e pela ESE, nem os critérios adoptados para o recrutamento de monitores. No entanto, a partir do relatório de progresso enviado pela gestão distrital à FCCN em Janeiro de 2003 (Anexo 42), é possível perceber que a distribuição das escolas pelos vários centros e pela própria ESE foi efectuada conjugando dois critérios: a proximidade geográfica da EB1 ao centro e a

Universidade de Aveiro 2006

Internet@EB1 – Estudo de Impacte num agrupamento de Setúbal

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existência de relações anteriores, no âmbito de outros projectos, entre a escola e o centro. Havia assim o objectivo de, por um lado, dotar o programa de centros de recursos locais que facilitassem o acesso dos professores a meios humanos e materiais ao dispor do programa e, por outro, articular o trabalho no âmbito deste programa com outros já em curso no terreno. Encontrámos muitos documentos produzidos pela gestão distrital nesta fase de preparação das actividades. Destacaremos aqui alguns que nos parecem pertinentes para a compreensão da organização educativa que esta IES procurou implementar no âmbito do programa.

O documento sobre o papel do formador (Anexo 32) foi distribuído numa das primeiras reuniões efectuadas com os Centros de Formação. Caracteriza o conceito de formador, os papéis que deve desempenhar e como pode articular o trabalho presencial com o trabalho a distância, utilizando uma perspectiva de desenvolvimento do trabalho do professor de acordo com os novos papéis que este deve desempenhar.

É um mediador e um orientador de projectos, que deve ter a capacidade de lidar com realidades bem diferentes que vai encontrar, desde escolas pequenas, isoladas e sem qualquer conhecimento das TIC, a outras onde já existe uma dinâmica integradora destas ferramentas e da Internet no seu projecto educativo, traduzida ou não pela existência de página da escola. A flexibilidade e a sensibilidade devem ser as características principais da sua acção (Anexo 32:1).

A componente pedagógica […] deve responder ao diagnóstico da situação local […] sugerindo ideias e tentando envolver professores e alunos, em particular os que terminam a escolaridade, num trabalho de projecto cujo produto esperado é a página da escola, constituindo esta uma ‘montra pedagógica virtual’ que espelha a dinâmica real das pequenas actividades que se vão desenvolvendo ao nível da sala de aula e das bibliotecas ou centros de recursos, com particular destaque para as que envolvem as TIC (Anexo 32:1).

Parece haver aqui um cuidado em contextualizar a formação a efectuar nas escolas, tendo em conta a realidade encontrada e também ficam claras as orientações segundo as quais a página da escola devia ser construída. Trata-se de conhecer o contexto em que o trabalho vai decorrer e integrar na página os projectos em curso na escola. Esta orientação é também explicitada, de uma outra forma, no documento “Visitar e formar” (Anexo 33).

Não há soluções "milagrosas" ou "receitas" específicas para a formação. Compreender as necessidades de cada escola, os seus interesses e especificidades é a melhor maneira do formador perspectivar o trabalho a desenvolver e de se integrar no "espírito" predominante em cada local.

Neste sentido é importante o primeiro contacto com a escola.

Quais são as ideias do professor enquanto elemento de uma comunidade? Qual é o projecto educativo da escola? Quais são os interesses de cada professor? Que actividades estão a decorrer nas salas de aula? E o que está previsto para o futuro? (Anexo 33:1)

Ainda no mesmo documento e seguindo o princípio de respeito pelas actividades em curso na escola e de integração do programa de acordo com essas actividades, lançam-se algumas ideias sobre o que poderá constituir-se como princípios orientadores de utilização da Internet e do processador de texto.

Construir um Projecto específico para utilizar a Internet pode ser uma ideia facilmente aceitável, mas, no actual contexto, e com os recursos disponíveis, é pouco realista. Integrar a Internet nas actividades que estão a decorrer na sala de aula, respeitando os interesses dos alunos e dos professores, parece ser o meio mais favorável para se atingirem os objectivos que pretendemos alcançar durante o Ano Lectivo 2002/03. Uma das ferramentas de maior impacto no 1º Ciclo é, sem dúvida, o processador de texto. Aproveitar a utilização desta ferramenta nas actividades mais comuns (como aquelas que normalmente são objecto de tratamento curricular relacionadas com o Estudo do Meio) parece-nos primordial. Esta é a área de especialização dos professores do 1º Ciclo. É aquilo que realizam com frequência e em que têm maior experiência. Integrar nestas actividades o processador de texto pode constituir um factor de motivação e o início da construção de um dossier dos trabalhos dos alunos que poderá posteriormente integrar o conteúdo da Página da Escola (Anexo 33:1).

De acordo com o plano de actividades da ESE de Setúbal, é enviada a todas as Câmaras do distrito uma carta-convite para participação numa reunião conjunta com os Centros de Formação (Anexo 34). Dessa reunião existe um documento de conclusões (Anexo 35) onde se pode verificar que os trabalhos se desenvolveram em torno das necessidades de manter os equipamentos funcionais para que o programa possa efectivamente desenvolver-se. É também notória, neste documento, a dificuldade expressada pelas câmaras no que se relaciona com verbas disponíveis e com pessoal especializado que suporte a manutenção dos equipamentos. Estiveram presentes na reunião 6 dos 13 Municípios do distrito. A baixa percentagem de presenças e a necessidade de criar elos de ligação aos municípios, levaram a ESE a enviar a todos eles um resumo do plano de actividades apresentado à FCCN, assim como as conclusões da referida reunião.

Ainda no final do ano lectivo de 2001-02 é enviada uma carta a todas as EB1 do distrito com informação relativa ao programa (Anexo 36). Nesta carta divulgam-se as visitas a efectuar às EB1 pela ESE e pelos Centros de formação, a formação contínua que todos farão em articulação com o programa e ainda o encontro final a realizar no termo do ano lectivo.

Esta fase de preparação do trabalho tem, mais tarde, reflexos na formação de monitores e nos conteúdos disponibilizados no sítio de apoio ao programa designado SETTIC (SETúbal + TIC), que analisaremos nos pontos seguintes.

Ao longo do ano foram efectuadas um conjunto de iniciativas de divulgação do programa a nível distrital e que, de algum modo, correspondem também às necessidades de divulgação que a nível nacional se foram revelando. Nesse sentido registamos um Encontro realizado ainda em Julho de 2002, em Sines (Anexo 37), umas Jornadas de Reflexão realizadas em Alcácer do Sal (Anexo 38), um Encontro no Montijo (Anexo 39) e, finalmente, um artigo publicado no jornal digital “Setúbal na Rede” (Anexo 40).