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5. Análise da documentação

5.2. O ano inicial do programa (2002/03)

5.2.3. O Agrupamento de Escolas de Canha e Santo Isidro

5.2.3.3. As visitas

As caracterizações iniciais das escolas mostram que três delas possuíam dois professores com turma atribuída, uma tinha só um professor, e a sede de agrupamento, sendo a escola de maior dimensão, tinha três docentes. De acordo com a metodologia distrital adoptada para atribuição do número de visitas por escola, todas as escolas do agrupamento seriam visitadas 3 vezes por um monitor.

A primeira visita efectuada no agrupamento contou com a presença de todos os professores, da coordenadora distrital do programa e de um dos monitores, e teve como objectivo principal divulgar o programa e o sítio de apoio junto de todo o corpo docente e definir uma estrutura geral para as páginas a publicar.

Parece-nos que estamos perante uma metodologia de trabalho em que se envolveram todos os elementos do agrupamento, desde a sua gestão, passando pelos professores e integrando também os educadores que, de acordo com a revisão da literatura, é um factor detectado nas escolas onde o sucesso da integração das TIC foi mais acentuado. Neste sentido, a documentação que consultámos parece indiciar um início de programa em condições favoráveis ao seu desenvolvimento.

A lógica de funcionamento do agrupamento, muito centrada em projectos comuns, levou a equipa de monitores, os professores e a gestão do agrupamento a tomarem decisões no sentido de que todas as escolas e todos os jardins de infância deverem possuir uma página, assim como o próprio agrupamento. A navegação nas páginas far-se-ia sempre em torno do agrupamento, havendo ligações deste para todas as escolas e vice-versa.

Uma parte muito significativa da informação estaria na página do agrupamento, onde o Plano Anual de Actividades funcionaria como eixo central para proporcionar visibilidade do trabalho efectuado no âmbito dos projectos e das actividades desenvolvidas em cada uma das escolas. No entanto, numa das visitas posteriores, verifica-se que existe um recuo face a esta posição inicial, o que trouxe a necessidade de planeamento das páginas de cada uma das escolas.

Estabelecido portanto que a página de EB1 de Canha não seria apenas uma página de rosto mas sim um sítio com os diversos conteúdos que espelhem a vida da escola, as docentes tiveram necessidade de pensar na respectiva estrutura e registaram-na, primeiro, no papel (Anexo53:3).

Nos relatórios de visita registaram-se múltiplas referências à participação conjunta de professores e educadores nos trabalhos do programa, o que nos leva a crer que ambos os níveis de ensino terão participado em igualdade de circunstâncias, com responsabilidade de publicar uma página da sua escola ou jardim de infância e de intervenção igualitária nas sessões de formação.

Quanto à metodologia a adoptar para as visitas optou-se por trabalho conjunto das escolas, no sentido de iniciar a utilização do FrontPage para a produção da página inicial de cada uma das escolas. Ficou também decidido que o correio electrónico seria o meio de comunicação privilegiado para contacto entre os professores e os monitores. Houve ainda o cuidado de designar um responsável por todas as páginas, membro do Conselho Executivo, que teria também a responsabilidade adicional de continuar a manutenção das páginas nos anos subsequentes.

A observação das datas em que as visitas foram efectuadas permite-nos perceber a existência de uma descontinuidade entre 30 de Janeiro de 2003 e 14 de Abril do mesmo ano, originada por um incêndio, de grandes dimensões, que deflagrou na sede do agrupamento em Fevereiro desse ano e que afectou significativamente a vida do Agrupamento.

O incêndio afectou bastante a vida do Agrupamento, destruindo trabalho já realizado, e obrigando a um grande esforço de reorganização. Por exemplo, quando questionei as docentes acerca dos trabalhos dos miúdos alusivos ao dia da Ciência para que os mesmos constassem da página, disseram-me que também tinham ficado queimados pois encontravam-se na sede do Agrupamento e que portanto já não os poderiam recuperar (Anexo 53:4).

A professora […] falou-nos do incêndio e respectivas consequências. Entregou as disquetes que estavam na sua posse com algum do trabalho feito anteriormente, e que já julgávamos perdido (Anexo 54:3).

O modo como estes acontecimentos são descritos leva-nos a acreditar que o incêndio inibiu as professoras de frequentar a acção de formação contínua oferecida aos professores no âmbito do programa, pela ESE de Setúbal, e que os resultados do programa neste agrupamento, durante este ano, terão sido significativamente afectados por este incêndio. Esta ideia é também explicitada num dos relatórios.

Vê-se ainda pouco trabalho feito, de forma autónoma, em torno da Página, entre as minhas visitas, o que de certa forma se compreende, dada a sobrecarga de trabalho que têm tido em consequência do incêndio (Anexo 53:4).

No entanto, uma análise dos relatórios das visitas, efectuada em torno de grandes temáticas, permite-nos algumas conclusões parcelares.

No que se relaciona com a utilização, pelos professores, do sítio SETTIC, observa-se que, para além das duas reuniões iniciais onde foi efectuada a sua divulgação, as outras referências centram-se nas actividades relacionadas com a preparação do encontro realizado em Maio e com a divulgação de novas potencialidades publicadas no sítio, nomeadamente

Universidade de Aveiro 2006

Internet@EB1 – Estudo de Impacte num agrupamento de Setúbal

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com o projecto dos Postais e dos Pequenos Escritores, onde se referencia alguma adesão dos professores. Não se encontram outras referências ao sítio, quer na perspectiva de utilização dos materiais educativos aí publicados, quer dos mecanismos de comunicação entre os diferentes intervenientes do programa.

Nas referências que encontrámos ao trabalho efectivamente desenvolvido ao longo das visitas parece-nos que, na generalidade, os professores possuíam um bom grau de autonomia na utilização das TIC. Existem referências de trabalho a executar entre visitas com responsabilização das professoras em trabalho de digitalização de imagens, recolha de textos a partir de disquetes, discos fixos ou CD e, já no final do ano, existem ainda referências à publicação autónoma de alterações às páginas publicadas.

Como ainda pretende inserir uma imagem alusiva à visita de António Torrado e inserir uma outra foto do Jardim de Infância, e não as tinha consigo na disquete, ficou de fazer isso sozinha, publicar, telefonando-me, caso tivesse alguma dúvida (Anexo 53:1).

Apesar deste nível de utilização ser bom, existem também referências a uma professora com dificuldades na utilização das TIC.

Houve necessidade de refazer, nesta sessão, a página inicial da EB1 de Taipadas dada a dificuldade da professora […] em trabalhar sozinha e autonomamente com as tecnologias (Anexo 53:4).

Registam-se ainda várias referências à participação activa dos membros do Conselho Executivo nas visitas, quer na perspectiva de organização do trabalho, quer ainda na participação activa na construção das páginas, o que reflecte a cooperação existente entre todos os elementos no programa.

Notam-se também algumas dificuldades no desenvolvimento de trabalho continuado com os grupos de professores. Algumas dessas dificuldades são reflexo do incêndio já referido, mas parece também haver algumas outras actividades que se sobrepuseram às do programa, sem que isso faça transparecer alguma falta de interesse, havendo mesmo alteração de datas marcadas no sentido de conjugar essas actividades.

[…] parte das professoras que tinham intenções de participar, tiveram que faltar devido a reuniões na Câmara e outros imprevistos (Anexo 53:2).

[…] antecipando para 22 a visita anteriormente marcada para dia 29, uma vez que o agrupamento vai a uma visita de estudo a Vila Franca de Xira nesse dia (Anexo 53:2).

O modo como a formação foi organizada, em pequenos grupos, com professores e educadoras de várias escolas, teve o aspecto positivo de cooperação entre todos e de coerência do produto final que foi desenhado conjuntamente, mas levantou também alguns problemas. Os monitores registram dificuldades de comunicação entre os grupos de docentes que trabalham em sessões de formação diferentes, de modo a dar continuidade ao trabalho desenvolvido pelas colegas. Referiram ainda alguma falta de enquadramento das professoras dos apoios educativos que, não tendo turma própria, não possuem materiais para publicação, o que constitui um factor de desmotivação e alguma desresponsabilização destes professores. Por parte dos monitores parece ter havido tentativas de reorganização do trabalho, talvez na tentativa de resolver estes problemas, mas as professoras referiram as

suas limitações de tempo disponível afirmando que preferiam que as tarefas não fossem divididas, evitando assim sobrecarga de trabalho só para algumas.

Apesar destes problemas, em Maio são referidas atitudes muito positivas face ao trabalho até então desenvolvido e ao acréscimo de trabalho que o programa representou.

A publicação da página do Agrupamento entusiasmou as docentes em geral.

As docentes começam agora a apropriar-se mais deste processo, desenvolvendo trabalho autonomamente entre as visitas.

Poderei até referir como exemplo a afirmação da educadora […] de que iria continuar o trabalho assim que chegasse a casa, em vez de ir jantar e tratar dos preparativos para a visita ao Portugal dos Pequeninos do dia seguinte (à qual vai todo o Agrupamento) (Anexo 54:5).

No que se relaciona com os conteúdos das páginas, há relatos sobre as discussões efectuadas entre docentes, monitores e gestão do agrupamento e as respectivas decisões. Ainda sobre esta temática, existem múltiplas referências dos monitores à publicação dos trabalhos dos alunos e à colaboração activa dos alunos na construção das páginas.

[…] os trabalhos dos alunos deveriam constar das páginas das escolas e não da página do Agrupamento: esta conteria apenas as actividades comuns, organizadas ao nível do Agrupamento, e as consequências dessas actividades comuns expressas nos trabalhos dos alunos apareceriam nas páginas específicas de cada uma das escolas (Anexo 54:3).

Os problemas com equipamentos e com a funcionalidade do software foram uma constante ao longo do ano. Podemos perceber que várias vezes houve problemas com a configuração de correio electrónico, o que complicou a comunicação entre os professores do agrupamento e destes com os monitores. Houve vários problemas com avarias de computadores que, quando regressavam, estavam com software mal configurado ou tinham perdido a informação até então construída. Existem ainda várias referências a problemas de ligação à Internet, alguns dos quais também associados ao incêndio e a soluções de recurso que se mostraram pouco funcionais.

Estes problemas com equipamentos levaram a que algumas sessões tivessem iniciado com instalação ou configuração de software efectuada pelos monitores, que assim viam reduzido o seu tempo de trabalho de cariz mais pedagógico, mas que não podia ser efectuado sem que os equipamentos estivessem funcionais.