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A formação do plano de segurança e evacuação

No documento UNIVERSIDADE DE LEÓN (páginas 108-112)

Limitaciones y Sugerencias para Estudios Futuros

1.3 Formação em Segurança e Saúde

1.3.6 A formação do plano de segurança e evacuação

Os estabelecimentos sociais, tratando-se de espaços com concentração de pessoas, os riscos presentes são vários e de natureza diversa (e.g., riscos físicos, biológicos e ergonómicos). Assim, as regras de prevenção e segurança que se aplicam são particularmente rígidas e exigentes. A formação dos trabalhadores em segurança e saúde assume um papel importante, não só em termos operacionais mas também culturais. É aqui que a formação pode ir mais além do que uma mera

medida de autoprotecção prevista na lei, transformando-se numa ferramenta do desenvolvimento de uma cultura de segurança positiva. Por outras palavras, os saberes adquiridos serão transformadores de crenças, valores e comportamentos interiorizados e partilhados por todos numa organização, de forma que a eventual aplicação de medidas operativas de segurança sejam alcançadas com êxito.

1.3.6.1 a prevenção contra-incêndio

O fogo é uma das maiores descobertas do homem, pois sem o fogo, provavelmente o mundo não seria o que é hoje; contudo o fogo descontrolado transforma-se em incêndio. As modernas técnicas de prevenção, detecção e combate a incêndios, por medidas passivas e activas, permitem melhorar os índices de protecção e assim, diminuir o risco associado à probabilidade de incêndio. A legislação também tem evoluído, impondo normas e regras mais rígidas que diminuem bastante o risco de incêndio. De facto, as medidas passivas e físicas relacionadas com as características construtivas dos edifícios e os equipamentos de protecção instalados, não eliminam as possibilidades de ocorrência de um incêndio e nem garantem, por si só, a limitação das suas consequências (Castro e Abrantes, 2009). A formação de combate a incêndios, desempenha um papel de extrema importância na protecção prioritária da vida humana como de danos patrimoniais, quer na mitigação de efeitos adversos. Na eventualidade de não ser possível extinguir um incêndio emergente, os trabalhadores encontrar-se-ão habilitados a proteger as suas vidas e/ou as suas instalações até à chegada de meios de socorro externos, acautelando proporções irreversíveis ou mesmo catastróficas. Tendo em conta a complexidade que a utilização dos equipamentos de protecção podem representar para quem não tem a formação adequada, o desenvolvimento de acções formativas tendentes à sua utilização eficaz tem em vista não comprometer, ou mesmo tornar inútil, o investimento feito nos diversos equipamentos de protecção. Ou seja, quando o material de protecção existe e ninguém se encontra habilitado a operá-lo, pode-se considerar que é inexistente. Acresce, que mais do que garantir a aplicação da legislação e normas de construção existentes, nas fases de concepção e construção, a segurança contra incêndio deverá garantir também, uma manutenção correcta dos equipamentos.

1.3.6.2 enquadramento da formação em emergência

O artigo 19.º da Lei n.º 102/2009 indica que um dos direitos dos trabalhadores é o direito à informação actualizada e ao estabelecimento de medidas e instruções a adoptar: em caso de perigo grave e iminente; na acção de primeiros socorros, de combate a incêndios e de evacuação dos trabalhadores em caso de sinistro. A legislação sobre segurança contra incêndio em edifícios encontra-se actualmente regulada pelo Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de Novembro, que veio estabelecer o regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios, regulamentado pela Portaria n.º 1532/2008, de 29 de Dezembro, do Ministério da Administração Interna (MAI), que

aprovou o regulamento técnico de segurança contra-incêndios em edifícios. O actual quadro legislativo pretende abranger um vasto leque de edificações, enquadradas em 12 utilizações-tipo de edifícios, sendo cada uma delas, por seu turno, estratificada por quatro categorias de risco de incêndio. O Decreto-Lei n.º 220/2008 e a portaria nº 1532/2008 do MAI, apresentam um conjunto amplo de exigências técnicas aplicáveis à segurança contra incêndio, no que se refere à concepção geral da arquitectura dos edifícios e recintos a construir, alterar ou ampliar, às disposições sobre construção, às instalações técnicas e aos sistemas e equipamentos de segurança. Prevê ainda as necessárias medidas de autoprotecção e de organização de segurança contra incêndio, aplicáveis quer em edifícios existentes, quer em novos edifícios a construir. Por fim, estabelece um regime sancionatório para o incumprimento das regras de segurança consagradas. Estes diplomas mostram que a formação em Segurança Contra-Incêndios em Edifícios (SCIE), para além das vantagens da aprendizagem de novos saberes, constitui um imperativo jurídico. A este respeito, no artigo 206º da Portaria n.º 1532/2008 é referido que devem possuir formação no domínio da segurança contra-incêndio:

a) Os funcionários e colaboradores das entidades exploradoras dos espaços afectos às utilizações-tipo;

b) Todos as pessoas que exerçam actividades profissionais por períodos superiores a 30 dias por ano nos espaços afectos às utilizações-tipo;

c) Todos os elementos com atribuições previstas nas actividades de autoprotecção.

As medidas de autoprotecção consistem num conjunto de medidas preventivas, procedimentos e de formação em (SCIE), que visam a organização e gestão da segurança contra-incêndios em edifícios, durante a exploração ou utilização dos mesmos. No que se refere à implementação destas medidas, a alínea d) do artigo 21º do Decreto-Lei 220/2008, aponta para:

Formação em SCIE, sob a forma de acções destinadas a todos os funcionários e colaboradores das entidades exploradoras, ou de formação específica, destinada aos delegados de segurança e outros elementos que lidam com situações de maior risco de incêndio;

É acrescentado na alínea e) do mesmo artigo, tendo em vista o treino simulado da actuação em emergência que os “Simulacros, para teste do plano de emergência interno e treino dos ocupantes

com vista a criação de rotinas de comportamento e aperfeiçoamento de procedimentos”. A não

aplicação das medidas de autoprotecção, é considerado uma contra-ordenação e, como tal, alvo de coimas. A sua identificação e sanções são indicadas no artigo 25º do Decreto-Lei nº 220/2008. Na linha do nosso estudo e com base no nº1 do artigo anterior, salientamos alguns aspectos que nos parecem relevantes observar como alvo de contra-ordenação:

A alínea ee) refere “Equipa de segurança inexistente, incompleta, ou sem formação em

A alínea gg) aponta, a “Não realização de acções de formação de segurança contra

incêndios em edifícios (…)”.

A alínea hh) refere, a “Não realização de simulacros nos prazos previstos(…)” 1.3.6.3 o plano de segurança e evacuação

O nº5 do artigo 10º do anexo I da Portaria 1532/2008 define o Plano de Segurança como:

Conjunto de medidas de autoprotecção (organização e procedimentos) tendentes a evitar a ocorrência de incêndios e a limitar as suas consequências. É composto por um plano de prevenção, um plano de emergência e os registos de segurança.

O Plano de Emergência destina-se a organizar os meios humanos e materiais existentes para fazer face a eventuais situações de emergência, como sejam incêndios, explosões ou fugas de produtos perigosos. O Plano de Prevenção é um documento, onde deverá constar toda a organização e procedimentos para, no dia-a-dia, prevenir a ocorrência de situações de emergência. Os registos de segurança constituem um conjunto de documentos que contém os registos de ocorrências relevantes e de relatórios relacionados com a segurança contra incêndios. A criação de grupos organizados com capacidade de eliminar um incêndio numa fase precoce, tem demonstrado ser uma medida bastante eficiente com resultados bastante proveitosos. É necessário sensibilizar todos os funcionários de uma organização de que a responsabilidade da segurança não compete apenas a alguns, mas sim a todos. Mas é o dirigente máximo do serviço de segurança da entidade (o delegado de segurança) que deve ser responsabilizado pela sua elaboração, colocação em prática e revisão (Decreto-Lei n.º 220/2008) (Castro e Abrantes, 2009).

O plano de segurança deve ser aprovado ao mais alto nível de gestão da entidade, pois trata-se de um documento base, orientador de uma série de medidas decorrentes do programa de segurança definido por essa entidade. Porém, todos os seus funcionários e colaboradores devem conhecê-lo e compreender todos os procedimentos que lhes dizem directamente respeito (Castro e Abrantes, 2009). Ao contrário de outros investimentos, as medidas de segurança contra-incêndio parece terem sucesso enquanto nada acontece, sugerindo que a única forma de perceber o real valor da protecção contra-incêndio, é esperar que nada falhe se um sinistro ocorrer. É neste quadro que os exercícios, também chamados de simulacros, têm um papel de destaque no treino dos ocupantes de edificações, com vista à criação de rotinas de comportamento e de actuação, bem como ao aperfeiçoamento dos procedimentos em causa, como refere o nº1 do artigo 207 da Portaria nº 1532/2008. A este respeito, Castro e Abrantes (2009) acrescentam que os simulacros também apresentam como vantagem o teste de coordenação entre a organização de segurança da entidade e os socorros exteriores (em especial os bombeiros). Para estes autores, os simulacros são um complemento precioso das acções de formação. Por outro lado, a legislação também prevê que os mesmos sejam realizados com

periocidade anual ou bianual, consoante a utilização-tipo dos edifícios, como refere a alínea a) do nº 2 da Portaria nº 1532/2008.

Numa perspectiva educativa, a Câmara Municipal de Lisboa (CML) em conjugação com o Departamento de Protecção Civil, tem promovido acções de formação e publicações no âmbito da preparação dos cidadãos em geral e no apoio às escolas em particular. Desta forma, a CML (2005) na sua publicação relativa ao Plano de Prevenção e Emergência para Estabelecimentos de Ensino, refere que a sua aplicação ao mundo escolar está em crescimento, pois a sensibilização escolar é cada vez maior, “tem sido um processo gradativo, já que se trata fundamentalmente de mudar

atitudes e interiorizar um novo conceito de segurança participado por toda a comunidade escolar”(p.7). Assim, uma vez implementado, o Plano de Segurança deverá ser revisto

periodicamente e actualizado, caso se verifiquem alterações na organização da entidade (e.g., condições de funcionamento ou estrutura humana).

1.4 Avaliação da Formação de Segurança

No documento UNIVERSIDADE DE LEÓN (páginas 108-112)