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Sistema de gestão de segurança - conceito e dimensões

No documento UNIVERSIDADE DE LEÓN (páginas 133-137)

Limitaciones y Sugerencias para Estudios Futuros

1.5 Cultura de Segurança e o Sistema de Gestão de Segurança .1 Cultura de segurança e prevenção

1.5.3 Sistema de gestão de segurança - conceito e dimensões

A gestão dos riscos laborais tem tido uma importância crescente nos últimos anos e a literatura tem reconhecido que a implementação de um sistema de gestão da segurança é uma forma eficiente de alocar recursos para a segurança. Não só melhora as condições de trabalho, mas também influencia positivamente as atitudes e comportamentos dos trabalhadores em relação à segurança e

consequentemente melhora o clima de segurança. Na opinião de Fernandez-Muniz et al. (2005) a cultura de segurança é integrada por dois componentes principais: um, o clima de segurança que diz respeito ao compromisso da direcção e ao envolvimento dos trabalhadores, e o outro, o sistema de gestão de segurança e saúde laboral, considerado situacional, que inclui o conjunto de políticas, práticas e procedimentos relacionados com a prevenção de riscos de trabalho. Estes autores efectuaram um estudo, que analisa uma componente da cultura da segurança que tem sido relativamente negligenciado na literatura, que é o sistema de gestão da segurança. O estudo foi efectuado em 455 empresas espanholas com base na revisão da literatura e através de um rigoroso processo de refinamento, teste/re-teste. Os resultados mostraram o importante papel desempenhado pelas direcções de topo das empresas na promoção de comportamentos seguros dos trabalhadores, actuando directamente nas suas atitudes e comportamentos e, indirectamente através da implementação de um sistema de gestão segurança.

Fernandez-Muniz et al. (2005) partilham a opinião com outros autores, de que os sistemas de gestão da segurança são mecanismos integrados na organização, projectados para o controlo de riscos que possam afectar a segurança e saúde dos trabalhadores e permitir facilmente o cumprimento da lei. Um bom sistema de gestão de segurança deve ser plenamente integrado na empresa e ser coeso, composto de políticas, estratégias e procedimentos que garantam a coerência e harmonização interna. O desenvolvimento deste sistema deve ser considerado como uma forma de criar consciência, compreensão, motivação e compromisso de todos na organização. Fernandez-Muniz et

al. (2007) consideram que o sistema de gestão da segurança, como um antecedente do clima de

segurança da empresa, pois um sistema de gestão da segurança reflecte o compromisso da organização para com a segurança, e é um ingrediente importante na percepção dos trabalhadores sobre a importância dada à mesma na sua empresa. Estes autores acrescentam que o clima de segurança e o sistema de gestão da segurança são considerados em vários estudos como uma manifestação da cultura organizacional de segurança. Estes autores definem o sistema de gestão de segurança como o conjunto de pessoas, recursos, políticas e procedimentos que interagem de uma forma organizada para reduzir os danos e perdas gerados no processo e no local de trabalho. Contudo, relevam que o sistema de gestão deverá ser muito mais do que um sistema de papel das políticas e procedimentos. Pois estando os mecanismos integrados na organização e sendo estes destinados a controlar os riscos que podem afectar a saúde e a segurança dos trabalhadores, permitirão ao mesmo tempo à empresa cumprir mais facilmente a legislação actual. Para que este sistema seja eficaz e alcance uma redução sustentada da taxa de acidentes, deve ser integrado no trabalho diário da organização, incentivando o comportamento seguro dos trabalhadores e a sua

participação, através de estimulos (recompensas, punições), sendo para isso essencial que a administração de topo esteja fortemente comprometida (Fernandez-Muniz et al., 2005).

Este sistema de gestão da segurança é desejável e abrangente de forma interactiva com outros sistemas de gestão, tais como, o da gestão da qualidade e gestão ambiental, baseados na filosofia de melhoria contínua, conduzindo à excelência empresarial (Fernandez-Muniz et al., 2007). A literatura inclui um grande número de estudos de análise das práticas e procedimentos envolvendo sistemas de gestão da segurança descrevendo a respectiva forma de implementação. Consideram ainda estes autores, que têm havido poucos estudos empíricos até à data sobre a temática e, nenhum consenso foi alcançado sobre as dimensões específicas que devem caracterizar o sistema de gestão de segurança. Por outras palavras, consideram que há poucos estudos fornecendo uma ferramenta específica para medir o grau de implementação das políticas e práticas que compõem este sistema de gestão nas organizações. Assim, em termos de gestão da segurança e saúde ocupacional, estes autores, apontam um conjunto de seis dimensões-chave fortemente apoiado numa revisão da literatura efectuada:

(1) Desenvolvimento de uma política de segurança que inclui o compromisso da organização com a segurança e, formalmente expressa objectivos, princípios, estratégias e directrizes a seguir em questões de saúde e segurança no trabalho.

Da mesma forma, as políticas de segurança devem especificar as funções e responsabilidades de cada membro da organização nesta área. O seu objectivo é criar um clima favorável que garanta que os indivíduos de todos os níveis da empresa possam participar e contribuir. Além disso, essas políticas devem basear-se na melhoria contínua e na experiência baseada na aprendizagem.

(2) Incentivos à participação dos trabalhadores em actividades de segurança em saúde, visando a promoção de comportamentos seguros e pessoal envolvido no processo decisório, por meio de castigos/recompensas ou consultando-os sobre o seu bem-estar no trabalho. O seu objectivo é transmitir aos trabalhadores que as suas contribuições na área da segurança são valorizadas pela organização e, portanto mudar as ideias dos trabalhadores, valores e práticas com o objectivo de obter um comportamento seguro.

(3) Formação e desenvolvimento de competências dos trabalhadores. A formação em segurança, visa proporcionar aos trabalhadores a capacidades e habilidades necessárias para desempenhar as suas funções correctamente.

A formação irá informá-los sobre os riscos no local de trabalho e os procedimentos disponíveis para impedir, corrigir ou minimizá-los. Em paralelo, pretende-se mudar atitudes, de modo que gestores e trabalhadores estejam envolvidos numa mesma causa, que consistirá em aceitar que a segurança é uma parte essencial da execução correcta do trabalho. Ao mesmo tempo, as empresas deveriam

iniciar um sistema contínuo de reeducação e reciclagem permitindo que os funcionários existentes possam manter os seus conhecimentos sobre segurança e actualizá-los.

(4) Comunicação e transferência de informações sobre eventuais riscos no local de trabalho, é a melhor forma de os combater.

Um bom sistema de comunicação na empresa deverá compreender uma série de elementos formais e informais, que garantam o fluxo adequado de informações, tanto top-down como bottom-up, e também lateral. Isto irá favorecer a motivação e estimular a participação de todos os membros da organização.

(5) Planeamento, a distinção entre planeamento preventivo e planeamento de emergência. O planeamento preventivo identifica os possíveis riscos no ambiente do processo, analisa o risco da sua ocorrência, e propõe medidas de precaução para evitar acidentes e prejuízos. O plano de emergência envolve a organização, o conjunto de recursos humanos e materiais necessários para responder rápida e eficazmente em caso de emergência, limitando as suas consequências potenciais na medida do possível. Assim, requer a adopção de medidas de primeiros socorros, combate a incêndios e de evacuação dos trabalhadores, entre os outros.

(6) Controlo (feedback) e fiscalização das actividades realizadas no âmbito do organização; permitindo a melhoria contínua.

Dois tipos de controlo podem ser distinguidos: controlo interno e as técnicas de benchmarking. O controlo interno é executado por meio de uma análise das operações e condições do trabalho - inspecções de segurança e auditorias através da identificação, investigação e registo de eventos, acidentes, incidentes e quase-acidentes que ocorram dentro da empresa. Benchmarking é um processo de aprendizagem baseado na procura do melhor sistema de gestão no mercado, que servirá como referência, por comparação, para ajudar a empresa num melhor desempenho. O

Benchmarking permite às empresas comparar as suas taxas de acidentes com as de outras empresas

do mesmo sector que utilizam processos de produção semelhantes, bem como comparar as suas técnicas de gestão e práticas (por exemplo, procedimentos de controlo, técnicas de investigação de acidentes, concepção ergonómica de postos de trabalho, ou programas de formação) com outras organizações de qualquer sector, identificando pontos fortes e fracos. A Figura 2 apresenta o modelo do sistema de gestão de segurança proposto por Fernandez-Muniz et al. (2005). Assim, o sistema de gestão da segurança terá um impacto positivo na participação dos trabalhadores nas actividades preventivas e de cumprimento de normas, ou seja, que quanto maior for a segurança percebida, mais positiva será a resposta dos trabalhadores para a mesma (Fernandez-Muniz et al., 2005). Em suma, estes autores consideram importante serem efectuados mais estudos, em torno da avaliação de sistemas de gestão da segurança implementados. Assumem, que o seu estudo foi

realizado num determinado momento de tempo, assumindo um carácter transversal e não longitudinal.

Figura 2 - Sistema de Gestão de Segurança (Fernandez-Muniz et al., 2005)

Nas limitações detectadas do seu estudo, identificam possíveis áreas específicas de pesquisa futura. Assim, seria de grande interesse obter informações dos trabalhadores para avaliar o efeito que as condições de trabalho seguras causam sobre a sua satisfação e motivação e, confirmar o efeito de compromisso da direcção, sobre a atitude para com a segurança deles. Finalmente, referem que seria desejável por exemplo aprofundar quais os factores organizacionais que promovem ou limitam a criação de uma cultura de prevenção e implementação de um sistema gestão da segurança e saúde no trabalho, bem como, a sua integração na gestão empresarial.

No documento UNIVERSIDADE DE LEÓN (páginas 133-137)