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A Formação em Contexto de Trabalho: uma estratégia de

Capítulo 6 Análise e discussão de resultados 172!

4. A Formação em Contexto de Trabalho: uma estratégia de

De acordo com a Portaria nº 550-C/2004 de 21 de maio, a FCT deve traduzir-se numa integração do formando na realidade do mundo empresarial, a fim de reforçar as suas competências operacionais e comportamentais adquiridas ao longo do processo ensino-aprendizagem. Esta prática requer uma maior interação e articulação entre as instituições escolares e os empregadores turísticos cuja cooperação permitirá um aperfeiçoamento mais consistente das competências requeridas a um técnico de turismo.

Neste sentido, o nosso estudo, ao recolher as opiniões das monitoras que acompanharam os formandos durante a FCT, conclui que estas reconhecem as vantagens da FCT para o desenvolvimento de competências nos alunos, considerando-a uma formação muito enriquecedora que deve ser estimulada através da interação entre as empresas e a escola, no sentido de aprofundar

3,40! 3,00! 3,10! 3,00! 3,30! 3,40! 3,25! 3,03! 3,53! 3,27! 3,07! 3,27! 3,73! 3,25! 3,37! 3,12! 3,73! 3,23! 3,00! 3,45! 3,45! 3,53! 3,14! 3,16! 4,00! 3,38! 3,25! 3,50! 3,75! 3,53! 3,38! 3,25! 1! 2! 3! 4! Perceções'dos'alunos'

Capítulo 6 – Análise e discussão de resultados

competências como a organização, trabalho de equipa/colaboração, responsabilidade, aprendizagens inerentes aos objetivos da empresa e, ainda, o desenvolvimento da maturidade.

Quanto aos benefícios que a empresa retira com o acolhimento de formandos, as opiniões divergem: se a maioria reconhece vantagens na colaboração que os estagiários prestam, há, também, quem encontre dificuldades em disponibilizar monitores para o acompanhamento que acham ser de muita responsabilidade. Ainda, segundo algumas das respondentes, o conhecimento dos formandos é uma via para futuro recrutamento, considerando as competências que demonstraram ao longo da FCT.

Em relação à distribuição da carga horária estipulada para a FCT – 420h –, a Portaria 550-C/2004 de 21 de maio reconhece a autonomia da escola para proceder a uma distribuição das 420h por períodos de duração variável, ao longo da formação ou na fase final de curso. As entrevistadas, sobre este assunto, entendem que as 420h, no final do curso, são a melhor estratégia para as empresas, referindo que não é benéfico para a empresa e para os formandos a existência de interregnos na formação. Salientam que a integração na empresa e o relacionamento interpessoal perdem consistência com a prática de uma formação descontínua, enquanto uma formação de 3 meses consecutivos possibilita uma maior integração na empresa e, por conseguinte, um desenvolvimento mais eficaz de competências.

5. Conclusões

Retomando a questão e os objetivos que enunciamos no início deste estudo, procedemos, agora, a um balanço das respostas que encontramos para as nossas preocupações. Como forma de sistematizar as conclusões, seguimos a ordem dos objetivos estabelecidos para este estudo, de modo a podermos objetivamente verificar se os alunos do curso Profissional Técnico de Turismo, durante o processo ensino-aprendizagem, desenvolvem as competências requeridas pelos empregadores da indústria turística.

- As competências requeridas pelos empresários da indústria turística Um olhar sobre as competências exigidas ao trabalhador da sociedade do conhecimento e da informação, assinaladas na literatura especializada, permite-nos perceber que os empresários da indústria turística do Porto requerem colaboradores capacitados de competências técnicas e transversais, referenciadas na dita literatura. A partir dos depoimentos das entrevistadas, verificamos que nas áreas da hotelaria de qualidade, empresas de cruzeiros, caves de vinhos do Porto, museus, parques temáticos e agências de viagens, os profissionais devem dominar um conjunto de competências, entre as quais se destacam, o domínio da comunicação em língua materna e línguas estrangeiras, sendo que o inglês e espanhol já não são suficientes; a boa manipulação de software como o Galileo e o Newhotel; a manifestação de criatividade, iniciativa, capacidades de cooperação, trabalho de equipa, relacionamento interpessoal, responsabilidade, postura e afirmação de uma imagem pessoal positiva. Às competências que se integram nos domínios do saber-fazer e do saber-ser e estar, juntam-se os saberes enquadrados na área de ação onde o profissional vai operar.

- O desenvolvimento de competências dos alunos no contexto escolar No que concerne à manifestação de competências dos alunos no contexto escolar, não podemos deixar de sublinhar, uma vez mais, que o universo estudado se refere a alunos que concluíram o percurso de ensino- aprendizagem e, por conseguinte, alcançaram sucesso escolar o que pressupõe terem desenvolvido um conjunto de competências transversais e específicas da formação em turismo o que se reflete, naturalmente, no contexto de trabalho.

Durante o processo de ensino-aprendizagem, os alunos apresentam sucesso em todas as competências avaliadas, com maior solidez na aquisição de saberes disciplinares, nas relações interpessoais e em comportamentos de assiduidade e pontualidade e menor consistência nas competências da comunicação em língua materna e nas línguas estrangeiras, na literacia digital, na pro-atividade - iniciativa, criatividade e espírito crítico – no cumprimento de

Capítulo 6 – Análise e discussão de resultados

tarefas. Neste sentido, as maiores dificuldades tendem a concentrar-se em competências no domínio do saber-fazer. A demonstração insuficiente de competências, por parte dos alunos, é pouco expressiva: as avaliações negativas recaem com maior frequência em comportamentos e atitudes do domínio do saber ser e estar.

Tal como acontece com os alunos mais novos, o género feminino manifesta melhor desempenho a nível de todas as competências.

O documento de registo das competências avaliadas em conselhos de turma merece-nos algumas reflexões pertinentes que se prendem com a objetividade requerida em qualquer modalidade de avaliação. Primeiramente, a avaliação conjunta da iniciativa, criatividade e espírito crítico parece pouco curial na medida em que cada uma destas competências, pela sua amplitude, exige um conjunto de indicadores específicos que não se devem misturar; a mesma situação acontece com a junção, no mesmo item, da assiduidade e da pontualidade que é um entrave a uma avaliação cuidada ao fundir-se numa única apreciação dois comportamentos que se podem manifestar diferentemente. Em segundo lugar, detetamos que o documento de avaliação não retrata de forma objetiva competências exigidas pelos empregadores da indústria turística como a responsabilidade, o trabalho de equipa/cooperação e a imagem.

- A manifestação de competências nos alunos durante a FCT

Os formandos durante a FCT demonstraram elevado desempenho nas competências avaliadas, exceto na competência da iniciativa onde os resultados, embora tendencialmente bons, apresentam 46,7% dos avaliados com uma classificação de suficiente, surgindo, assim, como a competência onde os formandos manifestam maiores dificuldades. Contrariamente ao que acontece no contexto escolar, os rapazes manifestam, no contexto de trabalho, um melhor desempenho do que as raparigas e considerando a variável idade, o desempenho de competências revela-se com um elevado grau de homogeneidade.