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A Formação em Contexto de Trabalho: uma estratégia do

Capítulo 5 Apresentação dos resultados 130!

1. O conteúdo das entrevistas 133!

1.2. A Formação em Contexto de Trabalho: uma estratégia do

Reconhecendo a importância da FCT para o futuro profissional dos alunos e para a sua inserção no mercado de trabalho, quisemos saber, junto das monitoras, qual o interesse desta formação para o desenvolvimento de competências dos alunos e, também, auscultá-las sobre a distribuição da carga horária (420 horas) destinada a FCT.

1.2.1. As vantagens da Formação em Contexto de Trabalho para os alunos

Em todas as respostas há convergência de opiniões relativamente às vantagens que a FCT tem para os alunos: é uma experiência enriquecedora que desenvolve competências. Vejamos alguns excertos das entrevistas:

Capítulo 5 – Apresentação de Resultados

- “Muito importante. Os alunos têm aqui uma experiência muito enriquecedora para o futuro deles. […] Procuramos que estejam sempre ocupados para não se aborrecer. Fazem marcações de viagens simples, arquivam papéis nas pastas, fazem a montra, desenvolvendo diversas competências como a organização, responsabilidade, trabalho em equipa. Tudo isto, quanto a mim, é muito enriquecedor.” (E1);

- “Sem dúvida que é uma preparação para poder vir mais facilmente a arranjar um trabalho. No estágio, os alunos contactam com o trabalho e aperfeiçoam competências como a responsabilidade, a organização, o trabalho em equipa e ficam a saber que estar a trabalhar não é estar na escola.” (E2);

- “Há uma aprendizagem da responsabilidade, saber que têm que chegar a horas, ser assíduos, cumprir as tarefas que lhes damos. Aprendem a ser organizados. Eu acho que, de facto, é uma excelente experiência para eles e também para nós!” (E3);

- “O estágio cria oportunidades aos alunos. Como já disse há pouco, a escola lança bases dos saberes e nós aqui aperfeiçoamos alguns desses saberes tanto no saber estar, como saber ser e fazer.” (E4);

- “Sem dúvida! Os formandos amadurecem ao tomar contato com o trabalho. Quando aqui chegam, revelam muita timidez e acanhamento, mas à medida que se integram e levam a cabo as tarefas que lhes atribuímos, revelam muitas capacidades que possuem e que, com certeza, os professores não se apercebem na escola.” (E5);

- “[…] esta formação é útil para os alunos que, na escola, não têm oportunidade de conhecer o ambiente que se vive nas empresas. Aqui, tomam contacto com outra realidade que é de muita responsabilidade e exigência. Alguns têm dificuldade de se adaptar a esta exigência de cumprir horários e de serem mandados. O enfrentar outra forma de trabalho, diferente do escolar, é uma ajuda para a maturidade. Eles aqui sabem que a coisa já não é a brincar.” (E6).

Deste modo, verificamos que as entrevistadas têm a perceção de que a FCT é uma experiência enriquecedora porque desenvolve nos alunos competências como a responsabilidade (E1, E2, E3, E5, E6); a capacidade da realização de tarefas ajustadas às caraterísticas da empresa (E1, E3, E5 e E6), a organização (E1,E2, E3 e E5) e a cooperação/colaboração (E1, E2, E3 e E5).

1.2.2. Os benefícios da Formação em Contexto de Trabalho para as empresas/instituições

No que concerne às vantagens da FCT para a empresa, vejamos o que nos dizem as entrevistadas:

- “Não nos traz nenhum benefício. Só permitimos a formação de estagiários porque sentimos, num ato de cidadania, ajudar as escolas e os jovens. É necessário estar muito atentos ao trabalho deles e muitas vezes não temos disponibilidade. De resto não criamos postos de trabalho. […]. Todavia, na época alta ou quando uma de nós tira férias, por vezes, damos trabalho ao estagiário que demonstrou mais capacidades. Foi o caso do Pedro (nome fictício)” (E1);

- “Os estagiários dão uma boa colaboração durante o tempo que aqui estão. Também, como lidamos muito com crianças, os que têm formação em animação, trazem coisas e atividades novas o que nos permite estar sempre atualizados com as novidades que chegam das escolas […] Mas se um se faz notar, e nós precisarmos por qualquer motivo, contactamo-lo.” (E2);

- “Termos estagiários, por um lado quebra a monotonia que muitas vezes há neste espaço, por outro, trazem mais criatividade e colaboração, quando organizamos eventos com crianças e, ainda, por outro lado, sentimos que ajudamos na formação dos alunos.” (E3);

- “É, de facto, uma mais-valia para os alunos e também para as empresas porque ficam a conhecer os que podem ser bons profissionais e recruta-los na época alta que é o que tem acontecido com a sua escola.” (E4);

- “Quando o amadurecimento é notório, damos-lhes trabalho nos períodos de mais movimento, conforme aconteceu com os dois formandos deste ano.” (E5);

- “A importância não é significativa. Todavia, quando há necessidade de mão-de obra, pensa-se sempre em convidar alguém que se destacou no trabalho que aqui desenvolveu durante o estágio […]. Mas isto implica alguém estar sempre disponível para acompanhar o trabalho deles. Sabe que neste ramo a responsabilidade é muito grande e não podemos permitir que um estagiário cometa erros que lesem o cliente.” (E6);

Verificamos que há divergências quanto aos benefícios que a FCT traz para as empresas/instituições:

- Umas consideram que traz vantagens pela colaboração que prestam (E2, E3), pela animação e criatividade que prestam (E2, E3) e, ainda porque as empresas ficam a conhecer as qualidades de potenciais candidatos (E1, E4, E5, E6). - Outras julgam que a FCT não tem benefícios significativos para a empresa, pois

implica redobrado trabalho para os monitores/orientadores (E1 e E6).

Apuramos, ainda, que algumas empresas, em situações de necessidade, contratam, temporariamente, os formandos que mais se notabilizaram no período de formação. É o caso da E1, E2,E4, E5 e E6.

Capítulo 5 – Apresentação de Resultados

1.2.3. A Modalidade de Formação: distribuição da carga horária da Formação em Contexto de Trabalho

Pretendemos neste item, saber da opinião das entrevistadas relativamente à distribuição das 420 horas que estão atribuídas para a FCT e do seu impacto para o desenvolvimento das competências. Será mais eficaz uma distribuição de horas por um período de longa duração – dois ou três anos letivos – ou é preferível a concentração no final de 12º ano de escolaridade? O discurso das protagonistas converge no sentido da concentração das 420 horas no final do 12º ano ser mais eficaz para as empresas e, também, para os alunos:

- “Preferimos, todavia, que façam as 420 horas seguidas, no final da formação escolar; há uma maior continuidade no trabalho e acabamos por nos ligar mais aos formandos. Veja o Pedro (nome fictício) porque durante as 420 horas percebemos melhor o seu trabalho, ficamos com ele aqui a trabalhar até final de outubro, e vamos chamá-lo todas as vezes que tivermos necessidade.” (E1);

- “Nós só aceitamos que as 420 horas sejam concentradas. Não tem sentido vir aqui um mês ou mês e meio e quando estão a começar a integrar-se, vão embora para no ano seguinte virem novamente integrar-se, não está, quanto a nós, correto. Nos três meses, há uma integração que permite melhor desenvolvimento do aluno. Durante mês e meio não há tempo de desenvolver competências como organização, trabalho em equipa, estar à vontade com os visitantes. Para nós, aqui, são sempre as 420 horas.” (E2); - “Para a organização do nosso trabalho, para o desenvolvimento de competências nos

alunos, para a criação de um ambiente relacional entre as pessoas que aqui trabalham e os alunos é preferível as 420 horas distribuídas pelos três meses. Receber um aluno mês e meio não dá para conhecer bem o aluno. Mesmo os três meses, acho insuficiente.” (E3);

- “Nós só aceitamos as 420h. Para nós, e também para os alunos, não tem interesse vir aqui fazer umas horas e quando estão a amadurecer irem-se embora. Isso não tem sentido.” (E4);

- “Faz todo o sentido ser as 420 horas. Compreendo que a formação repetida para os alunos poderá ser vantajosa, mas para a empresa, dois meses com os formandos, nem sequer dá para verificar as suas habilidades. Ainda estão verdes no 10º e 11º ano e não sei até que ponto, seriam capazes de acompanhar o serviço que precisamos. Mesmo a nível superior, optamos pelos alunos de final de curso. No 12º ano, os alunos já são muito mais responsáveis. Pela exigência do serviço, não será suportável ter alunos no 10º e 11º ano. A ser possível, seria mais indicado numa época de Inverno.” (E5);

tudo seguido na mesma empresa e no final do 12º ano, desde que o aluno deseje enveredar por trabalhar na área de turismo em que faz estágio.” (E6).

Assim concluímos que todas as entrevistadas mostram preferência por uma modalidade de estágio que concentre as 420 horas e, segundo as E1, E5 e E6, preferencialmente no final do 12º ano de escolaridade.

2. Competências: avaliação pelos monitores/