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1.5. FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E OS COLETIVOS DE

1.5.3. A função das tarefas nos encontros formativos

A forma como se dá a elaboração das tarefas é fundamental, pois estas representam o trabalho propriamente dito do grupo. Na tentativa de resolver cada tarefa o indivíduo põe em jogo sua forma de pensar, sentir e agir, assim como seus conhecimentos e ideologias, fazendo destes aspectos o ponto de partida para a tomada de decisões e suas ações junto ao grupo.

É com o objetivo de realizar uma determinada tarefa que o grupo se põe em movimento, interage, se comunica e aprende e, portanto, existe. As interações ocorridas para a solução de determinado problema dependem da forma como a tarefa foi organizada e proposta.

Estes elementos extraídos da proposta do desenvolvimento de um grupo de trabalho, podem em nosso entendimento contribuir para que se compreenda como os encontros formativos estão organizados e vem funcionando nos ambientes escolares. Acreditamos que existam regras implícitas e explicitas que vêm condicionando o tipo de interação existentes nos grupos, assim como os resultados deles decorrentes.

Analisar a forma de comunicação existente e as situações que de interação entre os professores e os formadores nos encontros formativos podem nos permitir explicitar as concepções determinantes destes espaços, assim como propor e sugerir mudanças nas formas de organização e de desenvolvimentos dos processos formativos que vêm acontecendo nas Escolas de Educação Básica.

Assim, no capítulo seguinte apresentaremos uma caracterização da formação continuada realizada a partir de produções sobre estes processos em diferentes contextos educacionais brasileiros. Temos sentido a ausência de produções que nos permitam visitar os contextos de prática existentes nos processo formativos descritos e analisados nos trabalhos da área. Procuramos, então, identificar e compreender, além de outros fatores, os tipos de estratégias que vêm sendo utilizadas para efetivação das ações formativas junto aos professores.

Contudo, podemos antecipar que, os processos formativos, analisados a seguir, continuam mantendo a tradição de não explicitarem o que acontece de fato no momento em que os professores se reúnem para estudar, trabalhar ou produzir em conjunto. O que reforça a necessidade de buscarmos adentrar com mais profundidade nestes momentos buscando elementos que nos permitam compreender como os processos de formação continuada de professores existentes nas redes públicas de ensino podem se configurar em instrumento de mudanças e melhorias para as escolas.

2 A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PEOFESSORES EM

DIFERENTES CONTEXTOS BRASILEIROS

Neste capítulo nos propomos, em um primeiro momento, evidenciar na Legislação Nacional algumas prerrogativas que objetivam impulsionar a elaboração e a realização de propostas de formação continuadas pelos sistemas públicos de ensino. A seguir, apresentaremos uma caracterização realizada em propostas de formação continuada realizadas em diferentes contextos educacionais, assim como, uma breve descrição da formação continuada na realidade educacional pesquisada.

Sabemos que, a crescente e rápida produção de conhecimentos nas diferentes áreas e as mudanças ocorridas na sociedade atual vêm demandando, constantemente, novas necessidades de formação para os profissionais em serviço.

No contexto educacional isto não é diferente, a partir de 1990, considerada a década da formação continuada de professores. Evidenciou-se uma grande explosão de ações visando a formação em serviço nas diferentes instâncias dos sistemas de ensino.

No Brasil, a formação continuada teve suas ações impulsionadas, a partir da década de 1990, período no qual se evidenciou uma grande explosão de propostas visando atingir os professores em serviço, nas diferentes instâncias dos sistemas públicos de ensino.

Foi também nessa década que, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, começa a ser instituído um quadro legal referente à formação continuada dos professores, onde, por exemplo, o Art. 61 dessa lei, ressalta que a formação dos profissionais deverá “atender aos objetivos dos

diferentes níveis e modalidades de ensino (...) e ter como fundamento, “a associação entre teorias e práticas, inclusive mediante a capacitação em

serviço”(grifo nosso), enquanto o Art. 67 apresenta a FC como parte básica das

ações de valorização dos profissionais da educação atribuindo aos sistemas de ensino a obrigação de assegurar “aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim”.

As responsabilidades e obrigações dos sistemas de ensino, a respeito da elaboração e da implementação de políticas de valorização e qualificação da profissão docente estão claramente expressas nestes artigos, estabelecendo-se assim os direitos dos profissionais da educação de se aperfeiçoarem por meio por meio da formação continuada.

Visando oferecer condições para que os Sistemas Públicos de Ensino pudessem garantir aos seus professores a formação continuada em serviço, o Ministério da Educação (MEC) reforçou as prerrogativas da lei por meio da proposta de criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério – FUNDEF. Segundo orientações fornecidas aos SPE para a utilização dos recursos do FUNDEF, o item que trata da remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e dos profissionais da educação diz que podem ser utilizados recursos do FUNDEF (da parcela de 40%) do com programas de aperfeiçoamento profissional.

Mais recentemente, no ano de 2006, como forma de aprimorar e ampliar a distribuição e a aplicação dos recursos, o MEC propôs o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, em substituição ao FUNDEF, mantendo em vigor as mesmas formas já previstas de repasse e utilização dos recursos para a capacitação e aperfeiçoamento profissional em serviço, previstas no FUNDEF.

Com base nestas informações, podemos afirmar que a formação continuada de professores vem sendo considerada, do ponto de vista oficial, como um mecanismo importante para a qualificação do ensino. Este fato pode ter sido um dos fatores motivadores do crescente número de ações, visando à formação continuada de professores, elaboradas e desenvolvidas em diferentes instâncias dos Sistemas Públicos Nacionais, nestes últimos anos.