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Hoje, há uma razoável quantidade de produções sobre a inovação educacional como fator indispensável para a efetivação de mudanças e melhorias no campo educacional, como podemos citar FARIAS, 2006; FERRETTI, 1995; BALZAN, 1995; HUBERMAN,1973; Alguns autores dedicam suas investigações sobre esta temática por considerarem que sua compreensão é fator fundamental para que mudanças se efetivem nos contextos educacionais.

A educação, de uma forma geral, tem sido marcada por “modismos”, ou seja, pela tendência de adotar propostas sem uma devida verificação de sua necessidade ou adequação à realidade que a adota. Este fator vem, ao longo dos anos enraizando conceitos, concepções e crenças nem sempre de forma consciente e crítica, o que acaba por lhes conferir um caráter aplicacionista e meramente técnico desviando-os dos objetivos traçados em seus contextos de origem.

Projetos elaborados em determinados contextos e afinados às suas especificidades, costumam ser transportados para outras realidades, sem um replanejamento e uma adequação às necessidades e aos problemas enfrentados neste novo ambiente. A mais de 20 anos BALZAN (1995, p.287).destacava que a “palavra de ordem” era inovar sem ao menos se perguntar “em função de que e a serviço de quem?”, no entanto, não podemos dizer que atualmente isto tenha mudado nos espaços educativos, continuamos assistindo a inserção de práticas e “supostas inovações” sem a devida análise de suas necessidades.

Inovação, é um termo que ouvimos com uma certa regularidade nos espaços educativos; no entanto, preocupa-nos o significado que tem para aqueles profissionais que dizem praticá-la. Percebe-se uma certa “banalização” no uso do termo, pois é costume caracterizar qualquer mudança na estrutura ou no funcionamento do sistema escolar como inovação, sem uma maior reflexão sobre a complexidade e abrangência da temática.

HUBERMAN (1973, p.15), aponta três aspectos que devem ser levados em conta para a compreensão da Inovação escolar:

1) “as inovações só podem se avaliadas em função dos objetivos de um sistema de ensino;

2) as inovações geralmente são ligadas ao reforço ou à individualização do aprendizado, à profissionalização do ensino e à elaboração superior dos programas de ensino;

3) as inovações implicam uma modificação correspondente de atividades e de atitudes do pessoal escolar.”

Percebe-se, portanto, a necessidade de buscar uma distinção entre “mudança” e “inovação”, pois se observa que estes dois termos têm sido tratados como sinônimos, apesar de existirem diferenças em seus significados. As “mudanças”, em nosso entendimento, podem significar todo tipo de alterações ocorridas em um determinado ambiente, de forma involuntária, não planejada e sem uma preocupação efetiva com possíveis melhoramentos contextuais. O simples ato de reorganizar os móveis de uma sala representa uma mudança, mas não necessariamente uma inovação. Podemos dizer que, a mudança é um ato mais descomprometido política, social e economicamente.

Contrariamente ao que compreendemos por “mudanças”, a Inovação, significa introduzir “algo novo” em um determinado ambiente resultando em mudanças nas práticas e atitudes dos profissionais envolvidos. Para Ferretti (1995, p.62), inovar é o processo de “introduzir mudanças num objeto de forma planejada visando produzir melhoria no mesmo”, devendo atingir um número considerável de sujeitos, ser duradoura e estabilizar-se com o tempo.

Sob a ótica da inovação educacional, podemos dizer que para que se construam processos inovadores de formação continuada nos contextos escolares, necessariamente, deve atender a três etapas distintas:

 1ª é o momento de investigação sobre realidade inicial (onde será introduzido “algo novo”) a fim de identificar os problemas e as necessidades de mudança;

 2ª é marcada pela construção do projeto ou proposta de formação continuada, a partir da definição dos objetivos que se pretende alcançar, ou ainda, pela adoção (transferência) de uma proposta já existente e desenvolvida em outros sistemas educacionais, outras

escolas ou outros espaços institucionais. Contudo, esta adoção sempre deverá se dar de forma crítica e adaptada à realidade local;

 3ª é a fase de desenvolvimento da proposta de formação continuada ou adotada de outro contexto. Esta etapa requer avaliações constantes para a verificação dos resultados alcançados, assim como, o ajuste das ações às novas necessidades que possam surgir durante o desenrolar da proposta.

Este modelo permite a elaboração de propostas que rompam com a tradição de adotar e inserir nos espaços escolares práticas, nem sempre adequadas às realidades e compreendidas pelos profissionais que as realizam.

Tendo em vista as constatações que chegamos, de que:

 A formação continuada é um processo que deve ter seu ponto de ancoragem nos contextos escolares;

 A formação continuada deve ser um processo que vise mudanças institucionais e que estas estão relacionadas às mudanças individuais e coletivas dos professores;

 A aprendizagem coletiva se ocorre pelo entrelaçamento dos conhecimentos do conjunto dos professores;

 A efetivação deste entrelaçamento subentende a criação de espaços próprios para que os professores tenham a oportunidade de efetivar trocas sobre suas práticas e seus conhecimentos;

 As mudanças e as melhorias não se efetivam sem a introdução de práticas inovadoras nos ambiente s escolares;

Propomos-nos investigar estratégias formativas que, atendendo às sinalizações teóricas, possam promover a aprendizagem individual e coletiva dos professores no ambiente escolar. Para isto temos guiado nossas pesquisas no sentido de verificar o potencial formativo dos grupos de estudo de professores existentes nas escolas.

Para compreender o funcionamento de espaços coletivos podemos nos apoiar no campo da psicologia e da psicanálise, o qual tem apresentado muitos estudos sobre o convívio dos indivíduos em espaços grupais (PICHON-RIVIERE,

1998; BION,1970; BLEGER, 1998; ZIMERMAN, 1997, e outros). Obsreva-se nesta forma de interação uma possibilidade de terapia, de desenvolvimento pessoal e profissional, de aprendizagem, e outras questões relativas ao comportamento humano.

1.5. FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E OS COLETIVOS DE