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A Fundação Vale e sua mantenedora no contexto do desenvolvimento

Esta pesquisa está sendo elaborada com a colaboração da Vale e sua respectiva fundação, responsável pela gestão do programa Voluntários Vale. A organização é hoje a segunda maior empresa global da indústria de mineração e metais em termos de valor de mercado. Possui atividades em 13 estados brasileiros e em mais de 20 países, localizados nos cinco continentes36.

Sua trajetória teve início há mais de 60 anos atrás, em 1942, no bojo das estratégias do desenvolvimentismo brasileiro37, quando a empresa passou a gerenciar a Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Este fator, complementado em 1966, com o início das operações do Porto de Tubarão em Vitória e, no final da mesma década, com a implantação do Complexo Industrial de Tubarão, contribuiu decisivamente para a transformação da Região da Grande Vitória em um importante centro logístico brasileiro, além de alavancar a economia regional e

36 COMPANHIA VALE DO RIO DOCE. Relatório de Sustentabilidade 2006, Rio de Janeiro. 2006. 37

Sobre um detalhamento de sua gênese e transformações ocorridas a partir da estratégia do desenvolvimentismo brasileiro ver Zorzal e Silva (2005). Outras informações sobre marcos históricos da empresa podem ser obtidas através do link: http://www.vale.com/vale/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=10.

colocar o Espírito Santo entre os principais estados exportadores brasileiros e inseri-lo no mercado internacional38.

Em 1968, com o objetivo de proporcionar e financiar moradia própria aos empregados do Grupo Companhia Vale do Rio Doce, criou-se a Fundação Vale do Rio Doce – FVRD, que durante 30 anos atendeu a cerca de 16 mil famílias de empregados39. O enfoque de atuação da Fundação altera-se consideravelmente a partir do processo de privatização da empresa, transcorrido de 1995 a 1997 no contexto de reforma do Estado Brasileiro – fenômeno importante em sua história e que implicou sobremaneira as políticas de ação comunitária e desenvolvimento social da mesma.

Após privatizada, em 1998, a companhia designou a Fundação para atuar como seu agente social em todos os locais de atuação da empresa. Seu papel passa a ser então o desenvolvimento, patrocínio, promoção e incentivo a projetos sociais, concebidos ou executados por parceiros públicos, privados e entidades da sociedade civil ligadas às áreas de Educação, Desenvolvimento Social e Cultura40.

Sua atuação social foi reconhecida em 2000, quando a Fundação recebeu o Título de Utilidade Pública Federal41, passando a gozar do benefício de isenção do imposto de renda e de outras contribuições previdenciárias, dentre as quais se destaca o pagamento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Contribuição Social sobre o Lucro (CSSL), INSS patronal e Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS). Além disso, em função da doação de recurso financeiro feita à Fundação, a Vale recebe o abatimento de até 2% (dois por cento) sobre o seu Lucro Operacional42.

Por sua natureza de entidade sem fins lucrativos, a Fundação é a área com maior vocação para atender as demandas sociais das comunidades situadas no entorno de sua mantenedora.

38

COMPANHIA VALE DO RIO DOCE. Relatório socioambiental Espírito Santo 2005. Valores da Vale para um futuro. Rio de Janeiro, 2005.

39FUNDAÇÃO Vale do Rio Doce – ações sociais. Companhia Vale do Rio Doce, Imprensa, Releases, Rio de

Janeiro, 28 ago. 2002. Disponível em: <http://www.vale.com.br/saladeimprensa/pt/releases/release.asp?id= 11168> . Acesso em 15 jan. 2008.

40 Ibid.

41 Concedido pelo Presidente da República por intermédio do Ministério da Justiça àquelas Sociedades Civis,

Associações e Fundações constituídas no país que sirvam desinteressadamente à coletividade, conforme dispõe Legislacão Infraconstitucional nº 91, de 28/08/1935, bem como Decreto nº 50.517, de 02/95/1961, que determina regras pelas quais são sociedades declaradas de utilidade pública.

Entretanto, a mesma não centraliza todos os investimentos sociais da Vale. No ano de 200643, a Companhia e a Fundação, juntas, realizaram investimentos sociais correspondentes a R$ 286 milhões.

Em 2006, a Fundação Vale assumiu um posicionamento ainda mais estratégico. Além dos programas sociais, que declara desenvolver de forma participativa, a Fundação deu início à realização de diagnósticos socioeconômicos, visando a identificar necessidades e potencialidades de cada território de atuação44.

Os propósitos da entidade podem ser melhor compreendidos com base na sua missão, que alinhada com a política de responsabilidade social da empresa, é expressa atualmente por “contribuir para o desenvolvimento integrado econômico, ambiental e social dos territórios em que a Vale atua, fortalecendo o capital social das comunidades e respeitando as identidades culturais locais”45. A atuação estratégica da Fundação está imbuída da percepção de que é inviável uma organização, com o porte da Vale, se desenvolver em meio a comunidades que não se desenvolvem, conforme pôde-se apreender pelas entrevistas realizadas.

Para a consecução desse propósito, a Fundação mantém diversos projetos em todo o Brasil, fundamentalmente através de parcerias com organizações não-governamentais, poder público, iniciativa privada e comunidades situadas no entorno da Vale.

Essa sistemática da Fundação funciona, portanto, dentro da lógica de atuação que tem nas parcerias agentes privilegiados para o trato das questões sociais, dentro dos preceitos de qualidade e eficiência imbuídos na concepção de investimento social privado, já relatada.

Além destes projetos, a Fundação também incentiva a cultura do voluntariado por meio do Programa Voluntários Vale, cuja caracterização será feita a seguir.

43

COMPANHIA VALE DO RIO DOCE. Relatório de Sustentabilidade 2006, Rio de Janeiro. 2006.

44 Ibid.

5.2 A dinâmica do Programa Voluntários Vale - PVV: caracterização do processo de