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ADALBERTO DIAS DE SOUZA Administrador, Mestre e Doutor em Administração

2. CARACTERÍSTICAS E MECANISMOS DE CONTROLE REFERENTES AO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

2.1 A gestão descentralizada do Programa Bolsa Família (PBF)

Para compreender como a descentralização e a corresponsabilidade entre a União, os estados, municípios e Distrito Federal se concretizam no PBF, se faz necessário deixar claro que o PBF foi estruturado com base no compartilhamento das responsabilidades entre os três níveis de governo. Compartilhar responsabilidades, entre diferentes governos, é o que viabiliza o Programa.

Seus princípios de gestão descentralizada e gestão compartilhada tornam estados, municípios e Distrito Federal parceiros efetivos do Governo Federal, corresponsáveis pela formulação, implementação e controle do PBF.

Para acompanhamento do desempenho do PBF nos municípios, foi criado o Índice de Gestão Descentralizada (IGD), “que combina integridade, qualidade e atualização das informações constantes do CadÚnico e informações sobre o cumprimento das condicionalidades da área de educação e de saúde”. (MONTEIRO et al., 2010a, p. 1).

Ao aderirem ao PBF, estados, municípios e o Distrito Federal assumem compromissos específicos relacionados ao Programa. Esses compromissos são traduzidos em atribuições, segundo o Decreto nº 5.209/2004, e são regulamentados pela Portaria GM/MDS nº 246/2005, no caso dos municípios e do Distrito Federal, e pelas Portarias Gestão Municipal GM/MDS nº 256/2010, no caso dos estados. Por meio dessas atribuições, pode-se observar o modo como a gestão descentralizada e compartilhada do PBF e Cadastro Único são efetivadas e executadas. (BRASIL, 2014).

promover a articulação necessária para o bom andamento das ações intergovernamentais, em conjunto com o coordenador estadual, assumam a interlocução entre o governo do estado, o MDS e os municípios de seu território para a plena implementação do PBF. (BRASIL, 2014).

Os municípios, para gerir o Bolsa Família e o Cadastro Único, precisam mostrar bom desempenho da gestão de ambos, uma vez que o repasse de recursos financeiros está condicionado de acordo com seu desempenho.

O Índice de Gestão Descentralizada Municipal (IGD-M) tem contribuído significativamente para a melhoria da Gestão Municipal do Programa, tanto em ações de cadastramento das famílias, como no acompanhamento das condicionalidades e no apoio ao controle social do PBF, uma vez que estimula a busca de qualidade de Gestão pelos municípios.

O IGD-M permite a avaliação da gestão em seus aspectos fundamentais e embasa o apoio financeiro aos municípios. Este instrumento, serve tanto para “medir” a qualidade das ações realizadas, refletindo o desempenho de cada gestão municipal, como para incentivar o alcance de melhores resultados. (BRASIL, 2014).

A Portaria nº 754/2010 estabeleceu critérios, procedimentos, sistemáticas de cálculo e parâmetros para identificar o IGD-M de cada município e repassar recursos financeiros àqueles que alcancem os índices mínimos estabelecidos. (BRASIL, 2010).

O IGD-M varia de 0 (zero) a 1 (um) e será calculado pela multiplicação de quatro fatores: 1. Fator de operação do PBF; 2. Fator de adesão ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS); 3. Fator de informação da apresentação da comprovação de gastos dos recursos do IGD-M; 4. Fator de informação da aprovação total da comprovação de gastos dos recursos do IGD-M pelo Conselho Municipal de Assistência Social.

Ao Fator de operação do PBF, o resultado da média de quatro taxas: Taxa de Cobertura Qualificada de Cadastros (TCQC); Taxa de Atualização Cadastral (TAC); Taxa de Acompanhamento da Frequência Escolar (TAFE); Taxa de Acompanhamento da Agenda de Saúde (TAAS), deve alcançar o índice mínimo de 0,20 e a média das taxas deve ser igual ou superior a 0,55. Caso o município não obtenha esses índices mínimos, não terá direito ao repasse de recursos do IGD-M.

Ao Fator de adesão ao SUAS, ao município de adesão, de acordo com a Norma Operacional Básica do SUAS (NOB/SUAS), é atribuído valor 1 (um) se aderiu, ou 0 (zero) se não aderiu.

O Fator de informação da apresentação da comprovação de gastos dos recursos do IGD-M: indica se o gestor do Fundo Municipal de Assistência de Saúde (FMAS) registrou no SuasWeb a comprovação de gastos ao Conselho Municipal de Assistência Social. Este fator recebe o valor 1 (um), se o município realizou o registro; ou 0 (zero), se não realizou.

O Fator de informação da aprovação total da comprovação de gastos dos recursos do IGD-M pelo Conselho Municipal de Assistência Social: indica se este colegiado registrou no SuasWeb a aprovação integral das contas apresentadas pelo gestor do Fundo Municipal de Assistência Social. É atribuído o valor 1 (um), se o Conselho aprovou totalmente, ou 0 (zero) se não aprovou, ou aprovou parcialmente.

O PBF parte do entendimento da pobreza como um fenômeno multidimensional. Por isso, seu enfrentamento deve unir a transferência de renda ao acesso a outros direitos sociais básicos e a outras iniciativas que ampliem a capacidade das famílias de superar a condição de pobreza e vulnerabilidades. (BRASIL, 2014).

Para concluir, pode-se dizer que as ações entre Cadastro Único e o PBF contribuem para a estruturação e execução das funções do SUAS, ao mesmo tempo em que este Sistema reforça a materialização e permite o fortalecimento do Bolsa Família como forma intersetorial de combate à pobreza. (BRASIL, 2014).

3. METODOLOGIA

Nesta segunda parte, a proposta do trabalho é apresentar os procedimentos metodológicos adotados para atender ao objetivo proposto. De acordo com Vergara (1998, p. 45), uma pesquisa pode ser classificada quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, esta pesquisa pode ser classificada como descritiva, porque visa descrever o Programa Bolsa Família, expondo sobre as características e os mecanismos de controle, despertando o interesse para a realização de debates que procuram promover o entendimento sobre o modo como programas sociais são geridos pela administração pública.

Quanto aos meios, esta pesquisa é classificada como documental, porque foram consultados documentos institucionais coletados de informações e publicações do Governo Federal-Ministério Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Programa Bolsa Família/IGD e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para compor os dados secundários utilizados na pesquisa.

Estes procedimentos de coleta de dados, são adequados para um estudo do tipo exploratório, cuja finalidade é mostrar uma situação específica representada por uma unidade de análise que é o PBF. A abordagem é quantitativa e qualitativa, porque a verificação do controle do PBF envolve os esforços utilizados e os resultados obtidos em relação aos objetivos do Programa. Vergara (1998) e Richardson et al. (1999) explicam que a abordagem quantitativa é frequentemente utilizada quando se quer descobrir relações entre variáveis, investigando associação de causalidades entre fenômenos. A pesquisa qualitativa é justificada como forma adequada de se entender a natureza de um fenômeno social.

Na impossibilidade de fazer um estudo que envolvesse todos os municípios do Estado do Paraná, optou-se por coletar os dados em 25 municípios do Estado do Paraná. A seleção desses municípios se justifica pela representatividade (tamanho), pela semelhança na estrutura administrativa pública. A amostra representa a importância que o Programa tem junto a um conjunto significativo de beneficiários do PBF.

A coleta de dados consistiu na obtenção do número de famílias beneficiadas com o PBF e dos subíndices que compõe o Fator de Operação do IGD (validação de cadastros, de atualização de cadastro, de condicionalidade da saúde e de condicionalidade da educação), que foram obtidos do sítio do MDS (www.mds.gov.br). Esses subindicadores, assim como o IGD geral, variam de 0 a 1, e quanto mais próximo de 1 melhor é o atendimento do procedimento em análise. Também foram coletados do site do IBGE o tamanho territorial dos municípios e seu percentual de urbanização.

Isso implica dizer que existem regiões com maior concentração de famílias beneficiárias do que outras. Porém, cada município, devido as ações adotadas no setor de saúde e educação não alcançam o mesmo ritmo de expansão do PBF, o que faz com os resultados alcançados pelos governos locais, sejam tão diferentes. Neste contexto, busca-se na próxima parte do estudo mostrar como o IGD-M contribui para que os municípios busquem, de forma continuada, aprimorar a Gestão do PBF e do Cadastro Único, executando com

qualidade e eficiência as ações expressas no Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, e na Portaria GM/MDS nº 754, de 20 de outubro de 2010.