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A graça preveniente e o evangelismo

No documento CAMINHO VERDADE VIDA (páginas 45-51)

Uma vez conheci um grupo de pastores cristãos que vive em um lugar onde é difícil ser seguidor de Cristo. É legal ser cristão, mas exis- tem leis nacionais restritas contra o proselitismo de uma fé para outra. O evangelismo cristão aberto é severamente punido com prisão e até morte. Perguntei aos pastores como é que o evangelismo acontecia em um ambiente tão hostil e perigoso. Após alguns momentos de silêncio, um pastor respondeu: “Sonhos”. Não entendi, e por isso pedi que me explicasse. “Centenas de vizinhos têm tido sonhos durante a noite. O Cristo ressuscitado aparece-lhes em toda a Sua beleza e ma- jestade. Quando acordam, eles vêm nos fazer perguntas. ‘Conte-nos sobre esse homem que chega até nós durante a noite.’ Quando eles perguntam, é nossa obrigação responder. Não estamos evangelizan- do. Estamos apenas fornecendo evidências da nossa experiência para explicar as experiências deles. Muitos deles estão entregando as suas vidas a Cristo dessa forma.”

Em lugares onde a igreja encontra portas fechadas, o Espírito de Deus está à nossa frente. A graça preveniente de Deus não conhe- ce fronteiras ou barreiras. O amor de Deus alcança incansavelmente até as pessoas mais difíceis, resistentes e hostis. Elas podem nunca

responder com a fé obediente, mas não podem escapar da presença penetrante de Deus que não deixa de as amar e atrair.

Essa tem sido a repetida história do Filme JESUS. Este filme narra dramaticamente a vida de Cristo. Ele tem sido um instrumento eficaz da graça na vida de milhares em todo o mundo. Já foi apresentado a pessoas em áreas remotas onde o nome de Jesus nunca foi falado. Conta-se uma história sobre o chefe de uma tribo que se levantou durante uma apresentação e disse: “Pare! Conhecemos este homem! Ele apareceu aos nossos antepassados há muitos anos e revelou esta história de salvação. Ele disse que um dia alguém viria nos dizer o Seu nome. E agora sabemos que o nome dele é Jesus”. Embora este seja apenas um exemplo de várias histórias semelhantes, ele mostra que o Espírito de Deus está muito à frente da igreja, como é sempre o caso. O Espírito Santo já estava cultivando o solo do coração das pes- soas para receberem o Evangelho. A graça preveniente cruzou com o desígnio providencial de Deus muito antes da igreja chegar para pro- clamar as boas novas. Como resultado, muitas vezes uma tribo inteira deposita a sua fé em Cristo.

O evangelismo cristão não é um ato solo nem um momento solitá- rio. Isso acontece nas interações relacionais estimuladas pelo Espírito Santo, que surge antes, sempre graciosamente. Nenhum cristão pode olhar para o “espelho retrovisor da vida” e deixar de ver as maravi- lhosas maneiras pelas quais Deus agiu para o seu despertar e levá-lo ao arrependimento e fé em Cristo Jesus.

O meu pai se tornou cristão quando era jovem através de pais adotivos nazarenos. Eu me tornei cristão através do exemplo de pais cristãos e de um grupo de homens que se encontravam fielmente to- das as manhãs de quarta-feira para orar especificamente pela minha salvação. A sua jornada de graça é única para si. O que é igual para todos é que Deus nos precede sempre.

O meu amigo Stephane era um ateu que frequentava uma univer- sidade na Alemanha, onde estudava ciência robótica. O tio ateu dele falou-lhe sobre um filme chamado The Mission. O tio encorajou-o a ver o filme por causa da “atuação impecável e belas paisagens”. O filme passa no século XVIII, nas selvas do nordeste da Argentina. Ali foi estabelecida uma missão jesuíta espanhola para alcançar as tribos indígenas guaranis para Cristo.

Stephane alugou o filme. Ele ficou especialmente comovido com uma cena em que um comerciante de escravos e mercenário chama- do Rodrigo Mendoza escala uma íngreme cascata na montanha. As ferramentas do seu ofício — a sua armadura e espadas — estavam amarradas às costas. Ele estava se penitenciando pelos seus muitos pecados. Quando chega ao topo do precipício, um guerreiro da tribo que Mendoza tinha raptado e vendido como escravo, salta na sua direção com uma faca na mão, como se fosse cortar a sua garganta. Depois de hesitar um momento, o membro da tribo corta a corda dos ombros de Mendoza e atira a mochila pesada para o fundo da cascata. Mendoza está subitamente consciente de que algo mudou esse jovem guerreiro, de uma sede de vingança para uma vontade de mostrar misericórdia.

Exausto e coberto de lama, Mendoza cai no chão. Ele começa a chorar incontrolavelmente, não com lágrimas de remorso, mas com lágrimas de alegria nascidas de uma paz interior. Ele recebe refúgio na aldeia e é bem recebido na comunidade. Eventualmente, Mendoza faz os votos para ser um padre jesuíta.

Mais tarde, Mendoza recebe um livro onde acaba lendo uma pas- sagem sobre o significado do amor. Stephane não sabia a fonte das palavras, mas disse que eram as palavras mais poéticas e bonitas que já tinha ouvido. Elas capturaram-no tanto que viu a cena repetida e meticulosamente. Ele escreveu as palavras para não se esquecer de- las. Depois, foi a uma biblioteca para pesquisar a fonte do poema.

Para sua surpresa, as palavras eram da Bíblia. Ele leu repetidamente 1 Coríntios 13 — “o capítulo do amor”.

Pouco tempo depois, Stephane se interessou romanticamente por uma colega da faculdade. Uma noite, ela convidou-o para o que cha- mou de “clube”. O que acabou por ser um estudo bíblico. Stephane aprendeu a Oração do Pai Nosso. Como cientista, ele acreditava na experimentação para determinar resultados lógicos. Stephane desco- briu que, sempre que orava o Pai Nosso antes de ir dormir, descansava em paz. Rapidamente começou a orar antes de dormir todas as noites. Ele estava sendo despertado por um amor que busca e uma graça que chega antes.

O Deus missionário começou a responder às orações de um jovem ateu. Ele descobriu o esplendor do amor de Deus através de um fil- me que tinha uma “actuação impecável e belas paisagens”. Stephane respondeu à graça que vem antes. Ele confessou a sua fé em Cristo e começou a desenvolver, no mundo, o que Deus estava fazendo nele. Stephane é agora um missionário na Igreja do Nazareno. Tal é a graça preveniente de Deus que leva ao arrependimento e à transformação.

Crer no poder da graça preveniente faz com que seja impossível não se ficar desesperado por alguém que ainda não se tornou cris- tão. Nunca devemos deixar de lado a esperança acerca de alguém, porque Deus também não o faz. A confiança dos evangelistas não repousa nem neles mesmos, nem na capacidade daqueles que ouvem o Evangelho. Em vez disso, a nossa confiança absoluta é que o amor de Deus é para todos. É extravagante (Efésios 1.7), implacável e imu- tável. É suficiente para completar o que Deus começa. Aguarde en- contros divinos!

Até onde Deus irá para alcançar uma pessoa? Apreciei a letra da música de 2017 de Cory Asbury, “Reckless Love” [Ousado Amor], sobre a graça de Deus que busca. A música fala sobre a graça de Deus na vida do cantor “antes de falar” e “antes de respirar”. Ele

descreve o “impressionante, infinito e ousado amor de Deus”, que “...deixa as noventa e nove só pra me encontrar.” A ponte da música é assim:

Traz luz para as sombras

Escala montanhas Pra me encontrar Derruba muralhas

Destrói as mentiras Pra me encontrar18

Esmagador. Interminável. É até este ponto que Deus irá para al- cançar uma pessoa.

18. Algumas pessoas expressaram preocupação com o uso da palavra “ousado” nesta música. Se significa descuidado, é problemático. Se significa surpreendente e extravagante, aproxima-se da descrição do amor de Deus.

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A VERDADE

Jesus nos resgata do pecado e nos guia para a

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