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a glória, a majestade, o poder e a autoridade, antes de todas as eras, agora, e por toda a eternidade Amém!

No documento CAMINHO VERDADE VIDA (páginas 111-115)

— Judas 1.24–25

Chega um momento na vida de cada cristão quando algo co- meça a surgir para eles. Às vezes acontece imediatamente, às vezes acontece mais adiante na jornada da graça: aspectos de minha vida permanecem sem rendição ao senhorio de Cristo. Há cômodos em minha casa que está sendo reformada (para voltar à ilustração de C. S. Lewis) que permanecem fechados para a obra de Deus.

Como Deus está incansavelmente comprometido com nossa san- tidade, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Jesus, o Espírito Santo começa a sondar: “Será que tudo é meu? Tudo em você per- tence a mim? Existe alguma coisa que você esteja me escondendo?”

Nossa primeira resposta pode ser: “Tudo pode ser seu, exceto (preencher o espaço em branco). Eu dei a Ti 99% de mim. Não há nada que eu possa guardar para mim? Espera que eu Lhe dê tudo?”1

Com amor paciente e dedicação inabalável para cumprir o objeti- vo final (telos) do nosso discipulado, o Espírito de Jesus sussurra: “Sim, tudo de ti. Cem por cento. Sem conter nada”.

Ser totalmente de Deus é compartilhar em tudo a vida prometida de Deus. Quanto mais do nosso eu é entregue a Deus, maior é a paz e a alegria. Oswald Chambers acredita que a vida eterna não é uma dá- diva originada em Deus, mas uma dádiva pertencente a Deus. Além disso, o poder espiritual que Jesus prometeu aos Seus discípulos após a Sua ressurreição e em antecipação ao Pentecostes não é um dom do Espírito Santo, mas sim o poder do Espírito Santo (Atos 1.8). O resultado é um suprimento infinito da vida abundante que aumenta a cada renúncia para Deus. Mais uma vez, a visão de Chambers é es- clarecedora: “Mesmo o santo mais fraco pode experimentar o poder da divindade do Filho de Deus, quando está disposto a ‘entregar-se’. Mas qualquer esforço para ‘nos apegar’ ao mínimo de nosso próprio poder só diminuirá a vida de Jesus em nós. Temos que continuar nos entregando, e a vida de Deus nos invadirá, pouco a pouco, mas de forma segura, penetrando em todas as partes”.2

O coração humano é o lugar do pecado e da desobediência, mas também é o lugar da graça e da santidade. Na graça que busca, Deus corteja nosso coração; na graça salvadora, Deus o captura; na graça santificadora, Deus o limpa. Nossa predisposição se move do coração de um servo para o coração de um filho. Descobrimos que já não servimos a Deus por medo do que poderia acontecer se não

1. “Cuidado para nunca pensar: ‘Oh, isto na minha vida não importa muito’. O fato de que não importa muito para você pode significar que importe muito para Deus. Nada deve ser considerado um assunto trivial por um filho de Deus. Nada nas nossas vidas é um mero detalhe insignificante para Deus”. Chambers, My Utmost

for His Highest, 76–77.

obedecêssemos; em vez disso, recebemos um coração de amor que nos dá o desejo de obedecer. No entanto, não se engane: a reivindicação de Cristo ao longo da jornada da graça é por nada menos do que tudo de nós — inteiros, completos, integrais.

A santidade significa ser separado para um propósito santo e ser tão cheio do Espírito de Jesus que nossa mentalidade, motivos e atitu- des são semelhantes a Cristo. Negamos a nós mesmos, o que significa que desistimos de nosso direito ao “eu”. Tomamos a nossa cruz, o que significa que transferimos nossos direitos para Jesus. Aqui está o sur- preendente paradoxo: ao renunciar a nosso direito ao “eu” e transferir nossos direitos a Jesus, encontramos vida. Quando perdemos nossa vida em Cristo, a encontramos. Aquilo que é negado a Deus está, finalmente, perdido; aquilo que é entregue a Deus não pode ser to- mado de volta. “Porque vocês morreram, e a vida de vocês está oculta juntamente com Cristo, em Deus” (Colossenses 3.3). A consagração é total.

Nossa consagração a Deus não é a fonte de nossa santificação. Não podemos nos santificar; não nos fazemos santos. O Espírito de Jesus é que o faz. Não basta querer ser como Jesus. O desejo não é suficiente e a imitação tem seus limites. Precisamos ter o Espírito de Jesus em nós, ou, como Paulo diz, Cristo deve ser formado em vós (Gálatas 4.19).

Em muitos aspectos, os fariseus eram as melhores pessoas da épo- ca de Jesus. Eles eram morais, puros e bons. No entanto, a bondade deles estava localizada na modificação do comportamento e em suas tentativas de serem santos por meio de um sistema de gerenciamen- to dos pecados que nunca lidava com seus corações. Eles queriam ser piedosos e levar uma vida pura, mas sua abnegação acabou por servir aos seus próprios interesses e o fato de carregar a sua própria cruz os tornou menos amorosos. Só se consegue administrar o exte- rior por um certo tempo, até que o interior assume o controle. Como

mencionado anteriormente, tudo o que está em seu coração acabará escapando. O cristão fariseu — aquele que tenta ter uma vida santa por meio do esforço auto dirigido e da carne — sempre carecerá do amor perfeito porque não basta querer ser como Jesus. O Espírito de Jesus deve estar em nós. Este é o ponto crucial da santidade do cora- ção. A graça é necessária para capacitar, habilitar e para se ter uma vida santa.

Dallas Willard explica que a vida santa realmente requer mais graça do que qualquer tentativa de imitar Jesus através de empreen- dimentos auto direcionados: “Se você realmente deseja usufruir da graça, apenas siga uma vida santa. O verdadeiro santo ‘queima’ a gra- ça da mesma forma como um avião 747 queima o combustível na des- colagem. Tornando-se o tipo de pessoa que, rotineiramente, faz o que Jesus fez e disse. Você consumirá muito mais graça ao ter uma vida santa do que ao pecar, porque cada ato sagrado que você fizer terá que ser confirmado pela graça de Deus. E essa confirmação é totalmente o favor imerecido de Deus em ação”.3 Devemos ter a confirmação

incessante da graça sustentadora de Deus — a graça que nos impede de cair (Judas 1.24).

Dito isto, a graça sustentadora não nega a necessidade de nossa participação. No capítulo 4, vemos que a graça significa que Deus fez tudo o que não poderíamos fazer por nós mesmos, mas isso não significa que agora nos tornamos consumidores que nada contribuem para o relacionamento. Cooperamos com a graça ativa de Deus reor- denando nossas vidas em torno das atividades, disciplinas e práticas que Jesus modelou. Participamos delas não para ganhar nossa santi- ficação, mas para alcançar, através do treinamento, o que não pode- mos fazer ao nos esforçarmos mais.

No documento CAMINHO VERDADE VIDA (páginas 111-115)