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A GRANDE SINTESE APRECIAÇÃO DA IMPRENSA (IV)

Da revista La Veritá - Roma, ano 39 nº 9, setembro de 1938. Para compreender A Grande Síntese de Pietro Ubaldi, não bastam os argumentos ordinários de uma crítica benévola; é mister alargar-se, com elementos científicos, dentro e fora da vida que vivemos neste microscópico ponto do Universo, que chamamos Terra. É necessário elevar-se e manter-se em contato imediato com a Natureza e com todas as suas leis férreas.

Já o insigne Heráclito, cinco ou quatro séculos antes de Cristo, intuiu que na Natureza tudo se desenvolve segundo leis taxativas, e concebeu as Coisas e os Seres, como um jogo de forças da própria Natureza, jogo que compreenderia também o Espírito e a Alma, só existindo, entre mundo inorgânico e orgânico, uma diferença de estrutura, e não de essência. Hipócrates também viu que a Natureza é de tal forma, que basta por si mesma aos animais, e que sabe tudo o que lhes é necessário, sem necessidade de ninguém para ensinar-lhe, tanto que a pôde chamar de justa , como se fora provida de razão e de senso moral. Para Aristóteles, nada é produzido contra a Natureza, eterna e necessária; e para seu contemporâneo Mêncio, a Lei moral é paralela à Lei Universal, que governa todas as coisas; donde, viver segundo a virtude, significa viver conforme a Natureza. A Plínio, o velho, tampouco escapou para a Natureza que nada produz e nada faz sem grandes motivos. Para Leonardo da Vinci, também, a Natureza jamais rompe sua Lei, e toda ação natural é feita pela Natureza do modo mais breve e no menor tempo possível, sem prolongamentos, nem abreviaturas, contrários às suas Leis. Segundo Galileu, enfim, para pararmos neste grande italiano, a Natureza é a única Mestra, necessária, imutável, eterna, inexorável, não ligando a mínima importância que suas recônditas razões e suas manifestações sejam expostas ou não à capacidade dos homens.

A Natureza, pois, é realmente tudo. É tal, que as descobertas científicas mais recentes nos demonstram e confirmam que nada há na Natureza que não seja Matéria, que Matéria e Energia são sinônimos. E a matéria tem uma alma, um coração, uma sensibilidade, vivendo, vibrando e palpitando sempre, desde suas maiores concentrações até o Átomo, até aos Prótons, aos Nêutrons e aos Elétrons, positivos e negativos, que acabam dissipando em todo o Elemento cósmico primordial: no Éter difuso que enche todo o Espaço, na Energia em sua forma originária, finalmente, na Essência de todas as coisas. Dissipando-se e não Morrendo, porque no Universo, a Vida jamais morre, nada morre nunca, e tudo é Matéria em incessante movimento e

transformação contínua, ora agregando-se ora desintegrando-se, para depois agregar-se de novo, e assim sempre, eternamente, com uma concatenação que não tem lacunas, nem paradas, nem descontinuidade, nem princípio, nem fim, nem tempo.

Sendo esta a Natureza, ignara de repouso, de mentiras, de subterfúgios, e sempre, como diz Bruno, essencialmente igual a si mesma, deduz-se que ouvi-la, senti-la e uniformar-se às suas Leis, jamais violando-as, nem violentando-as, é o único meio possível de vida, para a Humanidade. E o autor desse volume não só o sente, mas também é constrangido a ouvi-lo.

Ubaldi, em sua A Grande Síntese, aparece-nos como um Ser que permanece continuamente aderente à Natureza, e ao qual a Natureza manda suas ondas eletromagnéticas, suas Mensagens, para serem captadas pelo organismo ultra-sensível que possui, e para serem depois comunicadas a nós, por meio de suas publicações.

A origem destas Mensagens, porém, pode ser consideradas dúplices ou diretamente do Elemento cósmico primordial, ou de outros Organismos humanos, mesmo se colocados a milhares de quilômetros de distância. Dúplice origem que nos leva à concepção única do Universo.

Se as Mensagens chegam a Ubaldi diretamente do Elemento cósmico primordial, ele é sem dúvida um dos mais singulares intérpretes da Natureza, que o escolheu para dizer-lhe suas Leis, seus Axiomas, suas Máximas, e para obrigá-lo a receber a vontade dela e os pensamentos, como poderia e deveria fazê-lo um dependente ou um escravo, do seu patrão ou déspota, e portanto, às vezes com calma e sem esforço, às vezes com sobressaltos e esgotamento de todo seu organismo.

Se as Mensagens chegam a Ubaldi de outros organismos humanos, sempre através do Éter cósmico, achamo-nos igualmente diante de um Ser dotado de um sistema nervoso excepcional, comparável a uma verdadeira central radioelétrica, que recebe e transmite ondas eletromagnéticas, com a mesma freqüência e comprimento.

É sabido, com efeito, que o homem, por meio do Sistema nervoso, recolhe os estímulos

que lhe chegam do ambiente externo e a eles responde de modo adequado com os músculos e todos os órgãos.

É sabido ainda que o Cérebro, que é a parte mais importante no sistema nervoso, está

provido de bilhões de Células, constituídas por uma floresta de filamentos, que se comportam como antenas da Telegrafia Marconi.

Os fios nervosos, condutores de rádio-ondas nos dois sentidos, estendem-se e se alongam, quase, com papilas microscópicas, além da superfície do corpo, para captar as sensações externas e canalizá-las ao cérebro ou para lançar as sensações e vibrações do cérebro fora dele. O sincronismo entre dois cérebros e organismo humanos é fulmíneo, tal como acontece para as radiações do gênero e da velocidade das ondas eletromagnéticas e da luz, iguais a 300.000 Km por segundo ou a sete vezes a volta a Terra, na mesma fração de tempo.

Tudo o que o cérebro recebe, sente, vê, irradia, é, pois, o resultado das vibrações das pequenas antenas cervicais. E como sabemos que as vibrações se propagam ao infinito, no Universo, assim elas, logo que saem de nosso cérebro, formam um complexo de irradiações que continuam a vibrar no tempo e no espaço; e de tal maneira que podem perfeitamente ser recolhidas por outro cérebro, que tenha o mesmo comprimento de onda, e com o qual se ache em perfeita sintonia e ressonância.

Ora, quer Ubaldi receba as Mensagens diretamente do Éter cósmico primordial, quer as receba de poucos ou de uma multidão de cientistas e de especialistas, o fato é que ele não sabe o

que a Natureza quer precisamente dele, mas sabe que lhe não pode escapar e que a deve ouvir, como a ouve, escrevendo e fazendo-se ler na Europa e nas Américas.

Diz justamente o autor desse volume, que o homem crê governar, e ao invés obedece sempre, constrangido pelo instinto à vontade da Natureza.

O instinto, com efeito, não é, como no-lo dizem todos os filósofos que não sabem fazer entender-se, o sentimento interior, o movente interno, o impulso natural que dirige os animais em sua conduta, a fazer as coisas sem que haja intervenção da reflexão etc. (o que seria muito pouco e muito vago), mas o instinto é a própria Natureza, que se revela nos animais e especialmente nos indivíduos e nas Sociedades humanas, em sua nua virgindade e realidade. O instinto é a Energia cósmica, a qual, como está presente e opera em toda a parte, no Universo, com precisão matemática, assim está presente e opera, sem errar, nas células vivas dos organismos humanos. O instinto é sintonia psico-física universal que se torna força positiva criadora no homem, diante da razão, que seria uma força discriminadora.

E graças a esse instinto e é com ele, que Ubaldi pode tratar os mais variados argumentos e fenômenos do Universo, sem perturbar-se, sem confundir-se, ao mesmo tempo em que, de sua ermida de Gúbio em que é professor, tudo quanto ele sente e diz, é quase sempre cientificamente exato.

O valor e a importância de A Grande Síntese de Ubaldi — à parte as evidentes erudições do autor do volume — está justamente na estreita correlação e harmonia entre a Natureza e seu instinto, ou entre a Natureza e sua constituição ou individualidade psico-física, a tal ponto que nos faz desejar (para que nos dê novas provas dessa harmonia) que perdurem nele o maior tempo possível, as condições favoráveis, que essa harmonia determinou.

Nesse ínterim, mostramo-nos gratos a Ubaldi pelo que oferece aos leitores dos Dois Mundos, mesmo que por vezes pareça que a Natureza não se lhe tenha bastante revelado ou que ele não tenha podido captar bem as ondas eletromagnéticas e o pensamento dela.

A Grande Síntese deve, pois penetrar o espírito e a alma de quem a ler, mesmo nas traduções, tanto quanto penetrou nossa alma e nosso espírito, que várias vezes relemos aquela Síntese, não tanto para estudos de caráter retórico ou filosófico, mas de absoluto Neopositivismo, mesmo político.

Roma, setembro de 1938

(a) ANTONIO D'ALIA Ministro Plenipotenciário da Itália

O autor deste artigo, Antônio D'Alia, Ministro Plenipotenciário da Itália, é conhecido no mundo cultural por suas múltiplas obras, poderosas por seus pensamentos profundos e originais. Sua competência reconhecida em ciência política torna autorizadas estas impressões e julgamentos, nascidos de uma afinidade de seu pensamento com o de Ubaldi, especialmente no campo político, histórico, econômico e social, por uma orientação comum filosófica, que ascende às mais profundas raízes biológicas e cósmicas daqueles fenômenos.

Por isso D'Alia quis citar Ubaldi, bem umas cem vezes, em seu alentado volume "máximas de Arte e de Ciência Política", publicado em Roma.

A GRANDE SINTESE - APRECIAÇÃO