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ANÁLISE COMPARADA DAS VÁRIAS RESPOSTAS PARAPSICOLÓGICAS

COM O MÉTODO PARAPSICOLÓGICO PSICODIAGNÓSTICO "BLASI"

ANÁLISE COMPARADA DAS VÁRIAS RESPOSTAS PARAPSICOLÓGICAS

As várias respostas parapsicológicos — as minhas, as de Lombardi e de Menozzi — concordam nos dados em muitos pontos, o que, mesmo prescindindo das declarações do próprio Ubaldi de que resultam verdadeiras quase em 100%, comprova que elas não são somente o resultado de uma indução consciente do plano racional, mas também um conhecimento paranormal, intuitivo, diapsiquico e se se quiser, telepático, metagnômico, por parte dos sujeitos sensitivos, pelos quais o "livro da Vida", a constelação pessoal, a personalidade integral de Ubaldi são revelados na sua realidade vivida, independentemente das limitações cronotópicas espaço-temporais do conhecimento normal racional. A afirmação de que não se pode rebater, não é válida, muito embora as condições em que se desenvolveram as experiências com os diversos sensitivos (ignorantes, por completo, de qualquer dado sobre a personalidade de Ubaldi e independentes uns aos outros) não se possa contestar, porque tem sua validez paranormal indiscutível. Outra é a questão da fonte da qual os sujeitos extraíram as suas informações paranormais, que entra no caso geral ontológico do conhecimento metapsíquico. Perguntamos: trata-se de uma fonte transcendente da entidade sobre-humana ou de uma visão "in speculum Dei", segundo a explicação espírita ou teológica (de místicos-profetas)? Ou vem no plano natural do "Psiquismo coletivo"? Ou como é nossa tendência, da comunicação interpsíquica humana, conforme a qual a "Mônada Leibniziana" não é mais incomunicável, mas tem no plano do inconsciente as suas boas janelas do subconsciente? Os fatos tornam mais atendível a explicação da "comunhão dos vivos" destacada no campo religioso pelo conceito do "Corpo místico de Jesus". Esta vai integrada com a doutrina do subconsciente e com a da "Imago"1 psicanalítica de

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Jung, completada por mim com a "memória cósmica", gonzos, da ordem cósmica e do mecanismo do universo.

É um dado positivo e comprovado experimentalmente que todo acontecimento, em cada

fato físico ou psíquico, em determinado ambiente, através de um ato ou um gesto, num estado de consciência, pensamento ou imagem, não se anula, pelo contrário, deixa uma marca perene no tempo, suscetível de ser captada ou reevocada, vivida ou vista e percebida paranormalmente pelo sujeito humano sensível.

Nos estados hipnóticos, no sono normal, no transe e nos êxtases místicos, o psiquismo humano subconsciente entra por uma parte em relação ao psiquismo subconsciente dos outros indivíduos da coletividade humana e, por outra, em certos casos de indivíduos particularmente dotados, que chamamos sensitivos ou médiuns, com o plano transcendente no campo psíquico interindividual e memória cósmica. Daí toda a realidade fenomênica, presente, passada e em que alguns casos futura (para esta há outra explicação exposta por nós noutro lugar), está impressa e que o sensitivo é capaz de revelar, assim como para a memória mecânica ou cibernética ocorre com a fita magnética dos magnetofone ou na máquina eletrônica. As vibrações etéreas luminosas, radiantes, viajam no espaço interestelar milhões de anos-luz, praticamente um tempo infinito, e são suscetíveis de serem reveladas por um detetor adequado; chapas fotográficas, radiotelescópios etc., com os quais nós, os terrestres, alcançamos a imagem viva e real de uma estrela longínqua dos confins do universo quando esta talvez não exista mais. Assim pode ocorrer com o sensitivo que se colocou, com o seu psiquismo inconsciente, em relação ao plano psíquico cósmico, com as vibrações registradas nele pela personalidade vivente (longínqua ou morta) — psicofísicas — e deixadas em tal plano da memória cósmica; é como se estivera ainda viva e por conseguinte susceptível de uma quase contingente ressurreição integrada pelos elementos psicológicos do sensitivo que a captou, personalizando-a.

O mistério do conhecimento paranormal com o meio chamado impropriamente "psicométrico" ou da leitura do objeto "testemunha" (criptestesia pragmática), que de algum modo registra ou facilita a comunicação paranormal com as citadas vibrações da realidade psicofísica fenomênica passada, não pode interpretar-se senão mediante esse mecanismo das marcas ou vibrações mnemônicas cósmicas que implicam um "campo psíquico" transcendente, uma influência direta do psiquismo sobre a matéria, assimilada por Panghestecher e outros, a uma impregnação psíquica da matéria.

A nossa interpretação natural do fenômeno metagnômico, compartilhada pela grande maioria dos parapsicólogos, encontra confirmação no caso de Ubaldi, quando Menozzi na sua resposta afirma: (....) "Não vejo a cor da gola da pelica que veste a mãe de Ubaldi, porque a sua mente não está nela". E assim são todos os numerosos dados positivos, reais, concordantes nas várias respostas. O aspecto físico juvenil (como aparece na fotografia de há mais de 20 anos) observado em visão pelos sensitivos no momento da experiência, se exprime por uma "leitura" quase mecânica, como se perante a visão de cada um deles, visão interior ou "espelho" anímico subconsciente, se exibisse um filme eletrônico registrador da individualidade psicológica de Ubaldi, da qual, no entanto, eles não percebiam senão fragmentos de ângulos visuais diversos a complexo psíquico "dominante impresso no inconsciente" ,altamente dinâmico e auto-sugestivo que, com meios paranormais, trata a todo o custo de realizar-se e se realiza em muitos casos forjando o nosso destino que de certo modo vem "pré-estabelecido por tal determinismo interior" (Allendy). A imago de Ubaldi é a Missão Crística". (N. do A.)

cada um, conforme as suas equações pessoais", especializações e afinidades psicológicas.

Daí que a Senhora Lombardi, sujeito de tendências místicas, haja posto bem em relevo o lado místico da personalidade de Ubaldi, a sua luta interna de ascetismo espiritual e de luta externa num período particularmente crítico nas suas relações com o ambiente hostil, principalmente religioso oficial, e não destacou, como o fez Menozzi, as características psicológicas da dupla personalidade de Ubaldi. A descrição exata das particularidades do ambiente — gabinete de estudo, gesto, aspecto físico de Ubaldi e da mãe — feita por Menozzi é devida a sua particular sensibilidade perceptiva e à instrução que lhe dei de permanecer o mais possível no terreno dos detalhes positivos controláveis. A senhora Lombardi precisou que quando Ubaldi tinha 9 anos ocorreu o perigo de afogar-se num lago, sendo salvo pela mãe, enquanto que Menozzi viu apenas a imagem mental de um lago e da mãe, sem compreender a relação e o acontecido. Tudo isto não será talvez uma prova evidente de que em ambos os casos se tratou de uma visão paranormal de uma mesma imagem virtual vista parcialmente com "lentes" diferentes por dois sensitivos?

Particularmente instrutivo e importante do lado teórico é a concordância através da visão da senhora Lombardi, da escada mística (escada de Jacob) com Jesus no Alto, que espera por Ubaldi que sobe e leva a "Imago" Crística no peito, com a particularidade percebida em visão — exatamente por Menozzi — do gesto habitual de Ubaldi de olhar de lado para contemplar uma "Imago" que o acompanha sempre. Ubaldi precisou que tem a sensação de uma "presença mística" que o acompanha e que ele atribui a Cristo, motivo por que tem esse gesto habitual, feito por ele, e tido zelosamente escondido e por conseguinte ignorado de todos. Também a visão da Senhora Lombardi, simbólica, do martelo que golpeia sobre a bigorna candente, está certamente em relação, como o referiu o próprio Ubaldi, com uma mensagem da famosa médium Valbonesi, que no distante ano de 1935 lhe falou do martelo que golpeia a bigorna para consolidar a estrutura de sua alma. A concordância de palavras e significado são portanto características para excluir a coincidência fortuita entre as duas mensagens, e surge da visão atual de uma realidade mnemônica passada, registrada no subconsciente de Ubaldi. O mesmo pode dizer-se sobre o dado particular e significativo acerca da "Luz" mística que ilumina a mente de Ubaldi, estabelecido por mim e pela senhora Lombardi, que pode vincular-se, como depois me afirmou Ubaldi, a uma mensagem mediúnica recebida em 1932 — "A Luz do Espírito Santo te ilumina — A sua Luz espalhará os seus raios na tua mente".

Confirmando a nossa teoria "Psicométrica", está o fato de que Menozzi individualizou exatamente a influência diversa que tem o objeto testemunha, em nosso caso o dos escritos de Ubaldi, sobre as qualidades das informações paranormais que proporciona. O primeiro escrito, corrente, sem alma, diz pouco à sua intuição; ao passo que o segundo, carregado de espiritualidade, revela-lhe plenamente a dupla personalidade de Ubaldi.

Julgamos então, que nosso estudo deve fazer meditar os catões. Será justo, ou pelo menos oportuno, que uma personalidade "delicadamente boa, espiritualmente elevada, que traz em si a imagem de Cristo — coisa que se não poderia afirmar, com tanta segurança, de muitos religiosos — deva ser rejeitadas da comunhão dos fiéis? Isto somente porque obedecendo ao seu impulso interior que vem de tão expressiva "Imago", expande sua alma em obras que ele mesmo não atribui a seu merecimento pessoal. "O Espírito do Senhor sopra quando quer e onde quer", e este é o caso de Ubaldi. Ubaldi também, em sua opinião e na dos sujeitos, tem missão a cumprir no curso de sua vida, missão apostólica que lhe foi confiada pelo Alto. Os céticos podem considerá-la como auto-sugestão, mas a personalidade fundamental de Ubaldi como nos foi

provado pela pesquisa metapsíquica, é de nível ético-religioso tão superior, que nos deixa perfeitamente tranqüilos quanto às conseqüências de seu apostolado, mesmo se ontologicamente não transcendente. O mesmo não se pode dizer quanto ao que se refere indubitavelmente à mediunidade profissional, quando estamos diante de "sujeitos" que escondem personalidade muito equivoca e perigosa, coisa que ocorre com grande maioria dos médiuns de efeitos físicos e mesmo com alguns "ultrafanos" (. . . . .).

CONCLUSÕES

Concluímos nosso trabalho julgando haver demonstrado que o método de psicodiagnose comparada metapsíquica, proposto por nós, dá resultados satisfatórios e de alto valor técnico psicológico, susceptíveis de aplicação prática em todo campo que requeira o exame da personalidade humana, através do exame de sensitivo e de médium, e de qualquer outra personalidade que também interesse do ponto de vista teológico, jurídico e social, e não apenas científico.

No caso específico de Ubaldi, já que não se pode considerar definitiva a condenação no Index de dois livros seus, pois a autoridade eclesiástica não possui os dados suficientes para fazer um julgamento de toda a sua personalidade, como nós a possuímos; convidamos os que têm autoridade na matéria a exprimir seu julgamento sobre nosso trabalho e a respeito das conclusões que dele tiramos.

Baseados na pesquisa científica metapsíquica que referimos, concluímos que Ubaldi possui duas personalidades, das quais a mais importante, a verdadeira, tem alta espiritualidade e moralidade comparável à dos maiores místicos e ascetas. Concluímos que não é um médium no sentido comum, antes, suas manifestações exteriores e sua constituição psíquica mais profunda diferem totalmente, mesmo no inconsciente, daquela que costumamos encontrar nos médiuns. Não há automatismos nem privação de vontade, para submeter-se a influências psíquicas extrínsecas perniciosas, com substituição de personalidade: a personalidade mediúnica e de transe.

Mesmo no estado inspirativo-criador, ele permanece sempre consciente em relação com o ambiente que o cerca, e se sua personalidade aparece transformada, não é nova personalidade que se impõe de fora, mas a sua própria, que ordinariamente está encoberta pela personalidade fictícia e social. Não se exclui uma influência transcendente que se exerça às vezes nele, mas, de qualquer modo, dados os frutos que lhe advêm, não pode ser de natureza perniciosa e "vitanda". Admitida essa influência, pode ser considerado um verdadeiro asceta-místico, ou então um místico natural.

(a) Gaetano Biasi