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clarificação de conceitos

L 2030/48 Planos Gerais de

I. 2.3.1 | A Iniciativa Comunitária URBAN (1994-1999) / (2000-2006)

“A Europa é um continente com um elevado grau de urbanização. Actualmente, perto de metade da sua população vive em zonas urbanas com mais de 50 000 habitantes.

As cidades têm um papel importante na vida social, económica e cultural da Europa. Sendo os principais motores do crescimento numa economia global, é nelas que se encontra a maior parte da riqueza, do conhecimento e das tecnologias da Europa.

352

“Registe-se no entanto que a reforma da Lei Orgânica da DGOTDU em 2007 deixou de fazer

referência à reabilitação urbana no âmbito das suas atribuições. Paralelamente o PRAUD foi suspenso, mantendo-se em funcionamento unicamente as actividades relativas aos protocolos previamente assinados. Foi entretanto criado o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) para o qual passaram as competências nesta matéria.

O panorama é assim de mudança. Qual será o futuro do PRAUD – se é que lhe vai ser dado um futuro – é ainda uma incógnita. Registe-se no entanto que a criação do IHRU parece indicar que se vai voltar a criar uma forte ligação entre a reabilitação urbana e a politica de habitação – tal como tinha acontecido no caso do PRU – o que representa um sinal positivo. Pode ser que mais de duas décadas após lançamento do primeiro programa nacional de reabilitação urbana se retome a via entretanto perdida e que seja finalmente criada uma verdadeira politica de reabilitação urbana em Portugal.”

Ibidem, p.945.

353

Sobre as políticas urbanas desenvolvidas na década de 90 importa a referência do capítulo 4 do livro: Cf. DOMINGUES, Álvaro (cord.) - Cidade e Democracia – 30 Anos de Transformações Urbanas em Portugal. Argumentum, Lisboa, 2006.

O paradoxo das cidades europeias é que também é nelas que se verificam alguns dos problemas mais graves que a sociedade enfrenta hoje em dia: carências múltiplas, exclusão económica e social, degradação do ambiente natural e construído, congestionamentos, criminalidade, intolerância e racismo e perda do sentimento de comunidade.

A política urbana saltou assim para o centro dos esforços da União no sentido de criar uma Europa forte, competitiva e sustentável, salvaguardando ao mesmo tempo a coesão social. Um dos principais instrumentos neste contexto é a iniciativa comunitária URBAN, através da qual a União concede actualmente apoio a algumas zonas de cerca de 70 cidades dos quinze Estados-Membros.”

Prefácio COMISSÃO EUROPEIA Parceria com as Cidades. A iniciativa comunitária URBAN. (2003)

A Iniciativa Comunitária URBAN teve dois diferentes períodos, sendo inicialmente um projeto realizado entre os anos de 1994 e 1999, e em um segundo momento, de 2000 a 2006, designado por URBAN II.

A abordagem Urban consistia numa ação territorial integrada através de uma parceria local no desenvolvimento de projetos geridos a nível local, com auxilio das autoridades locais e da comunidade local, integrando as dimensões económica e social através de operações que combinam a recuperação de infraestruturas com ações nos setores económico e do mercado de trabalho, complementadas por medidas destinadas a combater a exclusão social e a melhorar a qualidade ambiental.354

Tendo como público-alvo a população residente em áreas urbanas em crise355 a

Iniciativa Comunitária Urban tinha como objetivos: 356

I. Promover a melhoria da qualidade de vida das populações de centros urbanos ou de subúrbios em crise das grandes cidades, pela formulação e a aplicação de estratégias inovadoras de revitalização sócio-económica sustentável;

II. Fomentar o desenvolvimento e o intercâmbio de conhecimentos sobre a revitalização e o desenvolvimento urbano sustentável;

354

Sobre a Iniciativa Comunitária Urban importa a referência ao documento do Comissão Europeia. COMISSÃO EUROPEIA – Parceria com as Cidades. A iniciativa comunitária URBAN. Luxemburgo: Serviço de publicações das Comunidades Europeias, 2003. Disponível em:

<URL:http://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docgener/presenta/cities/cities_pt.pdf>

355 A população coberta por cada zona será de pelo menos 20 mil habitantes mas poderá, em certos

casos, ser reduzida até aos 10 mil.

356

Informação referente à Inciativa Comunitária disponível em: <URL:http://www.qca.pt/iniciativas/urban.asp>

As áreas de intervenção eram determinadas pelos Estados-Membros, correspondendo a áreas urbanas que se encontrassem em situação crítica relativamente a, pelo menos, três dos seguintes critérios:

I. Desemprego de longa duração; II. Escassa atividade económica;

III. Pobreza e exclusão social; necessidade de reconversão; IV. Presença de imigrantes e minorias;

V. Baixo nível de instrução e abandono escolar; criminalidade e delinquência; VI. Evolução demográfica desfavorável;

VII. Ambiente degradado. 357

No âmbito da Iniciativa Comunitária Urban II (2000-2006) foram definidas ações prioritárias, designadamente:358

I. Requalificação plurifuncional de terrenos e zonas degradadas, compatível com o ambiente e capaz de gerar oportunidades de emprego sustentável, integração das comunidades locais e das minorias, reintegração de excluídos e prevenção da delinquência;

II. Promoção da capacidade empresarial local e de oportunidades de emprego nomeadamente no âmbito da conservação do património cultural, do ambiente e dos serviços de proximidade. Garantia da igualdade entre homens e mulheres;

III. Desenvolvimento de estratégias contra a exclusão e a discriminação, designadamente através do melhoramento dos planos de educação e formação;

IV. Desenvolvimento de sistemas integrados de transportes públicos mais eficazes e respeitadores do ambiente;

V. Redução e tratamento de resíduos, redução da poluição, uso de fontes energéticas renováveis;

VI. Desenvolvimento do potencial criado pelas tecnologias da sociedade de informação nos setores económico, social e ambiental, incluindo o aumento de oferta de serviços de interesse público às pequenas empresas e aos cidadãos;

357 Em Portugal as zonas Urban II: Porto/Gondomar, Lisboa/Vale de Alcântara e Amadora/Damaia-

Buraca.

358

Enumeração extráida de:

A Iniciativa Comunitária URBAN dispunha de diversos instrumentos para melhorar a sua orientação e eficácia, tanto para os próprios programas URBAN como para as medidas urbanas em geral. Entre eles incluiam-se:

I. Promoção, através do lançamento da “Auditoria Urbana”359, de um aprofundamento

do conhecimento da situação nas cidades europeias, lançando assim as bases para uma cultura de recurso às estatísticas e aos indicadores urbanos.

II. Adoção de uma lista de indicadores comuns inspirados na Auditoria Urbana para o acompanhamento e avaliação dos programas.

III. Criação da Rede Europeia de Intercâmbio de Experiências, “URBACT”, de forma a estruturar a identificação de boas práticas e o intercâmbio de experiências entre cerca de 200 cidades da UE.

Figura I.112

Iniciativa Comunitária Urban | “Cidades que participaram na Iniciativa Coumnitária Urban” Fontes: - COMISSÃO EUROPEIA (2003) p.9. Ver Anexos: A.I.8 359

A Auditoria Urbana, publicada pela Comissão Europeia em 2000, avaliou a qualidade de vida em 58 cidades europeias. Foi seleccionada uma vasta série de indicadores socioeconómicos, incluindo temas como participação na vida cívica, ensino e formação, ambiente, cultura e tempos livres; eficaz e proporcionará uma base de avaliação comparável

Ver Capítulo “A Auditoria Urbana. Avaliar a qualidade de vida das cidades europeias.” In COMISSÃO EUROPEIA, cit.354, p.23.