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A Justiça Social na perspectiva da Teologia da Missão Integral

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4 CAPÍTULO IV AS INTERFACES DAS TEOLOGIAS LATINO-AMERICANAS:

4.5 Justiça Social: definição e a sua perspectiva nas teologias

4.5.2 A Justiça Social na perspectiva da Teologia da Missão Integral

A justiça é correlata ao Reino de Deus, apesar desse reino ter uma face espiritualizada, ele inclui a política. Para Carriker, o Reino possui uma tarefa histórica, uma responsabilidade para com a justiça:

O reino de Deus e sua administração soberana sobre toda criação que por sua vez, demanda a resposta de adoração e compromisso, uma obrigação que tem ramificações na vida pessoal e social que atinge fundamentalmente as pessoas e através delas todos os seus relacionamentos familiares, comunitários econômicos, etc. O convite para entrar no reino implica numa aliança com Deus (CARRIKER, 1992, p. 96).

Está claro para a TMI que esta aliança com o Reino de Deus não deve ser aceita somente cognitivamente, mas é um novo direcionamento para a vida neste mundo. Como afirma Padilla, o Reino de Deus não é um chamado ao quietismo63 social. Não está para tirar o homem do mundo, mas para inseri-lo nele, não mais como escravo, mas como filho de Deus e membro do corpo de Cristo (PADILLA, 1992). Com este pensamento, fica claro que a visão da TMI sobre a conversão tem a ver com o homem voltar-se para Deus como pai, mas também para o seu próximo como irmão. Desta forma, se levar a proposta de fraternidade até as últimas consequências se vislumbraria o sinal da justiça do Reino e se iniciaria nesta terra a justiça dita social. Sabendo, também, que não seria plena nesta terra, porém, é neste desenvolvimento que se percebe a aproximação entre os pensamentos teológicos.

Desta forma, pode-se dizer que para os teólogos da Missão Integral a situação de injustiça social é repulsiva a Deus e que uma mudança ampla se torna necessária. De acordo com Nichols (1983), essa mudança não pode se dar através de uma utopia terrestre, mas uma ideia de transformação não deve ser pessimista. Ele afirma que a mudança pode vir, embora não simplesmente através do compromisso com um estilo de vida simples ou através de projetos de desenvolvimento humano. No entanto, Padilla (2005) afirma que a justiça desafia dois atores para o desenvolvimento humano: primeiro, desafia os ricos seus valores e ideais, as suas ambições e normas, seus pressupostos e seu estilo de vida; segundo, desafia a igreja a encarar o desenvolvimento humano como o fundamental desafio no contexto da justiça. Em seu conceito, a igreja deve não somente buscar a justiça para os outros, mas antes ser praticante dessa justiça, e esta deve abranger não somente o individuo, mas deve também alcançar estruturas.

Na América Latina, como escreve Padilla (2009), houve um tempo que ninguém poderia falar da responsabilidade social dos cristãos sem ser tachado de comunista. Com razão,

63 O Quietismo é uma doutrina e uma prática espiritual cujas origens remontam ao século XVII e à figura mais

representativa desta controvertida corrente da mística cristã, o sacerdote espanhol Miguel de Molinos. O Quietismo se difundiu na Europa, especialmente na França, Itália e Espanha. Segundo a doutrina quietista, o fiel alcançaria a Deus mediante a oração contemplativa e a passividade da alma. No estado de quietude, a mente humana se torna inativa, já não apresenta vontade própria, mas permanece passiva, sendo Deus mesmo quem opera nela.

Nicolas Berdiaeff64 disse que os cristãos haviam deixado que os marxistas lhes tomassem a bandeira da justiça social. Além de o cristianismo perder essa bandeira, os teólogos dessa vertente não se detiveram em definir justiça social. No entanto, os pensadores se dedicaram a dissertar sobre a injustiça social no sentido de exclusão social, colocando as diferenças entre as classes sociais como uma das injustiças, que o cristão deveria se colocar contra e, também, deveria se comprometer com a dignidade do cristianismo. De acordo com Padilla essa dignidade é:

[...] o seu compromisso com a visão de um mundo onde reina a justiça, ou seja, um mundo onde, alinhado com o estilo de vida e o ensino de Jesus Cristo, se reconhece a igualdade de direitos de todas as pessoas, sem exceção e, consequentemente, se tomam medidas para assegurar que inclusive as mais vulneráveis entre elas tenham acesso aos recursos indispensáveis para satisfazer as suas necessidades humanas básicas. (PADILLA, 2017, p. [1]).

E para ele, a tarefa mais urgente que temos como cristão no campo da ética social continua sendo dar à justiça o lugar que lhe corresponde em todas as relações econômicas (PADILLA, 1997). No entanto, o mais provável é que não haja muito o que fazer para se conseguir que os governos cumpram sua obrigação de fazer justiça aos pobres, conforme o propósito de Deus para todo governo; em contrapartida, não se exime da responsabilidade de denunciar as injustiças do sistema vigente e de praticar a mordomia dos bens materiais em função da justiça, em nível pessoal e comunitário (PADILLA, 2009). Padilla, usando o livro “A política de Jesus” do autor John H. Yoder, afirma que a Igreja é a estrutura social primária por meio da qual o evangelho opera para mudar outras estruturas, seja ela política, social ou econômica (PADILLA, 1997, p. 57, trad. nossa).

Desta forma, Zwetsch (2008) afirma que o propósito da igreja é encarnar os valores do reino de Deus e testemunhar do amor e da justiça revelados em Jesus Cristo no poder do Espírito para a transformação da vida humana em todas as suas dimensões. Uma das dimensões mais afetadas nas relações humanas para Escobar é a econômica, e é esse pensamento no qual as teologias se aproximam. Ele afirma que há uma convergência entre a TdL e a TMI na crítica à injustiça entre os ricos e os pobres deste mundo, a diferença entre as classes, porém, ele aponta para a divergência entre essas teologias: a TdL afirma que a solução é uma luta de classes, enquanto que para a TMI não incita essa luta.

64 Nicolas Berdiaeff (1874-1948): escritor de vários livros e artigos. Filósofo cristão ortodoxo. O autor, foi um

marxista militante por vários anos, abandonou a sua militância marxista e, movido pelo amor à liberdade e à justiça, se converteu em um dos opositores mais duros do comunismo.

O mundo onde muitos são explorados pelo sistema capitalista, é o mesmo que precisa ouvir as boas novas do evangelho. Como anunciar a Palavra de Deus num mundo tão injusto? Este é um dos questionamentos principais da TMI para a Igreja. Esse questionamento ganha urgência para Igreja na América Latina. Como falar de justiça a um povo injustiçado? Como falar de igualdade onde reina a desigualdade? Está claro nos escritos da TMI que todos os cristãos devem participar ativamente do esforço pela criação de uma sociedade justa e responsável. Diante disso, a TMI entende que o desafio que é colocado a todos os cristãos é o de redescobrir o poder transformador do Reino e da justiça de Deus no meio dos reinos deste mundo (ZWETSCH, 2008).

Conclusão

Neste capítulo, procurou-se demonstrar as interfaces entre as duas teologias estudadas divididas em duas partes, a primeira parte através do método hermenêutico da dupla contextualização, a encarnação como referencial bíblico, o local da práxis para as teologias e o uso ou não do instrumental marxista para a leitura da realidade. Na segunda parte, este capítulo separou quatro temas centrais, elaborados por pensadores, definindo e assinalando as divergências e as convergências a partir da perspectiva de cada teologia.

Na questão da hermenêutica, Juan Luis Segundo, da TdL, elaborou a circularidade hermenêutica em quatro passos e Carlos Rene Padilla, da TMI, desenvolveu a hermenêutica da dupla contextualização em dois passos. Apesar das diferenças dos métodos, fica claro que esses modelos hermenêuticos se aproximam porque exigem duas interpretações: a interpretação da realidade bíblica e a interpretação da realidade histórica. Isso faz com que o evangelho seja entendido pelos latino-americanos sem copiarem de outras culturas. Isso significou também a necessidade de usar várias ciências sociais e teorias de interpretação bíblica.

A encarnação é um referencial bíblico para os pensadores da TdL e da TMI. Apesar de esse referencial ser uma chave hermenêutica convergente para as duas teologias, elas se distanciaram uma da outra porque a TdL deu maior importância para a realidade histórica do presente (práxis) do que reflexões sobre a palavra de Deus. Em contrapartida, a TMI se importou mais com a leitura bíblica como prioridade, sem perder de vista a realidade histórica (práxis) do continente em questão.

Esse método, juntamente com o referencial bíblico, levaram os teólogos dos dois grupos a priorizar a práxis dentro das teologias. Para a TdL, como afirmou Gutiérrez, a práxis precisa ser o primeiro ato. Desta forma, a práxis histórica sempre precede a reflexão teológica. Logo, a hermenêutica usada pelos teólogos da libertação insiste que a verdade esteja na ação, ou seja, a teologia é vista “como reflexão crítica sobre a práxis histórica” (GUTIÉRREZ, 1975, p. 15). Com isso, a TdL coloca a práxis em uma ação política, econômica e social em favor dos desvalidos e pobres deste continente.

Por outro lado, o posicionamento da práxis na TMI se diferencia da TdL, pois, de acordo com Padilla, a práxis é serva da palavra. Assim, à teologia compete a importante tarefa de avaliar o que se está fazendo e de avaliá-la à luz da Palavra, em função dos objetivos do Reino de Deus e sua justiça (PADILLA, 1994). Logo, a TMI afirma que a ação da Igreja deve estar subordinada ao que ensinam as Escrituras.

Nas teologias em questão, a realidade histórica contemporânea é prioridade para se construir um pensamento teológico e não deve desconectar o contexto bíblico do contexto histórico. Todavia, os pensadores optaram em escolher algumas ciências humanas para visualizar os acontecimentos que estavam gerando as injustiças sociais para que pudesse denunciá-las, e juntamente com as denúncias, se colocarem na luta pelos menos favorecidos. Os teólogos da libertação optaram pelo instrumental marxista por acreditar que outro caminho seria inútil frente à profundidade dos males65. Eles acreditam que a sociologia de inspiração marxista expressa um diagnóstico global da realidade histórica, demonstra a dinâmica que opera nas estruturas sociais e destaca as causas da pobreza no contexto latino-americano.

De acordo com Dussel (1988), a escolha de certo marxismo foi compatível com a fé cristã dos profetas, de Jesus e da mais antiga e recente tradição eclesial e ecumênica, escolha essa que foi marcada pela crítica ao dogmatismo stalinista ou o economicismo dos manuais e o marxismo filosófico.

Os teólogos da libertação afirmam que em sua análise da realidade social a sociologia de inspiração marxista provê uma maneira racional de fazer o amor mais eficaz historicamente. O uso deste instrumental pela TdL faz com que a TMI se distancie de uma maneira abismal. Na maioria dos pensadores da TMI encontramos uma crítica contra o marxismo usado pelos teólogos da libertação. Padilla mesmo afirma que não é necessário usar de ciência nenhuma para perceber a pobreza e a diferença social no continente.

Para Arana (1970), existem alguns equívocos em se formular uma teologia usando um método marxista. O primeiro é deslocar o mal que está na pessoa humana para o sistema capitalista. O segundo é que o marxismo usado na teologia da libertação deformaria a mensagem do evangelho ao reduzir a noção de Deus-homem à noção de Deus-pobre.

Na segunda parte deste capítulo buscou-se demonstrar as convergências e divergências entre os temas chaves para as teologias sobre os pobres, a igreja, o reino de Deus e a justiça social e, dos quais foram apontados os seguintes distanciamentos: Primeiro, para a TdL, o pobre é o sujeito da libertação, no entanto, para a TMI o pobre é objeto da responsabilidade social da igreja. Segundo, na questão central das teologias podemos ver que a TdL assume a opção pelos pobres, enquanto, a TMI assume a missão da igreja. O terceiro, o Reino de Deus para a TdL faz preferência pelos pobres e, assim, existe uma classe preferida, para a TMI o Reino de Deus não tem uma classe social preferida. Além disso, para a TdL o reino de Deus se revela no movimento em prol do pobre, enquanto, para TMI o reino se revela de duas formas: pela proclamação do evangelho e pelas boas obras que não precisam ser necessariamente para o pobre. Quarto, a questão da justiça social: para a TdL, a justiça se atingirá através da luta de classes, enquanto que a TMI critica radicalmente a noção de lutas de classes. Quinto, para a TdL, a Igreja precisa ser pobre, dos pobres e para os pobres, e a Igreja precisa estar a serviço dos pobres; e para TMI, a Igreja é o instrumento de Deus para a justiça, e a Igreja é o principal sujeito da ação de Reino de Deus na história e na justiça aos pobres.

Finalmente, essas duas teologias oriundas da América Latina se aproximam e se distanciam dialeticamente sobre os mesmos temas. Porém, neste capítulo observou-se que a TdL se aproxima da sociologia determinando que as ações humanas são importantes para a transformação da sociedade. Em contrapartida, a TMI se aproxima da transcendência aguardando intervenção divina na pessoa, para que a mesma se transforme repercutindo na transformação da sociedade.

CONCLUSÃO

A conclusão deste trabalho retoma as linhas mais significativas do exposto no corpo principal da tese. Descreveu-se o processo de surgimento das teologias da Libertação e da Missão Integral, identificando os principais passos dados no caminho para a criação de teologias na América Latina. Essas teologias se propuseram partir da realidade latino-americana, e foram elaboradas em vista da transformação dessa realidade, feitas no compromisso e em meio ao cenário em transformação social, política e econômica, dividido pelas ideologias dominantes – capitalistas e socialistas – e sofrendo a pressão da “Guerra Fria”.

Precisamente entre as décadas de 40 e 70, as nações latino-americanas foram afetadas e dominadas diretamente pelo imperialismo sob a hegemonia dos EUA, e a exploração e a opressão se tornaram evidentes no continente. Por essa razão, a consciência de uma responsabilidade social cresceu diante da situação de miséria e pobreza. Isso posto, teólogos, tanto católicos como protestantes, que se formaram nos centros teológicos europeus e norte- americanos e que imigraram ou retornaram para América Latina, se depararam com uma realidade histórica desumanizadora, herança da época colonial. Com a crescente consciência

dos grupos sociais, políticos e ideológicos envolvidos na luta contra as profundas causas da miséria, pobreza e injustiça vigentes no continente, eles encontraram um ambiente propício ao fazer teológico.

No entanto, o cristianismo instalado no continente latino-americano, antes do meado do século XX, preocupado mais com as doutrinas corretas, não atentou para a prática social em razão de um evangelho espiritualizado, preocupado somente com a salvação eterna da alma. Os problemas sociais, econômicos e políticos não faziam parte da agenda da Igreja e, com isso, a mesma apoiava e era apoiada pela sociedade dominante. Esse tipo de cristianismo predominante no passado, e ainda na época do surgimento das teologias estudadas, contribuiu para separar os crentes das questões temporais e sociais, deixando a fé privatizada. Desta forma, a teologia predominante no continente era deficiente para responder às questões desenvolvidas pelos problemas sociais instaladas no continente.

Além da realidade histórica do continente, que aparece entre os momentos considerados fundamentais para os surgimentos da Teologia da Libertação e da Teologia da Missão Integral, considerou-se, também, o papel desempenhado pelos vários encontros, tanto católicos, protestantes ecumênicos, como evangelicais, que envolveram teólogos, pastores, padres, bispos e representantes de algumas ciências humanas. Esses congressos e consultas foram avaliados como espaços privilegiados de encontros, debates e troca de ideias e de conhecimento. Tiveram como centro as emergentes perspectivas teológicas então fervilhantes na América Latina, por esta razão, foram considerados como espaços de uma nova consciência teológica que alcançava, progressivamente, expressões e configurações de duas novas teologias.

Uma das aproximações dessas teologias é claramente o contexto histórico de pobreza do continente e a imposição de modelo de desenvolvimento social que privilegiava os interesses dos países ricos. O sociólogo e economista André Gunder Frank foi um dos primeiros a fazer a crítica reveladora de que a Teoria do Desenvolvimento não passa de aprofundamento da relação de dependência dos países pobres em relação aos ricos. Com essa dependência econômica, a pobreza aumentaria e o imperialismo norte americano se consolidaria. Neste contexto, Gutiérrez e Escobar, junto com outros, fazem afirmações próximas às teorias de subdesenvolvimento e dependência econômica que relacionam ao surgimento das teologias; o primeiro afirma que as teorias do subdesenvolvimento e da dependência econômica foram adotadas pela Teologia da Libertação; e o segundo reitera que a Teologia da Missão Integral nasce condicionada a tais fatores.

Evidenciou-se nesta tese que as insurreições das revoluções no continente, acentuadamente em Cuba com Fidel Castro, trouxeram esperança de libertação do continente

do, então, sistema capitalista. Nessas revoluções, alguns mártires teólogos participaram de forma direta, como Camilo Torres, e também por inúmeros cristãos na América Latina. Naquela época não era somente um desejo da América Latina de se libertar, mas o mesmo também perpassava por várias partes do mundo. Por conseguinte, fortalecia os movimentos no continente latino-americano.

Apesar de o socialismo trazer esperança de melhora para alguns países, o temor de o comunismo tomar toda a América Latina fez com que os Estados Unidos investissem em outra estratégia para não perderem os espaços conquistados e, assim, apoiaram a implantação dos regimes das Ditaduras Militares em muitos países do continente. Tais regimes se levantaram contra qualquer tipo de resistência antagônica e, com isso, investiram na perseguição de pensadores intransigentes àquele sistema que alienava e fazia com que a liberdade de expressão fosse um crime. Desta forma, a religião também foi usada para manter a dominação e a alienação do povo, demonizando o comunismo em seus discursos. Esses governos ditatoriais aceitaram a proposta estadunidense de modernidade sem uma avaliação crítica.

Nas organizações de estudantes universitários cristãos, nacionais e internacionais, os pensadores e, por assim dizer, pais das teologias estudadas – tanto Gutiérrez do lado católico; como Padilla, Escobar e Arana do lado protestante – influenciaram e foram influenciados por participarem dessas organizações. Nos encontros estudantis surgiu a fomentação dos questionamentos sobre a miséria e as opressões externas sobre o continente. Por conseguinte, os pensadores dessas teologias se viram obrigados a dar uma resposta para os seus grupos; assim como os congressos cristãos – tanto católicos como protestantes – foram influenciados diretamente por tal realidade histórica.

Nesse processo, a consciência social cresceu na Igreja de vertente protestante. Um sinal importante foi a criação da Confederação Evangélica do Brasil (CEB), (1955), em cujas reuniões eram discutidos os mecanismos para promover um maior comprometimento dos cristãos protestantes frente aos desafios de uma sociedade em constante transformação social. Um dos encontros importantes dessa confederação foi a Conferência do Nordeste, em 1962.

Por outro lado, no âmbito da Igreja católica, o Concílio do Vaticano II, (1962 a 1965), foi a motivação para as lideranças das igrejas e os teólogos da América Latina iniciarem uma transformação interna na Igreja no continente. Esse Concílio tratou, mesmo que de forma marginal, os temas sociais como o subdesenvolvimento, países pobres, pobreza que foram importantes ao processo que levou à entrada dos teólogos católicos ao movimento da Teologia da Libertação.

Vale a pena destacar alguns eventos que foram importantes na origem da TdL e da TMI. Em 1964, na América Latina, especificamente em Petrópolis, RJ, importantes teólogos católicos participaram de um encontro para discutir as influências do Vaticano II para América Latina, que depois vão ser fundamentais para a TdL. Entre eles, Juan Luis Segundo mostrou as eficiências na evangelização frente à pobreza na tarefa pastoral da Igreja; Lucio Gera enfatizou a necessidade de o teólogo estar integrado na missão do organismo eclesial; e Gustavo Gutiérrez afirmou a função crítica da teologia e da práxis dos cristãos; e que na práxis é possível descobrir as opções profundas da pastroal e revela o entendimento da fé.

Na vertente protestante do cristianismo inserido nas lutas sociais, o Igreja e Sociedade para América Latina, criado em 1962, preparou vários encontros com líderes latino-americanos. No ano de 1964, foi lançado o primeiro estudo sobre a responsabilidade social da igreja, que

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