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A legislação educacional brasileira e a EAD

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1 A Educação a Distância no Brasil

1.2 A legislação educacional brasileira e a EAD

A legislação educacional brasileira não foi, desde o início, propícia para o desenvolvimento de projetos em EAD. Apesar de estar mencionada na LDB a liberdade para ensinar e aprender, algumas determinações e exigências legais representaram entraves para que a Educação a Distância crescesse e ganhasse força em nosso país.

A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), 4024/61, determinava que o aluno tivesse 75% de presença nas aulas e isso impediu por muito tempo a difusão do aprendizado a distância. Algumas exceções foram abertas, mas apenas para ensino supletivo, com o intuito de resolver problemas de analfabetismo ou de atraso educacional, tão presentes em nossa sociedade.

Em 1980, a ABT obteve o credenciamento pioneiro para a implantação de um programa de pós-graduação a distância em parceria com a CAPES, o POSGRAD

(Projeto de Pós Graduação Tutorial a Distância), que constituiu uma inovação para a época, atuando na formação de professores em serviço.

Entretanto, esse foi um projeto isolado, que não teve continuidade, e a Educação a Distância continuou sendo relegada ao segundo plano ainda por muito tempo, tendo sido utilizada apenas como uma solução para problemas educacionais emergentes e não recebendo o devido reconhecimento e valor como modalidade pedagógica.

Somente em 1996, com a LDB nº. 9.394, a EAD passou a ser reconhecida oficialmente e admitida em todos os níveis de ensino25, entretanto, o excesso de burocracia e restrições no início da regulamentação impediu uma maior projeção da modalidade no Brasil. Hoje, apesar de ainda se ter muitas exigências e burocracia, a modalidade vem crescendo expressivamente no país.

Para a oferta de cursos em EAD, tanto de graduação quanto de pós- graduação, a instituição precisa ter um credenciamento específico no MEC, com o parecer do CNE (Conselho Nacional de Educação).

Conforme João Roberto Moreira Alves (2007) esta exigência restringe a autonomia das universidades em criar novos cursos em EAD, contrariando a liberdade institucional que as mesmas têm na criação de cursos presenciais.

Muitos gestores consideram que excessivas exigências durante o credenciamento representam entraves para a expansão da modalidade, impondo um único modelo de Educação a Distância e limitando a oferta.

Entretanto, não podemos negar que, muitas vezes, as exigências e o controle são necessários à manutenção da qualidade dos serviços prestados.

Temos acompanhado as discussões sobre este assunto e observamos que o Ministério da Educação vem analisando os programas com cuidado e muitas exigências iniciais já foram reformuladas, buscando uma maior flexibilização nos modelos, sem que haja a perda da qualidade necessária ao bom funcionamento destes cursos e aos objetivos educacionais propostos por eles.

De fato, não há um único modelo, nem uma única forma de se ensinar e aprender a distância. Cada projeto deverá estar adequado ao local e ao público a que se destina, bem como aos recursos que estarão disponíveis para este trabalho.

25

Para saber mais sobre a legislação que regulamenta a EAD, consulte o site do MEC http://portal.mec.gov.br – Acesso em jul/09

Sabemos que hoje há muitos locais em nosso país sem acesso à internet, portanto, a EAD com mídia impressa e televisiva pode suprir a necessidade de atendimento deste local e ampliar a oferta, mesmo sem a interação via internet, nos ambientes virtuais de aprendizagem.

Ou seja, os projetos devem ter muita qualidade sim, mas sempre adequados à realidade, levando em conta todas estas especificidades e necessidades de cada público. Algumas exigências e proibições precisam ser repensadas para que não impeçam a ampliação da oferta e a democratização do ensino.

A aceitação das bibliotecas digitais como complementação às bibliotecas físicas, por exemplo, já é um assunto em discussão, conforme pronunciamento do Secretário de Educação a Distância, Prof. Carlos Eduardo Bielschowsky, no 15º. CIAED, Congresso Internacional ABED de Educação a Distância, realizado em setembro de 2009, em Fortaleza.

Outra discussão importante que vem ocorrendo no meio acadêmico versa sobre a oferta de pós-graduação Stricto Sensu a distância no Brasil. Esta oferta, que já é realidade em quase todo o mundo, está prevista no decreto nº. 5.622 de 19 de dezembro de 2005 e no estatuto da Universidade Aberta do Brasil, mas na prática, ainda não ocorre.

Em 1995 a CAPES aprovou um projeto de mestrado profissional a distância, em uma Instituição de Ensino Superior (IES) privada, através de uma licença temporária que foi renovada por duas turmas, mas que na terceira não foi concedida devido ao não atendimento às exigências necessárias para a efetivação do reconhecimento.

Os defensores da modalidade acreditam que a falta de oferta de cursos neste nível ocorre devido ao conservadorismo da CAPES, que o admite, mas afirma que ele é necessário para que a boa qualidade dos cursos não seja perdida.

Depois de muitas discussões no meio a acadêmico, a CAPES anunciou em abril de 2008, que estaria recebendo projetos das IES para a oferta de cursos Stricto Sensu a distância. Segundo Celso Costa, diretor de Educação a Distância da Capes,

para que haja cursos de pós-graduação stricto sensu no Brasil, basta que as IES enviem projetos de qualidade. Ele afirmou que a Capes irá avaliar as propostas com

o mesmo rigor utilizado para a aprovação dos mestrados e doutorados presenciais26.

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Há muitos adeptos da EAD que defendem a modalidade como uma ferramenta de expansão do ensino científico no Brasil e, por outro lado, há os que acreditam que a boa qualidade do ensino possa ser comprometida, mudando as características peculiares ao stricto sensu e não formando como deveria, pela falta do ambiente acadêmico.

Especialistas que se mostram favoráveis a esta oferta, afirmam que o ensino no Brasil, bem como a qualificação profissional do brasileiro poderá melhorar, refletindo também na situação econômica do país. Destacam ainda, que no modelo brasileiro os cursos não são totalmente a distância, e que os momentos presenciais irão suprir a prática necessária e a vivência acadêmica.

Embora a CAPES esteja recebendo estes projetos há cerca de 1 ano e meio, até o momento não temos notícia de nenhum curso de pós-graduação Stricto Sensu a distância devidamente reconhecido.

Entretanto, com essa abertura, o Secretario de Educação a Distância, Prof. Carlos Bielchowsky, afirma que a partir de agora, a EAD passa a integrar todos os

níveis de educação27 no Brasil.

Mas, apesar de a nossa legislação contemplar a EAD em todos os níveis, não temos muitos registros de implantação no ensino fundamental e médio. O governo federal deu início a um projeto de EAD no ensino técnico profissional, o e-Tec Brasil28, mas a maior área de abrangência da modalidade ainda é no ensino superior, sendo a maioria dos cursos na pós-graduação lato-sensu.

De acordo com dados do INEP (2009), hoje temos no país 2.533 Instituições de Ensino Superior (IES) regulamentadas29, sendo que destas, apenas 208 têm credenciamento para ministrar cursos a Distância:

27 Pronunciamento do secretário no V ESUD. Matéria disponível no site

http://www.universia.com.br/ead/materia.jsp?materia=15813 - Acesso em out.2009

28http://etecbrasil.mec.gov.br/ - Acesso em out/09 29http://emec.mec.gov.br/ acesso em nov/09

Gráfico 1 – IES Regulamentadas e Credenciadas para EAD por região. 0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Norte Nordeste Centro Oeste

Sudeste Sul

IES Regulamentadas IES Credenciadas para EAD

Fonte: INEP, 2009.

Ou seja, somente 8,2% das IES conseguiram o credenciamento oficial para a oferta de cursos na modalidade a distância, o que ainda é muito pouco para um país de dimensões continentais como o nosso.

Segundo o professor João Roberto Moreira Alves (2007, p.74), os fatores que mais influenciam este quadro são a ausência de incentivos e políticas públicas para

o setor e o lento e exigente processo para credenciamentos.

Não podemos negar que a regulamentação da Educação a Distância demorou cerca de nove anos para acontecer efetivamente e ainda precisa de muitos ajustes, já que o burocrático processo de credenciamento reduz significativamente o número da oferta de cursos através desta modalidade. Entretanto, o crescimento vem se mostrando pouco a pouco, como confirmamos em nossa pesquisa: o número de IES credenciadas para a oferta de cursos em EAD mudou de 187 para 208, entre os meses de julho e novembro de 2009, mostrando um crescimento de cerca de 11% .

Além do credenciamento oficial para cursos de graduação e pós graduação a distância, existe outra determinação importante na legislação específica para Educação a Distância que não podemos deixar de analisar: a portaria nº. 4059, de

10 de dezembro de 2004, que permite que as Instituições de ensino superior ofereçam até 20% da carga horária dos seus cursos, na modalidade a distância.

Podemos dizer que esta portaria representou um avanço na liberdade das instituições para o uso da Educação a Distância, na medida em que permite que sejam oferecidos até 20% da carga horária dos cursos através da EAD, sem a necessidade de um credenciamento específico.

Essa portaria permitiu que muitas IES começassem a sua experiência em Educação a Distância e a aperfeiçoasse antes de partir para a oferta de cursos de graduação e pós graduação em EAD.

Mas nem todas as IES têm utilizado esta oportunidade com seriedade. Embora a portaria 4059 determine que as atividades pedagógicas devam, necessariamente, conter tutoria e encontros presenciais, na prática, isso nem sempre acontece. Infelizmente, são muitos os relatos de instituições apenas disponibilizando materiais na rede, sem qualquer planejamento didático ou tutoria, e podemos considerar que esse é um dos grandes fatores que fortalecem o preconceito e a resistência com relação à modalidade.

É importante ressaltar que a Educação a Distância é muito mais do que materiais disponibilizados na internet, é preciso ter boa qualidade nos processos educacionais e interação entre os envolvidos.

Concordamos com as palavras do professor Luciano Sathler (2008), quando responde a um questionamento sobre as maiores falhas nesta modalidade e o porquê deste preconceito, em um clipping digital:

As maiores falhas são as escolas que querem reproduzir os erros do

presencial na modalidade a distância. O principal equívoco é o apostilamento. Disponibiliza-se uma “tonelada” de informação via internet e acha que o curso está dado. Se fosse assim, o aluno leria um livro, o que é muito melhor. O sucesso da educação a distância passa prioritariamente pela interação. A resistência dos alunos nas semipresenciais, na educação a distância, é uma questão de cultura, porque hoje nós já temos mais de um milhão de

pessoas estudando a distância no País, então eu vejo que a resistência vem diminuindo.30

30http://www.metodista.br/sala-de-imprensa/clipping_digital/noticias/fevereiro/dia-29-de-fevereiro/fapesp-a- polemica-sobre-a-ead/ - Acesso em ago/09

De fato, o crescimento da EAD nos últimos meses nos mostra a redução das resistências e a eficácia da modalidade nos processos educacionais.

Entretanto, a metodologia deve vir antes da tecnologia. O projeto deve ser cuidadosamente planejado, sob a ótica didática e pedagógica, visando atingir aos objetivos educacionais a que se propõe.

Não podemos nos esquecer da figura indispensável do professor, que irá interagir com seus alunos, fazendo-se presente, mesmo que virtualmente, mediando e acompanhando todo o processo.

Mas, como nem é perfeito, há muitos projetos malfeitos que maculam a imagem da Educação a Distância, alimentando o imenso preconceito das pessoas que resistem em aceitar a modalidade, temendo que todos os cursos sejam de má qualidade, o que não é verdade.

Há ainda, muitas instituições que pensam a EAD apenas com fins mercantis e não pedagógicos.

Acreditamos que, devido a estes fatores e a algumas instituições que pensam a EAD apenas com fins mercantis e não pedagógicos, muitos alunos e profissionais formados em EAD têm enfrentado preconceitos no mercado de trabalho e dificuldades para realizar seus estágios.

O Conselho Federal de Biologia, por exemplo, negou registro a profissionais formados em cursos realizados por EAD, com base na reputação de baixa qualidade

do ensino oferecido por estes cursos, segundo o Sinpro-SP (2008) 31.

Essa declaração mostra um grande preconceito, já que se apresenta baseada em suposições com relação ao curso e não na qualificação do profissional em questão, que deve ser avaliado por sua competência e não pela modalidade em que realizou o seu curso.

A prefeitura de São Paulo também cometeu discriminação contra professores formados em EAD e foi punida32, tendo que rever a sua decisão, reconhecendo e validando os diplomas. Nada mais justo, já que o profissional que passa em um concurso público está mostrando a sua competência, independente de ter cursado uma faculdade presencial ou a distância.

31

http://www.sinprosp.org.br/diretoria_opina.asp?id_opiniao=5 - Acesso em ago/09

32

http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/noticias/publicacao_noticias/2009/jun09/Ação%20do%20MP%20ob riga%20a%20prefeitura%20de%20São%20Paulo%20aceitar%20diplo - Acesso em ago/09

Sabemos que há sim muitos cursos de baixa qualidade e projetos meramente financeiros, mas não se pode generalizar, pois há também muitos bons projetos, que devem ser valorizados e reconhecidos.

Um aluno que faça um curso de EAD sério, que se comprometa, que estude, interaja e participe dos laboratórios de práticas, terá plenas condições de exercer o seu trabalho até melhor do que um aluno de um curso presencial, que não tenha a mesma dedicação.

Entendemos que uma aprendizagem efetiva somente vai acontecer a partir da dedicação e do comprometimento; da construção colaborativa de conhecimentos realizada na interação entre todos os envolvidos, presencialmente e virtualmente; tendo a tecnologia como ferramenta mediadora e não como único meio de aprendizagem, sem perder de vista os objetivos pedagógicos. Para isso, são necessárias várias ferramentas e diferentes mídias, além dos momentos presenciais que podem ser utilizados para laboratórios de práticas, e da interação on-line com o grupo e com os professores.

Programas auto-instrucionais têm o seu papel no treinamento corporativo e em alguns projetos de Educação a Distância, mas não podem substituir a troca e o contato humano, principalmente, em cursos de graduação. A interação e o relacionamento entre as pessoas são fundamentais para a construção de conhecimentos, mesmo que ocorram virtualmente, mediados pela tecnologia.

Se por um lado, as limitações impostas pelos sistemas de avaliação impedem que a EAD cresça e possa atender a um número maior de pessoas, por outro lado, elas são extremamente necessárias, para que não se deixe de exigir boa ,qualidade nos projetos implantados. Há que se encontrar o equilíbrio entre todas as esferas, governo, instituições, professores e alunos, no sentido de buscar a ampliação no atendimento, mas sem que haja a perda da qualidade, extremamente necessária nos processos educacionais.

Manifestando esta preocupação, em 1998 a professora Carmem Moreira de Castro Neves, então coordenadora geral de projetos especiais da SEED, escreveu o texto Critérios de Qualidade para a Educação a Distância, que foi publicado na Revista Tecnologia Educacional e serviu de base para que o MEC criasse os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância, com o objetivo de orientar instituições e projetos.

Educar a distância significa oferecer ao aluno referenciais teórico-práticos que levem a aquisição de competências cognitivas, habilidades e atitudes que promovam o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho.(1998, p.14)

Em 2002, o texto foi complementado por uma comissão de especialistas, nomeada pela SESU (Secretaria de Ensino Superior) e novamente em 2007 foi atualizado, após ser submetido à consulta pública.

O texto-base com os Referencias de Qualidade foi submetido à consulta pública, da qual recebemos 150 sugestões de diversos setores e instituições educacionais, sendo a maioria delas incorporadas ao documento. A partir daí, foram criadas, em conjunto com as secretarias de Educação Superior e de Educação Profissional e Tecnológica do MEC, diretrizes para a elaboração, pelo INEP, dos instrumentos de avaliação específicos para o credenciamento de instituições, credenciamento de pólos de apoio presencial e autorização para a oferta de educação superior a distância. (...) O MEC está trabalhando intensamente para dar regularidade à tramitação dos processos regulatórios da educação superior.” (BIELSCHOWSKY, 2008, p.11)

Um dos maiores desafios para a Educação a Distância hoje é que se consiga exigir e manter a boa qualidade dos cursos, buscando atingir os objetivos educacionais propostos, obtendo bons resultados, e consolidando a EAD como ferramenta efetiva do processo de ensinar e aprender.

Nesse sentido, os Referenciais de Qualidade representam um

direcionamento, um importante instrumento de orientação para que todos os envolvidos, professores, alunos, gestores e instituições, possam obter uma qualidade cada vez maior em seus projetos, cursos e serviços.

O que se espera de fato, é que seja estabelecida uma articulação entre as esferas governamentais e institucionais, que em união busquem uma EAD de boa qualidade, que atenda a enorme demanda de aprendizagem, construção e socialização do conhecimento do nosso país, atingindo a tão esperada educação de boa qualidade para todos.

Abaixo, a linha do tempo dos Referenciais, publicada no Anuário Brasileiro de Educação a Distância (AbraEAD2008), que nos permite refletir sobre a evolução

deste documento entre 1996 e 2007 e sua importância na busca do modelo de EAD que desejamos.

Figura 1 – Linha do tempo dos Referenciais de Qualidade de EAD do MEC

Fonte: AbraEAD 2008, p.149.

Podemos dizer que o primeiro grande passo dado em direção à democratização da educação superior no país, foi a criação da Universidade Aberta do Brasil, em 2006. Desde a década de 70, existiram movimentos favoráveis à sua implantação, mas, para a decepção de todos os que acreditavam na modalidade, isso somente veio a ocorrer com o Decreto nº.5.800 de 8 de junho de 2006.

Embora utilize o nome de Universidade Aberta, a nossa UAB é totalmente diferente das Universidades Abertas de todo o mundo, que são livres de qualquer regulamentação e se propõe a promover a difusão de conhecimentos, sem a obrigatoriedade de formação profissional ou certificação.

A nossa UAB funciona como um consórcio entre o poder público e as universidades federais, oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e extensão, regulamentados de acordo com as diretrizes do MEC para cada um destes níveis e obedecendo aos atuais critérios de regulamentação da EAD no Brasil.

Inicialmente, o projeto da UAB está voltado para a formação e capacitação de professores da escola pública, mas o MEC afirma que a intenção é atender a uma

demanda maior no futuro, oferecendo uma educação superior de boa qualidade para todos, o que de fato se espera de uma Universidade Aberta.

Outro ponto importante que vale ser analisado aqui é a questão do reconhecimento de títulos obtidos no exterior, que se dá apenas através da validação por universidades públicas. Isso, de certa forma, também contraria o extraterritorialismo pregado pela Educação a Distância e a quebra de fronteiras que esta modalidade pode nos oferecer. Embora existam alguns acordos internacionais de reciprocidade e equiparação de cursos, na prática eles não têm sido facilmente aceitos, problema que esperamos, possa ser minimizado com a intervenção da UAB nestes processos.

Sabemos que o projeto da UAB ainda é incipiente e muita coisa pode ser melhorada, mas não podemos ignorar que o primeiro passo foi dado e pode ser o primeiro de muitos, na direção da democratização do ensino superior em nosso país. O Brasil ainda tem muito a percorrer até que a Educação a Distância chegue aos níveis qualidade e oferta desejados, mas devemos estar cientes de que muito já foi feito até agora e que estamos caminhando para que este objetivo seja atingido.

Embora a modalidade tenha enfrentado inúmeros entraves ao seu desenvolvimento, e ainda enfrente preconceitos e resistências, sabemos que hoje há muitos projetos de boa qualidade em diversas instituições públicas e privadas, que merecem crédito.

Sabemos que a Educação a Distância não representa a solução para todos os problemas educacionais do nosso pais, mas pode ser uma ferramenta muito eficaz na ampliação da oferta e na disseminação da educação em todos os cantos do nosso imenso território.

Nesse sentido, esperamos que os bons projetos em andamento, sejam mantidos e aperfeiçoados e que novos projetos de boa qualidade possam surgir, para o bem da nossa educação e para que seja atingido o objetivo da democratização do ensino de boa qualidade e do atendimento à grande demanda educacional que o Brasil apresenta.

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