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CAPITULO 1 – Contexto Educativo Português

1.3. A Lei de Bases do Sistema Educativo

1.3.1. Introdução

Dez anos volvidos após a publicação da CRP, que marcou a reorganização do sistema educativo ao enunciar os seus princípios fundamentais, é publicada em 14 de Outubro de 1986, a LBSE - posteriormente alterada pela Lei N.º 115/1997, de 19 de Setembro e Lei N.º 49/2005, de 30 de Agosto - que vem precisamente enquadrar os princípios gerais da política educativa nacional.

A LBSE surge então como resposta a uma necessidade urgente de organizar, estruturar e legitimar as medidas necessárias ao desenvolvimento de um sistema educativo português, desadequado à nova realidade política, social, cultural e económica do país. A sua elaboração, fruto da congregação de uma pluralidade de projectos, que representavam o espectro político da época, tornou o documento consensual, o que lhe conferiu um garante de estabilidade e certeza de renovação para o sistema educativo português. Este diploma legal encontra-se assim em conformidade com a constituição, e consagra juridicamente a grande maioria das orientações e decisões adotadas para o sistema educativo entre 1976 e 1986, o que lhe atribui, através do seu articulado, coerência e lógica internas. (Mogarro, 1996)

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1.3.2. Âmbito e definições (Artigo1º)

No capítulo I da LBSE, parece-nos relevante destacar o ponto dois em que se define o conceito de Sistema Educativo como:

“um conjunto de meios pelo qual se concretiza o direito à educação, que se exprime pela garantia de uma permanente ação formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade” (LBSE, 1986)

1.3.3. Princípios Gerais (Artigo 2º)

No seu Artigo 2º, no qual explicita os seus “Princípios gerais”, a LBSE apresenta- nos de imediato os esteios deste novo paradigma de sistema educativo, como uma escola onde se “promove a democratização do ensino, garantindo (…) igualdade de oportunidades no acesso e sucesso escolares”, onde se defende o “respeito pelo princípio da liberdade de aprender e ensinar, com tolerância para com as escolhas” pessoais, partindo-se do princípio da isenção do estado, relativamente a “directrizes filosóficas, estéticas, politicas, ideológicas ou religiosas”.

Ainda nos “Princípios gerais” da LBSE, está bem patente a preocupação com a “valorização da dimensão humana do trabalho”, e a preocupação com o “desenvolvimento pleno e harmonioso da personalidade dos indivíduos”, por forma a garantir a “formação de cidadãos livres, responsáveis, autónomos e solidários”, que desenvolvam um “espírito democrático e pluralista, respeitador dos outros e das suas ideias”, e sejam também “capazes de julgar, com espírito crítico e criativo, o meio social em que se integram, e de se empenharem na sua transformação progressiva”.

1.3.4. Princípios organizativos (Artigo 3º)

Na organização do sistema educativo, no artigo 3º da LBSE, encontramos princípios que apontam para uma preocupação em “contribuir para a realização do educando através do pleno desenvolvimento da personalidade, da formação do carácter e da cidadania”, de forma a ser capaz de reflectir conscientemente sobre “valores espirituais, estéticos, morais e cívicos” (...) “assegurar a formação

45 cívica e moral dos jovens” e “assegurar o direito à diferença”, respeitando a personalidade e valorizando os ”diferentes saberes e culturas”. Pretende-se também contribuir para a “defesa da identidade nacional”, sendo, no entanto, também indispensável a abertura do país ao exterior, “no quadro da tradição universalista europeia e da crescente interdependência e necessária solidariedade entre todos os povos do Mundo”.

Outra das preocupações patente no artigo 3º da LBSE, prende-se com o desenvolvimento da “capacidade para o trabalho” através de uma formação geral e específica, de forma a contribuir para o “progresso da sociedade, em consonância com os seus interesses, capacidades e vocação” e “Contribuir para a realização pessoal e comunitária dos indivíduos”, não só, pelas aprendizagens ditas académicas e socialmente úteis, mas também, “pela prática e aprendizagem da utilização criativa dos tempos livres.”

1.3.5. O Ensino Básico – Objetivos (Artigo 7º)

Na subsecção I, da secção II da LBSE, relativa aos objetivos do Ensino Básico, podemos encontrar várias referências que se manifestam no âmbito da EV. O Ensino Básico é então uma etapa na educação dos jovens que se quer para todos, assegurando uma “formação geral comum”, na qual se desenvolvam ”interesses e aptidões”, assim como “capacidade de raciocínio, memória e espírito crítico, criatividade, sentido moral e sensibilidade estética”, no sentido de lhes proporcionar uma formação pessoal, na sua dupla dimensão individual e social.

Ainda segundo o artigo 7º da LBSE, para a formação dos jovens é também sentida a necessidade de estimular aptidões, valorizando as “atividades manuais” e promovendo a “educação artística de modo a sensibilizar para as diversas formas de expressão estética, detetando e estimulando aptidões nesses domínios”, assim como assegurar a inter-relação entre o “saber e o saber-fazer, a teoria e a prática, a cultura escolar e a cultura do quotidiano”. Deste modo, o que se pretende é que sejam proporcionadas aos alunos, experiências que contribuam não só para: “a sua maturidade cívica e sócio afectiva, criando neles

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atitudes e hábitos positivos de relação e cooperação”, mas também, para a “aquisição de atitudes autónomas” que visem a “formação de cidadãos civicamente responsáveis e democraticamente intervenientes na vida comunitária”.

1.3.6. Organização do Ensino Básico (Artigo 8º)

Na organização do ensino básico, no artigo 8º da LBSE, podemos encontrar na área das artes de acordo “com o desenvolvimento etário correspondente”, objetivos específicos por ciclos:

“Para o 1º Ciclo (...) noções essenciais (...) das expressões plásticas, dramática, musical e motora; Para o 2º Ciclo, a formação artística (...) visando habilitar os alunos a assimilar e interpretar critica e criativamente a informação, de modo a possibilitar a aquisição de métodos e instrumentos de trabalho e de conhecimento que permitam o prosseguimento da sua formação, numa perspectiva do desenvolvimento de atitudes activas e conscientes perante a comunidade e os seus problemas mais importantes; Para o 3º ciclo, a aquisição sistemática e diferenciada da cultura moderna, nas suas dimensões (...) artística, indispensável ao ingresso na vida activa e ao prosseguimento de estudos, bem como a orientação escolar e profissional que faculte a opção de formação subsequente ou de inserção na vida activa, com respeito pela realização autónoma da pessoa humana.“

1.3.7. Desenvolvimento Curricular

Nas suas Disposições finais e transitórias no artigo 50º da LBSE, no seu ponto 1 alínea e), aponta à publicação em decreto-lei de legislação complementar indispensável para o desenvolvimento dos planos curriculares do ensino básico e secundário. Na organização curricular da educação escolar será tida em conta a “promoção de uma equilibrada harmonia, nos planos horizontal e vertical, entre os níveis de desenvolvimento físico e motor, cognitivo, afectivo, estético, social e moral dos alunos”.

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