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CAPITULO 2 – Desenvolvimento da Fase 1 – Representação da Figura

2.7. Aulas de Desenho de Modelo (5m) Etapa 3

Esta terceira etapa correspondeu à transição das aulas da sala de aula da turma, para a sala de Educação Visual. Esta transição requereu que se acertassem algumas regras de funcionamento da aula, “imprescindíveis num sistema educativo que visa socializar a criança” (MEIC,1976:85), quer devido às características do novo espaço/sala serem diferentes, quer por ser uma sala partilhada com outras turmas e professores.

As alterações implicaram uma maior responsabilização do aluno, pois, se por um lado, tinham mais liberdade, quer na deslocação para a sala, que se encontra noutro edifício, quer liberdade de ação dentro da sala de aula, por outro, essa liberdade podia levar a alguma desorganização.

“Há necessidade de impor certas regras, e de estas serem cumpridas. E serão os próprios alunos a reconhecerem a sua utilidade, para o funcionamento regular e sem atropelos, da aula, se o professor lhes avivar o sentimento social que lhes é inato. Estas regras implicam normas de utilização, distribuição, limpeza, arrumação e conservação do material”. (MEIC, 1976a: 84)

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Esta etapa iniciou-se então com a reorganização da sala, dispondo os estiradores em círculo criando um espaço vazio no centro para a colocação do modelo (aluno), e deixando também espaço entre os estiradores/alunos, e as paredes e janelas, de modo que durante os exercícios fosse possível passar por trás dos alunos e observar/corrigir o que ia sendo realizado pelos alunos. A disposição em círculo dos estiradores permitiu que não existissem obstáculos físicos entre o aluno e o modelo a ser desenhado.

Após a organização da sala de aula e de acertadas as normas de funcionamento da sala de aula, já com os alunos sentados nos estiradores e após terem feito dois ou três desenhos de modelo foi-lhes corrigida a postura no estirador, tendo- -lhes sido transmitido, entre outras correções, que deveriam inclinar o tampo do estirador, estar de frente para o modelo e sentar-se com os pés assentes no chão, para estarem numa postura de equilíbrio. Estas correções foram propositadamente feitas após terem sido desenhados os primeiros modelos, para que os alunos sentissem a diferença num pormenor ao qual nem sempre é dada a devida relevância.

Nesta terceira etapa do desenvolvimento do desenho da figura humana, deu-se início à parte de aplicação prática das aprendizagens mais teóricas transmitidas anteriormente. Foi dada uma aula para a realização deste primeiro exercício, na qual os alunos fizeram esboços rápidos, de 5 minutos, que tinham como principal objetivo uma primeira abordagem às regras básicas do desenho da figura humana.

“O desenho de esboço é a maneira que melhor serve a aprendizagem e o treino do desenho. Através dos esboços treinamos a nossa capacidade de observação, treinamos os nossos gestos e aprendemos a explorar os efeitos visuais do desenho.” (Ramos & Porfírio, 2012a:140).

Foram utilizados como modelo vários alunos da turma, havendo uma preocupação em escolher alunos de sexo diferente e com constituições físicas também diferentes. O material escolhido para realizarem os desenhos foram

101 como suporte, folhas de desenho A3 e como material atuante o lápis de grafite HB2 e 1B. A escolha destes materiais deveu-se ao facto dos alunos se sentirem mais familiarizados, dada já a sua insegurança natural existentes, acerca das suas capacidades para desenharem a figura humana.

“O lápis de grafite é o mais simples meio de desenho. De fácil utilização, permite uma gama variada de expressões, dependendo sobretudo, do seu grau de dureza”. (Ramos & Porfírio, 2012b:42).

Do mesmo modo, outros autores referem-se também à amplitude do lápis de grafite:

“Uma mina macia permitirá um traço profundo e aveludado com suaves efeitos tonais, enquanto uma mina dura dará um aspeto mais austero, mais rugoso” (Smith, 2004:8)

Desenhar a figura humana em diferentes poses, e num curto espaço de tempo, induz à concentração no essencial, estimulando o aluno a fazer uma rápida avaliação do que vê e a confiar nela (Simblet, 2004). A opção de começar com desenhos com um período curto de tempo, prendeu-se com o facto de obrigar os alunos a concentrarem-se no imediato no desenho, sem que lhes fosse dada hipótese de distrações.

“O desenho rápido de poses e atitudes da figura desenvolve no observador- desenhador a concentração no essencial, provocando a tomada de decisões gráficas imediatas. “ (Ramos & Porfírio, 2006:95).

Para iniciar o desenho de figura humana escolheu-se a posição sentado, para os alunos se poderem socorrer da cadeira como referência não só de proporção, mas também de perspetiva. Como refere Smith (2004:25):

“ (…) um adereço como uma cadeira, proporcionará uma estrutura útil, onde é possível calcular as proporções relativas de uma figura sentada. (...) A sua perspetiva pode servir para simplificar a estrutura de uma figura sentada. O ângulo relativamente pronunciado de onde o artista vê o seu modelo mostra de

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que modo os planos redondos da figura refletem os planos direitos da cadeira. As coxas avançam paralelas ao chão, acompanhando o assento da cadeira, enquanto que as pernas estão posicionadas na vertical, tal como as pernas da cadeira”

A quadrícula formada pelo mosaico do chão serviu também como eixos auxiliar na definição dos eixos da perspetiva. Ainda segundo Smith (2004:25), “as linhas de perspetiva no chão orientam o artista”.

Devido ao período curto de tempo que os alunos dispunham para a realização do desenho, salvo situações pontuais, as correções eram feitas não individualmente, mas para o coletivo da turma, no final de cada desenho. Estas correções exemplificadas no quadro da sala de aula tinham por base as observações dos erros mais cometidos e mais relevantes praticados pelos alunos. Assim, nesta aula, a cada desenho feito correspondia um conjunto de retificações que diminuíam de desenho para desenho. No início de cada desenho eram também feitas algumas recomendações sobre os passos a dar para a realização do desenho.

Esta aula obrigou os alunos a perceberem que o “desenho, sobretudo nos primeiros ensaios, nunca é obra do acaso e muito menos de uma inspiração mágica” (Parramón, 1994:28).

” (...) o DESENHO é o exercício básico insubstituível de toda a linguagem plástica, bem como constitui uma ferramenta essencial na estruturação do pensamento visual” (DEB, 2001:3)

Nas figuras 25, 26, 27 e 28, que se seguem, podem ver-se alguns exemplos dos trabalhos realizados pelos alunos durante esta etapa.

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Figura 25 – Desenhos de Modelo de 5 minutos – Aluno

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Figura 27 – Desenhos de Modelo de 5 minutos - Aluno

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