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A negação/aprisionamento no contexto profissional: as disposições em ação

4. O CORPO NEGADO/APRISIONADO: O “ESQUECIMENTO” DO CORPO E

4.3. A negação/aprisionamento no contexto profissional: as disposições em ação

distinção clara entre o corporal e o intelectual, valorizando nitidamente esse último. Violeta não teve a docência como primeiro trabalho, antes disso trabalhou como vendedora numa loja de brinquedos. Apesar da ligação mais aparente entre uma loja de brinquedos e o trabalho de um pedagogo, para a maioria das pessoas, ser o caráter lúdico possível em ambas as situações, para Violeta a proximidade entre os dois trabalhos seria a de fazer contas, e portanto a ligação com

o ser “professora de matemática”. Pode-se inferir que, para Violeta, seria mais fácil a

associação com a docência de uma disciplina específica (no caso a matemática, algo bastante intelectual para o senso comum) do que com a pedagogia, algo que de certa forma ocupa um lugar inferior na hierarquia da docência para o senso comum.

O desgosto com a profissão é latente nas manifestações verbais e nas práticas de Violeta. A professora atribuía todos os problemas de aprendizagem a fatores de várias ordens tais como psicológica, fonoaudiológica, social, mas nunca pedagógicos. De acordo com a docente, o aluno era aprovado mesmo sem saber ler, aí passava para o ano seguinte sem aprender e isso causaria a indisciplina devido ao suposto desinteresse do aluno. Esse problema acabaria se transformando numa cascata de problemas porque com comportamentos inadequados em classe o aluno novamente não aprenderia e um novo ciclo teria início. A alternativa encontrada pela professora era o encaminhamento do aluno para as aulas de reforço ou para outros tipos de atendimento escolar,

“Por mais que você esforce, faça um trabalho individual com essa criança, não! Aí a gente encaminha, aí sempre vem aquele retorno: não tem vaga, não tem vaga! Então pra que que existe orientadora pedagógica, orientadora educacional, pra quê fono, pra quê psicólogo se nunca podem ajudar as crianças? Estão sempre ocupados, então a educação tem que pôr mais profissional nessa parte do que retirar, que nem tão retirando, tão exonerando psicólogo, isso, aquilo! Não pode gente! Eu acho que a gente tem que começar com essas criança [sic] na

pré-escola. Ele já tem que ser encaminhado na pré-escola, problema de fono ou psicológico, por que? Quando chegar aqui já tem meio caminho andado, entendeu? (Violeta, 2013)

Essa dificuldade de enfrentar os problemas da situação de ensino e aprendizagem, de reconhecer que muitas vezes as situações podem ser resolvidas na própria sala de aula, de atribuir à indisciplina a grande culpa pelo fracasso escolar, pode muito bem estar relacionada com o processo de negação do corpo vivido por Violeta. Ao negar o seu corpo, ela negava também os corpos dos alunos, era um duplo processo de negação. Ao encontrar situações que reforçavam suas percepções de que a indisciplina dos alunos seria gerada pelo fracasso escolar e acabaria por se tornar sua própria geradora, Violeta acabava adentrando num caminho fecundo de reforço de disposições.

Toda a situação familiar vivida por Violeta na infância e na adolescência, além da sua experiência no contexto escolar como aluna, deram origem à crença de que o corpo é o grande vilão dos obstáculos encontrados na vida. É por causa do corpo mal controlado que o insucesso se apresenta. Quando o corpo é obediente e segue as normas ditadas pela razão, o sucesso é praticamente garantido. Essa era a teoria de Violeta. Esse era o grande núcleo do habitus que a movia na vida e na profissão. Seu discurso estava impregnado dessa teoria e consequentemente sua prática externalizava esquemas de ação que correspondiam a essa teoria. É bastante elucidativo e compreensível o ensinamento de Bourdieu no trecho a seguir na relação entre o habitus de Violeta e as regras do campo educacional escolar:

A crença prática não é um “estado de alma” ou, ainda menos, uma espécie de adesão decisória a um corpo de dogmas e doutrinas instituídas (“as crenças”), mas, caso se permita a expressão, um estado de corpo. A doxa originária é essa relação de adesão imediata que se estabelece na prática entre um habitus e o campo ao qual ele é atribuído, essa experiência muda do mundo como algo evidente que o senso prático oferece. A crença em atos, inculcada pelos aprendizados primários que, de acordo com uma lógica tipicamente pascaliana, tratam o corpo como um “lembrete”, como um autômato “que arrebata o espírito sem que esse se aperceba” e também como um depósito no qual são conservados os valores mais preciosos, é a forma por excelência dessa espécie de “pensamento cego ou ainda simbólico” (cogitatiocaecavelsymbolica) que Leibniz fala ao pensar primeiramente na álgebra e que é o produto de disposições quase corporais, esquemas operatórios, análogos ao ritmo de um verso cujas palavras foram perdidas, ou ao longo de um discurso que se improvisa, procedimentos transponíveis, voltas, truques, avanços ou atalhos que engendram mediante a virtude da transferência de inúmeras metáforas práticas, sem dúvida quase tão “vazias de percepção e sentimentos” quanto os “pensamentos surdos” do algebrista.” (BOURDIEU, 2009, pp. 112-113, grifos do autor)

É esse “estado de corpo” de que fala Bourdieu que se apresenta em sala de aula no trabalho do professor. Por mais que Violeta tentasse negar o seu corpo, por mais que ela tentasse mantê-lo aprisionado e por conseguinte a tentativa ultrapassava os limites do seu corpo e tentava

dominar o corpo dos alunos também, essa própria negação já era um “estado de corpo”. Eram seus pensamentos cegos e surdos que agiam em sala de aula e interagiam com os alunos.

A própria auto imagem elaborada por Violeta enquanto professora, que unia no mesmo ente a bruxa e a mãe, nada tinha de contraditória. Ela orgulhava-se, todo o tempo, de ser chata porque sendo chata acreditava inculcar valores e normas morais em seus alunos (valores e normas considerados por ela essenciais ao sucesso na escola e na vida) e ao mesmo tempo dizia ser muito mãe dos seus alunos porque cabe à mãe (na visão de Violeta) esse papel de educar moralmente, pois assim foi a experiência dela quando criança. Ao ser questionada sobre quais características suas seriam iguais as dos seus colegas, Violeta respondeu de forma categórica:

PESQUISADORA: “Em que você se acha igual aos seus colegas?”

VIOLETA: “eu nada!” [risos]

PESQUISADORA: “a professora Violeta, o que que tem de comum com as outras

professoras?”

VIOLETA: [3 segundos de silêncio] PESQUISADORA: “nada?”

VIOLETA: “eu não me vejo assim...” [5 segundos de silêncio] “elas têm outra forma de pensar, minha forma de pensar é outra. A minha forma de pensar é: ajudar o aluno, que nem eu te falei, elas, o modo delas de pensar é financeiramente, não é que eu não precise do dinheiro, eu preciso...”

PESQUISADORA: “claro!”

VIOLETA: “se eu não precisasse não estava trabalhando.” PESQUISADORA: “hã, hã...”

VIOLETA: “mas isso aí vem bem lá pro final, entendeu?” [4 segundos de silêncio] “pode ser até a I.” [cita uma professora da mesma escola] “de eu me considerar assim, próximo, porque ela age da mesma forma que eu, nem em tudo, mas, ela é advogada também né” [eleva tom de voz exaltando a afirmação], “mas assim, com ela ainda dá pra conciliar alguma coisa, agora o resto nem pensar, nem pensar...”

PESQUISADORA: “não tem essa...”

VIOLETA: “é diferente, muito distante, a gente briga...”

PESQUISADORA: “hã, hã...”

VIOLETA: “quando ficamos num assunto, eu pego no pau [sic] porque tem muita coisa que eu não aceito, “ah, mas é assim, é liberal, é não sei o que”, não! É liberal coisa nenhuma, por isso o país tá nesse caos aí...”

PESQUISADORA: “hum, hum...”

VIOLETA: “então se tiver uma revolução eu vou, vão me ver lá no meio” [risos] PESQUISADORA: “vai estar encabeçando né?” [risos]

VIOLETA: “você vai me ver sendo presa, já pensou eu indo assim” [gesticula imitando estar algemada].

Um fato merece grande destaque novamente na manifestação de Violeta: a única professora com a qual ela se identificou foi justamente uma professora que também era advogada, e isso foi muito enfatizado pelo tom de voz de Violeta. O que isso significa? Em linhas podem ser pensadas três relações: a) a professora pertence também a outro campo profissional além da docência, e isso para Violeta tinha grande valor porque a negação da atividade docente era constante em suas manifestações; b) infere-se, inevitavelmente por toda a trajetória e por todos os dados trazidos pela própria Violeta e também pelas observações em sala de aula, que a associação com a imagem da advogada seria fruto de uma crença na advocacia como a profissão por excelência das regras, das normas e finalmente c) a profissão do advogado tem alto prestígio social mesmo nos dias atuais; o glamour e o status de poder e correção de conduta que conferem a imagem do advogado sem dúvida pesaram nessa identificação da professora Violeta.

Nessas três circunstâncias citadas acima, o valor dado ao intelectual é infinitamente maior do que o valor dado ao corporal. Essa hipótese é reforçada ainda por todas as referências desdenhosas que Violeta fez às aulas de Educação Física, lócus por excelência do trabalho com o corpo. Por que Violeta não se identificou com os professores de Educação Física, por exemplo? Por que todas as vezes que fez admoestações aos alunos por estarem indisciplinados disse que lugar de brincadeiras é no recreio ou nas aulas de Educação Física? Certamente porque para Violeta a Educação Física trabalha com o corpo e, portanto, não merece status equiparado ao que ela realiza (ou acha realizar) em sala de aula. Em todas as três circunstâncias citadas no parágrafo anterior o corpo é negado, silenciado. Entenda-se bem, que essa negação e silenciamento ocorrem apenas na visão de Violeta; é evidente que o trabalho do advogado envolve e muito o trabalho com o corpo, mas essa constatação não faz parte do senso comum.

Ainda, a partir do excerto de entrevista citado anteriormente pode-se depreender uma visão importante de Violeta: a de se fazer uma revolução para impor a ordem, para ir contra o comportamento liberal. E, por fantasiar estar presente numa revolução, Violeta fantasiou a cena em que seria presa e algemada por ter ido contra o que estava imposto. Ou seja, a imagem da

algema simboliza mais uma vez o cerceamento do corpo, o aprisionamento do corpo sofrendo as sanções motivadas pela rebeldia da razão.

Ao corpo, mesmo de crianças tão pequenas como as que estão em processo de alfabetização, o espaço é cada vez mais reduzido. Ao iniciar sua carreira docente, Violeta atuou no primeiro ano e, apesar das crianças nem encostarem os pés no chão quando sentavam nas cadeiras, conforme relato de Violeta, tinham que escrever já na primeira aula. A essas crianças era oferecido um caderno com linhas verdes, próprios para alfabetização utilizados na escola até a década de 1980, que pretensamente delimitavam o espaço da escrita para crianças que mal podiam adaptar seu corpo ao espaço disponível à aprendizagem nas cadeiras. Essas crianças recebidas por Violeta no início de sua carreira docente, eram alunos ideais, porque eram todas “nota 10” segundo classificação feita por Violeta. E eram nota 10 porque suas mães eram presentes no processo educativo da escola, porque a família se interessava pelo aprendizado e cobrava da criança uma resposta positiva aos ditames da escola. Como se vê, na visão de Violeta, todas as mazelas da educação têm endereço longe da sala de aula.

Esse corpo, pobre corpo, é tão negado e silenciado por Violeta que ela nem mesmo tinha ideia de como era sua presença física em sala de aula. O alargado tempo de silêncio decorrido para que a professora respondesse à essa questão foi muito esclarecedor. E mesmo refletindo sobre o assunto, ela não respondeu à questão como pode ser visto no excerto abaixo:

PESQUISADORA: “Como você pode caracterizar sua presença física em sala de aula? Como você se percebe em sala de aula corporalmente?”

VIOLETA: [4 segundos de silêncio] “não sei.” [3 segundos de silêncio] “eu tinha que ter um espelho” [risos]

PESQUISADORA: “é difícil pensar sobre isso né?” [risos]

VIOLETA: “tinha que ter um espelho aqui [risos], por isso que todas as escolas infantis têm um espelho enorme...”

PESQUISADORA: “tem um espelhão...”

VIOLETA: “nós não podemos colocar porque os vândalos da classe quebram né?” PESQUISADORA: “é, não vai durar um dia né?”

VIOLETA: “é, é difícil responder essa, eu vou deixar em branco”, [olha pra porta e vê

que se aproxima uma mulher e fala pra mim cobrindo a boca] “hum, a casa do menor” [a

mulher que se aproximava era a representante da casa do menor, e ia à reunião porque há

crianças de lá que estudam na escola], “vou deixar em branco, pode?”

VIOLETA: “é difícil.”

[As duas se cumprimentaram e conversaram um pouco]

A percepção do próprio corpo em aula era um desafio para Violeta e isso é frequente nas sociedades individualistas ocidentais. “O corpo parece óbvio. Mas a evidência é frequentemente o mais curto caminho do mistério.” (LE BRETON, 2011, p. 8). O corpo se tornou símbolo de status e poder, terreno fecundo para o consumismo e as intervenções (cirúrgicas ou não) que aproximem o máximo possível o corpo real do corpo utópico imaginado pelo homem. Acontece que pessoas como Violeta – que possuem um corpo bastante distante do padrão exacerbado pela mídia e pela sociedade – lutam desenfreadamente para chegarem ao padrão pretendido, ou assumem uma postura como a da professora de negar o próprio corpo numa tentativa falsa de rebeldia contra o padrão imposto, ou de fato têm consciência da arbitrariedade do sistema de inculcação de valores e conseguem escapar um pouco do seu poder – grupo que constitui minoria extrema. Le Breton traz interessante reflexão sobre situações como a da professora ao estabelecer uma relação entre as sociedades ocidentais, portanto traço de cultura a se levar em conta em outros casos além do de Violeta:

Pode-se facilmente mostrar que as sociedades ocidentais permanecem fundadas no apagamento do corpo que se traduz em numerosos ritualismos dispensados ao longo das situações da vida cotidiana. Um exemplo entre outros do apagamento ritualizado: a prevenção do contato físico com o outro, contrariamente a outras sociedades nas quais tocar o outro é, na conversação corrente, por exemplo, uma das estruturas elementares da sociabilidade. (LE BRETON, 2011, p. 11)

Ora, a professora Violeta em vários momentos demonstrou com atitudes, ou relatou em seu discurso, que não gostava desse contato físico, que não gostava de ser tocada, e ao falar sobre isso falava com expressão de desdém, de nojo até. Talvez porque o toque a fizesse lembrar de que seu corpo existe, melhor ainda, de que sua existência é o seu corpo em si e isso a perturbava porque tudo o que é desconhecido incomoda, desequilibra. Violeta prefere sua zona de conforto, pois ao negar o corpo ela se sentia segura simplesmente porque sempre foi assim, porque sua educação criou nela, usando o corpo para isso, por incrível que pareça disposições para esse “apagamento” do corpo.

A negação do corpo também foi presenciada pelo modelo de aula da professora Violeta. Na maior parte das vezes, a professora ficava escrevendo na lousa virada de costas para os alunos. Não havia interação nesses momentos, aos alunos era definido o papel de meros copiadores e à professora o papel de escriba. Alguns alunos copiavam a lição, outros conversavam entre si, alguns se distraíam desenhando ou brincando com os lápis e outros até mesmo dormiam com a cabeça baixa na mesa. E Violeta de forma impassível, continuava de

costas escrevendo na lousa. A cena foi representada abaixo para que se tenha uma visão mais completa do contexto.

Figura 2: Imagem representativa das aulas da professora Violeta

Fonte: desenho elaborado pela autora

Quem sabe seja esse um dos grandes impasses da educação? Como negar o corpo em uma atividade em que tantos corpos estão juntos por tanto tempo num espaço físico reduzido? Como inculcar nas gerações mais novas esses valores de apagamento do corpo, com a atuação da mídia criando contradições diárias por estar cada vez mais exaltando um padrão único de beleza e de saúde exuberante? O professor que não consegue lidar minimamente com essas situações adoece. Essa é uma grande verdade do século XXI. A própria Violeta mostrava sinais desse adoecimento do corpo, mostrando as caixas de medicamentos que estava usando no período das observações. Seu desequilíbrio emocional era evidente para qualquer leigo no assunto. Há uma passagem do livro de Bertherat (2010, p. 141) que é fantástica para expressar isso:

Ser professor não supõe que se conheça antes de tudo um certo número de coisas sobre si mesmo? Ao apresentar-nos diante de um grupo de alunos, expomo-nos não apenas a ser escutados, mas a ser vistos, sentidos e até tocados. Apresentamos o nosso corpo e tudo o que ele revela sobre nossa vida. Se considerarmos os alunos como algo além de máquinas gravadoras de nossas palavras, o trabalho que fazemos terá que ser um

corpo-a-corpo. (Por que ainda costumamos chamar a conversa de duas pessoas de

tête-à-tête em vez de “corpo-a-corpo”?). O corpo docente é antes de tudo o corpo de

cada professor. O saber que o professor propõe é, certamente, o que ele aprendeu através da reflexão, mas também, e simultaneamente, através da experiência de seu corpo. Se o professor não tiver consciência de sua presença corporal, os alunos de hoje logo lhe farão sentir que não estão lá a fim de aprender o que ele lhes conta, mas para apanhar o que ele amadureceu, os frutos de sua experiência. O corpo do professor é uma espécie de árvore do conhecimento.

Ainda segundo Bertherat (2010) se o professor ignora seu corpo, muito provavelmente ignorará o de seus alunos e somente será capaz de oferecer aos alunos palavras, o que a autora chama de “ismos”. E não é exatamente isso que acontecia com Violeta? Ela negava seu corpo, o ignorava e tentava apagar os corpos de seus alunos, oferecendo apenas um discurso repetitivo e moralizante que pouco surtia efeito naqueles que a ouviam. Pouco surtia efeito justamente por ser um discurso de alguém que não se mostrava por inteiro para os seus alunos, ou quando mostrava algo relacionado ao corpo era algo negativo, que servia para coerção, moralizante.

É possível verificar, neste capítulo, certa coincidência entre os dados obtidos e os relatados por Araújo (2004) em sua pesquisa com alunos maiores. Foi extremamente importante a leitura do artigo no momento inicial da pesquisa, conforme relatado no primeiro capítulo, para a construção do objeto, que vem se alargando e aprofundando aqui sobre a cisão entre mente e corpo. Cotejando os dados obtidos nesta pesquisa e os citados na pesquisa dessa autora a partir das manifestações dos professores sobre sua própria docência, verifica-se o valor atribuído pelos docentes a essa dualidade e o peso superior da mente sobre o corpo, sem a percepção do peso real deste no conjunto da ação. Tais dualismos apareceram também na pesquisa de Dourado et al (2008) apesar da baixa densidade de estudos sobre o tema, dado que também reforçou a justificativa desta pesquisa. É uma fragmentação presente nas pesquisas sem que tenha sido objeto específico de estudo em um período de 12 anos, conforme relatado aqui no primeiro capítulo.

5. O CORPO ALVO DE PRECONCEITOS: PADRÕES E ESTEREÓTIPOS