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1.3 AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.2.2 Os processos de suporte

2.2.2.9 A observância dos deveres e proibições funcionais

O magistrado também deve zelar para que os funcionários, estagiários e, se for o caso, voluntários de seu gabinete observem e respeitem todos os deveres e proibições legais e administrativas que se aplicam aos cargos que eles ocupam ou funções que exercem.

As restrições de ordem legal são aquelas que constam na Lei Complementar nº 10.098105, de 03.02.1994, do Rio Grande do Sul – que é o estatuto do funcionário público estadual. Por oportuno, transcrevemos os artigos 177 e 178 do texto legal, que apontam os deveres e proibições dos servidores públicos, entre os quais os assessores e o secretário do gabinete se enquadram:

Art. 177 - São deveres do servidor:

I - ser assíduo e pontual ao serviço;

II - tratar com urbanidade as partes, atendendo-as sem preferências pessoais; III - desempenhar com zelo e presteza os encargos que lhe forem incumbidos, dentro de suas atribuições;

IV - ser leal às instituições a que servir;

V - observar as normas legais e regulamentares;

VI - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; VII - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; VIII - atender com presteza:

a) o público em geral, prestando as informações requeridas que estiverem a seu alcance, ressalvadas as protegidas por sigilo;

b) à expedição de certidões requeridas, para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal;

c) às requisições para defesa da Fazenda Pública;

IX - representar ou levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que tiver conhecimento, no órgão em que servir, em razão das atribuições do seu cargo;

105 RIO GRANDE DO SUL. Lei Complementar nº 10.098, de 03 de fevereiro de 1994. Disponível em: <http://www.al.rs.gov.br/legiscomp/arquivo.asp?Rotulo=LeiComplementarnº10098&idNorma=527&tipo=pd f> . Acesso em: 27 fev. 2009.

X - zelar pela economia do material que lhe for confiado e pela conservação do patrimônio público;

XI - observar as normas de segurança e medicina do trabalho estabelecidas, bem como o uso obrigatório dos equipamentos de proteção individual (EPI) que lhe forem confiados;

XII - providenciar para que esteja sempre em dia no seu assentamento individual, seu endereço residencial e sua declaração de família;

XIII - manter espírito de cooperação com os colegas de trabalho; XIV - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.

§ 1º - A representação de que trata o inciso XIV será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.

§ 2º - Será considerado como co-autor o superior hierárquico que, recebendo denúncia ou representação a respeito de irregularidades no serviço ou de falta cometida por servidor, seu subordinado, deixar de tomar as providências necessárias a sua apuração.

Art. 178 - Ao servidor é proibido:

I - referir-se, de modo depreciativo, em informação, parecer ou despacho, às autoridades e a atos da administração pública estadual, podendo, porém, em trabalho assinado, criticá-los do ponto de vista doutrinário ou da organização do serviço;

II - retirar, modificar ou substituir, sem prévia permissão da autoridade competente, qualquer documento ou objeto existente na repartição;

III - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato;

IV - ingerir bebidas alcoólicas durante o horário de trabalho ou drogar-se, bem como apresentar-se em estado de embriaguez ou drogado ao serviço; V - atender pessoas na repartição para tratar de interesses particulares, em prejuízo de suas atividades;

VI - participar de atos de sabotagem contra o serviço público;

VII - entregar-se a atividades político-partidárias nas horas e locais de trabalho;

VIII - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço;

IX - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; X - exercer ou permitir que subordinado seu exerça atribuições diferentes das definidas em lei ou regulamento como próprias do cargo ou função, ressalvados os encargos de chefia e as comissões legais;

XI - celebrar contrato de natureza comercial, industrial ou civil de caráter oneroso, com o Estado, por si ou como representante de outrem;

XII - participar de gerência ou administração de empresa privada, de sociedade civil ou exercer comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário, salvo quando se tratar de função de confiança de empresa, da qual participe o Estado, caso em que o servidor será considerado como exercendo cargo em comissão;

XIII - exercer, mesmo fora do horário de expediente, emprego ou função em empresa, estabelecimento ou instituição que tenha relações industriais com o Estado em matéria que se relacione com a finalidade da repartição em que esteja lotado;

XIV - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge ou parente até o segundo grau civil, ressalvado o disposto no artigo 267;

XV - cometer, a pessoas estranhas à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de encargos que competirem a si ou a seus subordinados;

XVI - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se à associação profissional ou sindical, ou com objetivos político-partidários;

XVII - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em atividades particulares ou políticas;

XVIII - praticar usura, sob qualquer das suas formas;

XIX - aceitar representação, comissão, emprego ou pensão de país estrangeiro;

XX - valer-se do cargo ou função para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade do serviço público;

XXI - atuar, como procurador, ou intermediário junto a repartição pública, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau e do cônjuge;

XXII - receber propinas, comissões, presentes ou vantagens de qualquer espécie, em razão de suas atribuições;

XXIII - valer-se da condição de servidor para desempenhar atividades estranhas às suas funções ou para lograr, direta ou indiretamente, qualquer proveito;

XXIV - proceder de forma desidiosa;

XXV - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho.

§ 1º - Não está compreendida na proibição dos incisos XII e XIII deste artigo a participação do servidor na presidência de associação, na direção ou gerência de cooperativas e entidades de classe, ou como sócio.

§ 2º - Na hipótese de violação do disposto no inciso IV, por comprovado motivo de dependência, o servidor deverá, obrigatoriamente, ser encaminhado a tratamento médico especializado.

Já as restrições de ordem administrativa, decorrem de normas internas do Tribunal, entre as quais podemos destacar o Ato nº 11/2004-P106. Por sua relevância, transcrevemos os seguintes artigos do mencionado Ato, quanto ao uso dos equipamentos de informática, redes Internet e Intranet e correio eletrônico, que devem ser cumpridos por todos os colaboradores do gabinete:

Art. 6º.Aos usuários compete: I - zelar pela sigilação de sua senha;

II - zelar pela segurança das informações, fechando ou bloqueando as telas de programas ou sistemas quando não os estiver utilizando;

III - comunicar imediatamente ao Departamento de Informática qualquer suspeita de que estejam sendo executados atos em seu nome, utilizando seu

login e senha de acesso;

IV - zelar pela segurança da infra-estrutura de rede do Poder Judiciário, certificando-se da inexistência de vírus em disquetes, CD‟s ou dispositivos afins antes da sua efetiva utilização.

Art. 7º.É considerado uso indevido dos recursos de informática, sujeito a penalidades:

I - fornecer, por qualquer motivo, seu login e senha de acesso para outrem;

106 RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Ato nº 11/2004-P, de 29 de abril de 2004. Disponível em: <http://www.tj.rs.gov.br/legisla/publ_adm_xml/result.php>. Acesso em: 26 fev. 2009.

II - utilizar o login e a senha de outrem para utilização de recursos de informática, como sistemas, Internet, Intranet e Correio Eletrônico.

Art. 12.A utilização dos equipamentos de informática deve limitar-se exclusivamente às atividades inerentes à atividade jurisdicional ou administrativa, sendo vedada a sua utilização para outros fins.

Art. 14.É considerado uso indevido dos Equipamentos de Informática, sujeito a penalidades:

I - alterar as configurações dos equipamentos, salvo autorização expressa da Administração do Tribunal, via Departamento de Informática;

II - instalar qualquer tipo de equipamento ou software não contratados ou cadastrados pelo Tribunal, salvo por intermédio do Departamento de Informática e mediante a comprovação do licenciamento de uso ou propriedade, em nome próprio do usuário e com a expressa autorização da Administração;

III - utilizar a rede elétrica estabilizada para ligação de outros utensílios, porquanto destinada exclusivamente à conexão dos equipamentos de informática.

Art. 20.É considerado uso indevido da Internet, sujeito a penalidades: I - acesso a sites não relacionados às atividades jurisdicionais ou administrativas;

II - o download de arquivos alheios às atividades jurisdicionais e administrativas;

Art. 24.É considerado uso indevido da Rede Local e da Intranet, sujeito a penalidades:

I - manter armazenados na rede local arquivos que não estejam relacionados às atividades jurisdicionais ou administrativas;

II - arquivos de imagem, áudio e vídeo que só poderão ser utilizados quando em objeto de serviço, devendo ser armazenados em formato compactado, mediante orientação do Departamento de Informática;

III - utilizar os recursos da Intranet (links de comunicação) para transferência de arquivos que não estejam relacionados às atividades jurisdicionais ou administrativas.

Art. 25.Cada usuário, a critério da Administração e de acordo com a necessidade de serviço, terá acesso a uma caixa postal de correio eletrônico identificada pelo seu login e sua senha, de uso pessoal e intransferível. Parágrafo único – As caixas postais de correio-eletrônico disponibilizadas aos usuários somente poderão ser utilizadas para transmitir e receber informações relacionadas às atividades jurisdicionais ou administrativas. Art. 28.É considerado uso indevido do serviço de Correio Eletrônico, sujeito a penalidades:

I - tentativa de acesso não-autorizado às caixas postais de terceiros;

II - envio de informações sensíveis, classificadas ou proprietárias, inclusive senhas, para pessoas ou organizações não-autorizadas;

III - envio de material obsceno, ilegal ou não-ético, comercial, pessoal, de propaganda, mensagens do tipo corrente, entretenimento, spam (envio de mensagem não solicitada), propaganda política e hoax (mensagens enganosas);

V - envio de mensagens contendo vírus ou qualquer forma de rotinas de programação prejudiciais ou danosas às estações de trabalho e ao sistema de correio; e

VI - outras atividades que possam afetar de forma negativa o Poder Judiciário, seus servidores, fornecedores ou parceiros.

Art. 29.O usuário identificado como infrator de alguma das disposições deste Ato poderá ter seu login bloqueado, considerado o interesse da Administração, a partir da solicitação para instauração de processo administrativo disciplinar, podendo o bloqueio perdurar durante o trâmite da sindicância ou inquérito administrativo, sempre dada ciência à chefia imediata para reorganização das tarefas.

Art. 30.O descumprimento das disposições contidas neste Ato poderá caracterizar infração funcional, a ser apurada em processo administrativo disciplinar.

Basicamente, essas são as normais legais e administrativas a que estão submetidos os colaboradores do gabinete do magistrado. Consideramos, assim, que a este cumpre a fiscalização direta quanto à sua observância, adotando as medidas corretivas e de encaminhamento às instâncias devidas para a apuração de eventuais violações, quando for o caso.

Não obstante, antes de tudo, recomendamos que o magistrado oriente e esclareça de forma clara e transparente os funcionários e demais colaboradores a respeito dessa normatização. Em reuniões de trabalho, além da discussão dos assuntos atinentes à atividade jurisdicional propriamente dita, pode o magistrado aproveitar também para esclarecer acerca das proibições e devedores acima mencionados, o que pode ter um efeito pedagógico e preventivo.