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6. As interações entre as representações sobre o IALA Amazônico e Agroecologia,

6.4 A participação democrática na construção permanente do IALA Amazônico

O IALA Amazônico é um projeto da Via Campesina, que articula várias organizações e movimentos sociais que lutam contra o projeto hegemônico onde impera a lógica capitalista e contra a exclusão social que é "resultado lógico e natural do desenvolvimento modernizador numa sociedade onde o acesso aos benefícios está desigualmente repartido" (BORDENAVE, 1989, p.19). Esses movimentos sociais buscam a participação política da população como uma forma de diminuir a concentração do poder de decisão que está na mão de poucas pessoas.

Ao mesmo tempo, que esses movimentos sociais contestatórios promovem intervenções e reivindicam mais espaços de participação na sociedade, também buscam ser espaços onde é possível vivenciar a participação democrática, "aprender democracia, com a própria existência dela [...] na verdade, se há saber que só se incorpora ao homem experimentalmente, existencialmente, este é o saber democrático." (FREIRE, 1967, p. 92).

Segundo Pateman (1992, p. 45) os teóricos da democracia participativa defendem que existem inter relações e conexões entre os indivíduos, "suas qualidades e características psicológicas" e os tipos de instituições, de tal forma que "a ação social e política responsável depende em larga medida dos tipos de instituições no interior das quais o indivíduo tem de agir politicamente."

Nesse sentido, no livro "Educação como prática da liberdade", Paulo Freire (1967) escreve sobre a nossa "inexperiência democrática" e faz uma análise sobre como a constituição histórica da sociedade colonial brasileira escravocrata não criou condições para o exercício do diálogo democrático. Segundo Freire (1967, p.66)

Realmente o Brasil nasceu e cresceu dentro de condições negativas às experiências democráticas. O sentido marcante de nossa colonização, fortemente predatória, à base da exploração econômica do grande domínio, em que o 'poder do senhor' se alongava 'das terras às gentes também' e do trabalho escravo inicialmente do nativo e posteriormente do africano, não teria criado condições necessárias ao desenvolvimento de uma mentalidade permeável, flexível, característica do clima cultural democrático, no homem brasileiro

Embora no IALA Amazônico se busque experimentar outras formas de organização social pautadas pela autonomia dos sujeitos, desconstruir as concepções da sociedade colonial escravocrata tão impregnadas na cultura brasileira é uma tarefa que demanda tempo. Como envolve muitos elementos subjetivos e que, como fazem parte da nossa cultura, são considerados como naturais, e o trabalho de desnaturalizá-los, isto é, de mostrar que são socialmente construídos é um processo lento.

A postura "mandonista" tem raízes na sociedade colonial escravocrata brasileira, onde os senhores, que eram donos "de terras e de gente", mandavam e suas ordens deviam ser cumpridas, sem questionamentos (FREIRE, 1967). Essa postura ainda aparece nas experiências coletivas e democráticas, principalmente em relação à definição do papel dos coordenadores e das coordenadoras de grupo, como por exemplo, no caso dos coordenadores ou coordenadoras dos Núcleos de Base (NB), que pode ser confundido como chefe ou "dono" do grupo, como explicou a educanda Dandara

Eu acho que o coordenador, ele tem o papel de auxiliar, de ajudar os outros companheiros do NB (Núcleo de Base). O coordenador não está acima de todos, ele não está. Ele é o manda-chuva que manda e tal? Não! Ele está ali para auxiliar, para ajudar. Para tipo assim, está tendo um probleminha, ele vai lá, digamos, resolver, só que na conversa. Que não é o que está acontecendo no meu NB ultimamente, né? Com relação ao coordenador, mas isto não vem ao caso. Ai, o coordenador, ele está para ajudar, ele não é uma pessoa que vai por regra, só ditar, não! Ele vai fazer com a gente, construir com a gente, até porque o coordenador, ele também é do NB, ele também é um dos outros militantes. Ele está justamente para ajudar e não para mandar. Por que tem pessoas que pensam assim: sou coordenador, vou mandar!

Para Dandara, o papel de quem está na coordenação se aproxima de uma função de facilitar os processos, de articular o grupo para resolver os problemas coletivos. A educanda aponta para o diálogo como uma forma de intervenção do coordenador em contraposição à postura "mandonista", em que o coordenador assume o papel de "manda- chuva", que dita regras e estabelece relações hierárquicas, atrapalhando com isso o funcionamento do Núcleo de Base.

Entretanto, há outro risco, como explica Paulo Freire, (1996, p. 104) "Inclinados a superar a tradição autoritária, tão presente entre nós, resvalamos para formas licenciosas de comportamento e descobrimos autoritarismo onde só houve o exercício legítimo da autoridade". A permissividade nasce do receio de se tornar autoritário ou se tornar autoritária ao cercear a liberdade de outras pessoas. Segundo Paulo Freire, (1996, p. 108),

É interessante observar como, de modo geral, os autoritários consideram, amiúde, o respeito indispensável à liberdade como expressão de incorrigível espontaneísmo e os licenciosos descobrem autoritarismo em toda manifestação legítima da autoridade. A posição mais difícil, indiscutivelmente correta, é a do democrata, coerente com seu sonho solidário e igualitário, para quem não é possível autoridade sem liberdades e esta sem aquela.

Perceber o limite entre exercer o papel de autoridade sem, contudo ser autoritário ou ser autoritária é um exercício que requer muita clareza do que é cada um desses conceitos e também como é um exercício tem que necessariamente ter vivência, experiência prática.

As formas autoritárias, permissivas e de autoridade estão baseadas em uma concepção de liberdade e de processos participativos. A ideia burguesa de liberdade que está relacionada com a liberdade do indivíduo consumidor que, tendo condições econômicas de comprar, adquire também seus direitos de consumidor. Essa concepção reforça o individualismo, segundo Juciley Freire (2011, p. 67),

Em sua origem, a ideia de democracia, segundo Horkheimer (2002), assim como a de igualdade, liberdade e justiça, estavam ligadas aos processos sociais concretos e ao entendimento do homem como ser social. Como o processo histórico de mudanças socioeconômicas que culminaram na ascensão da burguesia à classe dominante, a concepção de democracia supera os ideais democráticos da antiguidade dando a estes novos conteúdos e significações, ajustados ao novo modo de reprodução do metabolismo social. Esses ideais foram esvaziados de sentido humano e tomados por valores de caráter pragmático e individualista. (...).

Nesse processo histórico ocorreu a invisibilidade dos deveres dos cidadãos e sua responsabilidade com o tecido social, pois exercer o direito de ser consumidor não exigiria nenhuma reflexão sobre o impacto daquela ação para outras pessoas. Juciley Freire (2011, p. 49) afirma "no desenvolvimento subsequente da teoria liberal, o mercado de trocas irá aparecer como uma entidade capaz de propiciar a liberdade dos indivíduos a partir da satisfação das suas necessidades econômicas." Como resultado dessa forma de organização baseada apenas em fatores econômicos, quem não tem recursos financeiros não tem liberdade, dessa forma, esse direito humano fica restrito apenas aos humanos que podem pagar. Nesse contexto, a própria democracia torna-se debilitada, pois as pessoas deixam de ter direitos iguais.

Segundo Rousseau (apud Pateman, 1992) a democracia participativa só seria possível em uma sociedade em que as pessoas possuíssem condições econômicas

semelhantes, que não houvesse profundas desigualdades econômicas e sociais. A independência econômica é um elemento importante na teoria de Rousseau, que defendia que todos indivíduos deveriam ter uma propriedade que garantisse sua segurança. Porém, ao mesmo tempo em que os homens deveriam ser proprietários eles deveriam ser interdependentes.

Dessa forma, a liberdade pensada pela perspectiva democrata tem outra dimensão por que leva em consideração a vida em grupo. A liberdade não é o direito de cada indivíduo fazer o que quiser mas ela se pauta pelo bem comum, pela Vontade Geral que limita a liberdade individual (ROUSSEAU, 2001). A dirigente Dina Teixeira explica essa perspectiva democrática, que busca o bem comum e coletivo, da seguinte maneira:

Tem gente que se forma mas não para empregar o que tem de melhor no ser humano, daquilo que nós somos, que melhor somos capazes de produzir. (...) apostar no melhor do que a gente pode dar nessa construção. Quando a gente fala assim, que quer dar o melhor do que a gente pode dar na construção, você nunca pensa para si, você já pensa imaginando os outros que estão junto com você, ou ao redor de você. Então, para nós esse trabalho permanente nos ajuda a tentar instigar nessa busca de fazer com que as pessoas possam se enxergar mas também enxergar o outro.

Dessa maneira, a preocupação com o coletivo se expressa tanto na luta contra as desigualdades sociais produzidas pelo Capitalismo, como também na prática cotidiana, que devem também ser inspiradas no bem comum.

Para Rousseau (apud Pateman, 1992) as leis devem ser resultado da Vontade Geral do povo e são as leis que servem como guia das ações que levam ao bem comum. As leis devem expressar os princípios básicos que garantam o bem estar das pessoas e são elas que vão cercear aos interesses individuais que sejam contrários ao bem comum.

Segundo o Brigadista Lourival Paulino "(....) o regimento interno é super recente, surgiu na Escola Estadual39 e tem coisas que tem que ser alteradas." Mesmo que esse documento ainda não tenha sido finalizado e que, de modo geral, é um documento prescritivo, ao analisá-lo é possível perceber que estão presentes alguns princípios apontados pelas pessoas entrevistadas ou mesmo pelos documentos que tive acesso.

O regimento interno traz duas rotinas diárias40 (apresentada no quadro 1) que organizam as atividades durante o dia, buscando garantir tempo para as atividades que são consideradas mais relevantes. A rotina além de proporcionar a realização das atividades e uma

39 O Curso de formação de militantes do MST chamado Escola Estadual aconteceu no mês de outubro de 2014. 40 O regimento interno começa apresentando a primeira rotina e no final, depois que aparece um quadro que

distribui as tarefas entre os Núcleos de Base da turma de Especialização, é que aparece a segunda rotina. Embora não haja identificação antes das rotinas, é possível dizer que a primeira rotina diz respeito ao período que não há cursos e que a Brigada está sozinha no IALA Amazônico e a segunda rotina refere-se ao período em que há mais pessoas no Instituto.

dinâmica para o grupo, também contribui para que as pessoas possam participar de todas as atividades, na medida em que por meio da rotina é possível saber quais são as atividades previstas para acontecer, dessa forma, a rotina diária é estruturante das ações. Nesse sentido, três pessoas entrevistadas afirmaram que os horários são um dos princípios do IALA Amazônico.

As duas rotinas têm poucas diferenças que se justificam em função da flutuação do número de pessoas no espaço. Quando estão sendo realizados cursos ou outras atividades como reuniões, há mais pessoas no IALA Amazônico além da Brigada, por isso há mais tempo para o trabalho nas unidades produtivas, como também estão previstas atividades a noite e a hora do silêncio. Podemos notar que a maior parte do tempo é utilizada com estudo e trabalho, tanto trabalho de limpeza e manutenção dos alojamentos, plenária, cozinha, refeitório como o trabalho nas unidades produtivas.

Além das rotinas, o regimento interno traz outros itens que orientam i) como será o tempo de estudo; ii) quais espaços devem ser limpos e quais atividades devem ser realizadas nas unidades produtivas; iii) como deve ser o uso dos espaços e equipamentos; iv) sobre o consumo de bebidas alcoólicas e locais onde é permitido fumar e v) sobre a recepção dos grupos visitantes.

O item que orienta sobre a recepção dos grupos visitantes é o mais longo e há uma preocupação em se garantir a presença de uma pessoa da Brigada acompanhando o grupo visitante "nas experiências práticas, mutirões e atividades formativas", como também nas unidades produtivas deve haver alguém da Brigada "para orientar a realização dos trabalhos." Deve ser explicado aos visitantes que existem horários e normas de conduta, principalmente relativas a limpeza e consumo de bebidas alcoólicas, além disso, deve ser realizada uma breve explicação "acerca do histórico do IALA e de seu papel no interior da Via Campesina Amazônica." Essa orientação está em consonância com um dos objetivos do IALA Amazônico que é ser " um espaço de articulação da Via Campesina e demais sujeitos e Organizações que vivem processos de lutas e resistência na Pan Amazônia"41.

Esse item também indica para a importância da Brigada na coordenação das atividades, que são momentos propícios a participação das pessoas que estão visitando o IALA Amazônico. A ideia de que as pessoas da Brigada devem acompanhar as atividades pode contribuir para dar consistência na relação entre o grupo visitante e o Instituto, porém

41 Segundo os documentos "Elementos que fomos acumulando sobre o IALA Amazônico" e "Desafios atuais na

também pode ser fator de sobrecarga da Brigada, principalmente se considerarmos que por alguns períodos alguns brigadistas saem para participar de cursos fora do Instituto. Essa tensão é expressa pelo dirigente Carlos Marighella,

Mas quando está só a Brigada, eles conseguem. E isto a gente já percebeu, em outras turmas também. Toda vez que as pessoas (...) há interferências na dinâmica da Brigada. Isso é ruim porque a Brigada deveria ter um programa estruturado e executar (…) então quando há muito deslocamento de atividades, de horários e de datas, (…) isto cria um conflito, eu diria, mas é uma questão que só se resolve com estudo com formação, com aprimoramento (...)

Carlos Marighella aponta também como elemento que produz tensionamentos, o fato dos acordos coletivos de permanência no IALA Amazônico estarem sendo construídos, isto é, ainda não estão definidos e consolidados. Somado a isso, a estrutura ainda incipiente também contribui para consolidação dos acordos coletivos, "Como fazer todo mundo dormir nos seus quartos? Impossível, por que não há estrutura (...), as casas das famílias42 acabam sendo espaço de todo mundo também. A própria ciranda infantil, então a própria estrutura não ajuda a consolidar uma programação (...)". A estrutura incipiente além de não contribuir para que os acordos coletivos sejam cumpridos, ela ainda pode sobrecarregar ainda mais a Brigada, que também tem que mudar a rotina dentro da própria casa para alojar as pessoas que vem para o curso.

Antonio Conselheiro, um dos integrantes da Coordenação Político Pedagógica do Curso (CPP), chamou atenção que os acordos estabelecidos não devem ser quebrados sob pena de enfraquecer o projeto coletivo. Segundo ele,

Olha só, o IALA é espaço de formação permanente, por aqui passam muitos militantes de diversos estados, com diversas culturas, e com diversos conhecimentos. Então é assim: aqui o IALA tem (...) seu regimento interno. E são partes que não podem ser quebradas, porque para a organização dar certo, tem que ter o seu regimento. E aí as pessoas tem que respeitar. (...) O militante vem passa uma semana, as vezes passa um mês, né? (...) os cursos tem 30 dias, 60, 90 dias, e há essa rotatividade, mas os cursos que passam, eles tem que se adequar ao regimento do IALA, porque se o IALA quebrar essas normas, então vira um.., como é que se diz, vira uma zoeira, né.

A relação entre as instâncias de decisão é elemento que produz conflitos, porque às vezes o que é acordado em uma instância não é comprido em outra, como comenta o Brigadista Lourival Paulino "e se faz muito isto, não respeitar as instâncias de decisão e eu acho muito problemático, porque para mim joga a organicidade no chão." As quebras dos acordos coletivos enfraquece a credibilidade da organização, as pessoas passam a duvidar da necessidade de obedecer aos acordos e isto dificulta o trabalho coletivo e a manutenção das rotinas. Esses desrespeitos às decisões coletivas também abrem espaço para as pessoas

questionarem se há pessoas ou grupos que tem mais poder de decisão que outros, colocando em xeque o poder da decisão coletiva e o caráter democrático do processo.

Em um grupo, quando se consegue estabelecer um processo democrático em que as pessoas sentem que suas ideias são levadas em consideração na análise e enfrentamento dos problemas comuns, cria-se um envolvimento do grupo com as discussões e um sentimento de corresponsabilidade sobre o processo. Porém, se as pessoas tem a percepção que há diferença de tratamento entre ideias de pessoas diferentes, o processo de participação democrática fica comprometido, porque o fato de não terem suas ideias valorizadas e participarem efetivamente dos processos, principalmente, dos processos de decisão, desestimula as pessoas a continuar no grupo.

Por outro lado, criar espaços de participação de todas as pessoas em grupos grandes tem sido um desafio, pois não é possível na prática discutir todas as questões relevantes para o grupo com todos. Em uma reunião com muitas pessoas não há possibilidade real de todas as pessoas falarem, pela questão de tempo, além disto, as pessoas que são mais tímidas ou tem dificuldade de se expressar dificilmente se sentem à vontade para falar em uma grande plenária.

Uma estratégia para garantir a participação das pessoas é dividi-las em grupos menores, onde são feitas reuniões e é possível todas as pessoas falarem e serem ouvidas. No IALA Amazônico as turmas são divididas em Núcleos de Base (NBs). Esses subgrupos elegem representantes, que irão participar de outros espaços de discussão, junto com representantes de outros grupos, para poder chegar a um consenso e orientação sobre o que fazer. Esses representantes são chamados coordenadores ou coordenadoras dos NBs e tem a responsabilidade de informar e levar para a reunião com os outros coordenadores as discussões feitas no seu NB e esclarecer para o NB qual foram as decisões tomadas. Dessa forma, busca-se garantir a participação de todas as pessoas e uma unidade sobre os rumos a seguir. A figura 4 Instâncias que participam da reunião de Coordenação Geral do Curso representa essa organização.

Dessa maneira, os coordenadores ou as coordenadoras tem a função de articular as discussões nesses dois espaços: a coordenação geral e os grupos. Esse trabalho de articulação é feito basicamente por meio da comunicação e pode produzir bastante conflito. Um dos motivos é o efeito "telefone sem fio" que pode produzir significados muito diferentes do que foi dito primeiramente. Outro motivo é relacionado ao que Boaventura (2003, p. 42) explica como " (...) a patologia da representação, o fato de os cidadãos se considerarem cada vez

menos representados por aqueles que elegeram", nesse caso as pessoas que estão na função de representar o grupo, passa a representar apenas os seus interesses individuais. Esse distanciamento entre os representantes e seus representados é discutido por Demo (1988) que sugere algumas estratégias para diminuir a possibilidade desse distanciamento. Um aspecto que Demo (1988, p. 114) ressalta é o "compromisso democrático dos mandantes", isto é, se a pessoa que está no papel de representante assume uma postura dialógica, reflexiva, de compartilhamento de poder de decisão. Segundo Lucia Maria, que está na função de coordenadora do IALA Amazônico, as pessoas falam

(...) tu tem que resolver! (...) [e ela mesmo responde] Eu não! Eu procuro jogar a responsabilidade também para a Brigada, né? Porque se fica aquele negócio: a coordenadora do IALA, tudo se concentra só em mim. Eu digo: gente eu não quero isso, porque se fosse assim só eu vinha para cá sozinha. Vocês tem que decidir, de ajudar a decidir também, eu não vou decidir sozinha de jeito nenhum. Vamos lá, vamos debater e vamos ver o que é que nós ..., quem concorda, que discorda, eu sozinha não vou resolver nada.

Essa postura dialógica e de compartilhamento das decisões contribui para melhorar o entendimento da questão, pois a reflexão coletiva traz várias dimensões sobre o problema. Além disso, junto com o compartilhamento do poder também se compartilha a responsabilidade pela decisão, o que torna o papel de coordenação mais confortável.

Os documentos sobre o IALA Amazônico aos quais tive acesso, não mencionam como é a estrutura de organização. No organograma das instâncias organizativas do IALA Amazônico apresentado na figura 5 Estrutura Organizativa do IALA Amazônico aparecem outras instâncias, como os Conselhos do IALA, porém não está representada a Coordenação Geral do Curso, o que me leva a pensar que esse organograma representa o IALA Amazônico no período em que não há cursos acontecendo e a Brigada está sozinha. Durante os períodos que estive no IALA Amazônico pude acompanhar a organização dos Núcleos de Base, Setores, CPP e Brigada, porém não tive contato com o Conselho. Segundo a coordenadora do