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Neste trabalho foram utilizadas várias ferramentas metodológicas devido ao complexo contexto político, social e cultural do qual o IALA Amazônico faz parte e que foi exposto no capítulo anterior. Essas várias metodologias foram utilizadas no intuito de entender como, na prática cotidiana, o IALA Amazônico se constitui em um espaço em permanente construção. Dessa maneira, trata-se de um Estudo de Caso, no qual foi realizado a Observação Participante.

Essa pesquisa caracteriza-se como um Estudo de Caso por trabalhar com uma situação ou instância particular, o IALA Amazônico, buscando descrevê-lo densamente, de modo que possa "revelar a descoberta de novos significados, estender a experiência do leitor ou confirmar o já conhecido" (ANDRÉ, 2005, p.18). Assim, por meio dessa pesquisa foi possível trazer ao conhecimento de outras pessoas a existência do IALA Amazônico, que por si só é uma experiência singular em Educação do Campo e Agroecologia. Nesse processo foi possível revelar outros aspectos desses conceitos, e apontar elementos que auxiliam na compreensão do que é ser um espaço em construção permanente. Essa metodologia objetiva o entendimento de uma situação, das suas particularidades e idiossincrasias, mais do que a comprovação de hipóteses pré-estabelecidas. Embora, o objetivo seja descrever a situação da maneira mais detalhada possível, há a necessidade de delimitar os focos da investigação pelo "fato de que não é possível explorar todos os ângulos do fenômeno num tempo razoavelmente limitado." (ANDRÉ, 2005, p.51).

Os pesquisadores e as pesquisadoras que se utilizam do Estudo de Caso também buscam conhecimentos que sejam aplicáveis em outras situações, que possam ser generalizados, mas para isto são necessários outros trabalhos de pesquisa, porque pela sua natureza o Estudo de Caso não pode garantir essa generalização (BABBIE, 1999). Do mesmo modo, este trabalho de pesquisa não tem a pretensão de fazer generalizações, o que se busca é compreender melhor as singularidades do IALA Amazônico, enquanto espaço em construção permanente; porém esse exercício possibilita trazer elementos que podem ser apreendidos por pessoas que vivem em situações semelhantes, ou servir de reflexão em outros contextos.

Nas pesquisas qualitativas, como Estudo de Caso, é essencial a interação entre o pesquisador ou a pesquisadora e a comunidade estudada (MINAYO, 2011). O resultado dessa interação produz o conhecimento sobre a realidade, e tanto o pesquisador ou a pesquisadora como as comunidades observadas interferem na construção deste conhecimento. Segundo Minayo (2011, p.63) "Essa interferência faz parte da própria natureza da pesquisa social que nunca é neutra", por isto ela afirma que:

o trabalho de campo deve ser realizado a partir de referências teóricas e aspectos operacionais. Isto é, não se pode pensar num trabalho de campo neutro. A forma de realizá-lo revela as preocupações científicas dos pesquisadores que selecionam tanto os fatos a serem observados, coletados e compreendidos como o modo como vai recolhê-los (MINAYO, 2011, p. 63).

A explicitação dos referenciais teóricos que embasam a pesquisa também é necessária para que, seja possível compreender de onde parte o pesquisador ou a pesquisadora

e qual o caminho teórico percorrido. No presente trabalho, esses referenciais teóricos foram discutidos no próximo capítulo.

Nesta pesquisa foi utilizada a classificação elaborada por André (2005), compreendendo as seguintes fases: i) delimitação do Estudo de Caso e ii) de coleta dos dados e iii) de análise sistemática dos dados. Entretanto, como a mesma autora afirma " a pesquisa é uma atividade criativa e como tal pode requerer conjugação de duas ou mais fases em determinados momentos, ênfase maior em uma delas em outros e superposição em muitos outros" (ANDRÉ, 2005, p.47).

Como já foi dito, nesse Estudo de Caso utilizou-se a Observação Participante. Nela o pesquisador ou a pesquisadora se insere nas atividades cotidianas da unidade de análise (BABBIE, 1999). Nas duas visitas ao IALA Amazônico, procurei participar de todas as atividades coletivas seguindo a rotina estabelecida, buscando com isto me aproximar do grupo de modo a estabelecer uma relação de diálogo, respeitando os pontos de partida de cada sujeito.

Segundo André (2005, p.27) o pesquisador ou a pesquisadora deve fazer um "(...) esforço deliberado de colocar-se no lugar do outro, e tentar ver e sentir, segundo a ótica, as categorias de pensamento e a lógica do outro". A pesquisadora ou o pesquisador deve estar atento para ouvir o que as pessoas pesquisadas têm a dizer, porque o ponto de vista destas pessoas é o que se almeja apreender e compreender. Além disto, devem preocupar-se em não impor sua forma de entender o mundo, seus valores, seus preconceitos (ANDRÉ, 2005).

Durante as duas visitas de campo, além de acompanhar as atividades do dia a dia, gravei momentos coletivos e entrevistas individuais; e fiz registros diários no Diário de Campo para poder entender como acontece no dia-a-dia a construção permanente. Além disto, também fiz uma pesquisa documental, no intuito de compreender melhor quais são as concepções que embasam e orientam o Instituto.

A primeira visita ao IALA Amazônico foi realizada no período de 02 a 20 de junho de 2014, quando a segunda turma do Curso de Especialização em Educação do Campo, Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia estava no segundo Tempo-Escola, que tinha tido início no dia 28 de abril e o término no dia 20 de junho.

A 2ª turma do Curso de Especialização de Educação do Campo16, Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia, teve início em 2013 e término em 2015. Essa turma se auto denominou "Turma Sebastião de Oliveira Lopes"17.

Esse curso de Especialização é feito em parceria com o Pronera (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária) que têm como público prioritário os beneficiários diretos da Reforma Agrária. Nesse aspecto, a modalidade Residência Agrária é diferente, pois é uma especialização que prevê a participação de profissionais que atuam nos programas de assistência técnica e na educação nos assentamentos rurais. Essa modalidade de Residência Agrária busca propiciar uma formação para os profissionais que desejam trabalhar com a agricultura familiar e camponesa. Essa formação é diferente da que ocorre, de modo geral, nos cursos ligados às Ciências Agrárias, que são voltados predominantemente para o Agronegócio (Michelotti, 2012). Por isto, as turmas de Cursos de Especialização podem ser composta tanto por assentados e assentadas como também por pessoas que trabalham junto aos movimentos sociais, ou ainda recém-egressos dos cursos superiores que militam no movimento estudantil.

Entre as 20 pessoas que participaram dessa 2ª Turma de Especialização Educação do Campo, Agroecologia e Questão Agrária na Amazônia a maioria atuava em organizações que lutam pelos direitos dos povos do campo mas também houve a participação de dois assentados e cinco assentadas.

A turma foi dividida em três Núcleos de Base (NB) chamados Kararaô18, Maria e José 19 e Sementes. Os NBs tinham uma temática específica, assim o tema do NB Kararaô era a Agroecologia, o NB Sementes aprofundou-se em Educação no Campo e o NB Maria e José, na Questão Agrária.

O cronograma das etapas da 2ª Turma do Curso de Especialização Residência Agrária é o seguinte:

16 Esse Curso foi dividido em duas turmas: "Especialização em Educação do Campo e Currículo" cujo público

eram aproximadamente 20 educadores e educadoras das escolas do campo, que foi realizado na Unifesspa em Marabá e o outra turma de "Especialização em Educação do Campo, Agroecologia e Questão Agrária" realizado no IALA Amazônico, que foi a turma que eu acompanhei no primeiro período de trabalho de campo.

17 Em homenagem ao "seu" Saba camponês que criou no seu lote o SAPO - Sistema Agroecológico em produção

orgânica

18Os nomes dos NBs foram escolhidos pelo próprio grupo e se relacionam com temas das lutas dos

Movimentos Sociais. Kararaô é o grito de guerra dos indígenas Kayapós e no início do projeto de construção da Usina Hidroelétrica (UHE) Belo Monte o governo pensou em nomeá-la UHE Kararaô. Os indígenas se recusaram a ter o seu grito de guerra como nome de uma UHE que encobrirá parte de suas terras e exigiram a retirada do nome, que passou a ser chamada Belo Monte.

19 O nome Maria e José foi dado em homenagem a D. Maria do Espírito Santo e sr. José Cláudio assentados do

PA Agroextrativista em Ipixuna do Pará, mortos em maio de 2011. O casal denunciava e se colocava contra a extração de madeira do assentamento.

Quadro 2: Os Tempo Escola e Tempo Comunidade da 2ª Turma de Especialização

Tempo Escola Tempo Comunidade

1ª Etapa 15 de Setembro a 26 de Outubro de 2013

27 de Outubro de 2013 a 26 de Abril de 2014

2ª Etapa 27 de Abril a 21 de Junho de 2014 22 de Junho a 27 de Setembro de 2014 3ª Etapa 28 de Setembro a 01 de Novembro

de 2014

Novembro de 2013 a Maio de 2015 4ª Etapa Junho de 2015 - Apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso

Fonte: Planilha disponibilizada pela CPP do Curso de Especialização.

Uma atividade que já havia sido realizada antes da minha chegada ao IALA Amazônico, e que foi apontada por muitas pessoas como um momento muito interessante tanto para o curso quanto para o IALA Amazônico, foi o "Encontro com os camponeses sábios em Agroecologia". Para esse encontro foram convidados vários assentados e acampados que desenvolvem práticas agroecológicas para trocar experiências e também para refletir sobre o manejo nas unidades produtivas do Instituto. Dessa forma, os camponeses experimentadores puderam participar do dia-a-dia do Instituto contribuindo para sua construção e além disso, essa vivência propiciou fortalecimento da relação desses camponeses experimentadores com o IALA Amazônico. Foi nesse momento que a turma como um todo conheceu o "seu" Sabá (Sebastião de Oliveira Lopes) e de quem gostaram e em sua homenagem escolheram o nome da turma.

Um dos objetivos da 2ª etapa do curso dessa 2ª Turma de Especialização, que eu acompanhei, era discutir questões relativas ao diagnóstico participativo e fazer diagnósticos na prática. Momento propício para tentar compreender se havia relação entre a teoria discutida nas aulas e a intervenção prática, que era o objetivo inicial desta pesquisa.

Neste Tempo-Escola do curso foram planejadas várias atividades pedagógicas desenvolvidas tanto no IALA Amazônico, quanto nas comunidades, articulando tempo-escola e tempo-comunidade de maneira dinâmica. Nos cursos que adotam a pedagogia da alternância, é comum que os trabalhos realizados no tempo-comunidade aconteçam na comunidade de origem dos educandos e das educandas. Porém nesse curso, além desse tempo-comunidade existe outro tipo de tempo-comunidade, que é realizado numa comunidade próxima ao IALA Amazônico pelos educandos e pelas educandas organizadas nos Núcleos de Base, isto é, esse trabalho é feito em grupo.

Na primeira semana de mês de junho houve discussões sobre Questão Agrária, Desenvolvimento Rural e Agroecologia articulada com a realidade das comunidades onde seriam feito os diagnósticos. Nesse momento, as atividades pedagógicas eram realizadas nos Núcleos de Base (NBs) e coordenadas por educadores e educadoras da Unifesspa.

Na segunda semana aconteceram estudos e reflexões sobre Metodologias de Pesquisa Participante e a ida às comunidades. Nesse momento, os educandos e as educandas coordenaram as atividades sem a presença de educadores e educadoras. Cada NB realizou o diagnóstico participativo em diferentes comunidades como mostra o Quadro abaixo:

Quadro 3: Núcleos de Base, suas temáticas e as comunidades de estudo Núcleo de Base Temática Comunidade

NB Kararaô Agroecologia IALA Amazônico

NB Sementes Educação do Campo Escola do Assentamento Palmares II NB Maria e José Questão Agrária Acampamento Frei Henri

Fonte: Dados da pesquisa.

Embora a comunidade estudada pelo NB Kararaô fosse o IALA Amazônico, acompanhei o NB Maria e José na sua visita ao Acampamento Frei Henri, para poder ter uma compreensão melhor de como se estabelecia a relação do IALA Amazônico com as comunidades do entorno. Isto é, entender a dimensão do IALA Amazônico como espaço de convergência de experiências agroecológicas que pretende não se limitar apenas a área deste Instituto.

No final da segunda semana, toda a turma voltou para o IALA Amazônico para discutir com os educadores os diagnósticos das comunidades e refletir sobre as propostas de intervenção feitas a partir dos diagnósticos, inclusive as condições materiais para execução das propostas.

No início da terceira semana, os diagnósticos e as intervenções sugeridas foram apresentados para toda a turma. Todos puderam sugerir e comentar sobre o trabalho dos outros grupos. Depois disto, os NBs voltaram para as comunidades, onde se reuniram com as pessoas para apresentar e dialogar sobre o diagnóstico e as propostas de intervenções, na perspectiva de elaborar coletivamente um planejamento para execução das atividades de intervenção. Também, nesse momento, voltei com o NB Maria e José para o Acampamento Frei Henri e participei da reunião com os acampados e as acampadas que gostaram muito das atividades propostas e se animaram para participar. Essa atividade de intervenção foi realizada em setembro de 2014, na 3ª Etapa.

As vivências propiciadas pela participação nesse processo dinâmico de articulação prática-teoria-prática trouxeram uma nova perspectiva para o estudo, em especial porque o IALA Amazônico propõe outras formas de organização e de produção da vida, abrindo um leque de questões importantes de pesquisa.

Além disto, no acompanhamento das atividades foi possível perceber que a relação entre teoria e prática é difusa, na medida em que o processo de aprendizado ocorre no dia a dia, o que dificulta mapear quais discussões e leituras os sujeitos incorporam. Assim, mesmo que fossem escolhidos alguns conceitos discutidos nas aulas para avaliar sua relação com a prática, seria difícil precisar em que medida os recursos teóricos aportados nas discussões de elaboração do diagnóstico das comunidades eram produtos das discussões teóricas feitas no IALA Amazônico. Isso contribui para a alteração do objetivo desta pesquisa. Dessa maneira, a primeira viagem acabou se configurando em uma visita exploratória, que contribuiu para uma aproximação com o IALA Amazônico, bem como, para avaliar se as questões previamente levantadas dentro do contexto do Campus Rural de Marabá (CRMB), também eram importantes para o contexto do IALA Amazônico. Segundo André (2005), a primeira fase dos Estudos de Caso é chamada fase exploratória do Estudo de Caso, na qual o pesquisador ou a pesquisadora se aproxima das situações que quer estudar e nesse momento as questões iniciais tendem a ser modificadas, algumas são afirmadas e outras podem ser descartadas "pela pouca pertinência ao caso" (André, 2005, p. 48).

No primeiro período de trabalho de campo, cheguei ao IALA Amazônico acompanhada por um educador e uma educadora da Unifesspa. Como a educadora ficou alojada juntamente com as educandas no dormitório feminino, eu também fiquei e isto contribuiu para que eu pudesse me inserir na dinâmica do dia a dia. Se eu tivesse ficado alojada na casa de brigadistas talvez pudesse haver uma maior desconfiança por parte das educandas e dos educandos a meu respeito, principalmente considerando o fato de eu ter chegado ao IALA Amazônico juntamente com um educador e uma educadora da Unifesspa. Segundo Valladares (2007) o observador ou a observadora não se transformará em um "nativo", por mais que a comunidade aceite a pesquisadora ou o pesquisador, este sujeito ainda é uma pessoa de fora e "sobre ele paira sempre a 'curiosidade' quando não a desconfiança." (VALLADARES, 2007, p 154).

Com intuito de tornar-me conhecida das pessoas que estavam no IALA Amazônico, no primeiro dia me apresentei na plenária e falei sobre os objetivos da pesquisa em linhas gerais. Além disso, durante os trabalhos de campo, no dia a dia surgiram conversas e comentários sobre a pesquisa que colaboraram para esclarecimento das pessoas sobre o motivo da minha presença ali.

Para a coleta de dados, nas duas visitas a campo, registrei as minhas impressões em um caderno chamado Diário de Campo. Segundo Minayo (2011) ele é o principal

instrumento no trabalho de observação, uma vez que é fundamental que as observações realizadas no trabalho de campo sejam registradas de forma diária, sistemática e detalhadas em um caderno, caderneta, ou em forma digital, que servirá de fonte de dados para análise posterior. Como é impossível descrever todas as situações vividas, as anotações feitas em campo são selecionadas pelo grau de relação que guarda com o tema estudado, por isto é importante ter-se clareza do objetivo da pesquisa.

Na maior parte do tempo, estava com o Diário de Campo na mão, na medida em que o ambiente era de formação isto não se tornava uma diferença que pudesse gerar constrangimento. Dessa forma, sempre que alguma coisa me chamava a atenção ou ainda quando surgia alguma ideia ou questionamento, eu anotava. Também houve momentos durante o dia ou a noite, em que a turma estava dispersa, que eu aproveitava para registrar acontecimentos ou reflexões que julgava importantes. Na análise das anotações percebo que o meu Diário de Campo não é exatamente um caderno etnográfico, porque não me preocupei em fazer um relato sistemático sobre a cultura das pessoas (ANDRÉ, 2005) que participam do IALA Amazônico.

Durante o primeiro período de trabalho de campo, também utilizei um gravador para registrar algumas conversas coletivas e individuais. Foram feitas 36 gravações, das quais sete são conversas individuais, que podem ser classificadas como entrevistas abertas ou em profundidade, pois as pessoas foram convidadas a falar de maneira livre sobre algum tema (MINAYO, 2011), neste caso, sobre o IALA Amazônico. Estas entrevistas foram feita com dois agricultores, duas educandas, um educando, um brigadista e um educador, e o restante são gravações de momentos coletivos. Entre as gravações realizadas na primeira visita apenas uma foi parcialmente transcrita.

Na pesquisa documental foram disponibilizados documentos que trazem reflexões sobre o IALA Amazônico entre eles: dois foram elaborados por pessoas que participam do IALA Amazônico e que servem como subsídios para discussões internas; dois artigos publicados; dois Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) de estudantes da Unifesspa; o documento Diagnóstico IALA Amazônico, elaborado pelo NB Kararaô, além do Regimento Interno do IALA Amazônico. Os TCCs estão disponíveis no site do IALA Amazônico20. A leitura destes documentos trouxe vários elementos da história de criação e consolidação deste Instituto, além de contribuírem para as reflexões realizadas durante essa pesquisa.

A fase seguinte consistiu no processo de reelaboração dos objetivos da pesquisa baseado na identificação de elementos-chave por meio de análise do material coletado. Embora não haja um limite preciso entre as etapas da pesquisa, pode-se dizer que esse período tem várias características próprias da fase de delimitação do Estudo de Caso e de coleta dos dados (ANDRÉ, 2005).

Nesta fase de reflexão sobre a complexidade do contexto onde o IALA Amazônico se insere, sobre a potência dos seus objetivos e a sua construção na prática, a afirmativa “o IALA Amazônico como espaço em construção permanente” aparece como aglutinadora de várias questões fundamentais, tornando-se o objetivo desta pesquisa.

No período de 12 a 26 de novembro de 2014, aconteceu a segunda viagem ao IALA Amazônico, quando estava sendo realizado um Curso de formação de militantes da regional Norte do MST21. Este período foi escolhido para a realização do trabalho de campo devido principalmente a três questões: i) um curso estava acontecendo; ii) os sujeitos participantes deste curso eram diferentes do acompanhado no trabalho de campo anterior; e iii) este curso era o último previsto para o ano de 2014, e haviam incertezas sobre como seria o cronograma de atividades para o ano seguinte, em função dos poucos recursos financeiros que o IALA Amazônico dispõe.

O Curso de Formação de Militantes da Regional Norte do MST teve início dia 03 de novembro e o término previsto para 05 de dezembro de 2014. A turma, que tinha aproximadamente 40 pessoas oriundas de assentamentos e acampamentos do MST, foi dividida em cinco Núcleos de Base que tinham os seguintes nomes22: Oziel Alves, Florestan Fernandes, Antonio Conselheiro, Carlos Marighella e Zumbi dos Palmares.

Na primeira semana de curso foram trabalhadas as histórias de vida das pessoas que estavam participando, nesse momento todas as pessoas puderam contar um pouco sobre sua história pessoal. Esse momento foi bastante comentado pelos participantes durante as semanas que seguiram. Na segunda semana o tema estudado era o Socialismo, baseado na