• Nenhum resultado encontrado

8 Mapa da divisão das Equipes de Saúde da Família do CSF Mattos Dourado na

3.3 Políticas públicas

3.3.2 A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

O caminho para a garantia de uma saúde mais digna para a pessoa idosa no Brasil passa necessariamente pelo processo histórico da reforma sanitária, pelos encaminhamentos apontados na 8a Conferência Nacional de Saúde, onde, pela primeira vez, houve participação popular nas discussões, trazendo à cena um conceito ampliado de saúde, que envolve promoção, proteção e recuperação, sendo, posteriormente, contemplado, no texto da Constituição Federal de 1988. Portanto, para a pessoa idosa, o histórico das políticas públicas tem como premissa a garantia do direito universal e integral à saúde assegurado pela “Constituição Cidadã” de 1988 e reiterado pela criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e de suas bases legais, as Leis Orgânicas da Saúde 8.080/90 e 8.142/90 (BRASIL, 2010).

No Brasil, é considerada idosa a pessoa com 60 anos ou mais, enquanto, nos países desenvolvidos idoso é aquele que tem 65 anos ou mais (OMS, citado por BRASIL, 2010, p. 19). Em virtude do crescente envelhecimento populacional brasileiro, e respeitando os direitos previstos na Constituição nasceu a Política Nacional do Idoso, em 1994 (BRASIL, 1996). Assegurar direitos sociais à pessoa idosa e oferecer meios para promover a autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, reafirmando ainda o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS, são pontos fundamentais desta política (BRASIL, 2010, p. 19).

Cerca de cinco anos depois, no final do ano, em 1999, o Ministro de Estado da Saúde edita a Portaria Ministerial nº 1.395/99, que estabelece a Política Nacional de Saúde do Idoso, determinando que os órgãos do Ministério da Saúde relacionados ao tema promovam a elaboração ou a adequação de planos, projetos e ações em conformidade com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas. Outra portaria, a GM/MS nº 702/2002, lançada em 2002, propõe a organização e implantação de redes estaduais de assistência à saúde do idoso, tendo como base a condição de gestão e a divisão de responsabilidades, definidas pela Norma Operacional de Assistência à Saúde – NOAS 2002 (BRASIL, 2010, p. 19).

No ano seguinte, em 2003, foi promulgado e sancionado o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741), considerado grande conquista social no País, já que amplia a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa. Entre outras coisas, essa Lei assegura a atenção integral à saúde do idoso, em todos os níveis de atenção, por intermédio do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2010, p. 20).

Um grande passo rumo à consolidação do SUS foi a consolidação do Pacto pela Saúde do Brasil, em 2006 (Portaria/ GM nº 399), que tinha como finalidade a promoção da melhoria na quantidade e qualidade dos serviços ofertados à população e a garantia do acesso de todos a esses serviços. Uma das partes deste compromisso público é o Pacto pela Vida, que visa à melhoria da qualidade e do nível de saúde e de vida de nossa população, configurando- se como o compromisso maior do SUS. Ele estabelece compromissos de atingir metas sanitárias entre os gestores do SUS, com base na definição de prioridades que resultem em real impacto no nível de vida e saúde da população brasileira (BRASIL, 2006). Do conjunto de seis prioridades para todo o Brasil, são relevantes para o planejamento de saúde para a pessoa idosa: saúde do idoso, a promoção da saúde e o fortalecimento da Atenção Básica. A implementação de diretrizes do Pacto pela Vida foram norteadoras para a reformulação da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso (BRASIL, 2007, p.11).

A atualização da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) veio com a Portaria/ GM nº 2.528 em 2006. Este documento traz novo paradigma para a discussão da situação de saúde de todo cidadão brasileiro com 60 anos ou mais de idade, quando afirma que, para elaboração de políticas de saúde para o idoso, é indispensável discutir a condição funcional. A PNSPI também define que a atenção à saúde dessa população terá como porta de entrada a Atenção Básica / Saúde da Família, tendo como referência a rede de serviços especializada de média e alta complexidade (BRASIL, 2007, p. 12). Merece destaque, ainda, a promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável, de acordo com as recomendações da

Organização das Nações Unidas, em 2002 (BRASIL, 2010, p. 22).

Baseado no contexto dessa política pública, a Área Técnica - Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, desenvolveu ações estratégicas baseadas nas diretrizes contidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e nas metas propostas no Pacto pela Vida, de 2006, objetivando promover o envelhecimento ativo e saudável, a realização de ações de atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa e de ações intersetoriais de fortalecimento da participação popular e de educação permanente. Estas ações estratégicas do Ministério da Saúde compreendem

1 Implantar da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, que é uma ferramenta de identificação de situações de riscos potenciais para a saúde da pessoa idosa. Dessa forma, vai possibilitar ao profissional de saúde, planejar e organizar ações de prevenção, promoção e recuperação, objetivando a manutenção da capacidade funcional das pessoas assistidas pelas equipes de saúde da família (BRASIL, 2010, p.33).

2 Disponibilizar o Caderno de Atenção Básica: “Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa”, com a finalidade de oferecer subsídios técnicos específicos em relação à saúde da pessoa idosa de forma a facilitar a prática diária dos profissionais que atuam na Atenção Básica (BRASIL, 2010, p.34).

3 Promover Curso de Aperfeiçoamento em Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa, para divulgar as especificidades da saúde do idoso e envelhecimento, contribuindo assim para melhor orientação aos profissionais da rede e diminuir as iniquidades sociais, na busca pela integralidade das ações (BRASIL, 2010, p.34).

4 Realizar Curso de Gestão em Envelhecimento, com o intuito de qualificar profissionais de nível superior que atuam ou tenham interesse em atuar na direção de serviços e programas de saúde que atendam à população idosa, visando apoiar a implementação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (BRASIL, 2010, p.34). 5 Fomentar Oficinas Estaduais de Prevenção da Osteoporose, Quedas e Fraturas em

Pessoas Idosas, com objetivo de propor diretrizes a serem aplicadas nos estados e municípios para melhor orientar profissionais e pacientes em relação à osteoporose / quedas, sendo de acordo com a meta de redução do número de internações por fratura de fêmur em pessoas idosas, proposta no Pacto pela Vida (BRASIL, 2010, p.35).

6 Desenvolver ações em parceria com outras áreas que foram elencadas no Pacto pela Vida (2006) onde aquela Área Técnica vem acompanhando com interface com outras áreas: Acolhimento; Assistência Farmacêutica; Atenção Domiciliar; Imunização e o Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST/AIDS (BRASIL, 2010, p.37).

No contexto de que a atenção à saúde do idoso deva ocorrer inicialmente na atenção básica, trataremos a seguir da interface dessas duas políticas nacionais.