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A Política Pública de Apoio à Internacionalização da Economia Empresarial Portuguesa (1997)

CAPÍTULO II: O CONTEXTO DO INVESTIMENTO DAS EMPRESAS PORTUGUESAS NO BRASIL – UMA COMPONENTE CHAVE DA

2.1 A Política Pública de Apoio à Internacionalização da Economia Empresarial Portuguesa (1997)

2.1.1 Novas Tendências Económicas Internacionais

Nas últimas décadas do século XX, as relações económicas e financeiras internacionais sofreram profundas transformações. O fim da Guerra Fria e de um longo e sustentado período de prosperidade global, quebrado com a crise dos mercados financeiros, foi acompanhado pelo desmantelamento progressivo de barreiras aduaneiras, iniciado no pós-guerra. A este processo juntaram-se as modificações operadas pelos progressos nas comunicações e na tecnologia, pelas alterações institucionais e pela emergência de um novo cenário cultural e político.

O actual processo de globalização abrange uma multiplicidade de aspectos de natureza económica, política, social e cultural.

Na sua vertente económica, a globalização significa a crescente integração das economias nacionais na chamada economia mundial, verificada nas últimas duas décadas a diversos níveis: do comércio de bens e serviços, dos fluxos de capital, dos movimentos de pessoas, da difusão do conhecimento e das tecnologias.

A diminuição das barreiras ao comércio permite explorar economias de escala inacessíveis em mercados de reduzida dimensão e despoletar um processo de crescimento orientado para as exportações. Associado a este crescimento surge a criação de riqueza, factor decisivo para o aumento dos níveis de bem-estar.

Todavia, o aproveitamento das vantagens que a globalização oferece implica que os países estejam dotados de alguns requisitos internos – um quadro macroeconómico sem grandes desequilíbrios, um bom funcionamento dos mercados, um grau aceitável de coesão social e, em termos gerais, um bom desempenho das diversas instituições (sistema político, justiça, educação, saúde, administração pública, sistema monetário e financeiro).

Naturalmente, o processo de globalização em curso implica novas dificuldades: incerteza económica associada aos efeitos de graves crises financeiras ou a fases de retracção da procura internacional; diminuição da capacidade da política macro- económica em responder a estes tipos de choques; perturbação social decorrente de uma penalização das actividades e sectores em declínio, das empresas menos competitivas e da mão-de-obra menos qualificada.

MESTRADO EM GESTÃO PÚBLICA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Um dos pilares fundamentais da globalização é a internacionalização, designadamente na óptica da deslocalização do investimento e das actividades produtivas. A deslocalização constitui uma dinâmica impossível de travar. Daí a importância de dotar os países de atractivos para o investimento. Cada vez mais surgem situações em que o investimento no estrangeiro é a resposta a oportunidades geradas pela deslocalização dos clientes ou pela presença destes noutros mercados.

Uma outra situação a assinalar é a que corresponde à deslocalização indústrial no sentido de melhor atingir o mercado-alvo ou de conseguir custos de produção mais baixos. Ou seja, empresas de vocação exportadora procuram encontrar formas de se tornarem mais competitivas no mercado-alvo, e deslocalizam a actividade de produção para zonas que lhes oferecem melhores condições do que aquelas que Portugal lhes proporciona.

Num quadro fortemente concorrencial das economias mundiais, a internacionalização deve ser perspectivada como um desafio estratégico.

A relação de forças dentro e entre Estados está a alterar-se neste contexto actual da economia internacional: há uma perda progressiva dos poderes nacionais, aumentam os poderes das transnacionais e aumentam os poderes das organizações regionais (UE, NAFTA, MERCOSUL, ASEAN) e até globais (OMC).

Com efeito, no mundo globalizado só a criação de dinâmicas de integração regional, como a construção europeia, permite tirar partido das vantagens criadas pela mundialização dos mercados e solucionar os problemas que a globalização implica. Daí que, o alargamento da União Europeia constitua outro aspecto fundamental da economia internacional e nacional: representa uma oportunidade histórica única, e um enorme desafio para os seus membros e para os membros aderentes. O alargamento a mais dez países trará inevitavelmente consequências políticas, económicas e culturais. A “União a 25” passou a contar com uma população de cerca de 480 milhões de pessoas, tornando-se no maior mercado do mundo.

Sendo, aparentemente, o membro da UE que mais perdas contabiliza com o alargamento, Portugal deve, no entanto, encarar este processo como uma oportunidade/desafio, e não como uma ameaça. Deverá tomar medidas urgentes com o objectivo de aumentar a sua produtividade e competitividade externa, reforçando a qualidade dos seus produtos em sectores onde tem uma quota de mercado sólida (pasta de papel, cortiça, têxteis, azeite, cerâmica, entre outros), apostando na inovação como elemento dinamizador da qualidade e também, captando investimento directo estrangeiro.

Em síntese, é neste novo cenário que Portugal tem de traçar estratégias e dotar-se dos instrumentos adequados. Para responder de forma eficaz a este mundo em mudança, Portugal tem de construir uma economia mais competitiva e uma sociedade mais coesa. Para tal deverá, por um lado, incentivar o aprofundamento da

MESTRADO EM GESTÃO PÚBLICA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

competitividade da economia e das empresas portuguesas e, por outro, promover a sua internacionalização, iniciada na década passada. O futuro papel de Portugal na economia globalizada vai ser determinado pelo seu sucesso no desenvolvimento destas tendências.

2.1.2 Diferentes Formas de Internacionalização

A internacionalização das empresas apresenta-se actualmente como uma estratégia determinante da sua competitividade no mercado global. Permite-lhes uma presença activa e sustentada em mercados externos, seja apenas a nível comercial e de distribuição, seja a nível de deslocalização das próprias actividades.

A internacionalização da actividade pressupõe pensar a actividade empresarial de forma global, e não somente em relação ao mercado Português.

Este processo implica que quando se pensa em termos de clientes, fornecedores, concorrentes, marcas, tecnologia, normas, tem de se elaborar uma análise na perspectiva de um mercado sem fronteiras, globalizado. Assim, envolve a tomada de duas decisões críticas:

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