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Enquadramento do Estabelecimento de Alianças Ibéricas

CAPÍTULO IV: A ACTUAÇÃO DO ESTADO NO PROCESSO DE INVESTIMENTO NO BRASIL – UMA PRIMEIRA APROXIMAÇÃO

4.2 A Formação de “Núcleos Duros” de Controlo das Empresas Envolvidas na Expansão para o Brasil

4.3.1 Enquadramento do Estabelecimento de Alianças Ibéricas

Na era da globalização as alianças entre empresas constituem uma forma típica de comportamento empresarial, um instrumento adequado para manter ou criar capacidade competitiva. A concorrência exige uma concentração de recursos em competências nucleares e uma articulação de cadeias de valor por forma a reforçar complementariedades e sinergias que apenas estão ao alcance da maior parte das empresas através das relações de cooperação com outras empresas.

Neste quadro, as alianças têm constituído uma das vias privilegiadas de adaptação das empresas à globalização e, simultaneamente, um dos factores explicativos dessa mesma globalização e do aparecimento de empresas globais.

As alianças assumem as formas mais diversas, sendo, normalmente, consideradas formas de organização intermédias entre o mercado puro e a integração pura. Algumas conduzem à criação de uma nova entidade jurídica, como é o caso das joint- ventures, todavia, na maior parte dos casos apenas se celebra um contrato escrito ou verbal entre as partes envolvidas que se comprometem a colaborar durante um determinado período para alcançar determinados objectivos.

15 CGD, Relatório e Contas 2000, p. 24.

16 Francisco de la Fuente Sánchez, Conversa sobre o Investimento das Empresas Portuguesas no Brasil –

MESTRADO EM GESTÃO PÚBLICA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Há séculos que Portugal e Espanha mantêm relações de variado tipo: começando pela ocupação mútua de um mesmo território, passando pelo Tratado de Tordesilhas (em 1494), pela entrada simultânea nas Comunidades Europeias (em 1986) e pela adesão à moeda única (em 1999).

Duas razões fundamentais contribuíram para a intensificação das relações ibéricas, nos últimos cinquenta anos. Em primeiro lugar, devido à proximidade geográfica e aproveitamento mútuo de mercados de gestão de recursos comuns (hídricos, ambientais, infra-estruturais); e, em segundo lugar, razões de ordem política, entre os quais a entrada na Comunidade Económica Europeia em 1986, com consequências imediatas no aumento dos fluxos comerciais e financeiros, nomeadamente de alterações significativas a nível do investimento directo, e a procura de estabelecer e fortalecer posições geoestratégicas em termos de aproximação ao centro de poder da UE, inexoravelmente ancorado no centro da Europa.

Simultaneamente, assistiu-se ao estabelecimento de cooperações empresariais no âmbito de investimentos conjuntos, sobretudo, na América Latina. Com efeito, No quadro de alianças ibéricas e no âmbito das empresas infra-estruturais em estudo, assistiu-se no sector das telecomunicações e no sector da electricidade à formação de alianças entre a PT/ Telefónica e a EDP/ Iberdrola para actuarem em conjunto na América Latina, em geral, e no Brasil, em particular.

Em relação à América Latina, o processo de internacionalização de Espanha começou antes do português.

O interesse de Espanha pelo Brasil, iniciou-se com a constituição do MERCOSUL. Com efeito, o Brasil começou a ser “olhado” como um mercado potencial em 1992, mas foi, sobretudo, a partir de 1994 quando o Tratado que criou o MERCOSUL entrou em vigor, que o “país irmão” começou a ser encarado como um grande mercado emergente, bastante atractivo.

No contexto da internacionalização de ambas as economias em direcção à América Latina, em geral, e para o Brasil, em particular, havia um conjunto de razões que empurravam o estabelecimento de alianças ibéricas para aquele espaço geográfico, nomeadamente:

ƒ As fragilidades das empresas espanholas e portuguesas face a um mercado tão grande e com custos tão elevados;

ƒ O facto da herança do colonialismo originar um sentimento de amor-ódio dos brasileiros em relação aos portugueses; o mesmo acontecendo nos outros países da América Latina em relação aos espanhóis. Esta atitude fez com que alguns países da América Latina “vissem com melhores olhos” o investimento português, enquanto a opinião pública brasileira era mais receptiva em relação ao investimento de origem espanhola. Este dado também pesou no interesse de Espanha em fazer alianças com os portugueses.

MESTRADO EM GESTÃO PÚBLICA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Antes de avançar, no tema, é sem dúvida pertinente proceder a uma brevíssima caracterização das duas empresas espanholas – Telefónica e Iberdrola – com as quais se celebraram as alianças com as empresas nacionais dos sectores das telecomunicações – PT - e electricidade – EDP - respectivamente.

ƒ A Telefónica teve a sua origem a 19 de Abril de 1924, aquando da constituição em Madrid da Companhia Nacional de Espanha (CNE), como Sociedade Anónima. Em 1945, o Governo espanhol decidiu que as acções da CNE, propriedade da International Telegrhaph Corporation, passariam a ser propriedade do Estado.

Na década de 80, a Telefónica passou por profundas transformações. A 01 de Janeiro de 1988 entrou em vigor a “Lei de Organização das Telecomunicações” (LOT), para regular as actuações e competências da empresa.

Paralelamente, por um lado, um ano antes, as acções da Telefónica tinham começado a ser cotadas na Bolsa de Nova Iorque; por outro lado, a automatização integral do serviço telefónico culminou, em Dezembro de 1988, quando a Polopos (Granada) fechou o seu centro manual para inaugurar uma central automática.

Neste contexto, a Telefónica adoptou uma imagem e uma denominação novas: Telefónica de España, S.A..

No final da década de 80 e nos anos 90, a Telefónica apostou na sua internacionalização, estendendo os seus negócios e serviços a outros continentes, especialmente para América Latina.

Em consonância com as políticas de liberalização adoptadas pela UE, o Governo Espanhol deu início ao processo de privatização da Telefónica.

Em 1988, na sequência da privatização do sistema Telebrás a Telefónica entrou no Brasil.

ƒ Em relação à Iberdrola, esta empresa foi constituída por tempo indefinido a 19 de Julho de 1901, sob a designação Iberdrola S.A..

Os seus estatutos sociais foram adaptados ao Texto Refundido da Lei de Sociedades Anónimas em virtude do Acordo da Junta General de 16 de Junho de 1990. A sua denominação social actual data de 01 de Novembro de 1992 A partir de 1995, a Iberdrola deu início ao seu processo de internacionalização, começando pela América Latina.

Em 1999, Espanha avançou significativamente no processo de liberalização, introduzindo a Lei do Sector Eléctrico de Novembro de 1997.

MESTRADO EM GESTÃO PÚBLICA UNIVERSIDADE DE AVEIRO

Em 2000, o Grupo Iberdrola estava presente em mais de 20 países da Europa, América e Ásia, procurando conciliar a sua expansão geográfica com uma oferta diversificada de serviços (electricidade, gás, água e telecomunicações) aos clientes.

Em 2001, a Iberdrola apresentou o novo Plano Estratégico 2002-2006, mediante o qual visa duplicar o tamanho da empresa e apresentou uma renovação da equipe de gestão.

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