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A problemática da autenticidade do patrimônio na contemporaneidade

PRIMEIRA PARTE: Cultura e mercado nos territórios patrimonializados

2. Identidades territoriais e ideologias espaciais: o processo de patrimonialização em evidência

2.2. A problemática da autenticidade do patrimônio na contemporaneidade

Nas políticas de proteção patrimonial, o critério de autenticidade é de grande valia para o reconhecimento do valor cultural de um bem material. No entanto, é válido ressaltar que, apesar da sua importância concreta no âmbito das políticas e das práticas de preservação, a sua imprecisão conceitual dificulta a criação de consensos sobre o significado do termo, dificultando a própria legitimação e classificação de um bem patrimonializado enquanto objeto autêntico.

A dificuldade de validação da autenticidade de um bem possibilita o reconhecimento do valor patrimonial de objetos e paisagens que sofreram diversas alterações no transcurso do tempo e até legitima, em alguns casos, o reconhecimento de réplicas ou reconstruções como patrimônios, reforçando o seu sentido enquanto um objeto-signo que se presta à simulação de um passado imaginário. Dada a relevância do tema para a elucidação da valorização econômica e simbólica dos territórios patrimonializados convém explicitar melhor os argumentos sobre a questão da autenticidade em seus pormenores. As primeiras referências ao termo autenticidade remetem

(...) à autoridade dos textos normativos e instauradores no duplo campo do direito e da religião. Ele designa a autoridade de um texto sem preconceito quanto à sua significação. (...) A autenticidade implica conformidade não fragmentada a um original textual, dito de outra forma, a qualidade intangível e permanente de um fundamento: suporte de um dogma, de um direito, de um rito, ou na perspectiva laica, de um discurso, de um testemunho (CHOAY, 1995, p. 1-2). O movimento preservacionista mundial, desde os seus primórdios, passa a utilizar o termo para a classificação dos objetos materiais dignos de preservação, englobando obras de arte e edifícios arquitetônicos. Desde então, tal critério passa a ser alvo de debates e reflexões a respeito da sua utilização e aplicação dada a dificuldade de estabelecer parâmetros que validam uma obra como original e autêntica ao sofrer a influência das ações indeléveis do tempo em sua estrutura material.

Lemaire (1994) e Choay (1995) ressaltam a dificuldade de assegurar que uma obra se mantenha fidedigna, tanto em seus aspectos formais quanto estruturais, à obra original concebida por seu criador. Isso se dá tanto pela ação do homem, em função dos acréscimos,

supressões e alterações na sua estrutura formal para adaptá-las a novos usos e às inovações estéticas e estilísticas que a compõem, quanto pelas intempéries sofridas pelos materiais construtivos, exigindo a substituição ou até mesmo a supressão de muitos deles para assegurar a manutenção e a durabilidade da edificação por um período de tempo maior. Tais fatores dificultam a permanência da dimensão formal original da edificação, a qual está associada à sua valorização enquanto obra de arte autêntica. Ao considerar que a dimensão material de uma edificação está diretamente atrelada às funções e aos sistemas de valores e significados sociais que adquire, cabe verificar que, muito frequentemente, tanto a obra em si quanto o seu sentido original se modificam com o tempo.

Por isso, são efetuadas ações de restauro visando assegurar a continuidade da obra através do tempo, mantendo as características que levaram à sua consagração enquanto objeto de valor artístico, histórico ou ambos. Segundo Brandi (2004, p.28), “o restauro é compreendido como o momento metodológico do reconhecimento da obra de arte na sua consistência física e na dupla polaridade estético-histórica tendo em vista a sua transmissão para o futuro”. Para o autor, é importante que tais ações assegurem a relevância estética da obra, pois, em geral, esta é a responsável pela atribuição do valor artístico a determinado bem cultural. Por outro lado, o restauro busca preservar a dimensão histórica da obra, defendendo as adições, que têm por finalidade conservar a obra em si resvalando-se do seu caráter histórico, em que os acréscimos se justificam como parte de sua própria historicidade. (BRANDI, 2004). A intervenção de restauro e os acréscimos efetuados relaciona-se à própria trajetória histórica da obra em que se pretende preservar para as futuras gerações. Por isso, se justificam, desde que não a deturpe.

Ao se considerar também o patrimônio como fonte documental, é possível atribuir uma autenticidade histórica a tais bens, a partir da própria avaliação das transformações ocorridas em sua dimensão material que testemunham as mudanças da estrutura social no decorrer do tempo. Segundo Lemaire (1994, p. 7), “a autenticidade é compreendida, nessa perspectiva, no sentido de credibilidade da fonte histórica, não negociada e cujos elementos em sua totalidade e todas as transformações pertencem às épocas que aos monumentos é imputado documentar ou ilustrar”. Tal definição leva em consideração o aspecto mutável das obras de arte sem afetar sua condição de autenticidade. Mesmo nas intervenções de restauro, as ações efetuadas sobre as obras devem, em tese, se pautar em uma profunda análise documental sobre os seus dados históricos, visando compreender as modificações ocorridas

nestas ao longo de sua existência de modo a evitar intervenções de caráter pessoal. Essas ideias são defendidas por Lucas Beltrami e Gustavo Giovanonni (ELIAS, 2007).

Dada a dificuldade de estabelecer parâmetros válidos de avaliação da autenticidade de uma obra de arte e das diversas formas de autenticidade existentes, observa- se comumente no âmbito da arquitetura, principalmente, que reconstruções reproduções e obras alteradas em sua dimensão formal e estrutural mantêm o status de bem patrimonializados, mesmo tendo a autenticidade como critério balizador das políticas de reconhecimento e preservação patrimonial. A legitimação desse processo, comumente observado em muitos centros e cidades históricas, traz para o centro do debate sobre a questão da autenticidade as reflexões de Benjamin (2000) sobre a obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica, pautando sua análise nas condições que levam à perda da autenticidade das obras de arte ao serem reproduzidas. Para o autor,

o que faz com que uma coisa seja autêntica é tudo que ela contém de originalmente transmissível, desde sua duração material até seu poder de testemunho histórico. (...) no caso da reprodução, em que o primeiro elemento escapa aos homens, o segundo – o testemunho histórico da coisa – encontra-se igualmente abalado (Benjamin, 2000, p. 225).

Com o passar do tempo, as alterações formais dos objetos, reproduções e acréscimos resultam na perda do seu conteúdo original, relacionado tanto à sua dimensão material quanto ao que Benjamin (2000) denomina de “função ritual”, que constituiu no suporte do seu valor de uso no momento em que foi concebida. A partir de tais proposições, considera-se que certas edificações patrimonializadas que perderam os próprios traços de sua forma original, ao se refuncionalizarem sucessivas vezes, possuem sua autenticidade contestada, apesar de muitos deles serem mundialmente reconhecidos como patrimônios nacionais e mundiais, como determinados edifícios religiosos (igrejas, mosteiros, conventos e templos) convertidos em atrações turísticas de grande relevância.

Dentre a diversidade de exemplos passíveis de consideração, pode-se considerar o Partenon24, (figura 8) que ao longo dos séculos perdeu sua função cultual e também os seus elementos formais originais, transformando-se, atualmente, numa das principais atrações turísticas do mundo. Igrejas convertidas em museus, como a de São Francisco de Assis, na cidade do Porto, em Portugal (figura 9), e uma multiplicidade de conventos e mosteiros transformados em hotéis e pousadas, cujos exemplares se espalham por diversas cidades e

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O Partenon, localizado em Atenas, foi originalmente concebido como templo dedicado à deusa Atena. Portanto, teve durante muito tempo um valor cultural por ser um dos mais importantes locais de culto da Grécia Antiga.

centros antigos patrimonializados, perderam, segundo as concepções de Benjamin (2000),a sua autenticidade.

Figura 8: Refuncionalização patrimonial – Partenon – Atenas, Grécia

Fonte:

http://i240.photobucket.com/albums/ff166/julieagee9/2008%20Med%20Cruise/TheParthenon Athens.jpg

Figura 9: Refuncionalização patrimonial – Igreja de São Francisco de Assis – Porto, Portugal

Fonte: http://708737110.r.cdn77.net/wp-content/uploads/2013/03/porto_san_francisco.jpg Isso se dá também entre as diversas réplicas de monumentos e obras arquitetônicas de relevância estética, histórica e artística, como Colonial Williamsburg, nos Estados Unidos, considerada como um exemplo emblemático do movimento preservacionista mundial, apresentado por Gonçalves (1988), por se tratar da recriação de objetos, edifícios e conjuntos arquitetônicos representativos da cidade erigida no século XVIII.

Na segunda década do século XX ela veio a ser redescoberta e, sob o patrocínio de John D. Rockefeller, foi totalmente reconstruída. Esse trabalho de reconstrução tinha como objetivo refazer a cidade tal qual ela suposta mente teria sido, urbanística e arquitetonicamente, no século XVIII, às vésperas da Revolução (GONÇALVES, 1988, p. 269)

O autor discute que o objetivo de reconstrução da cidade, de forma mais fidedigna possível tal como era no século XVIII, teve como intuito torná-la representativa da identidade nacional e do passado da nação. O seu valor patrimonial advém, portanto, dessa associação. Em relação à legitimação da sua autenticidade, Gonçalves (1988, p. 272), considera que a cidade é um exemplo de “autenticidade não aurática”, pois possibilita a reprodução técnica do passado por meio da reconstrução de suas formas, que, de certo modo, viabiliza a manutenção de certos vínculos com a identidade e com a história da nação, por mais ficcional que estes sejam. A utilização do termo “aurático” advém do sentido de “aura”, definida por Walter Benjamin, em suas reflexões sobre a obra de arte na era da reprodutibilidade técnica. Para o

autor, a aura pode ser considerada como ”a única aparição de uma realidade longínqua, por mais próxima que ela possa estar (...)” (Benjamin, 2000, p. 229). O autor associa a aura ao caráter único do objeto artístico, ligado ao tempo e ao espaço em que foi produzido.

Ao tecer uma análise comparativa entre Colonial Williamsburg (figura 11), e a cidade brasileira de Ouro Preto (figura 10) considerada como o marco da identidade nacional desde o início do movimento preservacionista no Brasil, o autor reforça que o patrimônio da cidade também constitui um exemplo não aurático de autenticidade. Contudo, seus aspectos de permanência e singularidade são mais expressivos (GONÇALVES, 1988).

Figura 10: Autenticidade não aurática – Ouro Preto, Minas Gerais

Fonte: da autora (2012)

Figura 11: Autenticidade não aurática – Colonial Williamsburg, Virginia, Estados Unidos

Este exemplo emblemático ratifica a ideia da aceitação e da valorização de simulacros como exemplares materiais de tempos pretéritos. Concordando com Harvey, que por simulacro designa “o estado de réplica tão próxima da perfeição que a diferença entre o original e a cópia é quase impossível de ser percebida”. (HARVEY, 1992, p. 261), pode-se considerar esse tipo de intervenção urbana como um efeito resultante dos avanços das técnicas modernas de reprodução, que incidem de forma cada vez mais significativa nos planos de intervenção urbana das localidades que procuram resgatar o seu poder de atração devido à relevância histórica e cultural, a qual, por razões diversas, se perdeu no transcurso do tempo.

Guardadas as devidas proporções, no Brasil e no restante do mundo, casos de reconstruções e réplicas de edifícios e conjuntos urbanos de reconhecido valor patrimonial são comumente observados em localidades onde ocorreram catástrofes naturais de grandes proporções, como terremotos e enchentes devastadoras. As cidades de Goiás Velho e São Luiz do Paraitinga são os casos mais contundentes desse processo no Brasil. Parte considerável das edificações de valor histórico e arquitetônico sucumbiu ou sofreu sérios danos estruturais devido a enchentes devastadoras que atingiram ambas as cidades em anos distintos. Mesmo assim, no mesmo ano da enchente que provocou a destruição e deterioração de parte dos edifícios de São Luiz do Paraitinga,25 o centro antigo da cidade foi reconhecido como Patrimônio Nacional pelo IPHAN. No Caso de Goiás Velho, a enchente se deu dias após a cidade ser reconhecida pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade, título que a cidade manteve mesmo após a catástrofe26 (figura 12). Reconstruções, reformas e restauros foram efetuados em ambas as cidades, como demonstrado na figura 13, procurando preservar, na medida do possível, as características formais das edificações como eram antes das enchentes.

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A enchente em São Luiz do Paraitinga ocorreu janeiro de 2010 e o reconhecimento do centro histórico da cidade como Patrimônio Nacional, pelo IPHAN se deu em dezembro do mesmo ano.

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A enchente que assolou Goiás Velho ocorreu na virada do ano de 2001 para 2002, menos de um mês após a cidade ter sido reconhecida como Patrimônio da Humanidade.

Figura 12: Patrimônio e catástrofe – Enchente em Goiás Velho no Reveillón de 2002

Fonte: http://www.redefonte.com/wpcontent/uploads/2011/09/enchentes.jpg

Figura 13: Centro histórico de Goiás Velho recuperado

Fonte: Cristina Masson (2009). Disponível em:

http://farm4.staticflickr.com/3625/3365394370_d2ea204f07_z.jpg

O sentido de tais intervenções residia, portanto, na recuperação das formas para que o seu conteúdo, isto é, seus valores e significados, possibilitassem a manutenção dos vínculos de pertencimento entre a população local, o território e o patrimônio reedificado e recontextualizado. Ao discorrer sobre as prerrogativas que levaram ao tombamento federal do centro histórico de São Luiz do Paraitinga, Paes (2012, p. 29), ressalta os valores explicitados pelo IPHAN que deveriam ser evidenciados com tal reconhecimento, ao reforçar que

(...) o que está em jogo não é a preservação material do patrimônio arquitetônico original, mas a sua permanência como valor histórico, social e político, seja na escala local ou nacional. Por isso mesmo, este pode ser reproduzido em sua estética, ainda que com materiais, interesses e tecnologias do momento presente.

As práticas de reconstituição patrimonial já são comumente aceitas e efetuadas desde a segunda metade do século XX, período em que diversos centros históricos e edificações antigas de valor histórico foram reconstruídos após sua destruição durante a Segunda Guerra Mundial. Como exemplo é válido citar a reconstrução do centro antigo de Varsóvia, na Polônia, e de Dresden, na Alemanha.

Cabe evidenciar que ambos os centros antigos foram declarados pela UNESCO como Patrimônios Mundiais. Porém, esse título foi retirado de Dresden, em 200927 (figura 14) com o consentimento da população que defendia a necessidade de construção de uma nova ponte sobre o rio Elba (figura 15), que afetaria a dimensão visual de sua paisagem cultural, formada pelo rio e o conjunto arquitetônico barroco do centro antigo localizado em suas margens. Tanto nesse como nos demais exemplos evidenciados, a dimensão estética da paisagem de tais localidades figura como um dos critérios de grande relevância nos projetos de reconstrução, restaurações e reproduções de edificações deterioradas ou destruídas por fatores diversos.

Figura 14: Vista do centro histórico de Dresden

Fonte: Silvan Rehfeld.

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UNESCO. Dresden é excluída da Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO. 25/06/2009. Disponível em: http://whc.unesco.org/en/news/522/, acessado em 15 de outubro de 2015.

Figura 15: Ponte sobre o rio Elba – Dresden

Fonte: http://news.bbcimg.co.uk/media/images/69467000/jpg/_69467170_82ffjncx.jpg A busca pela manutenção de uma unidade estética da paisagem e de uma beleza cênica produzida por edificações isoladas e conjuntos arquitetônicos constitui um dos principais quesitos que levam à recomposição do conjunto urbano. Em Ouro Preto as intervenções sobre o patrimônio arquitetônico levaram em consideração essas premissas, principalmente, entre os anos de 1930 e 1960, quando a cidade era considerada pelo IPHAN como obra de arte acabada.

A reconstituição de paisagens cujos elementos formais remontam a determinado período histórico que se pretende valorizar visa ressaltar uma dimensão imagética que lhe assegure um estatuto diferencial frente às demais, adquirindo uma grande relevância em termos turísticos.

Com o passar do tempo, torna-se cada vez mais difícil identificar as edificações originais e aquelas reproduzidas em outros períodos. Como adquirem relevância turística, é comum nos centros históricos a omissão de informações ou indicações nas próprias edificações de que se trata de réplicas ou que foram alvo de ações de restauro, práticas que contrariam os próprios preceitos de consagrados restauradores que defendem a inserção de informações ou indicações na própria obra a fim de diferenciar o que restou de original no objeto ou edificação restaurado. Para isso, faz-se importante informar o público a respeito da época, dos materiais e técnicas utilizados e da autoria das intervenções mais recentes para não levar os seus observadores ao engano. Ocorre, no entanto, que tais indicações podem acarretar na perda do teor de atratividade de muitos destes bens, já que parte do público alimenta a sensação de estar diante de objetos autênticos que remontam a um passado idealizado.

Observa-se, contudo, que as experiências de autenticidade, quando calcadas apenas na “sensação” de ser autêntico não são suficientemente credíveis, visto que as ´sensações´ são manipuláveis, quer na mediação do interlocutor (entre o sujeito do conhecimento e o

objeto), quer pelo próprio objeto como elemento passível de falseamento (ZANCHETI et. al., 2008, p. 11).

Portanto, imitações de edificações de períodos pretéritos e as obras de restauro efetuadas sem a distinção do que se configura como intervenção recente em relação ao que é original, são cada vez mais comuns nos territórios patrimonializados, cujo teor de autenticidade das edificações, há tempos já se perdeu (se é que em algum dia houve), sem levar à perda do seu estatuto patrimonial.

Utilizado como discurso retórico nas políticas patrimoniais e nas estratégias de divulgação publicitária de tais localidades, a noção de autenticidade reforça a dimensão ideológica das teorias e das práticas patrimoniais, ao se prestar à legitimação de valores e ações destinadas ao reforço de singularidades perdidas, com o intuito de exaltar o seu potencial mercadológico. No período contemporâneo, proliferam-se as estratégias destinadas a trazer ao presente os traços de um passado idealizado por meio da criação de mercadorias que reproduzem formas e estilos pretéritos. Esses são os traços de um patrimônio que se evidencia na pós-modernidade, dotado de “formas cada vez menos puras” ou até mesmo reproduções que “(...) escancaram a natureza do patrimônio cultural como uma construção ficcional que exagera na cenarização e artificializa a memória por meio do espetáculo” (PAES LUCHIARI, 2005, p. 98-99).

Ao considerar que a análise da dimensão territorial do patrimônio cultural não se dá apenas pela análise de suas formas, mas sustenta-se também por todo um aparato ideológico dotado de um referencial imagético e discursivo responsável pela produção de um sistema de representações ao seu respeito, cabe tecer uma explanação de como tais recursos se coadunam para a exaltação do valor histórico e cultural dos territórios patrimonializados e para a difusão de estratégias de mercantilização do patrimônio e da tradição.

3. A relevância das imagens e discursos na mercantilização do passado e na