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A problemática da saúde oral em Portugal Iniciativas noutros países

A problemática da saúde oral em Portugal

CUIDADOS HOSPITALARES

II. A problemática da saúde oral em Portugal Iniciativas noutros países

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Holanda

Como se pode constatar na fig. 16 elaborada pelo Eurostat, a Holanda é o país da União Europeia em que a população mais visita o médico dentista, sendo que como resultado destas mesmas consultas apenas uma pequena percentagem da população apresenta dentes mal tratados. Este cenário é facilmente justificado face ao bom desenvolvimento e criação de estratégias eficientes do sistema de saúde.

Na Holanda todas as práticas odontológicas são privadas, o que significa que o paciente é responsável pelo pagamento dos custos dos seus tratamentos, um pouco à semelhança do cenário português. Porém, todas as despesas de consultas odontológicas a jovens até aos 18 anos são cobertas, bem como cirurgias dentárias hospitalares aprovadas, por um cirurgião oral, para todos os adultos. Todos os outros cuidados dentários, que constituem a maioria dos cuidados prestados, só podem ser segurados através de um seguro adicional. Situação esta que não se sucede em Portugal (Rietrae, 2016).

França

Noutros países, como por exemplo em França, o panorama é semelhante a Portugal na medida em que são realizadas consultas de prevenção gratuitas a crianças em contexto escolar. Contudo, pode-se verificar um índice de saúde oral bem mais positivo em França.

Em grande parte dos países são várias as estratégias que procuram integrar o máximo de pessoas no acesso à saúde oral, nomeadamente de forma gratuita pelo menos a crianças e jovens até aos 18 anos. Este serviço é garantido no sector público, contudo, a população destes países acaba por recorrer maioritariamente ao setor privado. Situação esta também refletida em Portugal.

Contrariamente ao panorama Português, em que o SNS não prevê nem possibilita o tratamento ao domicílio , em França as crianças são examinadas regularmente e atendidas ao domicílio, o que poderia ser uma vantagem para toda a população que vive isolada de clínicas dentárias, hospitais ou centros de saúde. Esta situação é igualmente comum em países como o Reino Unido e a Áustria, países estes que apresentam valores de índice oral aproximados aos de França (Patel, 2012).

Reino Unido

No Reino Unido a recorrência a consultas de medicina dentária não é tão elevada se compararmos a países como Holanda ou Bélgica, contudo as estratégias adotadas no que diz respeito ao acesso de cuidados de saúde oral são simples e apresentam resultados positivos.

São distribuídos anualmente kit de ferramentas baseadas para a prevenção e cuidados primários de doenças orais, que cedem dicas básicas e conselhos para a prevenção da cárie dentária. Neste plano são também integrados rastreios gerais na saúde dos idosos. O que torna este sistema diferenciador e único das estratégias de promoção e prevenção já aplicada em Portugal é a oferta de exames odontológicos. Estes exames são inseridos como uma parte integrante e igualmente importante de um exame de saúde preventivo. Esta medida levou a um aumento significativo no atendimento odontológico quando comparado a quem não usufruiu de exames clínicos.

Esta foi uma medida aceite com agrado por parte das pessoas que apresentavam problemas orais e que não frequentavam o dentista com regularidade, garantindo assim que as necessidades dentárias desse grupo populacional mais vulnerável fossem satisfeitas aumentando a consciência do paciente a nível da higiene oral de forma a incentivar o autocuidado (Patel, 2012).

Dinamarca

O panorama atual de grande parte dos restantes países é bem diferente de Portugal, e a Dinamarca é outro exemplo de um país com adoção de estratégias com impactos positivos. É visível uma abordagem direcionada para a prestação de cuidados preventivos inseridos no serviço público, o que trouxe resultados significativamente positivos.

Várias crianças recebem cuidados todos os anos e são vários os municípios que são obrigados a acordos com clínicas locais, de forma a que crianças e adolescentes sem exceção recebam tratamentos totalmente gratuitos, incluindo a educação para a saúde oral e respectiva prevenção.

Esta é uma situação que se passa na Dinamarca, um país que numa fase inicial apresentava um índice de saúde oral baixíssimo

(Patel, 2012).

2.5. Sector privado e sector público

A procura de cuidados de saúde, acaba por criar maior parte das vezes uma forte pressão no que concerne às despesas.

No ano de 2003, a despesa pública representou 73% do gasto total com a saúde, sendo que nesse mesmo ano o SNS foi responsável por mais de metade da despesa total em saúde e, por sua vez, as famílias financiaram 21% desse custo (Simões e Silva, 2009). O sistema de saúde Português, tem sido caracterizado pela existência de uma permanente relação entre o setor público e o setor privado, sendo que ao longo da evolução do SNS, a questão da complementaridade e da concorrência, entre prestadores públicos e privados tem sido alvo de investigação, avaliação e análise.

Embora o SNS permita que a população tenha acesso a todo o tipo de cuidados de saúde de forma equitativa, a participação do sector privado, nos últimos anos, tem vindo a crescer. Sendo que têm sido os múltiplos mecanismos de cooperação entre os dois sectores de saúde.

Podem ser distinguidos dois tipos de relação: uma de natureza

complementar, em que os cidadãos recorrem a prestadores de

natureza privada mediante acordos estabelecidos nos serviços públicos, e outro de substituição, em que o paciente recorre

aos serviços privados por iniciativa própria. Em qualquer uma das situações o objetivo é garantir o acesso ao sistema de saúde (Fernandes & Nunes, 2016) (fig. 17).

O SNS domina a prestação de cuidados de saúde geral em Portugal, desde o momento da sua criação, embora se verifique um quadro de progressiva complementaridade com os prestadores privados.