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A questão da divergência em vista da inclusão da matéria no texto constitucional

No documento giselidopradosiqueira (páginas 43-51)

CAPÍTULO 1 ENSINO RELIGIOSO EM QUESTÃO

4. A questão da divergência em vista da inclusão da matéria no texto constitucional

O ato do governo com o Decreto de 30 de abril de 1931 acirrou ainda mais as reações contrárias à inclusão do ensino religioso nas escolas da rede oficial de ensino, pois desta forma foram atendidas as reivindicações da liderança católica, tendo como representante da

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A luta ideológica dos chamados Pioneiros da Educação Nova teve início no final da década de 1920, com a Reforma Francisco Campos, e teve como ponto alto o “Manifesto”, elaborado por Fernando de Azevedo e assinado por 26 educadores brasileiros, líderes do “movimento educacional” que pretendia, na época, construir e aplicar um programa de reconstrução educacional. Cf. FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. BRASIL – O Ensino Religioso na Escola: de 1500 a 1998. In: BELINQUETE, José. História da Catequese em Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. Coimbra: Gráfica Coimbra Ltda, 2010, v. 2, p. 1519.

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Vale destacar a exposição de motivos, retratando a ideologia católica, tendo como fonte a Divini Illius Magistri que atribui à família o direito de educar. Cf. FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. BRASIL – O Ensino Religioso na Escola: de 1500 a 1998. In: BELINQUETE, José. História da Catequese em Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. Coimbra: Gráfica Coimbra, 2010. (V. 2), p. 1519.

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Cf. Anexo D. O Decreto nº 19.941, de 30 de abril de 1931, foi a primeira Lei regulamentadora do ensino religioso no Brasil a vigorar no regime republicano.

Igreja para a apresentação dos fundamentos sobre a matéria o Padre Leonel Franca. O líder religioso assim apresentou as razões que encontrou para esse ato:

A tecla mais batida foi a da liberdade de consciência que o novo decreto vinha ferir. Nunca se usou e abusou tanto da sonoridade de uma palavra, esvaziando-lhe todo o conteúdo real. Protestou-se em todos os tons, em nome da liberdade, mas em que e como se achava ella offendida, foi o que nem sequer se tentou demonstrar. E seria bem interessante ouvir uma prova de que era contrária à liberdade de consciência uma disposição que não impunha nenhuma obrigação e deixava a cada família o arbítrio de escolher para os seus filhos a educação - leiga ou religiosa - que bem lhe aprouvesse. O regime anterior que obrigava a todos os paes a submeterem-se a uma pedagogia agnostica - regime de liberdade! O novo, que lhes faculta a escolha do ensino religioso ou do ensino leigo - regime de oppressão das consciências! Mas foi sempre assim: para illaquear os ingenuos, que não reflectem, e seduzir as turbas que não pensam, não há como florear a palavra magica de liberdade e acusar os catholicos de intolerantes!62

Percebe-se a reação de caráter ideológico, sem maiores considerações sobre os aspectos pedagógicos e sociais da questão em pauta. De um lado, a atuação da Igreja através de intelectuais católicos na defesa de seus princípios. Do outro lado, a reivindicação dos escolanovistas com o Movimento Renovador da Educação que insistia na observância da laicidade do ensino, tal qual propunha o pensamento francês sobre o estado republicano por sua natureza laica.

O desfecho da polêmica se dá na Assembléia Nacional Constituinte de 1933

O acirrado debate dos escolanovistas, reafirma a ideologia que tem a sua expressão máxima no “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova”, de 1932. Esses líderes da corrente que defendia um modelo de educação para o Brasil, tendo em vista modernizá-la, em função de sua necessária adaptação ao desenvolvimento industrial do país, defendiam os princípios para a sua implantação e implementação:

[...] uma escola oficial única, em que todas as crianças de 07 a 15 anos, todas ao menos que, nessa idade, fossem confiadas pelos pais à escola pública, e tivessem uma educação comum, igual para todos;

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FRANCA, Padre Leonel, Apud: FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. BRASIL – O Ensino Religioso na Escola: de 1500 a 1998. In: BELINQUETE, José. História da Catequese em Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. Coimbra: Gráfica Coimbra, 2010. (V. 2), p. 1510.

[...] a laicidade, de modo a colocar o ambiente escolar acima de crenças e disputas religiosas, alheio a todo o dogmatismo sectário, subtraindo o educando de possíveis imposições dogmáticas, respeitando-lhe a integridade da personalidade em formação, com atenção voltada para os riscos de possível “pressão perturbadora da escola quando utilizada como instrumento de propaganda de seitas e doutrinas”; [...] a gratuidade, extensiva a todas as instituições oficiais de educação considerada um princípio igualitário que torna a educação, em qualquer de seus graus, acessível não a uma minoria, por um privilégio econômico, mas a todos os cidadãos que tenham vontade e estejam em condições de recebê-la; [...] a co-educação: (formação de turmas mistas) “a escola unificada não permite ainda, entre alunos de um e outro sexo, outras separações que não sejam as que aconselham as suas aptidões psicológicas e profissionais”63

A polêmica é intensificada entre duas correntes opostas, formadas desde o início da República e que vão se reconstituindo com novos atores sociais e políticos. De um lado, a liderança católica se contrapõe a tais princípios, com argumentos em defesa de seus pontos de vista, reunindo, para tal, além dos setores da hierarquia, leigos influentes na sociedade, entre os quais figuram: Jackson de Figueiredo, Sobral Pinto, Jonathas Serrano, Hamilton Nogueira, Everardo Backheuser e Alceu de Amoroso Lima. A este último é atribuída a saudação feita ao Decreto de 30 de abril de 1931, pelo mesmo considerado o ponto alto das conquistas dos que reivindicaram a inclusão do ensino religioso nas escolas da rede oficial.

Eis um trecho da referida saudação:

Há quarenta anos que vivíamos em um equívoco permanente. Há quarenta anos que os poderes públicos forçavam a consciência de numerosos alunos das escolas públicas oficiais, privando-os do ensino religioso exigido pela sua fé. Há quarenta anos que os direitos dos pais sobre a educação religiosa dos seus filhos eram sistematicamente violados pelo laicismo em vigor. Há quarenta anos que gerações e gerações de brasileiros passavam pelos estabelecimentos de educação primária, secundária, normal e superior sem que uma só palavra lhes indicasse o sentido profundo de tudo aquilo que estudavam.64

A leitura dos anais da Assembléia Constituinte de 1933 permite constatar o empenho das partes interessadas na questão do ensino religioso, pois, entre os debates decorridos no

63AZEVEDO, Fernando. “A reconstrução educacional no Brasil”. Apud: FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. BRASIL – O Ensino Religioso na Escola: de 1500 a 1998. In: BELINQUETE, José. História da Catequese em Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste. Coimbra: Gráfica Coimbra, 2010. (V. 2), p. 1521.

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ATHAYDE, Tristão de. Debates Pedagógicos. Rio de Janeiro, Schmidt Editor. Apud: F IGUEIREDO, Anísia de Paulo. BRASIL – O Ensino Religioso na Escola: de 1500 a 1998. In: BELINQUETE, José. História da Catequese em Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor- Leste. Coimbra: Gráfica Coimbra, 2010. (V. 2), p. 1521.

Congresso, a inclusão ou a exclusão da disciplina figuram como assunto de maior incidência, em se tratando das emendas religiosas.

A inclusão do ensino religioso na Carta Magna de 1934

Finalmente, o texto é aprovado sem a expressão “fora do horário escolar”, mas admitindo o referido ensino como disciplina obrigatória do currículo, porém de matrícula facultativa, com a redação seguinte: “O ensino religioso será de freqüência facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno, manifestada pelos pais e responsáveis, e constituirá matéria dos horários nas escolas públicas primárias, secundárias, profissionais e normais”.65

Uma análise criteriosa sobre o ensino religioso é elaborada pelo Padre Leonel Franca,66 defensor de algumas ideias que circundam o ensino religioso, sob vários pontos de vista. Quanto ao aspecto pedagógico, o autor afirma que só a religião pode ser regra normativa para a educação, negando à moral científica capacidade para isto. Em seu argumento jurídico, sustenta que a escola leiga não é neutra entre vários credos, mas inclui uma posição irreligiosa ou arreligiosa. O autor apresenta a legislação do ensino religioso em vários países e termina pela análise do ensino religioso na história do Brasil.

O Pacto Lateranense e sua influência no Brasil na questão do ensino religioso

O período entre guerras é marcado por uma série de acontecimentos, entre os quais os relacionados com a atuação da Igreja Católica no mundo. Várias nações instituíram embaixadas junto à Santa Sé. Nesse sentido, a Itália voltou a normalizar suas relações com a referida Instituição. O Papado readquiriu crescente posição moral internacional. Nesse ínterim, aconteceu o “Pacto Lateranense”. Através do “Tratado” pelo mesmo estabelecido entre o Governo da Itália e o Vaticano, a plena soberania do Papa sobre o Estado do Vaticano é efetivada. Através da “Concordata” são regulamentadas as bases jurídicas da Religião e da Igreja Católica na Itália.

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Cf. Anexo A, 3. 66

Concluídas as bases jurídicas e celebrado o Acordo entre a Itália e o Vaticano, em 11 de fevereiro de 1929, o mesmo incluiu o ensino religioso nas escolas públicas da Itália, fato que veio a influenciar as partes envolvidas na mesma questão no Brasil. A “era Vargas” correspondeu ao período em questão, recebendo, portanto grande influência europeia, principalmente em se tratando da educação.

Em 11 de fevereiro de 2009, ao completar 80 anos do referido ato, o Sr. Núncio Apostólico, Dom Lourenzo Baltisseri, celebrou Missa em Ação de Graças, na sede da CNBB a convite da Presidência da referida Instituição, encerrando as atividades do primeiro dia de reunião do Conselho Episcopal de Pastoral (CONSEP). O vice-presidente da CNBB, Dom Luiz Soares Vieira, comentou sobre a razão de tal convite ao Núncio, destacando, a comemoração dos 80 anos de assinatura do Tratado de Latrão, também chamado de Pacto Lateranense, através do qual se criou o Estado do Vaticano. Em sua homilia, disse o Sr. Núncio Apostólico:

”A data de hoje recorda um evento histórico da maior importância", disse o Núncio. "Os Pactos Lateranenses dizem respeito a três pontos: criação da cidade do Vaticano; regulamentação da relação da Igreja com o Estado da Itália; definição da questão financeira entre a Santa Sé e a Itália". Esse Pacto assinado entre a Itália e a Santa Sé, em 1929, resolveu a chamada "Quaestio Romana", surgida em 1870, quando se decretou o fim dos Estados Pontifícios. [...] Esse evento [o Pacto] assegurou ao Sumo Pontífice e à Santa Sé a independência e a liberdade para o desenvolvimento da sua missão espiritual em nível universal”, esclareceu. Inaugurou-se, assim, entre Itália e Santa Sé uma estação de profícua colaboração e de ação comum pelo bem da Itália e de todas as nações do mundo.67

Considerando as dezenas de Acordos celebrados entre o Vaticano e diferentes países, o Brasil passa a figurar, desta forma, a partir de 2010, no conjunto das nações que adotaram a mesma medida.

O ensino religioso é mantido no Estado Novo, com restrições

O dispositivo consta do Art. 133, a saber: “o ensino religioso poderá ser contemplado como matéria do curso ordinário das escolas primárias, normais e secundárias. Não poderá,

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A Homilia do Núncio Apostólico encontra-se disponível em:

porém, constituir objeto de obrigação dos mestres ou professores, nem de frequência compulsória por parte dos alunos.”68

Não é garantida, na Carta de 1937, a liberdade religiosa como na Constituição anterior, uma vez que entra em vigor um tipo de regime totalitário.

Nas Constituições elaboradas sequencialmente em 1934 e 1937, o ensino religioso perde a obrigatoriedade69 e novamente é alvo de debates. Mas os “programas de religião” e seu regime didático foram fixados pela autoridade religiosa nos termos das chamadas “Leis Orgânicas”, que vigoraram na forma de decretos para cada etapa e ramo do ensino. As referidas Leis vigoraram no Brasil mesmo após a extinção do Estado Novo, que coincidiu com o fim da Segunda Guerra Mundial. Nestas o ensino religioso permaneceu facultativo a mestres e alunos.

No Estado liberal, busca-se maior compreensão do princípio da liberdade

A nova Constituição dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada em 18 de setembro de 1946. Comparando-a com as Cartas anteriores, parece que evolui em relação ao tratamento dado à questão do que se pode chamar de liberdade religiosa.

Na busca de compreensão da natureza dessa liberdade, há quem distinga a liberdade de consciência como o direito de crer segundo sua inclinação ou predileção; a liberdade de crença como o direito de exprimir, publicamente, essa crença. Outra distinção é a que se faz entre liberdade interior de consciência e liberdade exterior de culto.

Em se tratando do art. 141, 7º parágrafo, da referida Constituição, há quem interprete o enunciado pela via do direito:

[...] a liberdade de consciência e de crença será respeitada como absoluta, não comportando restrições. [...] Todas as religiões têm seus direitos, mas nenhuma delas poderá exercê-los preterindo, ameaçando ou restringindo idênticos direitos assegurados às outras religiões. [...] Dentro desta neutralidade simpática a todas as manifestações de caráter religioso, o Estado pode atingir a sua finalidade, sem

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Cf. Anexo A, 4. 69

BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil. 1934. Cf. Anexo A, 3. E BRASIL. Constituição dos Estados Unidos do Brasil. 1937. Cf. Anexo A, 4.

prejuízo dos benefícios de ordem espiritual que trazem as instituições e os credos religiosos ao progresso moral do país.70

O dispositivo constitucional, que assegura o ensino religioso nas escolas da rede oficial, parece ter sido proveniente do que se entendeu sobre a liberdade religiosa na época.

O ensino religioso na Carta Magna de 1946, regulamentado pela LDB, nº 4.024/61

Assim reza o art. 168, inciso V da Carta Magna de 1946, ao assegurar o ensino religioso no currículo escolar: “o ensino religioso constitui disciplina dos horários das escolas oficiais, é de matrícula facultativa e será ministrado de acordo com a confissão religiosa do aluno, manifestada por ele, se for capaz, ou pelo seu representante legal ou responsável”.71.

No que diz respeito especificamente ao ensino religioso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 mantém a sua natureza confessional.

Publicada, em 1961, a tão esperada Lei de Diretrizes e Bases, nº 4.024/61, o ensino religioso é garantido sob a influência dos defensores da escola pública oficial como única destinatária do subsídio financeiro do Estado. Desta forma, o dispositivo traz o acréscimo da expressão “sem ônus para os cofres públicos”. Pareceu ser intenção de seus autores atenuarem a força da Carta Magna que manteve a disciplina ensino religioso como parte integrante do sistema escolar, uma vez que não incluía a expressão “sem ônus para os cofres públicos”.72

Vão ganhando terreno as sementes lançadas nos debates do primeiro período republicano. Coerentemente com essa tendência, o maior desafio está na garantia da disciplina na escola pública, porém fora do sistema escolar, e, consequentemente, na discriminação do professor, como profissional da educação, pois serão admitidos, para a função docente, voluntários dispostos a colaborar na efetivação do ensino religioso sem ônus para os cofres públicos, fora do quadro do magistério e dos horários normais escolares, sem as garantias sociais ou profissionais.

Na perspectiva da confessionalidade, à medida que a organização se orientava para a implantação da disciplina nos respectivos sistemas de ensino, as escolas se tornavam

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BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 18 de setembro de 1946. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm> Acesso em 30 de dez. 2011.

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CF. Anexo A, 5. 72

dependentes das entidades religiosas quanto ao credenciamento e à formação de profissionais para a função na área, quanto à elaboração de programas e às outras responsabilidades que os distanciavam da condição de profissionais da educação, como eram os das outras áreas.

O pensamento da época é expresso pelo Parecer do Conselho Federal de Educação nº 77/62, aprovado em 15/06/62, tendo como relator o Padre José de Vasconcellos, intitulado: “O Ensino da Religião na Lei de Diretrizes e Bases”. O mesmo descreve inicialmente que, na sessão de 13 de abril, o nobre Conselheiro Dom Cândido Padin havia encaminhado à Mesa uma consulta sobre o ensino religioso, conforme a redação do art. 97 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Entre outras questões, comparou a referida LDB com as Leis Orgânicas anteriores e apresentou as seguintes argumentações que a caracterizavam como inovadora:

1-O ensino Religioso é obrigatório nas escolas oficiais de qualquer grau, embora de matrícula facultativa;

2- Situa-se dentro do horário escolar, para os efeitos do artigo nº 38;

3- Será ministrado de acordo com a confissão religiosa manifestada pelo aluno, se ele for capaz, ou pelo representante legal ou responsável (esta ‘capacidade’ deve ser tomada no sentido legal);

4- Será ministrado sem ônus para os poderes públicos;

5- A formação de classe independe, neste caso, de número mínimo de alunos; 6- Os professores serão registrados perante a autoridade religiosa respectiva; 7- Dentro do espírito da nova lei, omitiu-se o aceno anterior à fixação dos programas, deixando-os ao critério do professor, ou da escola.

A manifestação da confissão religiosa dos alunos feita, muita vez, pelos seus responsáveis, sugere que, sobretudo nos colégios oficiais, parta das famílias a iniciativa de solicitar da escola a instalação do ensino religioso. O art. 97 é auto aplicável, não havendo, portanto, o que deliberar em relação ao mesmo. A Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases não fixaram princípios sobre o ensino da Religião para os estabelecimentos particulares de ensino. Entendemos que tal omissão não constitui restrição a tais estabelecimentos que, no exercício de sua liberdade, de que está tão penetrada a lei, poderão adotar, por si, os princípios e regras fixadas pela lei para os estabelecimentos oficiais da matéria.73

Assim, a manifestação da confissão religiosa dos alunos seria feita pelos seus responsáveis. O instrumento legal sugeria ainda que, sobretudo nos colégios oficiais, partisse das famílias a iniciativa de solicitar da escola a oferta do ensino religioso.

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BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Conselho Federal de Educação. Parecer nº 77, de 15 de junho de 1962. O ensino da religião na lei de Diretrizes e Bases da Educação. Documenta, nº 05/06, Rio de Janeiro, jul./ago.1962., p. 60s.

A Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases não fixaram princípios sobre o ensino da Religião para os estabelecimentos particulares de ensino. Entendemos que tal omissão não constitui restrição a tais estabelecimentos que, no exercício de sua liberdade, poderiam adotar, por si, os princípios e regras fixados pelas mesmas para os estabelecimentos oficiais.

5. A questão do ensino religioso na confluência do Concílio Vaticano II e do regime

No documento giselidopradosiqueira (páginas 43-51)