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Experiências significativas em ensino religioso: contribuições mineiras

No documento giselidopradosiqueira (páginas 154-168)

PARTE II FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS E METODOLÓGICOS DO ENSINO RELIGIOSO COMO ÁREA DO CONHECIMENTO

CAPÍTULO 2 DAS EXPERIÊNCIAS SIGNIFICATIVAS AOS FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS

1. Experiências significativas em ensino religioso: contribuições mineiras

O estado de Minas Gerais carrega uma enorme experiência no ensino religioso, desde os tempos mais remotos, herança da colonização portuguesa, até os dias atuais. Há que se destacar a presença marcante dos discursos e argumentos dos juristas mineiros no período republicano e, posteriormente, a apresentação de propostas inovadoras para a prática escolar e

a formação de professores para a área do ensino religioso apresentadas pela Universidade Federal de Juiz de Fora, na década de 1970.304

Muito já se escreveu e ainda se escreve sobre a realidade do ensino religioso no país, e sua presença no sistema escolar é constantemente alvo de questionamentos. Mas ainda é necessário aprofundar as pesquisas para delinear com clareza seu objeto de estudo, contribuindo para efetividade dessa área de conhecimento numa base nacional comum, como propõem as diretrizes curriculares nacionais para a educação básica. Nesse caminho, torna-se fundamental aprender com as experiências e avançar para a superação dos desafios.

Quarenta anos de reflexão sobre a identidade do ensino religioso em Minas Gerais

Na construção do imaginário coletivo da sociedade brasileira sobre o ensino religioso, Minas Gerais parece ter sido uma das Unidades da Federação que maior influência exerceu nessa construção. Sua participação na discussão sobre a inclusão ou permanência da disciplina no currículo escolar do sistema público remonta à primeira metade do século XX, inicialmente com o projeto apresentado pelo representante da Igreja Católica, Padre Leonel Franca. Encarregado da tarefa por Dom Sebastião Leme, redigiu o texto do anteprojeto do decreto de 30 de abril de 1931 e, posteriormente, do dispositivo sobre o ensino religioso que constou da Constituição Federal de 1934.

São atribuídos a juristas mineiros os fundamentos para a redação de ambos os Projetos de Lei, pois antes de constar da legislação brasileira da década de 1930, o dispositivo sobre o ensino religioso já figurava na legislação mineira. Esse fato foi lembrado durante a última Assembléia Constituinte Mineira pelo Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, Dom Serafim Fernandes de Araújo, na defesa da Emenda nº 1.424/87, que acrescentava as palavras “e médio” ao texto da Constituição Federal, a vigorar em âmbito do Estado. O Diário Oficial de Minas Gerais traz na íntegra o texto da referida defesa onde o fato é elucidado:

304

Agradeço à amiga e pesquisadora Anísia de Paulo Figueiredo que possibilitou-me compreender parte dessa história através de vários colóquios estabelecidos ao longo da elaboração dessa pesquisa e ao acesso a sua tese doutoral. Cf. FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. Fuentes antropológicas y sociológicas de la educación religiosa en el sistema escolar brasileño, en la perspectiva foucaultiana: la evolución de una disciplina entre religión y área de conocimiento. 2007. Tese (Doutorado em Filosofia)–Universidad Complutense de Madrid, Madrid, 2007.. Agradeço também ao amigo e mestre Wolfgang Gruen, que narrou a experiência vivenciada em São João Del Rei/MG e no Ensino Religioso numa entrevista realizada em 13 de julho de 2002, na Inspetoria São João Bosco em Belo Horizonte/MG, período redacional da minha pesquisa de mestrado e registrada como anexo. SIQUEIRA, Giseli do Prado. Tensões entre duas propostas de Ensino Religioso: estudo do fenômeno religioso e/ou educação da religiosidade. 2003. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião)–Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2003.

A dimensão religiosa marca significativamente a cultura do povo mineiro em todas as etapas da sua historia. E, se retomarmos fatos que comprovam a nossa influência no esforço de preservar os valores religiosos e democráticos concebidos pelo povo brasileiro, nascido e formado sob o signo da cruz, vamos descobrir que, em nossa legislação federal, desde os primórdios da República, Minas Gerais se faz presente, subsidiando os projetos de lei em vista de um ensino religioso assegurado e assumido.

Conhecemos bem o tratado filosófico-jurídico publicado em 1914 pelo jurista Mário de Lima, grande expoente político da República Velha em Minas Gerais, na defesa do ensino religioso escolar, quando o País é assolado por uma onda de interpretação laicista da Lei Maior, à moda francesa. Em seu livro intitulado, “O Bom Combate”, publicado em 1929 pela Imprensa Oficial de Minas Gerais, pode- se perceber a grande luta travada em torno da questão do ensino religioso na escola estatal. É a partir daí que o direito do cidadão brasileiro é assegurado em Lei Maior, através de decreto de 30 de abril de 1931 e, posteriormente, na Constituição Federal de 1934, como constava antes da Constituição de Minas Gerais.

Ilustres Constituintes, Sr. Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, temos, pois, inúmeras razões para, nesse momento, em nome do povo de Minas Gerais e como representante legal do Episcopado Mineiro, solicitar o empenho dessa Assembléia no sentido de assegurar o ensino religioso na nova Carta do Estado de Minas Gerais, fazendo constar a redação do Anteprojeto em substituição ao que está no atual Projeto, uma vez que este último dispositivo não corresponde ao que foi mantido na Constituição Federal, dificulta a regulamentação posterior e sua efetivação na prática e não coaduna com vontade do povo mineiro, que, novamente, se manifesta através de um abaixo-assinado com 14.868 assinaturas.”305

No início da década de 1970, aconteceram, em Minas Gerais, as primeiras discussões sobre a natureza do ensino religioso como disciplina do currículo escolar, ou seja, alguns aspectos epistemológicos e pedagógicos passaram a ser alvo de atenção da parte de educadores, em determinada região do estado. Era, todavia, uma discussão ainda embrionária e se orientava no sentido de se buscar a distinção entre “ensino religioso” como elemento integrante do sistema escolar e “catequese” (ou ensino da religião), na condição de componente próprio da comunidade eclesial.

A imprescindível colaboração do grande educador salesiano, Padre Wolfgang Gruen, no estabelecimento dessa distinção se tornou imprescindível. Sua ideia passou a ser acolhida com simpatia em uma das Delegacias Regionais de Ensino, onde grande número de professoras e professores da rede pública manifestava dificuldades em ministrar os conteúdos no ensino religioso pois os programas eram elaborados pela Igreja Católica, que simplesmente transcrevia os programas da Catequese. Elaborados pelo Departamento de Catequese de Belo

305

BRASIL. MINAS GERAIS  Parte I, Diário do Legislativo, Quinta-feira, 22 de Junho de 1989. Apud. FIGUEIREDO, Anísia de Paulo. Cem anos de ER em Minas Gerais, 1996. (mimeografado).

Horizonte, os programas foram publicados pelo Órgão Oficial do Estado, a partir de 1966 – em plena vigência da 1ª Lei de Diretrizes e Bases (LDB), na qual o ensino religioso é aceito mas “sem ônus para os cofres públicos.”,306

Essas condições ainda vigoravam até a sanção da Lei nº 5.692/71, 2ª LDB, na qual o ensino religioso é incluído em regime obrigatório).307

Concretamente os anos de 1970 foram favoráveis à reflexão sobre os conteúdos e a prática do ensino religioso como disciplina, uma vez que, nessa época, se iniciava a reforma de ensino no Brasil, com a implementação e implantação da segunda Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de nº 5.692/71. A Constituição Federal trazia o ensino religioso obrigatório nas escolas públicas308, em todos os níveis do ensino, desde as séries iniciais até o segundo grau.

A contribuição sem precedentes do Padre Wolfgang Gruen não ocorre por acaso. Estudioso das teorias e das práticas pedagógicas de educação escolar desde meados dos anos de 1960, Gruen demonstrou grande interesse pelo ensino religioso ministrado nas escolas de Minas Gerais, já que ele mesmo procedia de uma tradição de educadores, sensíveis às questões da educação de crianças, jovens e adultos. Como professor, começou a observar as atitudes dos alunos nas aulas de ensino religioso e, sobretudo, quais assuntos lhes interessavam; que desafios ocorriam ao lhe serem oferecidos esses conteúdos; e que metodologia era empregada pelos professores. Nem sempre os conteúdos e as metodologias adotadas atraíam as crianças e jovens.

A partir disto são iniciadas investigações sobre a linguagem própria para o ensino religioso, sua compatibilidade com os interesses das respectivas idades e contexto social de onde vinham educandos e educandas. Levantou-se na época, a hipótese de que a superação das dificuldades passaria pela mudança da metodologia, a qual implicava na adoção de uma linguagem apropriada, pois se tratava de escolas abertas a todos.

Os fundamentos básicos para esta distinção entre o ensino religioso na escola e a catequese das comunidades eclesiais foram apresentados pelo Padre Gruen, baseando-se na convivência com os educadores, em sua maioria “professoras” das primeiras séries do 1º grau, em escolas mantidas pelo governo do Estado. Estas experiências pioneiras aconteceram no âmbito da Delegacia Regional de Ensino de São João del Rei, em Minas Gerais.

306

Os programas para o ensino religioso, em todos os níveis ensino, e outras leis regulamentares da disciplina no Estado foram publicadas no Diário Oficial do Estado, Minas Gerais, durante os meses de janeiro e fevereiro de 1966. Cf. BRASIL. MINAS GERAIS  (Diário do Executivo)  Sexta-feira 28 de janeiro de 1966.

307

Cf. Anexo B. 308

O apoio da Professora Maria Lygia Rodrigues Leão, delegada regional de ensino daquela Unidade, e da Professora Maria Lucia Hannas, coordenadora da área de Educação e Cultura do mesmo órgão, favoreceu a reflexão e prática sobre a possibilidade de se configurar o ensino religioso como uma disciplina adequada ao ambiente escolar.

O Projeto de Ensino Religioso procedente da Área de Educação e Cultura, coordenada por Maria Lúcia Hannas, manteve um esquema que lhe deu certa condição para a implantação de uma prática pedagógica inovadora. O projeto se compunha da definição da metodologia, do conteúdo e da programação do ensino religioso para 1° e 2° grau do ensino da rede pública. A estruturação do ensino religioso já se dava por meio de áreas de estudo, com fundamentos epistemológicos para tal fim.

O avanço metodológico se deu também pela proposta da interdisciplinaridade, considerada na época como a integração curricular, ou seja, o diálogo do ensino religioso com outras áreas, como Estudos Sociais, Ciências, Matemáticas e as diversas formas de Comunicação e Expressão.

Os objetivos do ensino religioso nos respectivos graus de ensino foram assim definidos:

Objetivo Geral do Ensino Religioso no 1º grau:

Preparar o aluno, através da formação de pré-requisitos, para a liberdade de opção futura, através do conhecimento e respeito ao simbolismo (relacionado à natureza, às coisas, à linguagem).

Objetivo específico:

O aluno deverá ser capaz de “sentir” a vida, celebrá-la e buscar o sentido da mesma.

Justificativas:

A preparação para o simbolismo reveste-se de importância fundamental no ensino religioso pelos seguintes motivos: prepara a criança para a apreciação da vida através da observação, do estudo da natureza, dos fatos, etc., vivenciando e identificando os seus valores.

A preparação para apreciação futura da Bíblia e de gestos simbólicos que existem em todas as religiões vem em momento propício em que a criança está sendo despertada para o simbolismo da palavra para a expressão poética em relação ao que sente pela vida.

Objetivo Geral do Ensino Religioso no 2º grau

Levar o aluno a uma opção de vida com base em ideais, em vista de sua realização pessoal e social.

Objetivo específico:

O aluno deverá ser capaz de fazer uma opção de vida livre e consciente, sem tensões emocionais, endereçada para o bem comum e autoconhecimento.

Justificativas:

A programação das aulas deverá permitir a compreensão do sentido ecumênico, considerando que ecumenismo não se faz apenas pelo reconhecimento do que nos

distingue, mas, também através interpretação do que nos diferencia, com atitudes de respeito e acolhida do outro, pelo que é comum e pelas diferenças.

A preparação para o senso do simbolismo nessa fase será, portanto, ecumênica e não confessional. “Incluem: Simbolismo sacramental; Simbolismo das tradições africanas; Simbolismo do espiritismo, etc.309

Em síntese, nas décadas de 1970 e 1980, em Minas Gerais, houve algumas tentativas de construção de novos fundamentos para o ensino religioso. Na diferença entre reflexão e prática, em relação às décadas anteriores, pode-se constatar a descentralização das ações administrativas na organização e implantação dessa disciplina. As relações de poder, e de saber sobre o ensino religioso – principalmente no que se refere à formação dos professores da área e aos conteúdos ministrados, foram de livre iniciativa das unidades regionais, ou seja, das Delegacias Regionais de Ensino. Houve, portanto, mais liberdade para iniciativas e adaptações às diferentes realidades de um estado de grande extensão territorial.

Quatro décadas atrás a Universidade Federal de Juiz de Fora propôs soluções para eventuais conflitos no ensino religioso

A mudança de fundamentos para o ensino religioso em Minas Gerais não foi tranquila no meio eclesiástico. Ao final de 1970, setores do Episcopado tomaram posições contrárias em relação à nova metodologia proposta e à distinção entre ensino religioso e catequese.310

A interferência de setores da Igreja Católica impossibilitou o encaminhamento de importante iniciativa voltada para a superação de parte dos eventuais conflitos presentes ainda hoje na legalização e prática do ensino religioso como componente normal do sistema escolar. Constata- se, nas publicações em periódicos, atas de Assembléias do Episcopado do Regional Leste II da CNBB, atitudes manifestadas contra um Projeto de Lei para o Ensino Religioso que circulou no Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais, outros tipos de resistência. Esse impasse foi superado com a primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, em 1980 que, depois de deparar-se com a discussão, pronunciou, no ano seguinte, um

309

21ªDELEGACIA REGIONAL DE ENSINO DE SÃO JOÃO DEL REI /MG . Projeto de Ensino Religioso. Área de Educação e Cultura, [s.d]. (mimeografado).

310

Padre Wolfgang Gruen apresentou subsídio à reflexão, intitulado “O ‘Ensino Religioso’ na Escola Pública”, publicado pela Universidade Católica de Minas Gerais. Cf. GRUEN, Wolfgang. O Ensino Religioso na Escola Pública. Belo Horizonte. UCMG, 1978. Uma análise descritiva desse momento é objeto de pesquisa publicado por: SILVA, Antônio Francisco da, Idas e vindas do Ensino Religioso em Minas Gerais: a legislação e as contribuições de Wolfgang Gruen. Belo Horizonte: Segrac, 2007.

importante discurso em Roma, no qual confirmou a distinção entre a catequese da comunidade de fé e o ensino religioso ministrado na escola, além de destacar outros aspectos para a compreensão de ambos.

Eis o trecho do referido discurso:

Educação da Religião e Catequese Ministérios Distintos, mas Complementares [...] O princípio fundamental, que deve guiar o esforço neste dedicado setor da pastoral, é o da distinção e ao mesmo tempo da complementaridade entre a educação da religião e a catequese.

Nas escolas, de fato, se trabalha pela formação integral do aluno. O ensino da Religião deverá, portanto, caracterizar-se pela referência aos objetivos e critérios próprios de uma estrutura escolar moderna.

[...] O Ensino Religioso, ministrado nas Escolas e a Catequese propriamente dita, dada no âmbito da Paróquia, embora distintos entre si não devam considerar-se separados. Há mesmo entre ele e ela conexão íntima: idêntico, de fato, é o sujeito a que se dirigem os educadores num caso e noutro, isto é, o aluno.

[...] Respeitar a todos, não excluir ninguém, procurar ativamente o diálogo com todos os componentes da comunidade escolar.311

Registra-se também como iniciativa a proposta realizada pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, através de um Grupo de Trabalho. Sensibilizado pela realidade constatada no ensino religioso das escolas e a riqueza cultural de Minas Gerais sob o aspecto da religiosidade, o grupo envidou esforços na busca de solução para os impasses causados pela ausência de formação de professores e de pesquisadores.

Durante as experiências em São João del Rei, nasceu uma grande esperança de solução da problemática, pois os conflitos revelavam, dia após dia, a ausência de compreensão da natureza da matéria; a necessidade de metodologia adequada e, consequentemente, de construção de propostas curriculares acessíveis às faixas etárias. Era preciso dar atenção ao contexto sociocultural dos envolvidos na questão, além de soluções administrativas para a inserção dos profissionais da educação do quadro do magistério público.

O primeiro passo em direção à formação do professor seria a oferta de Cursos de Habilitação Profissional na área. Como segundo passo, o reconhecimento desses profissionais com as mesmas garantias dos demais.

311

IGREJA CATÓLICA. Discurso de João Paulo II. Aos Sacerdotes da Diocese de Roma. L’ Osservatore Romano. Ano XII  Número 11 (589), 15 mar. 1981.

Nesse sentido surge o Curso de Licenciatura em Ciências da Religião, em nível de Graduação Plena, na Universidade Federal de Juiz de Fora. A cidade de Juiz de Fora é próxima a São João del Rei e esse foi um dos motivos pelos quais essa comunidade se manifestou como primeira interessada; mas principalmente porque o citado curso correspondia às expectativas dos educadores da jurisdição da 21ª Delegacia Regional de Educação312, na referida cidade.

Parecia ser esse um caminho aberto para a concretização das novas propostas pedagógicas para o ensino religioso, além de ser pioneiro na trajetória das experiências realizadas em São João del Rei,313 em busca de novos tempos para o ensino religioso em Minas Gerais, sob as orientações do Padre Wolfgang Gruen que muito incentivou e acompanhou com grande interesse a trajetória de sua organização. Em Minas Gerais até 1974, e mesmo em âmbito nacional, não havia notícia de outro projeto que incluísse uma habilitação em ensino religioso para os professores da disciplina através de um Curso de Graduação em Ciências da Religião em nível de Licenciatura Plena. Até então, professores de outros conteúdos exerciam a docência no ensino religioso.

Em Carta do Instituto de Ciências Humanas e Letras, Departamento de Ciências das Religiões da Universidade Federal de Juiz de Fora, dirigida aos Conselheiros do Conselho Federal de Educação, constatamos aspectos das negociações realizadas, criteriosamente, em meio a pareceres não favoráveis e, por outro lado, posições persistentes que pretendiam a continuidade dos esforços pela aprovação da proposta do referido Curso:

1. 5. Uma comissão especial do Conselho Universitário, depois de atenta análise da matéria, particularmente do parecer 2244/74 do CFC, acatando, como não podia deixar de fazer, a discreta recusa de apoiar uma licenciatura, optou pela manutenção do Curso de Ciências das Religiões em nível de bacharelado, parecer este que foi aprovado por unanimidade no plenário (processo 3048/71 fls 72-76). - O C.E.P.E. adaptou o currículo pela resolução 35/75 (fls 85-93), o Conselho Universitário endossou as modificações propostas pelo C.E.P.E. (resolução 41/75 fls 94-96) e, em 1976 foram oferecidas pela primeira vez 10 vagas no vestibular. Assim se fez também em 1977.

1. 6. Foi o parecer 2115/76 sobre bacharelados, da lavra do Conselheiro Newton Sucupira, que nos alertou para um problema: para se poder conferir um diploma registrável no M.E.C., nosso Plano de Curso deveria ser reconhecido pelo C.F.E. Já estávamos preparando um expediente neste sentido, quando fomos tomados de

312

O órgão regional de ensino, na década de 1970, em Minas Gerais era designado Delegacia Regional de Ensino, figurando sempre como uma instância descentralizada, em várias regiões geográficas do Estado, como parte da Secretaria de Estado da Educação.

313

A autoria do Projeto é atribuída à Professora Maria Lúcia Hannas, com a assessoria do Padre Wolfgang Gruen, Professor da Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del Rei, Minas Gerais.

surpresa pelas dúvidas, manifestadas pelo Magnífico Reitor, a respeito da interpretação do parecer 2244/74 do C.F.E., adotada pelo Conselho Universitário quando aprovou o bacharelado, e pela iminência de não se oferecerem mais vagas para este curso no próximo vestibular.

E assim se configurou a situação em que nos encontramos no momento: para dissipar suas dúvidas, o Magnífico Reitor recorre diretamente ao Egrégio Conselho Federal de Educação, solicitando o reconhecimento do Curso de Ciências das Religiões que vem sendo ministrado em nível de bacharelado (fls 97-99), e nós, paralelamente, vimos oferecer nossas ponderações em apoio ao pedido do Magnífico Reitor através deste memorando.” 314

Duas questões apresentam a necessidade de se buscar fundamentos na Carta aos Conselheiros, bem como em outros documentos do referido Projeto do Curso de Ciências da Religiões da UFJF – que reunidos dão um grande suporte de natureza epistemológica e estrutural para cursos de formação em ensino religioso no Brasil. A primeira questão tem

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