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Capítulo 2 O Projecto “Romarias do Minho” e as instâncias de Património

2.2 A realização do “Projecto Romarias Minhotas”

Como foi visto no ítem anterior, para se alcançar a candidatura à Lista Representativa de Património Mundial Intangível é necessário cumprir uma série de requisitos e pressupostos. Como a realização de pesquisas e inventários, a elaboração de dossiês técnicos, o envolvimento e mobilização de multiplas agencialidades ligadas ao contexto envolvido, entre outros. Alguns deles são mais procedimentais e outros envolvem um trabalho mais criativo de documentação e análise.

O Projecto Romarias Minhotas começou a sua execução ainda no ano de 2015. Após a repercussão da existência do Projecto e a informação circular entre

pesquisadores, funcionários públicos e políticos deu-se uma significativa confluência de interesses. Nesse sentido, varias localidades da região do Minho (ver abaixo em Tabela 1) por meio de seus agentes de cultura e políticas patrimoniais alinharam para a

execução do Projecto.

As ações começaram na medida em que já estavam envolvidos diversos agentes ligados às políticas patrimóniais, mas principalmente as câmaras dos conselhos. A proposta inicial foi iniciar a realização do inventário, seguindo o modelo do Inventário

30 Nacional de Património Imaterial (INPCI) e sua consequente inserção na base de dados unificada, a Matriz PCI. Para isso, coube aos representantes das entidades autarquicas presentes nas primeiras reuniões a seleção de duas festas e/ou romarias a serem inventariadas.

Por um lado podemos considerar essa uma determinação com alto grau de arbritariedade, porém, vale considerar que os envolvidos possuem experiência nas dinâmicas locais, ou seja, conhecem as demandas e prioridades do conselho. Além disso, dadas as limitações de dinheiro e pessoal constitutivas das políticas patrimoniais, sabe-se que o ideal é diferente do possível. Logo, por vezes uma seleção que permita o início do trabalho é a melhor forma de identificar outras seleções possíveis.

Com a mobilização das câmaras muitas delas conseguiram destinar recursos ou constituir parcerias ou mesmo destacar alguem do seu próprio quadro profissional, para iniciar as pesquisas de inventário. Desse modo, aconteceu a formação de diversas equipes de pesquisadores trabalhando de forma independente. Ou seja, o início das pesquisas se deu em diferentes tempos em cada localidade.

Importa dizer que as intenções de reconhecimento não são sempre explícitas, ou não são necessariamente assumidas de mesma maneira por todos os municípios

participantes; para já, o que é publicamente assumido é a inscrição no INPCI; o objectivo de alcançar uma “classificação” pela UNESCO, evocado no início do projecto, parece agora menos explicitamente assumido, talvez perante as dificuldades encontradas para a realização da inscrição nacional, os ritmos diversos seguidos pelos diferentes participantes, etc.

Para alinhar melhor esse trabalho foram realizadas reuniões voltadas exclusivamente para o Projecto Romarias Minhotas. Nessas reuniões foram apresentados aspectos do inventário, orientações e trocas de experiência.

No total já aconteceram seis reuniões, sendo que a próxima está agendada para acontecer em novembro de 2017, ainda sem dia definido. Esta decisão foi tomada na última reunião, ocorrida em maio, tendo em conta a necessidade de esperar pelo

resultado das eleições autarquicas que ocorrem em outubro e pela instalação das equipas municipais.

A sexta reunião foi acompanhada pelo autor na realização desse trabalho. Com o título de “VI Encontro das Romarias do Minho”, essa aconteceu em São Bento da Porta Aberta, importante santuário religioso, com notoriedade nacional, do concelho de Terras de Bouro.

31 A reunião contou com a presença de muitos representantes dos concelhos que participam do projecto. Teve a presença de autoridades religiosas (como o bispo- auxiliar da diocese de Braga) que receberam os convidados.

Abaixo é possível ver como foi reportada a reunião, como aparece na página

web do São João de Braga:

Realizou-se, no dia 19 de abril, no santuário de São Bento da Porta Aberta e com a participação de representantes de associações de festas, irmandades, confrarias e municípios o VI Encontro das

Romarias do Minho atinente ao processo de registo das romarias do Minho no Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial.

São já 22 as romarias que se associaram a este movimento, que surgiu em 2015 por iniciativa do presidente da Associação de Festas de São João de Braga, Rui Ferreira, e cujo um dos objetivos passa por apresentar à UNESCO uma candidatura única da Romaria do Minho a Património Imaterial da Humanidade. O incremento do número de romarias associadas deixou bastante satisfeitos os responsáveis da organização deste encontro (“Romarias do Minho”, 2017).

Além dessas pessoas esteve presente o Diretor do Museu Nacional de Etnologia, Dr. Paulo Costa, que tem sido responsável, enquanto funcionário da Direcção Geral do Patriónio Cultural, pela implementação das políticas do Estado português em matéria de património imaterial e pela elaboração do seu principal instrumento, a plataforma MatrizPCI (http://www.matrizpci.dgpc.pt/matrizpci.web/home.aspx). A sua fala dirigiu- se de forma enfática a esclarecer possíveis dúvidas sobre a “metodologia” do Inventário Nacional de Património Imaterial. Manifestou também interesse em ouvir os

representantes presentes acerca do estado em que se encontravam as pesquisas. Ficou claro que algumas localidades já têm o trabalho de pesquisa e coleta de dados mais desenvolvido que outros, mas que todos os presentes estavam realizando o projecto, embora com ritmos diferentes.

Outro ponto significativo foi a apresentação do trabalho de pesquisa de alguns concelhos, o que ilustrou a complexidade do tema que está sendo trabalhado e realçou algumas dificuldades práticas. Assim, os representantes das diferentes localidades que estavam presentes apresentaram o estágio da pesquisa de suas Romarias e Festas para a primeira fase do Inventario Nacional.

32 Abaixo, apresentamos uma lista atualizada de localidades que já se manifestaram no sentido de participar no Projecto:

Município Expressão Cultural

Arco de Baúlhe Romaria de Nossa Senhora dos Remédios Arcos de Valdevez Romaria da Senhora da Peneda

Barcelos Festa das Cruzes

Braga Festas de São João

Cabeceiras de Basto Romaria da Senhora dos Remédios

Caminha Romaria de S. João d'Arga

Celorico de Basto Festas da Senhora do Viso

Esposende Romaria de S. Bartolomeu do Mar (S Mateus, Banho Santo) Famalicão Antoninas de Famalicão

Guimarães Romaria Grande de São Torcato

Lanhoso Romaria de Porto d’Ave

Ponte da Barca Romaria de S. Bartolomeu

Ponte de Lima Feiras Novas de Ponte de Lima em honra de Nossa Senhora das Dores

Póvoa de Lanhoso Romaria de Porto d’Ave

S. Bento da Porta Aberta Romaria de S. Bento da Porta Aberta Vieira do Minho Romaria de N.S. da Fé

Vila Verde Romaria de N.S. do Alívio e Romaria do Bom despacho