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A religiosidade como aspecto da finitude frente à ataxia

CAPITULO IV RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2 O IMPACTO PSICOSSOCIAL E ELEMENTOS TEMPORAIS NO

4.2.4 A religiosidade como aspecto da finitude frente à ataxia

Nesta busca para encontrar elementos que sejam importantes para entender as relações que movimentam os fenômenos estudados diante da temporalidade, a finitude aparece acompanhada de aspectos como a morte, a vida, espiritualidade e a religiosidade que se apresentam como vias de acesso a essa compreensão.

Diante desse processo é importante que seja direcionado algumas questões. Não se deve confundir religiosidade e espiritualidade. Nesse contexto, espiritualidade é uma característica do transcendente, é uma busca pessoal de respostas sobre o significado da vida e o relacionamento com o sagrado e/ou transcendente (PERES; SIMAO; NASELLO, 2007), tendo em vista uma relação que pode proporcionar à vida do sujeito um sentido, ela pode ser considerada um movimento interior do sujeito. Ela não depende de uma religião institucionalizada para servir como base emocional na busca do sentido da vida (FRANKL, 1997). Enquanto a religiosidade pode ser entendida sob duas formas: A intrínseca e a extrínseca. A primeira é quando se refere a um engajamento pessoal com a religião e abrange um senso de estar no mundo através das práticas. A segunda em geral é chamada de espiritualidade, quando se refere nesse contexto a um engajamento em uma organização social ou uma religião através da frequência a uma igreja, da participação em ritos religiosos ou

VIVÊNCIA

DA

TEMPORALIDADE

TEMPO NATURAL: ALEATÓRIO E TEMPO HISTÓRICO: MOVIMENTO TEMPO FUTURO COMO PERPECTIVA ATIVIDADES: ESPERA DESEJO ESPERANÇA AGORA DURAÇÃO EXISTÊNCIA CONSCIÊNCIA

RITMO

PRESENTE COMO MOMENTO DE ATUALIDADE

MOVIMENTO

EXPERIENCIAS: RECORDAÇÃO REMORSO PESAR TEMPO PASSADO COMO TEMPO VIVIDO

eventos associados a uma organização religiosa (WALTTERS, 2013), ou ainda segundo Jodelet (2013, p.97) refere-se a uma “[...] relação individual com o divino, à expressão da fé e à adesão às crenças religiosas”.

Na forma como se manifesta em relação a Deus, Flávia concebe a religiosidade como uma forma de exprimir a virtude que leva o homem a prestar a Deus a honra, homenagem e a reverências superiores. Nesse sentido se faz de forma clara em sua vida, mas admite não poder praticar por não frequentar a Igreja como gostaria. A dependência física já não permite essa liberdade de sair sozinha de casa. Em relação à religiosidade, Flávia afirmou sua crença na existência de Deus e a importância que Ele exerce em sua vida: “Deus é tudo”. Porém, suas práticas religiosas encontram-se estremecidas, devido a sua impossibilidade de frequentar grupos e rituais religiosos, uma vez que sua capacidade de movimentação se encontra comprometida. Transmite também o grande papel e significado que Deus possui em sua vida, expresso nas seguintes palavras: “[...] assim eu tenho esperança em Deus, [...] assim por que se não for Deus! Por que olhando, assim, cientificamente muitos nem sabe a doença que tenho”.

Quando se refere a esse sentido do saber a dor que ela apresenta, busca se expressar sobre aquilo que está além da ciência. Ela se manifesta também em relação à sua freqüência a templos dizendo que “gostaria de ir à igreja”, no entanto isso está cada vez mais comprometido, mas sempre que pode participa de alguma reunião. É esse fenômeno religioso que dá a ela a esperança para seguir adiante apesar de todos os estressores presentes em sua vida, como: a doença, a separação e a gravidez inesperada.

Já para Paulo, Deus não apresenta o mesmo significado para Flávia. O distanciamento das ideias na crença em Deus parece gerar conflitos frente à sua crença em um primeiro momento, porém, é importante observar que chega a agradecer a Deus por certos acontecimentos. Nesse sentido pode-se dizer que existe sentimentos de diferenciados e ao mesmo tempo de semelhança sobre sua concepção de divina.

Eu já tive mais descrente dele, mas não sou muito amigo de Deus não, mas eu tento aceitar ele o máximo possível, assim eu vejo família e pessoas super religiosas se dando mal e pessoas ruim se dando bem, muita injustiça de Deus isso me confunde um pouco tento compreender porque tudo é compreensão, e talvez a doença possa ter ajudado a ver algumas coisas que não via antes, por exemplo, eu não dava muita atenção para pessoas com doenças, mas agora vejo coisa que não via antes, compartilho melhor isso e ver mais o próximo, mas eu acredito em Deus e eu acho que isso ajudou essa relação com a doença.

No entanto a forma como se expressa diante Deus aparentemente realiza uma demonstração de crença “[...] Graças a Deus encontrei pessoas que me ajudam a estudar”. Nesse intuito faz agradecimento ao ser divino. Esse processo apresenta formas conflitantes diante do que já viveu como cristão, demonstrando assim que já teve uma melhor relação com o ser de transcendentalidade e com a religiosidade.

A forma como percebe o tempo é diferentemente de Flávia se caracteriza pela forma bastante particular para o sujeito com este tipo de adoecimento “[...] eu sei que não tenho muito tempo, mas não da para ficar com raiva de Deus”. Essa é uma forma de homenageá-lo, reconhecendo por meio da coragem e de consciência sua finitude. Assim também como retira de Deus qualquer sensação de culpa ao assumir-se como parte dessa realidade. Nesse sentido, a noção de Paulo de religiosidade não parece muito claro, primeiro diz não ter relações com um ser infinitude, mas depois admite essa relação. “Eu já tive mais descrente dele”. Sua prática é muitas vezes encontrada nesse tipo de relação, pois sua dependência física o leva a essa realidade religiosa mostrada claramente em suas palavras. “Na prática não sou muito amigo de Deus não, mas eu tento aceitar ele o máximo possível”.

Já André admite ter intimidade com Deus, mas afirma que: “Minha relação com Deus diminuiu”. Semelhante a Paulo, percebe-se então que essa relação está estremecida “[...] eu acredito ainda, mas não de frequentar igreja e ser fiel”. Esse processo é vivido de forma singular, diante de todo o processo de adoecimento, como a expectativa religiosa se apresenta frente a esses fenômenos. Mas admite a possibilidade de dar importância à ideia de Deus. No entanto quando fala de qualidade de vida e da presença de sua família agradece a Deus “[...] até agora a qualidade de vida continua a mesma por que minha família está comigo, graças a Deus”.

Em Paulo parece que a dúvida de certa forma faz parte desse processo de crença em Deus.

[...] ser fiel, não sou mais não, não que agente culpe Ele, mas é uma coisa que deixa a gente com problemas. Somos sadios e de repente, aparecemos doentes. É complicado, na verdade agente tem que aceitar, mas fica essa pergunta por que eu? Agente é uma pessoa correta ai acontece uma coisa dessas com agente é muito difícil.

A religiosidade para Paulo é mais efetiva, porém, encontra-se em um momento menos ativa. Nesse sentido, sua consciência possibilita o encontro com a noção de Deus. Seu acreditar já não é mais um crédito que tenha conforto. Assim, a finitude exerce um papel de alerta sobre as ações dos homens serem finitos. Dentro desse contexto, é possível traçar um

distanciamento entre ele e Deus. O que precisamos compreender está muito além do que poderíamos, porém, é possível entender a relação do sujeito com a religiosidade e consequentemente com a finitude.

Nesse último sentido, a relação com um Deus pode ser a esperança para uns, como para Flávia “[...] então Ele é a única coisa que me sustenta, que me dá esperança”. Nesse momento é importante buscar uma forma de encontrar sentido para a vida, que se difere entre sujeitos “[...] assim pode encontrar a si mesmo” (FRANKL, 1997, p.98).

Nesse contexto de configuração de vida, o tempo se faz por meio de um presente como busca de qualidade de vida e por esse processo faz parte de uma dimensão subjetiva na forma de como se vive o adoecimento, podendo ter dessa forma as atividades que se busca realizar como contexto de sua vivência temporal, pois o tempo é uma demonstração de como a forma de vivenciar os fenômenos estão aproximadas da vida do próprio sujeito. Essa expressão transformadora e dinâmica do tempo se manifesta como elementos inseridos na relação temporal, onde o tempo é a realização primitiva da expressão (MULLER, 2001), demonstrando dessa forma como o tempo se expressa na vida das pessoas com ataxia. Em relação à noção de tempo também há divergência, pois cada um percebe o tempo à sua maneira, assim também como sua finitude. Porém como esta diferença se manifestou entre os três entrevistados? Para uns o tempo se fez por meio de movimentos rápidos, acrescido de uma qualidade de vida, para outros além de rápido. não permitiu a possibilidade de se usufruir do processo dinâmico, devido à sua capacidade de controle. Nesse sentido é preciso vivenciar ó tempo por meio do processo atemporal.

Dessa maneira ele pode apresentar um distanciamento das angústias de finitude, trazendo para si um pouco do tempo vivido na busca de uma maior qualidade diante de alguns dos problemas desenvolvidos no início da doença. As dificuldades podem ser superadas, talvez não por completo, mas o suficiente para dar mais uma chance aos que tem ataxia, na busca de seu tempo kairós onde a temporalidade e a finitude não tem uma existência como algo que seja preciso, mas de vivência da subjetividade de forma particular do participante.

Podemos perceber aqui uma relação conflituosa em relação a Deus e sua forma de tratar as coisas ou mesmo de ser. Dentro desse contexto é possível perceber a existência de um distanciamento entre Paulo e Deus. O que precisamos compreender está muito além do que poderíamos, porém é possível entender a relação do sujeito com a religiosidade e consequentemente com a finitude.

A percepção da finitude muitas vezes se relaciona com a religiosidade, onde o sujeito se encontra perante Deus. Esse processo mostra a forma transcendental como a participante se

relaciona com Ele. Assim busca por meio do reconhecimento do Eu transcendental o processo da tomada de consciência sobre a existência do próprio sujeito como pessoa que se encontra frente ao seu adoecimento, se expressando na sua experiência finita como sujeito (ALMADA, 2008).

A finitude se apresenta como uma forma de mostrar os limites do ser humano ou mesmo do ser vivo, mesmo que este não tenha consciência desse processo. Situação essa assegurada somente ao ser humano que tem consciência do seu processo de vida e suas relações sociais e psíquicas. É nesse contexto de consciência que o homem se diferencia e assim consegue realizar deforma clara sua noção sobre sua temporalidade e também sua finitude. Nesse sentido é possível identificar na realidade sua busca por uma temporalidade como sujeito finito, dentro de uma realidade ligada a todo o ser do sujeito (HENNEZEL; LELOUP, 1999).

Diante da realidade de ser finito, tendo a consciência da finitude, possibilita compreender a existência humana como uma busca de sentido. Porém, é esse o fundamento que leva o sujeito a superar a dificuldade de forma consciente, pois, assim, sabe de suas limitações. Nesse momento serão apresentadas em conjunto as reflexões acerca da finitude, onde os participantes estarão mostrando suas realidades de adoecimento de forma finita. Quando falamos em finitude é propício também recordarmos a morte como parte desse processo. A morte libera o que há de superior no homem: sua alma. Na vida, etapa inferior fica o que o homem possui de inferior: o corpo (PISSETA, 2007). Em sua concepção entre corpo e alma essa relação se faz nestes termos de superioridade e inferioridade. No entanto quando as relações são de vida qualitativa se tem outra relação entre vida e morte, onde ambas têm uma posição de compatibilidade à situação vivenciada.

[...] a morte é compreendida como o fim de um processo físico-biológico, ou um temor coletivo que gera inúmeras formas de organização política e social, e também de barganha com o além, ou um “fim” que a todos pertence, uma passagem para outro “plano” de existência, uma experiência limite da vida humana (PISSETA, 2007, p.221).

Nesse sentido, ela é uma busca constante na superação dos limites temporais e uma tentativa de alcançar os limites da ciência e da transcendentalidade. Assim a compreensão humana sempre elabora uma forma mais ou menos explícita, de entender as possibilidades de interpretação de vida e morte, de homem e mundo, de ser e de ente, que já desde sempre estão

a afetadas pelos os destinos do pensamento humano. Como podemos perceber na expressão de Flávia.

[...] eu já pensei muito na hora de morrer, eu sei que uma hora vou morrer, mas agora não, eu tento não pensar por que se não, vou definhar e sei que eu tenho que seguir em frente eu acho que o tempo vai passar ai não dar né! Acho que vai dar tempo fazer algumas coisas, não muitas coisas, mas vai dar tempo fazer alguma coisa, essa doença não me pressionou, mas pelo fato de eu ter negado ficou difícil, mas não sinto pressionado por ela não, mesmo não gostando dela tento levar ela numa boa eu sei que não tenho muito tempo [...] mas não me passou pela cabeça fazer tudo, mas eu poderia e não fiz, como não vou estuda não vou fazer outras coisas, mas não penso isso não.

Nestes termos será levado em consideração temas como: doença, trabalhos e atividade dos cotidianos que levam a refletir sobre a finitude e as limitações humanas apresentadas nas falas dos participantes da pesquisa, levando em consideração o que falaram. A morte pode ter significado diferente para o sujeito, dependendo do momento em que se encontra, principalmente diante da possibilidade desse processo ser adiado frente a situações singulares (FRANKL, 1997).

Esse processo de indefinição da morte pode proporcionar uma busca constante pela vida ou mesmo uma fadiga. Por isso a importância da compreensão desse processo sobre a ação da morte. É interessante entender a forma como se encara sua presença, pois é o sujeito que pode buscar um esquecimento dela pelo simples medo ou mesmo encará-la como parte do seu processo de finitude (ÁRIES, 2003).

Nesse sentido a vivência da temporalidade para Paulo se manifesta na forma como a finitude aparece diante da situação vivida pela pessoa com ataxia “[...] a ataxia ela vai degenerando até a morte”. Esse processo de finitude é uma situação que se faz presente na vida do sujeito sendo ele um ser para a morte. A morte é um acontecimento que faz parte do desenvolvimento humano e está presente no cotidiano de todos. É uma possibilidade para todos em qualquer fase da vida (CHAGAS; PIRES, 2011).

O processo de vivência da finitude se apresenta pela forma como a estrutura psicológica do sujeito que se encontra. Diante disso, é importante entender as possibilidades de realizações do vivido no presente e futuro como relação de temporalidade para a vida do ser humano, que se refaz por meio de atividades como o estudo, trabalho e outros. Porém, há dúvidas quanto ao seu próprio futuro.

Diante desses desafios, a motivação necessária para encontrar o resultado e superar o encurtamento do tempo como processo de finitude, passa pela percepção de como a pessoa

enfrenta a temporalidade e sua relação tempo-espaço. A concepção de finitude vivida em Paulo é bastante incisiva e clara “[...] já pensei muito na hora de morrer, eu sei que uma hora vou morrer”. Dessa maneira, o tempo vivido é um processo que pode trazer a sensação de experiência do adoecimento, mas também proporcionar as relações de incerteza quanto ao seu processo de finitude, suas dúvidas da morte ou apenas uma forma de demonstrar o medo ou mesmo não querer acreditar na certeza de sua finitude e de como ela se apresenta (HEIDEGGER, 2012).

Em Paulo o processo de finitude é vivido pelo presente, onde o participante reconhece sua importância diante da transformação ou mudança em relação às suas próprias necessidades como doente de ataxia. Dessa maneira, sua consciência se faz necessária para encontrar uma estrutura temporal. Segundo Paulo “[...] foi um tempo para mim muito difícil mesmo, foi muito ruim esse tempo, foi difícil, mesmo não assumindo quando ela veio [...] me desiludi dos estudos e da vida não de tudo [...] eu sei que ele é curto”.

Assim, dessa maneira, cria-se possibilidade de desenvolvimento e superação do momento de adoecimento da ataxia para que assim se possa projetar diante da possibilidade finita o encontro consigo mesmo. Dessa forma a subjetividade se refaz pela tomada de consciência sobre sua própria essência como sujeito dotado de singularidade, onde permite o encontro com o conhecimento expressado na experiência dos fenômenos “[...] tento retardar ela o máximo que eu puder”. Todas essas relações podem se apresentar de forma individual ou mesmo coletiva “[...] viver cada dia um após outro é mais um dia vivendo [...] mas seria bom compartilhar acho que se eu conseguisse conversar com pessoas que vivem a mesma coisa seria bom”. Viver a temporalidade nesse contexto é possível quando se reconhece a finitude como parte desse processo, especialmente humano.

Para André as questões que levam o paciente a se encontrar diante de uma doença como ataxia pode estar relacionada com as questões necessárias para se conseguir compreender a noção de tempo e finitude “[...] ai fiquei pensando daqui uns dias não vou poder fazer nada”. Esse processo pode está relacionado com a vida social e afetiva, dando possibilidades de refletir sobre seu futuro.

Assim também, se torna fundamental suas manifestações, da forma que o adoecimento não seja o centro das atenções, mas que vivencie sua qualidade de vida, no sentido de compreender as condições de como vive o sujeito, envolto ao bem físico, mental, psicológico e emocional, além dos relacionamentos sociais, como família, amigos, saúde, educação e outras circunstâncias da vida, possibilitando as manifestações do Eu transcendente diante da finitude.

Dessa maneira, é possível perceber como esse processo se encontra diante dos fenômenos e da temporalidade. “[...] não que eu fique pensando que vou morrer, mas eu fico pensando em melhorar a vida, assim como meu pai, pena que só pode me ajudar dando as coisas, não mais de outras formas”. A situação de como se lida com o adoecimento tendo em vista o seu encurtamento da perspectiva de vida é uma tarefa que requer maior atenção por parte de quem passa por momentos de pressão psicológica como é caso do sujeito com ataxia. Sendo a ataxia uma doença sem cura é preciso que se compreenda que a percepção de como vivê-la faz diferença e isso é fundamental para se entender as relações nesse sentido, onde a consciência se faz por meio de um processo de compreensão dos fenômenos.

Para Paulo esse processo de entendimento da ataxia é uma situação que passa pela forma como ela deve ser encarada. Desse modo, é possível que a transcendência permita a realização de um presente dentro das situações possíveis de acontecer. Como realizar a oportunidade sonhada. Essa situação deve passar pelo processo de harmonização, ou seja, a forma como o sujeito pode encontrar sua independência e superar os limites impostos pelo adoecimento e vivenciar uma qualidade de vida demonstrando a possibilidade de experimentar o tempo vivido, suas reações com o presente subjetivo e a realizações de suas atividades frente à busca de um futuro com mais qualidade de vida. Podemos perceber isso na fala de Paulo:

[...] no começo eu chorava, foi muito chato e não busquei ajuda foi um tempo para mim muito difícil mesmo foi muito ruim esse tempo foi difícil, mesmo não assumindo quando ela veio e aceitei eu simplesmente aceitei a minha condição de dependente e fiquei mais dependente ainda e foi isso o que ajudou muito, foram os exercícios, tanto na coordenação quanto na visão, queria ajudar por que via que meus amigos estavam evoluindo e eu não, por que foi na época que eu fui tirar a carteira, foi muito triste, mas não parei com os exercícios.

Em André esse processo de harmonização aponta para a possibilidade de encontrar uma forma de aproveitar a vida enquanto há possibilidade, “[...] fico pensando em aproveitar o restante da vida”. Diante desse processo de finitude onde encontra obstáculos na vida, deve buscar uma saída onde, a subjetividade se apresenta diante do processo, sendo o mais prazeroso possível.

Dessa maneira a existência do adoecimento está sempre relacionada à forma de ver e conviver com o tempo frente ao seu adoecimento. Para alguns o processo temporal é mais presente ou perceptível principalmente quando se harmoniza como adoecimento de para aqueles que estão em estágios de reconhecer a importância temporal de seu adoecimento é