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3. Aspectos Legais de Atendimento ao Estudante com AH/SD

3.3. A Sala de Recursos Multifuncional em Guarapuava

A primeira Sala de Recursos Multifuncional para alunos com Altas Habilidades/Superdotação do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Guarapuava, foi autorizada com a Resolução nº 1188/11 de 24/03/2011. De acordo com a equipe da Educação Especial do NRE de Guarapuava, inicialmente foram feitas sondagens em diversas escolas da Rede Estadual de Ensino do município, para identificação de alunos com indicadores de AH/SD, sempre considerando a concepção de superdotação apontada por Renzulli. Enquanto os professores preenchiam os questionários, iniciava-se o processo burocrático de abertura em

abril de 2010. Após o preenchimento e organização da documentação necessária e também da justificativa sobre a demanda de alunos houve a abertura da SRM-AH/SD, que funcionava no Colégio Estadual Manoel Ribas, situado na região central da cidade, a qual encerrou suas atividades no final do ano letivo de 2016.

No início do ano letivo de 2017 foi aberta a SRM-AH/SD, no Colégio Estadual Visconde de Guarapuava, localizado na Rua XV de Novembro no centro da cidade, funcionando em dois turnos. Atualmente a sala conta com a participação de cinco alunos no período da manhã e oito alunos no período da tarde.

A Tabela 1 apresenta a quantidade de alunos que frequentaram a SRM-AH/SD, desde a sua criação.

Ano Total de alunos na SRM-AH/SD Total de alunos matriculados no Ensino Regular Percentual de alunos com AH/SD 2012 12 23008 0,052 2013 5 21616 0,023 2014 6 21725 0,028 2015 7 20133 0,0357 2016 5 20483 0,024 2017 20 21484 0,093

Tabela 1: Percentual de alunos com AH/SD em relação ao total de alunos no município de Guarapuava Fonte: SEED/PR-20173

Os dados descritos na Tabela 1 referem-se ao município de Guarapuava. Entretanto, o NRE de Guarapuava, atende outros municípios, conforme Figura 3. Apesar da extensão de municípios que o NRE de Guarapuava atende atualmente, existem somente outras duas SRM- AH/SD, uma no município de Foz do Jordão com seis alunos, e outra no município de Candói, com oito alunos.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, o número de alunos com AH/SD é estimado entre 3 a 5% da população escolar (INEP, 2003). Desta forma, observando a quantidade de alunos que frequentam as SRM-AH/SD na região de Guarapuava, percebe-se que há uma discrepância em relação à indicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP). Na Tabela 1 nota-se que, diante do número de alunos matriculados regularmente na Educação Básica, a quantidade de alunos frequentando a SRM-AH/SD é inferior ao esperado.

20 Figura 3: Mapa dos municípios de abrangência do NRE de Guarapuava

Fonte: SEED/PR-20174

Essa baixa quantidade de alunos diagnosticados com AH/SD frequentando as SRM- AH/SD, pode estar relacionada à identificação desses alunos, talvez por falta de conhecimento dos seus professores, equipe diretivas das escolas, ou também pela falta de informação dos responsáveis.

Conforme mencionam Freitas e Pérez (2012):

O professor da escola inclusiva deve avançar em direção à diversidade. É necessário deixar de ser mero executor de currículos e programas predeterminados, para se transformar em responsável pela escolha de atividades, conteúdos ou experiências, mais adequados ao desenvolvimento das capacidades fundamentais dos seus alunos, tendo em conta o nível e as necessidades deles (FREITAS; PÉREZ, 2012, p.7).

Nesta perspectiva, salienta-se a importância de o professor conhecer as características individuais dos alunos com AH/SD, como também identificar as facilidades, preferências e limitações de cada um.

Segundo relato dos professores da SRM-AH/SD de Guarapuava e da equipe de educação especial do NRE de Guarapuava, pode-se ter um panorama das atividades desenvolvidas na sala.

Em 2012, diversos projetos foram desenvolvidos, contudo alguns com maior relevância: criação de calculadora para celular para resolução de equações de 2º grau,

utilizando a fórmula; reprodução de esculturas do Egito (múmias, objetos…), pesquisando o tipo de material utilizado para conservação dos cadáveres; oficinas de música, aulas de piano, violino e violoncelo em parceria com professor voluntário e o Centro de Artes Iracema Trinco Ribeiro; oficina de fotografia, ministrada na Unicentro em parceria com o Departamento de Comunicação; oficina de desenho e pintura, para aprimoramento e desenvolvimento de técnicas; início de projeto com escrita de livro de poesias, por aluna da área da linguagem; criação e manutenção de blog e site da SRM- AH/SD; viagem de enriquecimento curricular para Curitiba, incluindo visita a museus, à SRM do Instituto de Educação e a Sebos Acadêmicos. Além disso, foram trabalhados jogos de estratégia em grupo de modo a favorecer a socialização entre os alunos.

Em 2013 houve uma oficina de música.

Em 2014 foi elaborada uma Mostra de Talentos com apresentações artísticas e oficina de escrita, com produções de textos.

Em 2015 não há registros das atividades desenvolvidas além do projeto „Probabilidade e a construção de jogos para um torneio‟, aplicado por uma mestranda para subsidiar sua dissertação.

Em 2016 não foi informado ao NRE nenhum projeto executado pelo professor da SRM-AH/SD.

Constatou-se que poucas das atividades desenvolvidas na SRM abordam o ensino da Matemática. Entretanto, de acordo com os dados coletados por meio dos documentos e avaliações dos alunos, vários alunos que estão e que já passaram pela sala, possuem AH/SD em Matemática.

Quanto aos profissionais que atuam na SRM-AH/SD, a exigência da SEED/PR, é a formação em Educação Especial, obtida por meio de cursos de pós-graduação lato sensu. Dessa forma, professores de diversas áreas atuam na SRM-AH/SD. Pelo histórico dos professores que atuaram na SRM-AH/SD no município de Guarapuava, constatou-se que, nenhum deles era licenciado em Matemática. Outro fator que chama atenção é a rotatividade dos professores que atuam na sala, pois desde que a mesma começou a funcionar, todo ano tem um novo professor, não permitindo um aprofundamento do professor na área, e também a continuidade e desenvolvimento dos trabalhos.

Além disso, mesmo professores licenciados em Matemática, muitas vezes não se sentem preparados para trabalhar com o público das AH/SD, pois em sua formação inicial, normalmente este tema não é contemplado.

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