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4. Metodologia da Pesquisa

4.1. Delineamento da pesquisa

Para responder a questão proposta neste trabalho “De que maneira os acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) podem contribuir com o ensino e aprendizagem dos estudantes com AH/SD?” um grupo de acadêmicos do 2º, 3º e 4º anos do curso preparou e implementou oficinas, com os alunos que frequentam a SRM-AH/SD. Esta prática resultou nos dados desta pesquisa.

O processo metodológico adotado esteve pautado na pesquisa qualitativa.

[...] Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens (GERHARDT; SILVEIRA, 2009, p. 32).

Na abordagem qualitativa, a metodologia utilizada foi pesquisa de campo, pois “[...] É aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queria comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (MARCONI; LAKATOS, 2009, p. 188)”.

No entanto, vale salientar que a pesquisa de campo, se deu na forma de estudo de caso.

O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões "como" e "por quê" certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de algum contexto de vida real (GODOY, 1995, p.26).

Desta forma, assim como propõe o estudo de caso, esta pesquisa está pautada na observação detalhada da situação e do contexto em que está sendo feita a investigação, preocupando-se sempre em preservar o caráter unitário do objeto estudado (GIL, 2008).

A ação inicial para desenvolvimento da pesquisa foi revisão de literatura sobre o tema AH/SD. Também foram efetuadas leituras acerca das teorias cognitivistas da aprendizagem, aportadas por Ausubel, Novak e Hanesian (1980), Moreira (1999-, 2009, 2010).

Em seguida, no ano de 2016 foi desenvolvido um projeto de extensão intitulado “Altas Habilidades/Superdotação: contribuições para formação inicial de professores de

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Matemática”, o qual ocorreu na modalidade de um curso presencial e atingiu um público de 21 acadêmicos do curso de Licenciatura em Matemática da Unicentro.

O curso foi dividido em cinco encontros de quatro horas cada, os quais foram realizados na Unicentro, campus Cedeteg. O curso ocorreu de forma expositiva, oportunizando sempre a interação dos participantes, na abordagem dos seguintes assuntos: conceituação e definição das AH/SD, modelo dos três anéis de Renzulli, características dos alunos com AH/SD, características dos alunos com AH/SD em Matemática, mitos e verdades sobre as AH/SD, caminhos que devem ser tomados para avaliar um aluno com AH/SD, e propostas de encaminhamentos metodológicos para alunos com AH/SD em Matemática.

O objetivo deste projeto, em forma de curso de extensão, foi proporcionar aos acadêmicos um ambiente de estudo e aprendizado sobre AH/SD, e despertar o interesse para o tema em questão. Assim, seis acadêmicos demonstraram interesse em participar da pesquisa. Os acadêmicos foram divididos em dois grupos de três acadêmicos cada, e ficou acordado que conjuntamente com a pesquisadora, elaborariam oficinas matemáticas, para serem implementadas na SRM-AH/SD, no decorrer do primeiro semestre do ano de 2017. Dos alunos desta SRM-AH/SD, onze participaram das oficinas.

Dentre os quais, de acordo com suas avaliações psicopedagógicas oito foram diagnosticados como do tipo acadêmico, com AH/SD em Matemática. A avaliação psicopedagógica é feita por uma equipe da EE do NRE de Guarapuava, a qual conta com pedagogas, psicopedagogas e psicólogas. O processo de avaliação pode ser feito desde que os professores percebam que determinado aluno tenha indicativos de AH/SD e comuniquem a equipe pedagógica da escola, para que o aluno seja encaminhado para avaliação pelo NRE. Após o processo de avaliação concluído, esta avaliação é disponibilizada para a escola, de forma que o aluno possa receber atendimento coerente com suas especificidades e que possa ser matriculado na SRM-AH/SD em período contrário ao que estuda.

A coleta de dados das oficinas foi feita por meio de questionários, observação e grupo focal. Os questionários foram aplicados, aos alunos da SRM-AH/SD anteriormente e posteriormente à realização das oficinas. As formas de observação utilizadas foram a individual, como o próprio nome indica, é aquela realizada pelo próprio pesquisador, a observação em equipe, onde o grupo, pesquisadora e acadêmicos, observam a ocorrência por vários ângulos, pois cada pessoa que observa é única e suas percepções são diferentes das demais, proporcionando uma gama maior de informações para análise (MARCONI; LAKATOS, 2009). Além disso, o grupo focal, entre os acadêmicos e a pesquisadora também foi utilizado, por ser bom instrumento de levantamento de dados em uma investigação, pois permite ao pesquisador, conseguir boa quantidade de informações em um período mais curto

de tempo (GATTI, 2005).

O grupo focal era realizado entre pesquisadora e todos os acadêmicos ao final da aplicação de cada oficina. Era um ambiente aberto a discussões, feito em círculo, de maneira que os participantes ficassem face a face, para que a interlocução fosse direta. Desta forma, mediados pela pesquisadora, os acadêmicos expunham os pontos positivos e negativos da aplicação das oficinas, de modo e destacar, na visão deles, se haviam cumprido o objetivo e conseguido contribuir com o ensino e aprendizagem dos alunos com AH/SD. Os relatos dos acadêmicos eram transcritos pela pesquisadora, e para que não se perdessem detalhes, ao final, os acadêmicos faziam um resumo sobre tudo que haviam discutido e entregavam à pesquisadora.

Com estes instrumentos de coleta de dados, foi possível estabelecer as contribuições que os acadêmicos possibilitaram no ensino e aprendizagem dos alunos com AH/SD.

A análise dos dados obtidos por meio das oficinas foi baseada na teoria dos Três Anéis e no Modelo de Enriquecimento Curricular de Renzulli, bem como na teoria cognitivista da aprendizagem, de Ausubel.

“Vale ainda salientar que a análise de dados qualitativos é um processo criativo que exige grande rigor intelectual e muita dedicação. Não existe uma forma melhor ou mais correta, o que existe é sistematização e coerência do esquema escolhido com o que pretende o estudo” (PLATON, 1980, apud LUDKE; ANDRE, 1986).

Na pesquisa, também foi utilizado análise documental, para que fosse possível caracterizar os alunos com AH/SD que são os sujeitos da pesquisa. A análise de documentos constitui uma fonte poderosa, pois podem ser retiradas evidências que fundamentam afirmações e declarações do pesquisador (LUDKE; ANDRÉ, 1986).