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A Selecção e Descrição do Método de Análise

CAPITULO IV – Análise e Discussão dos Dados

1. A Selecção e Descrição do Método de Análise

Uma vez que a natureza do nosso estudo se enquadra numa investigação de tipo descritivo-qualitativo e que este tipo de investigação permite, tal como pudemos verificar no capítulo anterior, o recurso a diferentes perspectivas e enquadramentos conceptuais, a diversas técnicas de recolha da informação e a variados métodos e técnicas de análise, considerámos que o método de inventários conceptuais ou de construção de categorias de resposta, proposto por Erickson (1981) seria o mais indicado e adequado para o nosso estudo. Este é um método indutivo, essencialmente descritivo, que apresenta como vantagens o facto de reduzir o número de inferências a fazer e não exigir um complexo tratamento de análise. Por outro lado tem sido utilizado em diferentes áreas e estudos com bons resultados (cf. Erikson, 1988; Martins, 1989; Serrano, 1996).

O método dos inventários conceptuais (Erikson, 1988), que seleccionámos para a análise de conteúdo das respostas, desenvolveu-se do seguinte modo:

- aceitabilidade de todos os argumentos dos professores em resposta a uma determinada questão ou questões;

- classificação desses argumentos por categorias de conteúdo;

- inferência das representações que emergem das respostas dos professores e construção das categorias e subcategorias de resposta.

Relativamente ao procedimento adoptado na construção das categorias e subcategorias de análise, estas foram seleccionadas a partir da análise das respostas dadas pelos professores às diferentes questões do questionário. A análise de conteúdo das respostas na fase I do nosso estado baseou-se numa série de pressupostos, procedimentos e critérios já utilizados e descritos em outras investigações. Os pressupostos considerados na análise foram os seguintes: (1) as respostas dadas pelos professores são consideradas no seu todo como relevantes para a análise; (2) o conteúdo dessas respostas representa as ideias sobre o assunto; (3) a construção das subcategorias para a mesma categoria de resposta representa um abarcar de diferente perspectivas (cf. Martins, 1989; Serrano, 1996).

de rigor que permitissem cumprir esse propósito, assegurando a credibilidade das leituras a fazer com base nos dados recolhidos e registados.

Consistindo essencialmente num trabalho de identificação e de selecção de excertos de texto correspondendo a dados representativos do ponto de vista das categorias definidas, a leitura dos dados em análise incidiu, principalmente, em ideias apresentadas sobre as categorias definidas.

Os manuais de metodologia de investigação que se referem à análise de conteúdo, reconhecem que as categorias ou subcategorias a utilizar dependem tanto de um trabalho prévio e pré-determinado em função dos objectivos do investigador, como da realidade e tipos de conteúdo que o investigador encontra depois de iniciado o seu trabalho de pesquisa (cf. Bardin, 2000; Bogdan & Biklen, 1994). O próprio conteúdo a organizar pode requerer a criação de novas categorias e subcategorias. A situação que vivemos no nosso trabalho deu-nos oportunidade de confirmar a validade dessa afirmação. No decorrer da definição de categorias e respectivas subcategorias, tivemos necessidade de as redefinir, tendo em conta os indicadores evidenciados pelas respostas dos sujeitos.

Para tal, as categorias e subcategorias de análise construídas, foram desenvolvidas num processo que se revelou moroso na medida em que precisámos de ter sempre em linha de conta as leituras efectuadas ao longo de todo o processo investigativo, associadas aos discursos dos sujeitos nas diferentes fases do estudo empírico. O discurso dos sujeitos foi analisado de acordo com as categorias e subcategorias elaboradas que se encontram descritas no Quadro 2. Os excertos elucidativos referentes ao discurso dos sujeitos sobre as diferentes subcategorias encontram-se em anexo (cf. Anexos 13 e 14) tal e qual foram produzidas pelos sujeitos.

Categoria Subcategoria Descrição

Sc1 – Razões

Instrumentais / práticas

As razões práticas consubstanciam-se na dimensão utilitária da aprendizagem de línguas, encarando a língua como instrumento de comunicação. Refere-se esta categoria ao facto de a aprendizagem de línguas permitir maior mobilidade, acesso a emprego e melhores e mais prestigiadas carreiras. C1 - Razões que justificam

a integração de LEs no currículo escolar

Sc2 – Razões Culturais

Incluímos aqui a consciência que as LEs mantêm com o desenvolvimento cultural dos sujeitos e das comunidades (funções e papéis atribuídos às línguas e culturas como objectos de prestígio cultural), desenvolvendo uma maior capacidade de contactos de mediação linguística e intercultural, pela capacidade de colocação na perspectiva do outro, valorizando-o.

C2 - Razões que justificam a integração curricular de LEs nos primeiros anos de escolaridade

Sc3 – Razões Formativas

As razões formativas (ou educativas) são aquela que se relacionam com a formação da personalidade e do carácter do indivíduo, com o desenvolvimento de capacidades, afectivas, cognitivas e de relacionamento social. Incluímos aqui o valor pessoal e identitário das línguas. A aprendizagem de línguas surge, assim, como parte integrante do sujeito, permitindo-lhe a reflexão sobre si e o seu processo de desenvolvimento. As razões formativas passam ainda por razões de ordem biológica e psicológica que influenciam o desenvolvimento do sujeito.

Sc4 – Razões Políticas

As razões de carácter político surgem quando no discurso dos sujeitos se indicia uma crença no poder da aprendizagem linguística como factor de construção de um Mundo melhor. As línguas são aqui consideradas como um bem político enquanto soluções para a resolução de problemas internacionais. Aprender línguas significa sempre uma forma de socialização, capaz de libertar o sujeito de uma visão etnocêntrica do mundo, compreendendo, aceitando e valorizando a cultura do Outro.

Face à natureza da informação recolhida, mobilizámos procedimentos de análise de conteúdo.

Os dados que obtivemos através do inquérito por questionário foram tratados de forma quantitativa relativamente às questões fechadas. No que toca às perguntas abertas elaborámos a categorização das mesmas tendo em conta os discursos proferidos pelos sujeitos, mobilizando procedimentos da análise de conteúdo.