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Capítulo 2. O contributo dos repositórios

2.3. A situação em Portugal

Portugal é notoriamente distinguido a nível europeu pela política inovadora que

apresenta quando falamos em Acesso Aberto. A instalação e o progresso dos repositórios

institucionais em Portugal, decorrente de iniciativas associadas ao AA, preconizadas

primordialmente por universidades, têm sido levadas a cabo a partir do início do século XXI.

Contudo, até ao momento, a infraestrutura científica nacional era fraca, contando com um

reduzido número de investigadores

59

e, consequentemente, de publicações

60

.

Gráfico 3 - Evolução dos doutorados em Portugal, de 1967 a 2012.

Fonte:

DGEEC,

MEC,

2012,

“Evolução

dos

doutorados

por

sexo”,

http://www.dgeec.mec.pt/np4/208/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=114&fileName=Destaque_CDH12

.pdf.

Apesar das várias iniciativas ocorridas ao longo dos anos, a preconização do Repositório

institucional da Universidade do Minho (RepositórioUM)

61

em 2003 - o primeiro Repositório

59

Já em 2017, segundo dados do Ministério da Educação e Ciência (MEC), Direção-Geral de Estatísticas

da Educação e Ciência (DGEEC), o número de doutorados era de 28 609. Dados disponíveis em

http://www.dgeec.mec.pt/np4/208/.

60

Para conhecimento dos valores da produção científica em Portugal consulte os dados disponibilizados

pelo MEC.GGEEC, disponíveis em http://www.dgeec.mec.pt/np4/210.

33

constituído em Portugal com o intuito de garantir “uma solução para o armazenamento,

disponibilização e preservação das teses e dissertações aprovadas na Universidade do Minho,

em formato digital” - foi o principal fator impulsionador do Movimento AA (Rodrigues 2004).

Contudo, após esta evolução, apenas em 2006 começaram a surgir novos repositórios com o

apoio do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), recomendando, após a

assinatura da Declaração de Berlim, que todas as Universidades implementassem um repositório

institucional e definissem as suas políticas de auto-arquivo. Deste modo seria tornado obrigatório

o depósito da produção científica, disponibilizando-a em Acesso Aberto, sugerindo também ao

Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a criação de uma política para

disponibilização dos resultados oriundos de financiamento público (Rodrigues, Swan, e Baptista

2013).

Ao longo dos tempos foram desenvolvidos esforços a fim de promover a criação de

repositórios, bem como de um meta-repositório nacional que viria a ser concretizado mais tarde,

melhorando progressivamente a situação portuguesa, no que diz respeito à visibilidade,

acessibilidade e difusão da produção científica nacional, que até então se encontrava limitada

(Rodrigues, Swan, e Baptista 2013).

Instituição

Estágio do Repositório

N.º Docs.

UAveiro

62

Em produção

1310

UCoimbra

Em produção

1651

UÉvora

Em produção

259

ISCTE

Em produção

362

ULisboa

Em testes

-

UMinho

Em produção

6931

UNL

63

Em produção

918

UPorto

Em produção

995

UTAD

Em produção

44

Tabela 1 - Estado dos repositórios institucionais em Portugal, em 2008.

Fonte: (Rodrigues, Swan, e Baptista 2013)

Desde então, as iniciativas nacionais começaram a ser desenvolvidas, principalmente

por instituições de ensino, marcando, em 2008, o início de uma nova dinâmica que concerne o

Acesso Aberto com a criação do Repositório Científico de Acesso Aberto em Portugal (RCAAP)

62

“Na Universidade de Aveiro existia um repositório, designado Sinbad, baseado numa plataforma

desenvolvida localmente ainda que sem o protocolo OAI-PMH implementado, disponibilizava diversos tipos

de conteúdos académicos, incluindo teses e dissertações aqui contabilizadas” (Rodrigues, Swan, e Baptista

2013).

63

O repositório era exclusivo da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa

(Rodrigues, Swan, e Baptista 2013).

2.O contributo dos repositórios

34

- o portal de Repositórios Científicos Portugueses – agregando, atualmente, 53 repositórios

(Figura 4)

64

, sendo que 40 destes se referem a repositórios pertencentes a Instituições de

Ensino. Este projeto, tratando-se de uma iniciativa da Agência para a Sociedade do

Conhecimento concretizada pela Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN),

contou também com a colaboração da Universidade do Minho, coordenando as componentes

científicas e técnicas do projeto. No seu engendro, foram anunciados três objetivos gerais a

atingir (Moreira et al. 2010):

• “Aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados da atividade académica e

de investigação científica e portuguesa”;

• “Facilitar o acesso à informação sobre a produção científica nacional”;

• “Integrar Portugal num conjunto de iniciativas internacionais”.

Durante a primeira fase do projeto RCAAP, e após a sua apresentação oficial durante a

3ª Conferência Open Access realizada em dezembro de 2008, foram criados cinco novos

repositórios, através da infraestrutura do Serviço de Alojamento de Repositórios Institucionais

(SARI)

65

, e um Repositório Comum, no qual se encontram alocadas várias instituições cuja

produção científica não justifica a conceção de um Repositório próprio e que, mais tarde, vieram

a conceber o seu próprio Repositório (Saraiva 2009).

Nos anos posteriores foram desenvolvidas várias iniciativas focadas na consolidação e

crescimentos dos repositórios a nível nacional, sendo que, em 2010, se deram os primeiros

passos para a criação de um Repositório de Dados Científicos, bem como para a implementação

de novos repositórios. Em 2012 passaram assim a ser incluídas no portal RCAAP não só dados

científicos, como também revistas científicas do serviço SARC

66

, obrigando à atualização das

condições de agregação ao RCAAP, conjuntamente com as atualizações das diretrizes do

programa OpenAIRE (Rodrigues, Swan, e Baptista 2013).

64

Note-se que este valor não se encontra em conformidade com o valor apresentado no diretório do

RCAAP, uma vez que foi excluído o Repositório do Instituto Superior de Ciências Educativas do Douro por

se encontrar alojado no Repositório Comum.

65

O Serviço de Alojamento de Repositórios institucionais (SARI) permite às instituições que desejem criar

um Repositório com uma gestão em regime SaaS (Software as a Service) alojarem o seu Repositório

gratuitamente, permitindo a troca de meta-dados bibliográficos, através do sistema de gestão de currículos

DeGóis (Rodrigues, Swan, e Baptista 2013, 43)

66

O SARC – Serviço de Alojamento de Revistas Científicas – à semelhança do SARI, tem como propósito

a disponibilização de um serviço de alojamento de revistas científicas portuguesas em regime SaaS.

35

67

67

Note-se que, dos 53 repositórios agregados no RCAAP, foram excluídos 2 (Camões e IPVC) devido à ausência de informação dos mesmos.

Figura 4 - Evolução do repositórios institucionais em Portugal, agregados no RCAAP.

2.O contributo dos repositórios

36

A fim de motivar as instituições ao desenvolvimento de repositório a FCT lançou ainda

uma política sobre o Acesso Aberto, nos termos do Decreto Lei 115/2013 de 7 de agosto de

2013, intitulada por “Política sobre Acesso Aberto a Publicações Científicas resultantes de

Projetos de I&D Financiados pela FCT”, assegurando que

“Todas as publicações sujeitas a arbitragem por pares ou a outros processos de

revisão ou validação científica que incluam resultados de I&D financiados total ou

parcialmente pela FCT devem ser obrigatoriamente depositadas pelos autores, em

versão final5, pelo menos num repositório integrante da rede RCAAP – Repositório

Científico de Acesso Aberto de Portugal, sem prejuízo do seu possível depósito em

outros repositórios, como PubMed Central, ArXiv ou outros” (Fundação para a

Ciência e Tecnologia 2014)

Adicionalmente, na comunidade portuguesa de repositórios institucionais estabeleceu-

se um compromisso para o cumprimento das diretrizes do DRIVER II como padrão de

interoperabilidade entre repositórios portugueses, reforçando, mais uma vez, a importância da

qualidade dos dados. A par disto, o RCAAP desenvolveu a sua própria ferramenta de recolha e

validação de meta-dados - OAI-PMH Harvester - de acordo com as diretrizes definidas pelo

DRIVER II, garantindo assim a qualidade dos repositórios locais (Saraiva 2009).

Desde a criação do primeiro repositório institucional a nível nacional, preconizado pela

Universidade do Minho, foram levadas a cabo várias iniciativas com o objetivo de criar uma

política de Acesso Aberto a nível nacional e europeu, através da colaboração em vários projetos

como o DRIVER II e o OpenAIRE, como anteriormente mencionados.

Contudo, apesar de todas as evoluções realizadas ao longo do tempo em Portugal,

marcadas pelo Movimento do Acesso Aberto, continua a ser necessário serem desenvolvidos

progressos neste assunto.

A dezembro de 2018, o ROAR continha o registo de 61 repositórios de Acesso Aberto

em Portugal, onde a sua larga maioria eram repositórios institucionais (≈73%).

Gráfico 4 - Evolução dos repositórios em Acesso Aberto em Portugal

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À mesma data, o OpenDOAR reportava a existência de 57 repositórios em Portugal

sendo que, tal como na informação extraída do ROAR, a sua larga maioria corresponde a

repositórios institucionais (≈90%), distribuindo os restantes por Governamentais, Disciplinares e

Agregados.

Apesar de não existir um valor consensual atualizado quanto ao número de repositórios

em Acesso Aberto em Portugal, traduzido pela ausência de um diretório que agregue todos os

repositórios a nível nacional, Archambault et al. (2014) afirmaram que, no âmbito dos países

integrantes da UE, Portugal é um dos países que apresenta maior percentagem (16,3%) de

utilização dos repositórios como meio para aceder à produção científica em Acesso Aberto,

acreditando-se que este valor continuará em crescimento ao longo dos anos.

Gráfico 5 - Evolução dos repositórios em Acesso Aberto em Portugal.

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