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1.   Introdução 1

2.2  As tecnologias de videoconferência no Ensino Superior 35 

2.2.2  A situação portuguesa 36 

O enorme desenvolvimento das infra-estruturas de banda larga ocorrido nos últimos anos e em especial nas redes de ensino e investigação nacional e internacional potenciaram o desenvolvimento das tecnologias de videoconferência. Particularmente a rede tecnológica portuguesa de investigação e ensino nacional (RCTS) que, segundo Ribeiro (2009) “interliga as principais instituições de Ensino Superior nacionais, assim como os Laboratórios de Estado e entidades de Investigação e Desenvolvimento (…) e afirmou-se como a primeira rede de nova geração em Portugal” (Ribeiro, 2009, p. 55).

De facto, a RCTS enquanto infraestrutura de comunicações está suportada em mais de 1000km de fibra óptica oferecendo comunicações e recursos quase sem limites para os investigadores, docentes e alunos do Ensino Superior. A evolução da RCTS, em termos de largura de banda, tem sido exponencial, duplicando a largura de banda disponível e esta capacidade instalada “desde cedo permtiu à FCCN a introdução de serviços de nova geração muito mais exigentes como os serviços baseados em áudio e vídeo em tempo real (videoconferência, videodifusão, VoD, VoIP) que exigem muito mais recursos e disponibilidade da rede” (Ribeiro, 2009, p. 56) do que os serviços tradicionais de Internet como são a título de exemplo, o e-mail, ftp27 e www28.

Em 2004, foi dado um passo importante para a democratização da videoconferência na RCTS na medida em que foram instalados seis Estúdios de Videoconferência em seis instituições de Ensino Superior públicas portuguesas e em outros tantos pontos estratégicos (Figura 5). Esta rede de Estúdios de Videoconferência tinha como objectivo disponibilizar espaços multifuncionais

27 File Transfer Protocol 28 World Wide Web

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para a dinamização da criação de conteúdos nas instituições abrangidas. E cada um destes Estúdios estava capacitado para realizar videoconferências de diversos tipos, capturar conteúdos, apresentar conteúdos de alta qualidade, realizar experimentação na área da videoconferência, videodifusão e criação de conteúdos. Segundo Ribeiro (2009) “os Estúdios de Videoconferência são ainda hoje utilizados em muitas destas vertentes” (Ribeiro, 2009, p. 57)

Figura 5: Distribuição do projecto Estúdios

Nota: Esta Figura 5 representa a distribuição geográfica em Portugal dos seis Estúdios de

Videoconferência instalados em seis instituições públicas portuguesas de ensino superior. (Ribeiro, 2010, p. 55)

Ainda em 2004, e no âmbito deste projecto Estúdios, foi ainda criado o Sistema de Agendamento (SAG29) que permite, de forma integrada, a reserva de qualquer sala presente no

sistema. Inicialmente, este sistema abrangia apenas sete salas, mas rapidamente foi integrando outras salas e equipamentos que, entretanto, foram sendo adquiridos pelas instituições ligadas à RCTS (Ribeiro, 2009). Este sistema foi um dos instrumentos fundamentais para a recolha de informação desta dissertação, nomeadamente, através da obtenção de algumas listagens de utilização conforme poderá ser analisado ao longo deste documento.

Ainda no que diz respeito à evolução da rede de videoconferência na RCTS, em 2007 com a introdução dos sistemas de videoconferência HD, a FCCN avançou para mais um passo na expansão da rede de videoconferência da RCTS que permitiu adicionar 20 novos locais à rede e assim a videoconferência chegou a “praticamente todas as instituições de Ensino Superior e a outras entidades relevantes para a comunidade de investigação e ensino nacional sendo que no início de 2008, todos os equipamentos estavam já instalados, a rede tinha atingido uma dimensão

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interessante, a massa crítica tinha sido alcançada e diversas instituições começavam agora a adquirir novos equipamentos” (Ribeiro, 2009, p. 58).

A rede de videoconferência da RCTS conta agora com mais de sessenta equipamentos, dos quais, uma parte significativa está registada no SAG, o que permite aos utilizadores da RCTS solicitar o uso de qualquer uma das salas nele registado.

Em 2009 foi realizado outro marco importante na rede de videoconferência da RCTS com a introdução das duas primeiras salas de telepresença na rede e em Portugal. Estas novas salas “são o expoente máximo da tecnologia de videoconferência” (Ribeiro, 2009, p. 59). As salas Tejo HD (Figura 6) e Douro HD presentes respectivamente em Lisboa (FCCN) e no Porto (Reitoria da Universidade do Porto) estão disponíveis para utilização da comunidade RCTS para a realização de reuniões entre estas duas localizações. Apesar de muito confortáveis e compatíveis com sistemas tradicionais, estas salas apenas atingem o seu potencial máximo de percepção de telepresença quando interligadas entre si.

Figura 6: Sala Tejo HD

Nota: Esta Figura 6 é uma fotografia da Sala Tejo HD, a sala de videoconferência imersiva

disponível nas instalações da Fundação para a Computação Científica Nacional. (Ribeiro, 2010, p. 2)

Na fase actual da evolução da rede de videoconferência na RCTS a FCCN procurou desenvolver uma solução de videoconferência no desktop que também estivesse disponível para todas as instituições da RCTS sendo disponibilizada, desde Fevereiro de 2010, a solução COLIBRI – Ambiente de Colaboração Multimédia. “Esta ferramenta disponibiliza características de gestão de sessões de videoconferência que permite não só a realização de comunicações ricas em vídeo (áudio, vídeo, application sharing30), mas permite também a integração com sistemas de

30 Trata-se de um tipo de software colaborativo que permite dois ou mais utilizadores acederem a uma aplicação partilhada

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videoconferência tradicionais e terminais móveis 3G para além das características de integração com equipamentos H.323, SIP e 3G e a possibilidade de gravação e difusão de sessões em tempo real” (Ribeiro, 2009, p. 60).

A FCCN reconhece que a rede de videoconferência da RCTS é hoje também utilizada para a realização de aulas à distância com plateias locais e remotas em que o professor pode possuír uma turma distribuída geograficamente por um ou mais locais remotos, interagindo com todos em simultâneo sendo que “a grande aplicação da videoconferência é a realização de reuniões de júri de Mestrado ou Doutoramento” (Ribeiro, 2009, p. 60). Esta instituição entende que o uso da rede de videoconferência da RCTS permite a redução significativa do tempo gasto e dos custos inerentes a estas reuniões e a sua utilização pode também ser um factor fundamental para a manutenção de boas relações de trabalho entre investigadores de instituições distintas. “Torna- se possível, usando estas tecnologias, estabelecer ligações de longa duração que, adaptadas ao contexto e dia-a-dia dos investigadores, podem promover muito o trabalho em equipa sendo que, por exemplo, sistemas de videoconferência ligados em contínuo entre dois escritórios de investigadores podem promover um ambiente de continuidade do espaço em que a informação pode ser partilhada em tempo real com o colega, tal como se estivessem no mesmo escritório” (Ribeiro, 2009, p. 61).

Enquanto entidade nacional dinamizadora deste tipo de tecnologias na RCTS, a FCCN entende também que o uso da videoconferência como forma de projecção da instituição a nível internacional também é uma aplicação interessante desta tecnologia sendo que, por exemplo, a participação em conferências ou eventos é uma boa forma de demonstrar a capacidade técnica e abertura para a inovação e intercâmbio da instituição. No entanto, tal como indica Ribeiro (2009) “o uso deste tipo de tecnologias para a difusão de conhecimentos exige uma preparação ainda mais cuidada do que os ambientes presenciais tradicionais e as ferramentas de videoconferência podem, e devem, ser estudadas e integradas em departamentos associados ao e-learning numa visão transversal à instituição de Ensino Superior” (Ribeiro, 2009, p. 61). Os sistemas de videoconferência podem ser geridos e operacionalizados pelos departamentos de audiovisuais ou pelos departamentos de informática, mas parece ser necessário que ultrapassem esse horizonte e passem de um bem tecnológico para um bem de todos na instituição sendo necessário, segundo Ribeiro (2009) “tirar o equipamento da sala de reuniões escondida e de uso reservado, e é necessário divulgar a sua existência no site da instituição e nas listas de correio internas das instituições bem como fazer dias abertos para promover uma primeira experiência por parte dos utilizadores e motivar o seu uso para reuniões que impliquem deslocações” (Ribeiro, 2009, p. 61).