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5.   Conclusão 76

8.12  Anexo XIII – Entrevista a Miguel Correia 133 

Professor Miguel Correia ● Data da Entrevista: 20 de Abril de 2010 ● Método:

Esta entrevista foi realizada através da tecnologia de videoconferência Skype no e foi gravada em suporte áudio e vídeo e está disponível em suporte físico no DVD que acompanha esta dissertação. Na transcrição dessa entrevista, que a seguir se segue, estão assinalados os períodos temporais (em minutos e segundos) dos momentos de resposta do entrevistado registado no ficheiro áudio e vídeo disponível no DVD que acompanha esta dissertação.

● Breve Biografia:

O Professor Miguel Correia é Professor Assistente do Departamento de Informática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e Assistente-Adjunto do Carnegie Mellon Information Networking Institute. É membro da unidade de investigação LASIGE e da equipa de investigação Navigators. Esteve envolvido em vários projectos nacionais e internacionais relacionados com a tolerância da intrusão e segurança informática. Actualmente é o coordenador e professor do mestrado conjunto em Segurança Informática entre a Carnegie Mellon University (CMU) e a Universidade de Lisboa.

A sua larga experiência na realização de aulas por videoconferência entre várias Universidades, sobretudo com as instituições parceiras do programa CMU - Portugal desempenhou um aspecto crucial na sua selecção para a realização desta entrevista.

● Entrevista:

Miguel Correia

A nossa universidade e o nosso departamento em concreto participaram no programa Carnegie Mellon (CMU) – Portugal que é um programa financiado pelo governo português. E temos 3 coisas: um doutoramento, um mestrado e alguns projectos de investigação (que ainda não estão a funcionar, mas já temos alguns contactos de investigação com a CMU).

Portanto, o caso relevante aqui é o mestrado que é dado conjuntamente pelas 2 universidades. Por professores da Universidade de Lisboa e por professores da CMU. Os estudantes estão

Mestrado em Comunicação Multimédia – DeCA - UA 134

sempre cá, salvo alguns casos no semestre de Verão que vão à CMU para realizar aí a sua tese. Todas as aulas são recebidas fisicamente pelos estudantes em Lisboa. Quando os professores são de cá são dadas as aulas normalmente. Quando são professores da CMU dão aulas através de videoconferência. No total são cerca de 4 disciplinas dadas a partir da CMU através de videoconferência por um professor de lá.

Trata-se de um sistema de videoconferência relativamente sofisticado. Existem ecrãs bastante grandes e o sistema é mais ou menos sofisticado. Não é Skype nem nada que se pareça. E tem uma série de funcionalidades que permitem que o estudante e o professor sintam que estão mais próximos do que na realidade estão. Nomeadamente cada 2 ou 3 estudantes tem à sua frente um microfone, e caso queiram tirar uma dúvida carregam num botão e a câmara faz um zoom à cara do estudante aparecendo logo em grande do outro lado e o professor vê-o e ouve-o como se fosse um estudante local.

O professor na CMU normalmente não está a ouvir o que se passa na sala de Lisboa mas nesta situação começa a ouvir o que o estudante diz como se fosse um estudante local que coloca a mão no ar.

Por outro lado, um aspecto um pouco complicado (mas que também faz com que funcione bem) é que os estudantes de cá não ficam abandonados na medida em que existe sempre um professor do lado de cá mesmo quando é o professor da CMU a dar determinada cadeira. Este professor acompanha toda a cadeira. Costuma-se chamar ao professor original o instructor e ao professor que está localmente o co-instructor. Este professor local é também uma pessoa relacionada com a área, apenas não dá propriamente a cadeira. Tira dúvidas, acompanha os projectos práticos, etc. Por outro lado, o professor do lado de lá também vem a Lisboa tipicamente uma vez por semestre para contactar com os estudantes pessoalmente, conhecê- los, falar com eles pelo menos uma vez cara-a-cara.

Portanto é um esquema que não é puramente videoconferência acabando por ser um pouco mais sofisticado do que isso mas que funciona muito bem. A experiência com uma das faculdades da CMU, o INI (Information Networking Institute) mostra que têm vários programas como este que são dados conjuntamente entre eles e outras universidades e portanto têm alguma experiência disto há vários anos. Outro aspecto interessante é que as aulas não são necessariamente dadas apenas para Lisboa. Em alguns casos estão a ser dadas para estudantes na CMU em Pittsburg (EUA), para a FCUL em Lisboa, para a UA em Aveiro e chegavam a ser dadas também para Atenas na Grécia. Também tinham para o Japão mas não são dadas ao mesmo tempo por causa do fuso horário.

Em Lisboa estão cerca de 10 a 12 estudantes, nos EUA estão cerca de 50 a 60 estudantes.

(TC:02:13)

Samuel Martins

Utiliza frequentemente as tecnologias de videoconferência nas suas actividades pedagógicas e de investigação? E qual a dinâmica de uso da videoconferência nessas actividades?

Mestrado em Comunicação Multimédia – DeCA - UA 135 Miguel Correia

Não costumo dar aulas por videoconferência, mas já fui várias vezes co-instructor. Portanto, estar do lado de cá a acompanhar as aulas por videoconferência. Dar aulas propriamente penso que só foi uma ou duas vezes de forma muito esporádica.

Para investigação não costumo utilizar a sala de videoconferência mas o Skype sim.

(TC:08:04)

Samuel Martins

O que acha mais importante visualizar durante a realização de uma aula por videoconferência (ex: a imagem do professor, o ecrã de dados partilhado, a imagem dos vários colegas que assistem à aula, etc.)?

Miguel Correia

Acho que o crucial é o Professor e os slides. Os slides ou o quadro onde ele estiver a escrever. Para aulas de videoconferência “a sério” acho que é importante ver os outros estudantes também para dar a ideia de que de facto existe uma sala de aula distribuída. De maneira a que os estudantes de um sítio vejam os estudantes que estão no outro local.

No nosso caso temos as 3 coisas. A projecção é sempre feita em 2 ecrãs em que num deles está os slides e no outro (dividido em 4) está o professor a falar e os estudantes dos outros sítios. (TC:09:15)

Samuel Martins

Que tipos de tecnologias de videoconferência fazem mais sentido utilizar no âmbito do processo pedagógico ou das actividades de investigação?

Miguel Correia

Para aulas tem de ser algo mais sofisticado do que o Skype. Nós utilizamos uma tecnologia comercial que é razoavelmente cara sendo um sistema mais ou menos complexo. Também tem outras coisas que não são estritamente necessárias como a capacidade de gravar as aulas em DVD ou em disco.

Mas, de facto, para dar aulas parece-me importante que seja algo mais sofisticado do que Skype. Para investigação, para contacto com outra ou mais pessoas o Skype acaba por ser perfeitamente adequado.

Também existe um caso intermédio que diz respeito às discussões de teses que nós temos tido cá uma vez ou outra e nesse caso o sistema de videoconferência funciona bem.

(TC:10:49)

Mestrado em Comunicação Multimédia – DeCA - UA 136

Quando utiliza as tecnologias de videoconferência necessita de complementar essa utilização com mais ferramentas de auxílio para gerar melhor eficácia na sua actividade (ex: envio de materiais prévios, envio posterior de actas, etc.)?

Miguel Correia

Às vezes sim. Nas aulas existe tipicamente um website da disciplina onde são colocados os slides, exercícios, enunciados de projectos, etc. que são necessários partilhar. Num sistema de videoconferência bom basta apresentar os slides através do sistema e geralmente chega. Quando é menos bom às vezes é necessário enviar os slides à parte para a pessoa ter acesso e conseguir ver com melhor qualidade.

De certo modo é incontornável ter algo desse estilo. Quanto mais não seja para combinar quando é que se começa e quando é que se termina. (TC:12:04)

Samuel Martins

Com que tipo de instituições ou pessoas costuma realizar videoconferências e quais os objectivos principais na realização dessas videoconferências?

Miguel Correia

Costumamos realizar com a CMU e as salas de vídeo do próprio INI, noutros casos com outras faculdades como por exemplo o Departamento de Engenharia Electrotécnica, outra universidade em Atenas e a Universidade de Aveiro. Por vezes aparecem também situações com outras universidades como o IST. (TC:13:11)

Samuel Martins

Considera que existem Unidades Curriculares que poderiam ser leccionadas exclusivamente através de videoconferência?

Miguel Correia

Aquilo que nós fazemos não é exclusivamente por videoconferência na medida em que temos também um professor localmente e mesmo o que está remotamente vem cá, pelo menos, uma vez. Não é puramente através de videoconferência.

Ser possível, é. Eu penso que se não houver este apoio adicional e este esforço de contacto adicional não é a mesma coisa mas possível é. (TC:14:30)

Samuel Martins

Qual é o número máximo de pessoas que considera que devem estar numa sala a participar numa aula realizada por videoconferência?

Mestrado em Comunicação Multimédia – DeCA - UA 137

Creio que a interacção com o professor é similar a uma aula normal. Se estiverem 200 estudantes não existe interacção mas se estiverem 10 já existe muito mais interacção. Acho que é mais ou menos como em uma aula normal. Não tem a ver com a questão da videoconferência. (TC:18:14)

Samuel Martins

Qual a melhor forma de gerir o uso das videoconferências durante a leccionação de uma Unidade Curricular?

Miguel Correia

Eu acho que o contacto pessoal é muito importante e, portanto, favoreceria sempre que houvesse o maior número possível de aulas presenciais. Mas o exemplo de 50% presencial e 50% por videoconferência poderia ser razoável ou então, por exemplo, um contacto ao longo do semestre, um no início e outro no fim. Uma aula presencial no início e outra no fim, por exemplo, seriam boas possibilidades. (TC:15:49)

Samuel Martins

Considera que a realização de uma videoconferência com o objectivo de leccionar uma aula deve ser feita com os estudantes “dispersos”, ou seja, com acessos individualizados a partir dos respectivos computadores pessoais (cada um no local que lhe for mais oportuno, eventualmente, na sua residência) ou em grupo (tipicamente com os estudantes reunidos, numa sala de videoconferência ou numa sala de aula com capacidade de emissão de videoconferência)?

Miguel Correia

Juntá-los, sem dúvida, numa sala. O facto de existir uma sala de aula e uma turma também tem o seu valor pedagógico na medida em que também aprendem uns com os outros. Um exemplo muito simples e prático é a situação de quando os estudantes chegam no início do curso, normalmente na primeira aula ninguém tem dúvidas, não havendo grande disposição para interagir com o professor. Se fosse um professor normal que estivesse presente interagiriam e tal não acontece porque o professor está remotamente. Demora algum tempo e exige algum esforço por parte do co-instructor, ou seja do professor que está do lado de cá. Obrigá-los um pouco a colocar dúvidas e a forçá-los a interagir. Depois começam a interagir e é perfeitamente normal. Mas exige esse esforço inicial. E esse esforço inicial seria impossível se os estudantes não estivessem todos juntos numa sala. (TC:16:52)

Samuel Martins

Considera que a videoconferência é um meio que possa ser mais potencializado para as instituições se internacionalizarem?

Mestrado em Comunicação Multimédia – DeCA - UA 138 Miguel Correia

A CMU internacionaliza-se através da videoconferência. Mas acho que isso é uma consequência e não uma causa. Não se internacionaliza em consequência de utilizar a videoconferência mas internacionaliza-se fruto da qualidade e da imagem que tem. E para as universidades portuguesas é a mesma coisa. Se querem internacionalizar-se e impor-se têm de ser boas. Têm de ser reconhecidas, ter professores reconhecidos, ter projectos reconhecidos e depois então podem conseguir atrair pessoas e a forma de chegar a essas pessoas pode ser através de aulas por videoconferência. Seria um efeito e nunca uma causa. Um meio depois de feito um outro trabalho prévio e não antes. (TC:19:06)

8.13 Anexo XIV – Entrevista a Susana Brandão