• Nenhum resultado encontrado

A solidariedade Breve nota distintiva

Capítulo I: A SUCESSÃO TRIBUTÁRIA EM GERAL

3. Sucessão Tributária

3.8. Figuras afins da Sucessão tributária

3.8.1. A substituição e a responsabilidade tributárias

3.8.1.1. A solidariedade Breve nota distintiva

188 Neste sentido, sobre a medida das culpas dos vários responsáveis, quer solidários, quer subsidiários, para efetivação do direito de regresso. Cf.

ABÍLIO MORGADO, “Responsabilidade Tributária: Ensaio sobre o regime do artigo 24.º da Lei Geral Tributária”, in Ciência e Técnica Fiscal, Centro de Estudos Fiscais, DGI, 405, Jan./Jun., 2005, pág. 139.

189 Cf. Arts. 2024.º, 2030.º, 2133.º e 2157.º, todos do CC.

190 Mais uma vez, Cf. Acórdão do STA de 12 de Fevereiro de 2014, no proc. N.º 0196/13, disponível em

http://www.dgsi.pt/jsta.nsf/35fbbbf22e1bb1e680256f8e003ea931/44e1b4fd1652971a80257c85004ac252?OpenDocument&Highlight=0,suc

63

Em comum temos o facto de em todas os institutos que vimos anteriormente estar em causa um sujeito passivo direto e um sujeito passivo indireto, em que o primeiro tem uma ligação direta com o facto tributário e o segundo é chamado ao cumprimento das obrigações tributária não tendo uma conexão direta com o facto. Temos, portanto, dois momentos ligados à obrigação tributária, como se dois factos se tratassem: o facto tributário propriamente dito, isto é, o facto impositivo ou gerador de tributo; e, posteriormente, o momento de cumprimento da obrigação

principal, que é chamado por via de um dos institutos enunciados191.

Na solidariedade não existe uma fragmentação momentânea na relação tributária, havendo somente fracionamento ou parcelamento da prestação tributária por termos uma pluralidade de devedores. Haverá, pois, solidariedade tributária quando o facto gerador de tributo respeite a duas ou mais pessoas, figurando todos eles como sujeitos passivos originários ou todos eles como subsidiários (art. 21.º, n.º 1 da LGT).

As obrigações solidárias caracterizam-se por cada um dos devedores poder responder pela prestação integral, quando exigido pelo credor, liberando todos os outros da obrigação, com o

correspondente direito de regresso nas relações internas192.

A responsabilidade solidária está prevista no artigo 22.º, n.º 2 da LGT e só será aplicada quando a lei o preveja, uma vez que, a responsabilidade tributária por dívidas de outrem é, salvo determinação em contrário, apenas subsidiária (art. 22.º, n.º 4 da LGT).

Desde logo, no caso de liquidação de sociedades de responsabilidade ilimitada ou de outras entidades sujeitas ao mesmo regime de responsabilidade, os sócios ou membros são solidariamente responsáveis, com aquelas e entre si, pelos impostos em dívida (art. 21.º, n.º 2 da LGT).

Posteriormente, em caso de liquidação de sociedade, podem os liquidatários das mesmas ser chamados à responsabilidade pelas dívidas tributárias pessoal e solidariamente quando estes não as satisfaçam prioritariamente, quando outras não gozem de preferência sobre os débitos tributários (art. 26.º da LGT).

191 Na passividade indireta há pois dois pressupostos de facto, enquanto na solidariedade há somente um relativo a vários sujeitos. Cf. DIOGO FEIO,

A Substituição Fiscal…, op.cit., págs. 81 e 82.

192 Cf. Arts. 512.º, 519.º e 524.º do CC. A regra, nas obrigações plurais (i.e., que respeitem a mais de um devedor), é a da conjunção, na qual cada

um cumpre na parte em que está obrigado, como acontece, de resto, com a responsabilidade dos herdeiros face às dívidas do de cujos, onde cada um responde na proporção da sua quota hereditária – conjunção superveniente. Cf. ANTUNES VARELA, Das obrigações em geral, vol. I, 10.ª ed., Coimbra, Almedina, 2000, pág. 748 e ss.

64

A lei (art. 27.º da LGT) impõe ainda a responsabilidade gestores de bens ou direitos (consideradas todas aquelas pessoas singulares ou coletivas que assumam ou sejam incumbidas, por qualquer meio, da direção de negócios de entidade não residente em território português, agindo no interesse e por conta dessa entidade, segundo o art. 27.º, n.º 2 da LGT) de não residentes sem estabelecimento estável em território português que será solidária em relação a estes e entre si por todos os tributos do não residente relativos ao exercício do seu cargo. Presume- se que o representante fiscal do não residente é o gestor de bens ou direitos caso este não declare

à administração tributária que o gestor é pessoa diversa193.

Fora da LGT, a título de exemplo, encontramos ainda a responsabilidade solidária das sociedades do grupo, quando a sociedade dominante não efetue o pagamento de IRC, com o correspondente direito de regresso (art. 115.º do CIRC).

O artigo 42.º do CIS prevê que são solidariamente responsáveis com o sujeito passivo pelo pagamento do imposto as pessoas ou entidades habilitadas legalmente a autenticar documentos, quando essa forma seja admitida em alternativa à escritura pública, e as pessoas ou entidades que, por qualquer outra forma, intervierem nos atos, contratos e operações ou receberem ou utilizarem livros, papéis e outros documentos, sempre que tenham colaborado na falta de liquidação ou arrecadação do imposto ou, na data daquela intervenção, receção ou utilização, não tenham exigido a menção a que alude o n.º 6 do artigo 23.º; assim como são também solidariamente responsáveis com o sujeito passivo pelo pagamento do imposto liquidado nas transmissões gratuitas as pessoas que, nos factos sujeitos a registo, tenham autorizado ou procedido à sua realização sem se certificarem de que o imposto se encontrava liquidado, de que fora promovida a sua liquidação ou de que não era devido; e, por fim, nas operações referidas nas alíneas i), j) e l) do n.º 1 do artigo 2.º do CIS, a entidade a quem os serviços são prestados é sempre responsável solidariamente com as entidades emitentes das apólices e com as instituições de crédito, sociedades financeiras e demais entidades nelas referidas.

193 Segundo o art. 27.º, n.º 3 da LGT, o representante fiscal do não residente, quando pessoa diferente do gestor dos bens ou direitos, deve obter a

identificação deste e apresentá-la à administração tributária, bem como informar no caso da sua inexistência, presumindo-se, salvo prova em contrário, gestor dos bens ou direitos na falta destas informações.

65