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1. Revisão do Estado de Arte e Fundamentação Teórica

1.1.3. A Teoria de Governo

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detentor da autoridade governativa de uma unidade política, assim como um órgão/aparelho que retém o poder político numa sociedade e que exerce a função de dirigir as rodas e de levar a cabo projetos políticos num país. O termo governo possui as suas origens na língua grega (kybernan) – significando dirigir ou controlar os assuntos do Estado. De facto, os gregos foram os primeiros a utilizar este termo e, tal como aponta AMARAL (2018:25), o governo começou na Grécia Antiga sob a forma de monarquia – governo de rei; autocracia, governo de inúmeros tiranos de militares ou civis; aristocracia – o governo de domínio da nobreza ou dos ricos; e a democracia – o governo dos pobres ou da população que participaram na disputa eleitoral para a obtenção de poder. O governo é uma instituição do Estado que superintende o interesse do povo, tal como foi dito por Péricles apud AMARAL (2018:29), “entre nós, é administrado no interesse do povo, e não no de uma minoria”. No governo, existem cargos públicos que podem ser distribuídos com base no mérito de cada governante. Na distribuição de cargos públicos, atribui-se importância ao valor pessoal de quem é capaz de prestar bons serviços à comunidade.

Entre tantos assuntos de interesse público, o governo deve prestar máxima atenção à educação desde o início da aprendizagem, o governo deve estimular a coragem e a bravura dos aprendentes para que apliquem na prática os seus conhecimentos. O governo deve semear e incutir valores e conteúdos didáticos e contribuir para que os estudantes cresçam com amor e o orgulho pelo que aprenderam.

A tarefa de cultivar o espírito nacionalista e patriótico dos seus cidadãos para amar as suas histórias, as suas culturas, os seus prestígios e símbolos é dever do governo. Neste ângulo, Péricles apud AMARAL (2018:30) disse, “foi assim que eles se revelaram dignos filhos da cidade. Se há guerreiros mortos em defesa da pátria, é porque esta o merece e é digna de veneração, de respeito e, se necessário, do sacrifício supremo”.

O governo deve garantir eficazmente os direitos civis e políticos dos cidadãos através da lei e da polícia. Deve depositar maior importância na educação dos indivíduos para estes se tornarem cidadãos ideais. Xenofonte sugeriu uma educação forte e disciplinada, severa e obediente e toda ela está a cargo do Estado/governo através da intervenção dos funcionários habilitados. Pois, o governo é a instituição executiva implementadora de projetos para alcançar a justiça na sociedade e garantir ou repor a igualdade nas relações entre indivíduos. “A sociedade, no seu todo, que deve ser justa”,

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salienta Platão apud AMARAL (2018:43). Uma das responsabilidades do governo é realizar a justiça para todos, todos devem ser tratados de igual forma sem diferir os pobres e os ricos.

Nas classes sociais e suas vocações, Platão define o governo como a classe dos magistrados que por sua vez corresponde à parte racional da alma individual e tem o dever de atuar segundo a sabedoria e governar a cidade. Portanto, o governo é o executor político que “detém uma atividade de tipo diretivo que consiste em governar os povos”, AMARAL (2018:17). Contudo, o governo é um conjunto particular de pessoas que ocupam posições de autoridade dentro do Estado. Neste sentido, os governos revezam-se regularmente, ao passo que o Estado perdura e só pode ser mudado com dificuldade e muito lentamente. Segundo AMARAL (2018:17), o governo é:

Constitui o centro máximo da decisão política na generalidade dos países, incorporando o essencial do poder executivo. Em democracia, é submetido a prazos coincidentes com a duração de legislatura, geralmente por períodos de quatro anos.

No tempo de Platão, em Atenas, os candidatos a membros de governo desde os 30 aos 50 anos de idade devem ser bem treinados a possuir conhecimentos de filosofia ao mais alto nível para qua as tarefas do governo sejam bem-sucedidas. Naquela época, após as formações dos candidatos, os melhores entre estes eram escolhidos para o cargo de magistrados e, o mais capaz seria escolhido para ser rei.

Para ARISTÓTELES (1998), o governo é o aparelho do Estado e deve ser exercido de forma prudente tendo em conta o interesse de todos e com base nas leis existentes.

Aristóteles classifica três regimes de governo: monarquia, aristocracia e democracia.

Mais tarde, Aristóteles apud AMARAL (2018:46) referiu o seguinte:

A aristocracia é o governo de um só exercido de forma sã, no interesse de todos e com respeito das leis; se degenerar no interesse pessoal do ditador e com desrespeito das leis, será uma tirania. A aristocracia é o governo de um grupo restrito de pessoas exercido de forma sã, no interesse de todos e com respeitos das leis; se degenerar no interesse do grupo dirigente e com desrespeito das leis, será uma oligarquia. A «politeia» ou república, é o governo da maioria, exercido de forma sã no interesse de todos e com respeito das leis; se degenerar no interesse dos mais pobres e com desrespeito das leis, será uma democracia.

ARISTÓTELES (1998), sugeriu uma forma de governo mista designada república que assenta no primado das classes médias, porém concedendo alguns benefícios aos mais ricos do elemento oligárquico e aos mais pobres do elemento democrático. Nas palavras de Aristóteles, “esse regime tem de beneficiar mais os pobres do que os ricos,

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pois os pobres precisam da ajuda do Estado, enquanto os ricos só precisam de não ser perseguidos”. Assim sendo, segundo Aristóteles apud AMARAL (2018:57), “a melhor forma de governo é uma república de classe média que, sem perseguir ou destruir a classe dos ricos, tome todas as providências que puder a favor dos mais pobres”.

Para que haja uma boa administração por parte do governo, PETERS (2001:178) propõe quatro modelos alternativos que representam diversas propostas de organização do setor público como “modelo do mercado, o modelo participativo, o modelo da flexibilidade e o modelo da desregulação”.

Os quatro modelos colocam novas questões acerca da responsabilização e do interesse dos serviços públicos para os sistemas políticos democráticos, mas deixam ainda em aberto as questões relativas à avaliação dos programas de execução de políticas públicas, bem como da avaliação dos funcionários públicos. O autor caracteriza comparativamente cada um destes quatro modelos tendo em conta quatro parâmetros:

os sistemas de coordenação, os circuitos de deteção e correção de erros, o sistema de serviço e as formas de responsabilização.

VIEIRA (2017:76) defende que um governo, nas suas decisões políticas, deve ter maior capacidade para mudar o dependente em complementar, neste sentido, o governo, cujas tarefas fundamentais que são a mediação, convergência, cooperação de acordo as matérias de interesse comum. Visto que a política não será capaz de considerar diversos interesses de uma só vez, os interesses comuns vêm dos interesses pessoais que são considerados e colocados na valorização coletiva e percebendo o que pode fazer sentido.

Um bom governo é sempre guiado pelas leis e constituições. ARISTÓTELES (1998), apresenta várias constituições relevantes no tratamento da política. Entre outras, apresenta a constituição pelo conceito material como “arranjo ou estruturas das magistraturas de um Estado, especialmente das mais altas de todas” e outra que diz respeito à constituição sobre o regime político ou forma de governo que contém “três formas sãs e três degeneradas”. O conceito de constituição aristotélico é o mais singular, pois despreza quatro das seis formas de governo defendidas anteriormente. Para ARISTÓTELES (1998), as mais frequentes na prática são apenas duas: a oligarquia e a democracia. A oligarquia é o governo dos ricos, defende exclusivamente o interesse dos

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ricos e contra os interesses dos pobres. A democracia é o governo dos pobres, defende exclusivamente o interesse dos pobres e contra os interesses dos ricos.

ARISTÓTELES (1998), defende que a prática de governar deve ser de forma mista - politeia ou república – oferecendo prioridade à classe média e atribuir alguns benefícios aos mais ricos do elemento oligárquico e aos mais pobres do elemento democrático. “Uma república governada por homens da classe média aproxima-se mais da democracia “governo dos pobres” do que aquele em que um pequeno número de homens dispõe da autoridade”. O autor concluiu que a melhor forma de governo na prática, “é uma república de classes médias que, sem perseguir ou destruir a classe dos ricos, tome todas as providências que puder a favor dos mais pobres,” Aristóteles apud AMARAL (2018:57). Desde este ponto de vista, ARISTÓTELES (1998), oferece um exemplo relativo à educação, já que este setor oferece oportunidades iguais aos filhos dos ricos e dos pobres, bem como a mesma alimentação e igualdade de acesso às magistraturas do Estado.