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4. Apresentação e Discussão de Dados

4.1. Política de Oficialização da Língua Portuguesa

4.1.3. Atuação do Projeto de Oficialização da LP na UNTL

Apresenta-se nesta subcategoria, a atuação do governo de Timor-Leste na implementação da política de reintrodução da LP como LO em Timor. Descreve-se os dados sobre a implementação ou a realização do uso do português direcionado para o ensino e aprendizagem no ensino superior, em especial na UNTL, envolvidas sociedades

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académicas – dirigentes máximo da UNTL e da FCS, docentes e estudantes. A atuação é um processo de concretização de atividades por meio de planeamento, e referencia certas regras para atingir os objetivos de um projeto. Essencialmente, a atuação é feita a partir de planos e conceitos de projetos a serem realizados. Espera-se que os resultados da atuação dos projetos atinjam seus objetivos máximos e não dececionem aqueles que os esperavam. Finalmente, o processo de atuação concentra-se no sistema e mecanismo de planeamento. O objetivo da atuação é de implementar e realizar os planos que foram preparados em uma forma real. Isso, porque na elaboração de um plano, também são dispostos os objetivos a serem alcançados. Assim, a atuação pode ser praticamente entendida como uma forma de atingir os objetivos estabelecidos.

Além disso, o objetivo de atuação significa também testar as realidades das políticas contidas nos planos elaborados. A atuação é feita com a finalidade de conhecer a extensão dos impactos e benefícios que serão obtidos pela sociedade no futuro, a partir dos planos que estão a ser implementados.

Segundo Allan G. Johnson (1997:4), a ação e a estrutura são questões fundamentais da vida social, girando em torno da relação entre indivíduos e os sistemas sociais de que fazem parte. Os integracionistas como Georg Simmel e Herbert Blumer argumentam que sistemas sociais pouco mais são do que abstrações que não existem realmente, exceto através do que as pessoas decidem fazer em suas interações recíprocas. Segundo Simmel apud Allan G. Johnson (1997:10), “é simplesmente o nome de certo número de indivíduos associados por interação”. Dessa perspetiva, a ação humana é de suprema importância, e aquilo que os sociólogos designam como sistemas sociais constituem meros resultados da mesma. Manfred Kuhn, apud Allan G. Johnson (1997:10), sustenta que a vida social é organizada sobretudo em torno de redes de status e papéis que são externos aos indivíduos e limitam profundamente, se é que não determinam, o que as pessoas pensam, sentem e fazem. Na teoria de estruturação, Anthony Giddens chega ao ponto de argumentar que é um erro descrever sistemas sociais e ação individual como separados entre si porque nenhum dos dois existe salvo em relação recíproca. A ação, segundo Allan G. Johnson (1997:130):

É um comportamento intencional baseada na ideia de como outras pessoas o interpretarão e a ele reagirão. Na interação social, percebemos outras pessoas e situações sociais e, baseando-nos nelas, elaboramos ideias sobre o que é esperado e os valores, crenças e atitudes que a ela se aplicam. Nessa base, resolvemos agir de maneiras que terão os significados que queremos transmitir. Quando entramos em

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uma loja, por exemplo, grande parte do que fazemos baseia-se no reconhecimento de que estamos em uma situação de comércio e no conhecimento do que se espera dos vários atores que participam dessas situações. Quando apontamos para artigos que queremos comprar, perguntamos o preço, dizemos como vamos pagar etc., fundamentamos nossas ações no que pensamos que elas significarão para as outras pessoas que participam da situação. E é esse processo mental radicado em significado que distingue ação de comportamento e que ocupa lugar central na interação como processo social.

O método geral para compreender o que fazemos em termos do significado que atribuímos ao nosso comportamento e ao do nosso semelhante é conhecido como teoria de ação. O desenvolvimento dessa teoria está ligado principalmente a Max Weber e ao conceito que propôs de compreensão (verstehen). Max Weber (1998), argumentava que não podemos compreender o que as pessoas fazem sem ter alguma ideia de como elas, de forma subjetiva, interpretam o seu próprio comportamento. Essa perceção básica, permite que os sociólogos incorporem a empatia nos métodos utilizados para entender a vida social, juntamente com outros métodos científicos mais objetivos.

A ação da UNTL e suas faculdades como órgãos executores, antes de implementar rigorosamente, devem projetar quais são os efeitos das ações relevantes à reintrodução da política da LP nas faculdades, unidades e departamentos existentes na UNTL. Estas instituições implementadoras, devem ter considerações aos ambientes socioculturais dos docentes e estudantes para ter êxitos como o projeto deve ter o seu sucesso nesta comunidade académica. Examinar em profundidade as circunstâncias vividas pelos docentes e estudantes é um dos componentes importantes que devam ser considerados para que o projeto de LP possa ser implementado com sucesso.

A LP deve ter sucesso a partir do momento em que os superiores das instituições responsáveis desempenhem os seus papéis como ator político e ator prático. Como ator político, devem saber utilizar várias ferramentas disponíveis para persuadir a sociedade académica no sentido de promover a utilização do português no dia-a-dia. Os implementadores da política devem apresentar as suas imagens positivas para que possam atrair e ocupar o campo onde atuam. Neste fim, Iluskhanney Nóbrega (2013:35-40) no seu artigo intitulado “a construção da imagem do ator político na atualidade”, sugere para que os atores políticos devam fazer:

As artimanhas devem ser criadas através das chamadas estratégias de campanha política, que utilizem a média como o principal veículo, através da qual os atores políticos fazem seus apelos aos cidadãos, ora evocando a proximidade, incorporando

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o personagem do homem comum ou se distanciando, personificando a imagem do líder charmoso.

A presença dos atores implementadores do projeto no cenário político, deve ter um objetivo de influenciar luminosamente ou no manuseamento; as informações que possam inspirar as confianças no público. É com grande compadecimento que descobrem que, na maioria dos atores políticos, essa aparência encontra-se bem distante do que o projeto tem sido entendido. E, como se torna quotidiana, tal aparência desgasta-se com grande frequência, necessitar-se-á de constantes renovações que possam fornecer grandes ações políticas, que com seus poderes podem seduzir a sociedade académica, direcionando as suas atenções e decisões para aderirem à utilização do idioma português.

As instituições relevantes ao poder, devem continuar a tomar decisões significativas para absorver programas relacionados ao treinamento e uso do português na faculdade pesquisada. No momento onde este estudo foi executado, o projeto de curso da LP destinado aos docentes não teve visto as suas realizações, pois, segundo os docentes, o curso havia sido interrompido as suas execuções, desde 2015, pelas instituições realizadoras.

Nota-se a falta de agressividade por parte da UNTL de realizar projetos adequados que possam impulsionar a efetividade da implementação dos projetos relacionados com a reintrodução da LP nos ensinos superiores do país, isso, dá-nos a impressão de que os responsáveis da política da reintrodução e oficialização da LP não são ativos na campanha do idioma. Se a LP é considerada como um projeto ideológico, estas instituições competentes, devem fazer alterações às condições sólidas existentes para se tornarem líquidas e que permitam a penetração do hábito português na sociedade académica. Esta condição somente pode acontecer, se a UNTL tiver capacidades suficientes no contexto de reintrodução e oficialização desta modalidade linguística.

Nas observações e pesquisas realizadas naquelas instituições responsáveis pela implementação e oficialização da LP na UNTL, deteta-se a inexistência das atividades significativas que suportam a progressão da língua. Um exemplo concreto verifica-se na carência dos docentes de português e cursos destinados aos docentes e estudantes, no momento em que este estudo foi realizado no final de 2019, todos os informadores-chave disseram as faltas de currículo, docentes especializados em português e curso da

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LP destinados aos docentes estava sendo interrompido na UNTL, e, segundo os entrevistados, “isso não deveria acontecer”. Para que o português deva ser desenvolvido na UNTL, “cabe as obrigações da UNTL de manter um currículo que carregue o conteúdo intenso com as disposições da LP e que direcionem à toda sociedade académica daquela universidade”.

A inexistência da política adequada de reintrodução e oficialização do português na UNTL, pode-se ver quando o pesquisador efetua as perguntas, “em todos os cantos da faculdade, as conversas privadas, as atividades de lecionações e os encontros formais dos docentes e estudantes não expressam as suas ideias em português porquê? Como é o papel da faculdade para cuidar este assunto”? As respostas são ironicamente surpreendentes, “esta é a política da UNTL, a política de que no ensino e aprendizagem nas salas de aula da Faculdade, os docentes e estudantes devem usar duas línguas oficiais, os quais é português e tétum”. Pois, os docentes e estudantes ficam mais inclinados a escolher o tétum como suas línguas de comunicação por ter esta modalidade linguística é fácil e habitual praticada nos seus quotidianos. Pior ainda, que os professores expressam, “ninguém ser obrigado a utilizar português nas salas de aula”, nem mesmo por LBE de 2008 a lecionação obrigatória na UNTL, a utilização da língua portuguesa nas suas atividades. Mais adiante como é descrito no artigo 8º “as línguas de ensino do sistema educativo timorense são o tétum e o português”.

Embora o propósito seja para alavancar da “comunidade académico” de Timor de progredir o português no país, através do processo de aprendizagens nos ensinos aprendizagens, contudo, a língua tétum é mais preferidos aos professores na sua utilização. A esperança de que essa língua portuguesa seja sempre utilizada em atividades de lecionações, de facto, o propósito é aliviado quando houver a existência de escolhas entre o uso do português ou tétum, pois, ambos são línguas oficiais como consta no artigo 13.º da CRDTL. As dificuldades aumentam-se ao lembrar o fato de inexistência das colocações de docentes do português na faculdade. Os dados indicam que para cobrir seis departamentos com mais de cinquenta, há cem estudantes numa sala de aula somente:

Existir três professores especializados em português. Estes três professores fazem rotação nos Seis Departamentos para lecionarem. Estes professores somente finalizaram os seus graus académicos Licenciaturas em português o que não são suficientes nas lecionações de estudantes dos mesmos graus académicos.

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A inexistência das políticas de oficialização do português fica mais sinalizada quando nos lembramos dos dados que demonstram a maior dificuldade encarada pelo português quando se lembra que somente existem duas cadeiras da LP, (Português Um de Português Dois) com carga de horário sessenta e quatro horas para um ano letivo, o que limita a aprendizagem do português para os licenciandos.

Neste caso, os entrevistados, sugeriram que, “é uma necessidade de produzir um currículo adequado especializado ao Ensino Superior/UNTL, o currículo que no ensino, permite a imposição do uso de português nas salas de aulas”. Assim, possa permitir a progressão do português. Mais diante, os entrevistados desejam que na UNTL, “deve impor as cadeiras de português 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 segundo os anos de escolaridade permitido para uma licenciatura”. Mais diante, os entrevistados realçaram:

As intensidades dos encontros permitirão a aceleração do progresso da própria língua no país. A densidade do ensino de português no ensino-aprendizagem nas salas de aulas, assentir as curiosidades de todos componentes envolvidos e posteriormente implantando o amor ao português como hábito e cultura.

As leis e os decretos como processo político, continuam a permitir a definição das línguas oficiais de ensino, dando prioridade ao português como língua de ensino e ao tétum como língua de suporte. Dessa maneira, abarca-se um entendimento ambíguo de compreensão dual que permita a escolha tendenciosa dos docentes a escolher o tétum que, para eles, fica mais fácil e fluente.

A implementação de políticas educativas, em Timor, deverá ser norteada de forma coerente e consistente, de forma a salvaguardar não só as leis previstas, mas também preservar a cultura linguística, como marca identitária única no mundo, ao mesmo tempo desenvolver-se um sistema inclusivo que permita a igualde de acesso às oportunidades de formação de todos os timorenses. Neste caso, observa-se no campo,

“as escolas de referência de português que são elementos centrais do ensino do português”. Na pesquisa e observações, encontram-se “as escolas de referências em Díli e nos Distritos que funcionarem no centro de formação dos filhos Timores a adquirir LP e as escolas têm sido funcionados desde ano escolar 2010/2011”.

O acordo de cooperação para o impulso dos projetos de reintrodução e oficialização do português em Timor, foi altamente considerado pelo Governo da RDTL.

Nessa intenção, foi transformada na forma de cooperação por acordo intergovernamental entre República Portuguesa e RDTL em 2010. Para o interesse da

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RDTL, foi representado pelo então o Ministro da Educação Bendito dos Santos Freitas e Nuno Crato, então, o Ministro da Educação de Portugal, assinaram um protocolo para o setor.

O protocolo prevê o envio de 150 professores portugueses integrados no projeto dos Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), segundo o portal do Governo abrangendo mais de 3.500 alunos timorenses. Nos últimos meses do ano de 2019, foi registado 300 professores portugueses no território, nas várias áreas.

O protocolo reforça a vertente de formação de docentes timorenses e está a prever várias modalidades de apoio à formação. Trata-se, o projeto das “Escolas de Referência” e tem a intenção de ampliar o conhecimento do português aos timorenses, especialmente aos estudantes. No ano de 2011 e 2012, registraram-se 11 escolas referenciais espalhadas nas Capitais dos Municípios como Aileu, Baucau, Díli, Ermera, Bobonaro, Manatuto, Liquiçá, Lautém, Oecusse, Manufahi e Covalima.

Para os esforços adicionais de reintrodução do português no território, o projeto de cooperação Timor e Portugal, no caso de Centro de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) têm sido abertas de escolas referenciais da LP nos Municípios de Ainaro de Viqueque fazendo com que todos os municípios do país fiquem dotados de centro de aprendizagem e formação escolar, especialmente direcionadas para o avanço do português como LO do país.

Espera-se o impacto positivo do projeto de CAFÉ, que poderá impulsionar as escolas estabelecidas segundo as previsões dos decretos do Governo na introdução e na utilização da LP se espalha rapidamente, já que os alunos dessas escolas têm remetido o português como língua principal dos seus ensinos-aprendizagens. O sucesso do projeto de CAFE foi pronunciado recentemente pelo Governo timorense quando explica que o reforço no apoio português permite uma melhoria na formação de professores, bem como na formação do pessoal administrativo das escolas e dos gestores escolares.

Ao contrário do que acontece nas escolas de CAFE como referenciais do projeto da reintrodução e oficialização do português, na FCS da UNTL demonstra-se uma realidade surpreendente segundo os dados.

Como é o nosso conhecimento, o português é a nossa língua oficial, porém, a sua realidade indica a mínima presença dentro da sociedade académica, tanto no ensino aprendizagem nas salas de aulas, cargas horárias quanto o seu uso nos arredores da

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faculdade. As razões apresentadas pela sociedade académica que existe dualidade política na adoção das línguas oficiais em Timor-Leste que é o português e tétum.

Neste contexto, a sociedade académica mais inclinada a utilizar o tétum do que o português, pois, o tétum vem com todas suas facilidades e esta sociedade acostuma-se usar e não pôr o português como uma prioridade.

Quando se pergunta qual é a capacidade dos docentes colocados naquela faculdade sobre o domínio da LP, as respostas indicam que:

Não haja seleções e provas rigorosas sobre o domínio português dos docentes colocados na faculdade e a condição do português fica piorando quando se fala sobre as faltas de controlo e avaliação continuo aos professores na área portuguesa”. Os entrevistados realçam que, não se pode avaliar e classificar a qualidade dos docentes em português, pois, existam muitos protestos e sínicos quando se questiona o assunto sobre habilidade português.

Os entrevistados realçam que, não se pode avaliar e classificar a qualidade dos docentes em português, pois, existem muitos protestos e cínicos quando se questiona o assunto sobre habilidade em português. Ademais, o estudo encontra os dados que revelam, a ausência da colocação suficiente dos docentes habilitados em português naquela faculdade, o que influencia significativamente o não avanço do português, pois, não é vista expressivamente a política da universidade sobre o assunto. Um informador, na sua entrevista, mencionou:

O nosso pedido à Universidade para colocar mais docentes de português na Faculdade não tem resposta. Contudo, nos tempos passados foram ótimos, pois, a universidade colocava professores qualificados na língua portuguesa, recentemente, a política deste tipo está morta, não sei porquê?

A política de reintrodução e oficialização da LP deve aparecer na faculdade quando os elementos desta são formados. Neste caso, o pesquisador fez uma pergunta, “os professores daquela faculdade têm sido enfrentados curso da LP”? As respostas indicam que os professores só tiveram uma ou duas vezes com duração de três meses nos tempos anteriores e hoje já não tem mais. Na realidade, o que acontece na faculdade, é que os docentes são entusiasmados a participar no curso do português, quando tiver novamente o curso, “vamos todos a participar, porém não há mais curso português para quase cinco anos desde 2015”, disseram os entrevistados.

Quanto ao uso quotidiano nas atividades sobre a realização da política de reintrodução da LP na faculdade, as respostas dos informadores-chave são seguintes:

No final do ano passado, realizou um teste diagnóstico para colocar os professores nos níveis adequados do português. Depois do teste, todos professores souberam seus níveis e tinham preparados para participar o curso, porém até a presente data, a realização do curso nunca apareceu ou desapareceu no plano da Universidade. Já quase é seis anos, desde 2014-2019. Não sabemos quais são os problemas

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enfrentados. O interesse que na faculdade, os professores estão prontos para ter o curso, e o importante é que o curso não venha interromper o ensino-aprendizagem e as atividades letivas.

O projeto da reintrodução e oficialização, especialmente letivas estagna-se, pois, quando as perguntas são direcionadas ao descobrimento sobre “como é as aplicações e ações dos docentes que terminaram seus estudos nos países da Comunidade dos Países da Língua Oficial Portuguesa (CPLP) e hoje têm mais preferências de lecionar as cadeiras nas salas de aulas da faculdade praticam tétum?” As respostas ficam muito abruptas:

Não, eu não vejo estes professores lecionam os estudantes nas salas de aulas a usarem português. Os professores apresentam as razões, e disseram que os estudantes não têm capacidades de absorver as matérias e interagir nas discussões quando os professores utilizam português nas suas lecionações.

É uma condição contraprodutiva, quando se vê a questão das introduções das matérias. Na observação do pesquisador durante três meses naquela faculdade, especialmente, a observação dirigida às atitudes dos docentes que finalizaram seus cursos académicos nos países falantes de português, como Brasil, Portugal ou PALOP nos níveis de Mestrado e Doutoramento, contudo, continuadamente introduzem as matérias nas aulas a usar tétum, pois, por meio das observações e conversas, deteta que o tétum, ainda é a preferência destes professores. Visto que, o tétum é uma língua facilmente praticável por qualquer pessoa, essa língua torna-se um hábito nas comunicações diárias destes docentes. Ao encarar aquela realidade, o Vice-Decano de Assuntos Académicos da Faculdade sugeriu:

Espero o controlo da UNTL que possa sugerir, orientar e ordenar os docentes para aplicar continuadamente a LP nas salas de aulas. É necessário de lembrar a oficialidade desta língua como consta na CRDTL, o seu artigo 13.º.

As observações e as entrevistas no campo demonstram os dados que geralmente os docentes preparam-se e apresentam os seus materiais didáticos na língua tétum, uma variação chamada “Tétum Praça”. A vantagem para os Timores no uso dessa variação é que o seu vocabulário é fortemente influenciado pelo português, é incontestável, o uso dessa variação na preparação e lecionação pode ajudar a rápida captação do português pelos timorenses. Nesta circunstância, é vista no reconhecimento dos entrevistados, onde os dados revelam que o uso da LP é inequívoco pelos docentes nas preparações e apresentações de matérias nas lecionações.

Compreendemos que o nosso país adota duas línguas oficiais. O tétum e português, não podemos proibir o uso de tétum nas aulas de lecionações, a razão principal é, o

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português e o tétum têm o mesmo estatuto, no mesmo nível. Neste caso, os que preferem usar tétum no ensino aprendizagem não têm culpas ou problemas. O problema mais notável é, existem poucos docentes que usam português. Os docentes usam variadas línguas, uns preparam em inglês, outros preparam em tétum e maior ainda o problema que alguns preparam suas materiais didáticas em bahasa indonésia. Muitas vezes, os Docentes preparam as matérias em inglês, português e bahasa indonésia e depois traduzem e introduzem em tétum nas classes. A razão é facilitar os estudantes para melhor compreender as matérias. A universidade também não proíbe os Docentes de usar tétum nas lecionações, pois, a CRDTL permite este assunto. As duas línguas são mesmas oficiais e têm os mesmos estatutos, uma não é superior a outra. A questão principal é que os Docentes e estudantes que têm maior habilidade de usar português é menos e maior no uso tétum.

Nas narrativas dos entrevistados, foi descoberto que os docentes se habituam diariamente – dormem e acordam com tétum, o português é difícil de praticar, eles praticam português quando encontram com os seus falantes, no entanto, estes falantes são poucos. Quando existe conversas dos colegas pode permitir os envolvimentos deles, porém, as oportunidades deste tipo são raras. Infrequentemente encontra-se nos espaços públicos as conversas dos Timores em português. Na verdade, o tétum é a língua veicular, aquela que permite que todos (ou quase todos) os Timores, falantes de variadas línguas nativas, se entendam entre si. É provável que o português nunca tenha este estatuto e, portanto, só venha a ser falado como língua segunda (ou terceira), num contexto multilingue, em que cada falante usa várias línguas: a materna, o tétum, e, além dessas, o português, o inglês e a bahasa indonésia. Seria, no entanto, interessante, por motivos identitários e estratégicos, que os timorenses também se falam português com alguma desenvoltura.

Os entrevistados preferem que, os docentes que finalizaram os seus cursos académicos nos países da CPLP, depois dos seus regressos e ao lecionarem nas faculdades da UNTL, pudessem manusear o português nas suas convivências privadas e públicas, singularmente nas introduções das matérias nas salas de aulas. Deste modo, podem conquistar a vontade, amor e os desejos das pessoas que os rodeiam e simultaneamente ajudam o contágio do português no país. Desta maneira, acredita-se, o português pode desenvolver-se em Timor. Neste caso, os entrevistados expressam as suas ideias na seguinte forma:

Nós que finalizávamos os nossos cursos académicos na Indonésia, preferimos que estes professores se usam português nas suas convivências para que nós possamos ganhar experiência e aprendemos com eles, porém, as nossas expetativas nunca foram realidades, pois estes professores nunca aplicam português entre eles nem eles connosco. Temos um pouco conhecimento de português, gostaríamos de