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A Terminologia Acadêmica Universitária em sua Dimensão Plurinacional

3. METODOLOGIA

3.1. D ELIMITAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

3.1.2. A Terminologia Acadêmica Universitária em sua Dimensão Plurinacional

Na Introdução, definimos o léxico acadêmico como uma questão terminológica. Isto era possível em função do contexto em que nós o analisávamos: o de um país determinado, e púnhamos exemplos relativos ao Brasil, através da Universidade Estadual de Londrina, de maneira que um termo qualquer devia estar associado ao mesmo conceito ao longo de toda a hierarquia de documentos que compõem o marco normativo do Ensino Superior de um país, já que não pode existir divergência entre eles.

Surge agora a questão de se a mesma terminologia acadêmica usada pela UEL pode ser aplicada a países que compartilham a mesma língua maioritária do Brasil: o português. Achamos pertinente esta questão, pois, se analisado o léxico acadêmico sob uma perspectiva terminológica, o eixo primordial em que está sustentada a Terminologia é a univocidade do termo, como assinalávamos acima.

Poderiamos pensar que o MNU de um país é autônomo e independente dos outros países; mas, por outro lado, o português é a língua comum de muitos países. Portanto, parece necessário aprofundar-nos nesta questão se pretendemos realmente criar uma ferramenta útil

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A Universidade Pública Boliviana e um sistema de Ensino Superior constituído pelas universidades públicas autônomas e iguais em hierarquia: São Francisco Xavier de Chuquisaca, Santo Andrés de La Paz, São Simão de Cochabamba, Tomás Frias de Potossi, Técnica de Oruro, Gabriel Renê Moreno de Santa Cruz, Juan Misael Saracho de Tarija, José Ballivián del Beni, Nacional Siglo XX de Llallagua e Amazônica de Pando (tradução nossa).

para melhorar a comunicação entre os centros de Ensino Superior dos países lusófonos. Voltando, por exemplo, ao termo estudante que selecionávamos anteriormente, e procurando- o no marco normativo das Universidades de Portugal, achamos o seguinte:

São considerados estudantes da Universidade de Coimbra os que estiverem validamente matriculados e inscritos num dos seus cursos ou ciclos de estudos (UNIVERSIDADE DE COIMBRA, Regulamento Acadêmico, Art. 11, § 1º, grifo nosso).

No caso, a UC compartilha com a UEL o conceito de “pessoa formalmente matriculada”, mas distingue entre “matriculada” e “inscrita”, como noções diferentes, o que poderia criar alguma divergência na hora de estabelecer uma equivalência entre ambas as instituições.

De um outro lado, as relações acadêmicas entre o Brasil e o conjunto de países hispanofalantes do seu entorno, principalmente aqueles que fazem parte do Mercosul, são cada vez mais frequentes e hoje em dia não surpreende mais achar, entre os alunos de uma turma qualquer, estudantes argentinos, chilenos ou paraguaios; da mesma maneira, é grande o número de estudantes brasileiros que vão além das fronteiras para estudar um curso no exterior, nestes países, por meio de um intercâmbio estudantil, bolsa de estudos, etc.

Caso similar acontece com os professores. Dentro do corpo docente das Universidades brasileiras, são muitos os professores hispanofalantes que prestam seus conhecimentos, procedentes dos países vizinhos e vice-versa, assim como os intercâmbios e colaborações entre Universidades de um lado e outro da fronteira se multiplican devido aos projetos de pesquisa e extensão desenvolvidos em parceria, eventos, simpósios, encontros, etc., ao longo de um ano letivo.

A consequência imediata disto é que tanto nos programas e planos de ensino da oferta educativa seriada da Graduação e Pós-Graduação, quanto nas informações dos projetos de pesquisa e extensão, nos fôlderes informativos dos eventos organizados por instituições de Ensino Superior brasileiras e hispanofalantes, são traduzidos do espanhol para o português e do português para o espanhol os termos acadêmicos, foco do nosso interesse, com a intenção de dar uma informação bilíngue.

Relacionado com o anterior, surgem, às vezes, problemas com a tradução e a interpretação de documentos oficiais, diplomas, certificados, etc., obtidos no exterior que precisam ser traduzidos de uma língua para a outra antes de serem revalidados, tanto aqui no

Brasil quanto nos países hispano-americanos. Inclusive, a proximidade entre as duas línguas, faz que as autoridades competentes dispensem o aluno ou professor que tenta revalidar um título do trâmite da tradução, mas, às vezes, surgem dúvidas a respeito do significado de uma palavra ou sua equivalência exata na outra língua. Ainda, os problemas surgidos podem ser até maiores se os termos supostamente equivalentes em português e espanhol apresentam uma aparença similar. Pensemos, por exemplo, no caso de “bacharelado” y bachillerato. No português, o termo “bacharelado” refere-se a um curso pertencente ao Ensino Superior; enquanto, em espanhol, refere-se ao Ensino Médio.

El tipo educativo superior es el que se imparte después del bachillerato o de su equivalente. Comprende la educación normal, la tecnológica y la universitaria e incluye carreras profesionales cortas y estudios encaminados a obtener los grados de licenciatura, maestría y doctorado, así como cursos de actualización y especialización (ESTADOS UNIDOS MEXICANOS, Ley para la Coordinación de La Educación Superior, Art. 3º, grifo nosso).

Essa questão referente às equivalências do léxico acadêmico do português e do espanhol faz parte também do tema que abordamos.

3.2.ABRANGÊNCIA DA PESQUISA

Neste item 3.2.,mostramos a abrangência geográfica do nosso estudo, indicando a relação de países e Universidades selecionados para nossa pesquisa e os motivos pelos quais esta escolha foi feita. No subitem 3.2.1.,oferecemos os principais dados das instituições que aportaram os corpora de documentos analisados. Já em 3.2.2., apresentamos a parcela do léxico específico que queremos estudar.

O espaço geográfico analisado na pesquisa que deu origem à tese abrange três países. Um deles é de população hispanofalante em sua imensa maioria: a Argentina; os outros dois são de população lusófona, também em sua imensa maioria: o Brasil e Portugal.

A escolha do Brasil, obviamente, tem a ver com o fato de morarmos neste país, o programa de doutorado é oferecido pela UEL, uma Universidade brasileira e o português brasileiro constitui a variedade principal desta língua em número de usuários; por sua vez, Portugal representa a outra principal variedade, a europeia, na qual investigamos se há diferenças relativas à parcela do léxico que estudamos; já a Argentina é o país mais extenso de população hispanofalante e sócio principal do Brasil no Mercosul.

Inicialmente, a nossa intenção era fazer uma pesquisa em quatro dos países de populações hispanofalantes (Argentina, Colômbia, Espanha e México) e idêntico número de países de populações lusófonas (Angola, Brasil, Moçambique e Portugal). Rapidamente percebemos que uma pesquisa de semelhante dimensão seria impossível de ser realizada por uma só pessoa e, além disso, ultrapassaria o limite de tempo disponível para realizar a tese; portanto, após a sábia recomedação do nosso orientador, o Prof. Dr.Ludoviko Carnasciali dos Santos, reduzimos o número de países a esses três.

Mesmo assim, acreditamos que a seleção feita abrange um espaço suficiente para ser considerada representativa, pois atinge as duas realidades linguísticas mais representativas da América Latina. Como já foi mencionado na parte final da Introdução, ao apresentarmos os objetivos específicos, a totalidade da pesquisa irá ser desenvolvida futuramente como um projeto de pesquisa cadastrado na UNILA, instituição de Ensino Superior em que prestamos os nossos serviços, Deo gratias, como docente e pesquisador, com a ajuda de outros participantes no projeto, colaboradores e bolsistas.