• Nenhum resultado encontrado

5. O GLOSSÁRIO

5.3. C ARACTERÍSTICAS DO GLOSSÁRIO

5.3.3. Funções do Glossário

A principal distinção a ser feita entre obras lexicográficas e terminográficas é aquela relacionada com o uso normativo das palavras. Assim, um dicionário, glossário etc., pode ser prescritivo ou descritivo; ou seja, prescreve sobre o o uso das palavras ou descreve o léxico e não está limitado pela norma.

De acordo com Cabré (1998b, p. 81), o primeiro tipo propõe simplificar e controlar ao máximo a variação e serve a estandarização das comunicações internacionais, documentação, estabelecimento de políticas linguísticas, engenharia do conhecimento e linguística computacional; o segundo tipo serve para a tradução, expressão especializada e normalização de línguas em contextos sociolinguísticos regulados por políticas que admitem variação.

Assim, os produtos lexicográficos e terminográficos apresentam diferentes características em função da sua finalidade. Gómez González - Jover (2006, p. 183) oferece o seguinte esquema:

Quadro 8: Características dos produtos lexigráficos e terminográficos

Função comunicativa Função representativa

Tipo de trabalho Descritivo Prescritivo

Variação Sim Não

Número de línguas Monolíngue, monolíngue com

equivalências, plurilíngue Basicamente plurilíngue Tipos de produtos Glossários, dicionários, textos,

guias, etc.

Normas, tesauros, classificações, etc. Fonte: GÓMEZ GONZÁLEZ - JOVER (2006, p. 183).

A Terminografia de caráter prescritivo tem como principal objetivo evitar a dispersão denominativa e garantir a precisão comunicativa entre os especialistas. Existem, inclusive, organismos nacionais e internacionais de normalização. Por exemplo, aqui, no Brasil, existe a Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT cuja missão é a de:

Prover a sociedade brasileira de conhecimento sistematizado, por meio de documentos normativos, que permita a produção, a comercialização e uso de bens e serviços de forma competitiva e sustentável nos mercados interno e externo, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico, proteção do meio ambiente e defesa do consumidor (ABNT, Missão, p.1).

Sem ir mais longe, a ABNT prescreve as normas que devem ser cumpridas para a formatação de um trabalho acadêmico como esta tese, por exemplo.

O organismo internacional mais importante é o International Standardization

Organisation ISO, o qual prescreve certas regras a serem cumpridas, não somente em relação

à Terminologia, mas também a outras questões como produtos, processos industriais, unidades de medida, segurança das pessoas e bens.

No campo da tradução técnica, algumas normas internacionais proporcionam ao tradutor os elementos necessários para a administração e controle de qualidade para a informação terminológica, dirigida tanto a tradutores quanto a departamentos de tradução, e descreve os métodos para coletar, manter e recuperar informação terminológica e intercambiar esses dados.

A criação dessas normas serve, portanto, para normatizar o conteúdo dos dicionários, glossários, etc, e também sua forma, a maneira como a informação é codificada, para desse

jeito assegurar que a informação coletada seja universalmente interpretável e reutilizável para diversos fins.

Por outro lado, os trabalhos terminográficos de caráter descritivo tratam os termos in vivo; ou seja, no seu contexto de uso.

Assim, os termos coletados para um trabalho terminográfico descritivo têm uma fonte real, foram extraídos de textos especializados. Segundo Cabré (1999c, p. 134), é o próprio discurso que proporciona a informação cognitiva necessária para o terminólogo perceber o âmbito do conhecimento e providenciar também as unidades para expressar esse conhecimento. Essas unidades representam necessariamente o conhecimento real, o conhecimento desenvolvido em situações reais que admite esquemas e interlocutores reais.

De acordo com Cabré (2000b, p. 42), o esquema clássico de comunicação entre especialistas da mesma competência e com registros especializados fica reduzido a um mais dos possíveis esquemas de comunicação real, como o informativo entre especialistas, o didático em contextos de aprendizagem ou o de divulgação em termos gerais.

Assim, guiados pelos princípios da TCT, o nosso glossário não pretende ser prescritivo, apesar de os termos que o compõem terem sido extraídos ou coletados de documentos cuja natureza é normativa (Leis, Portarias, Instruções Normativas, Estatutos, Regimentos, etc). Não é a nossa intenção estabelecer uma definição para cada termo com características normatizadoras, pois o documento em si próprio pode ser normativo, mas o termo em si próprio não é. Nós apenas procuramos no MNU os conceitos incluídos nele e representados por termos que depois convertemos nas UTs do nosso glossáro. Eles foram analisados no seu contexto de uso, no caso os documentos do MNU, como defende a TCT, e oferecemos a definição que nesse dado contexto acreditamos que ele tem.

Portanto, podemos afirmar que o glossário que propomos tem caráter descritivo e cumpre as funções de:

Auxiliar na decodificação em língua materna: seja espanhol da argentina ou português brasileiro, para auxiliar discentes, docentes, TAEs, etc., quando estejam na situação de não entenderem determinado termo aparecido em um dos documentos do MNU, ou qualquer outro documento surgido das instituições de Ensino Superior do seu próprio país com as quais tenham relação.

Auxiliar na decodificação em língua estrangeira: espanhol para os consulentes brasileiros e português para os consulentes hispanofalantes, ao se

depararem com textos na língua meta que incluam léxico acadêmico, principalmente aqueles pertencentes ao MNU, como no caso anterior, em situações de intercâmbio acadêmico, programas de colaboração entre Universidades, revalidação de diplomas, participação em eventos, simpósios, etc.

Auxiliar na codificação em língua materna: principalmente dirigido ao pessoal envolvido nos órgãos de deliberação e governo das instituições de Ensino Superior, nos casos em que possam surgir dúvidas quanto à denominação de pessoas, objetos e/ ou processos relacionados com a parte acadêmica da Universidade, assim como também àquelas pessoas que fazem parte do governo de centros e departamentos, pelo mesmo motivo.

Auxiliar na codificação em língua estrangeira: acreditamos que o nosso glossário pode ser de alguma utilidade para TAEs, pessoal do Serviço de Relações Internacionais das Universidades brasileiras e argentinas, na hora de facilitar a membros da comunidade acadêmica falantes da língua meta (espanhol para os brasileiros e português para os hispanos) os equivalentes dos termos da sua língua materna, nos contextos de preenchimento de formulários, convaliação de disciplinas, revalidação de títulos, etc.